segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sinais de uma Igreja em declínio



 
Introdução: 
Um caso de Estudo.

Boston é a capital intelectual da América do Norte. É uma cidade elegante, charmosa, culta, berço do puritanismo na América. Plymouth, uma cidade próxima mantém até hoje, por razões culturais e turísticas, réplica do Mayflower, o navio que trouxe os protestantes da Europa para um país que estava começando a se formar sob a égide do calvinismo bíblico no séc. XVII.
Boston possui belíssimas praias, que são uma verdadeira atração no verão, e fantásticas pistas de esqui no inverno, com famosas universidades e centros culturais. Existem 107 universidades numa população de 4 milhões de habitantes, incluindo duas entre as “Top Five” do mundo: Harvard e MIT. Grandes redes de hospitais e pesquisas de ponta tem sido desenvolvidas nesta região, pessoas do mundo inteiro chegam ali para aprender um pouco mais dos seus centros avançados de pesquisa. Grandes teses tem sido produzidas a partir de pesquisas daqueles laboratórios e nos seus centros acadêmicos.
Toda esta beleza e intelectualidade esconde uma trágica realidade. Atualmente é uma das regiões mais secularizados da América. Entre 1996-2003, morei nesta cidade, e minha filha era a única evangélica de uma enorme classe na High School de Medford.
Boston é uma cidade pós cristã. Os belíssimos templos escondem fachadas de uma realidade que disfarça o templo presente: Estão vazios! Ao caminhar em bairros nobres como Back Bay e Beacon Hill, é possível apreciar belíssimos templos, monumentais construções e atraentes arquiteturas, dando uma impressão inicial de um povo de muita fé, mas a realidade espiritual destas igrejas é trágica. Muitas vivem de rendas de aluguéis de imóveis e doações de famílias ricas, que rendem dividendos financeiros e reúnem-se, na sua maioria, com 15-20 idosos, semanalmente, no domingo pela manhã.
Pastoreei a cidade de Cambridge. Vizinha de Boston, separadas apenas pelo Charles River. Ali existem grandes e majestosos templos em processo de morte e esvaziamento. Igrejas presbiterianas, metodistas, batistas e episcopais apresentam o mesmo cenário: cruel realidade espiritual de igrejas que perderam a relevância para a cultura atual. Historicamente, porém, esta região do Nordeste Americano, foi o berço de avivamentos históricos: George Whitefield, que apesar de ser inglês, estava fazendo campanhas evangelísticas na região quando faleceu; Jonatham Edwards, cujo ministério se deu inicialmente em Northhampton, CT, próxima a Boston e Charles Finney, foram alguns destes poderosos homens de Deus que sacudiram a nação americana com o poder do Evangelho. O epicentro de todos estes avivamentos se deu na região de Boston.
Na famosa universidade Harvard, existe no principal portão, uma placa pouco difundida que fala do propósito pelo qual esta universidade foi criada pelo piedoso professor de Escola Dominical, John Harvard. Ela declara que a universidade foi criada para preparar ministros do Evangelho na Nova Inglaterra, quando os puritanos ali chegaram. Eles decidiram comprar esta área, até então isolada do centro, que ficava do outro lado do rio, para preparar obreiros com boa base teológica e sólida espiritualidade, porque estavam preocupados com a segunda geração que estava surgindo e sabiam, que era necessário ter pastores preparados para cuidar das igrejas que brotavam. O que vemos hoje em Harvard? Um dos maiores centros de secularização do mundo. Milhares de filhos de pessoas milionárias, e brilhantes estudantes com bolsas de estudo de seus países, provindos de toda parte do mundo, chegam para receber informações e ter acesso a novas pesquisas nos campos de educação.
O que aconteceu com a universidade teológica? Com o seminário?  Encontra-se ali até hoje, mas em total decadência espiritual. Quando ainda pastoreava naquela cidade, o chefe dos capelões era Peter Gomes, pastor homossexual assumido. Num dos cursos que me atrevi a participar foi ministrado pelo famoso teólogo Harvey Cox que estava ensinando o conceito do “Cristo-cósmico”, afirmando que Jesus seria uma dentre as muitas expressões cristológicas nas diferentes culturas. Maomé, Buda e outros líderes religiosos seriam expressões distintas deste Cristo, para culturas diferentes.  O resultado disto é a negação da unicidade cristológica do Jesus de Nazaré, que seria apenas um dos cristos para um determinado segmento da raça humana.
Nossa igreja adquiriu ali um templo próximo à Central Square, que possui uma magnífica catedral batista, com capacidade para 1.200 pessoas, onde Martin Luther King Jr chegou a pregar. Quando ainda pastoreava ali, sabíamos que ela tinha apenas 22 membros que pagavam a um velho pastor para dar atos pastorais e ceia, e recebia por 16 horas de trabalho semanal.

O que aconteceu em Boston?

Estima-se que exista em Boston apenas 1% de “born-again”, uma expressão que revela a quantidade de pessoas “nascidas de novo”. Não é de assustar. Esta região já ouviu falar do Evangelho e conviveu com sua pregação sem poder, e este discurso levou toda uma geral a se acostumar com a Bíblia, sem ser transformado por ela, trazendo descrédito em relação ao Evangelho. O conteúdo da fé cristã parece não mais interpelá-los. Três motivos parecem ter contribuído para que esta região chegasse a esta condição espiritual?

(a) 0 esvaziamento da mensagem nos púlpitos - A Igreja perdeu sua autoridade e seu eixo central. As discussões sociais tomaram o lugar da meditação da Palavra. O diabo inverteu o propósito original como sempre fez com toda a criação de Deus. Harvard, por exemplo, que deveria ser o centro da formação intelectual e espiritual dos novos pastores e das futuras igrejas, desviou o seu conteúdo. Preocupou-se com a qualidade do ensino, mas perdeu a unção do ensino.
O templo da Trinity Church, um exemplo do tempo de ouro da igreja naquela região, está fincada no coração de Boston, e é considerada a nona mais bela arquitetura da América do Norte. Ao lado do templo vemos uma estátua do aclamado pastor Phillip Brooks, nela o artista retrata  Jesus tocando seus ombros (unção); ele com a mão sobre a Bíblia aberta (fundamento), e a cruz detrás dele (conteúdo). Infelizmente esta realidade não está presente nem naquele templo vazio, que aos poucos se transforma em museu, nem numa igreja congregacional que fica ao lado deste templo, e que faz questão de afirmar num de seus panfletos comunitários: “Orgulhosamente anunciamos que somos a 127a. igreja na América a aceitar homossexuais como membros da comunidade”. Dos 7 seminários tidos como evangélicos na região, apenas um crê na autoridade e inerrância das Escrituras.

(b)  - Descuido com a geração seguinte: Ao analisar a condição destas igrejas, temos a sensação de que a “Velha história”, contada pela igreja histórica, e que se constituía no fundamento das igrejas, parece não ter chegado ao coração dos filhos.As gerações seguintes ao avivamento não tiveram o cuidado de sustentar o mesmo ardor e comunicar o mesmo Deus que conheceram aos seus filhos, assim como aconteceu com o povo de Israel  nos dias que se sucederam à morte de Josué (Js 22.24). As gerações seguintes, vendo o descaso com a fé, e o descompromisso dos pais com o Evangelho, rejeitarem a religiosidade fria dos pais e jogaram fora o conteúdo que estava associado àquela religião vazia. As pessoas ainda se declaram, na sua maioria, evangélicas, mas os cartomantes, videntes, astrólogos e místicos, com propagandas agressivas nos meios de comunicação tem substituído os pastores.

(c)   - Inadequação e contextualização – A comunidade que pastoreei naquela região, comprou um belíssimo templo, construído em 1870, uma catedral gótica, que ficou fechada, ao lado da Central Square, por 25 anos, sem cultos, sem conversões, sem pregação da Palavra, e que, aos poucos, foi se deteriorando. A negociação com os membros daquela antiga igreja foi feito com um senhor, o mais novo e lúcido do grupo, que tinha 82 anos. Por que aquela igreja se esvaziou e acabou se a cidade estava em franco crescimento populacional?
A história desta igreja mostra que os americanos cristãos (brancos), com famílias estáveis, vendo que a configuração da cidade mudava com a chegada dos negros, hispanos e asiáticos, preferiram se mudar para o subúrbio, ao invés de encontrar uma resposta para a nova comunidade que se formava em torno da igreja. Grandes centros facilmente se tornam lugares de lutas, pobreza, violência, e os membros da igreja, buscando auto-preservação e proteção decidiram se mudar dali e desistiram de trazer resposta à uma nova geração e a nova configuração do local. O resultado foi caótico: A cidade ficou entregue às trevas. O centro pensante e as vísceras da cidade ficaram sem sal e luz que pudesse livrá-los da decomposição moral e espiritual.

A realidade Brasileira

Estudiosos afirmam que uma igreja encerra seu ciclo e deixa de existir num período máximo de 60 anos, se não houver novas conversões (crescimento por evangelização) e se os filhos não permanecerem na igreja (crescimento biológico). Num Congresso de Revitalização de Igrejas que ministrei em São Paulo, o presidente do Sínodo de uma grande denominação histórica afirmou que em 2009, 199 igrejas não tiveram um novo batismo, e que em 2010, nesta mesma denominação, 212 igrejas não efetuaram sequer um batismo. Estas estatísticas são estarrecedoras.
Com o passar dos anos, igrejas outrora fortes tendem a se manter num plateau ou eventualmente declinar. Padrões e tradições que pareciam tão especiais parecem perder o sentido. Por esta razão, existem centenas de igrejas perdendo seu vigor, e no desespero por se manter, ao invés de olhar de forma crítica e piedosa, tornam-se mais reativas e fechadas, numa tentativa de auto defesa. Parece a reação de um fanático. Alguém definiu o fanático como a pessoa que, vendo-se perdida, resolve correr ainda mais. Infelizmente a maioria das igrejas em declínio não quer, ou não sabe fazer os ajustes necessários para se mover da estagnação para a revitalização. Fazer as mesmas coisas do mesmo modo, não trará vitalidade, afinal, mais da mesma coisa nos leva para o mesmo lugar.
Por outro lado, temos igrejas, eventualmente nas mesmas denominações, vivendo realidades inteiramente diferentes. Por que uma igreja cresce e outra não? Por que uma tem vitalidade e outra não? Quais são as razões de declínio e crescimento das igrejas?
Para responder estas questões, enumeramos alguns fatores que levam uma igreja à debilidade espiritual e ao declínio de uma igreja local:

I
Fatores Espirituais

Fatores espirituais estão diretamente relacionados com a comunhão desta igreja com Cristo. Jesus afirmou que ele era a videira e nós, os ramos. A vitalidade de uma igreja depende diretamente da relação que esta comunidade tem com Cristo. Por se tratar de fatores subjetivos, não mensuráveis, é complexo tentar avaliar o “nível espiritual” de uma igreja. Mas o fato é que, igrejas saudáveis, podem perder o vigor e entusiasmo. Jesus exortou a igreja de Éfeso a voltar ao primeiro amor, isto mostra que na sua trajetória, em algum momento, ou num processo de decadência, aquela igreja perdera a pujança e vida que originalmente marcara sua existência. Estes fatores espirituais podem ser analisados da seguinte forma:

  1. Debilidade espiritual – O profeta Isaias faz uma ousada oração: “Ah, se rompesses os céus e descesses! Os montes tremeriam diante de ti! Como quando o fogo acende os gravetos e faz a água ferver, desce, para que os teus inimigos conheçam o teu nome e as nações tremam diante de ti!Pois, quando fizeste coisas tremendas, coisas que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram diante de ti (Is 64.1-3).
Ao lermos esta oração, percebemos que havia no seu coração pastoral, uma grande dor ao perceber a frieza no povo de Israel. Da mesma forma, muitas igrejas, podem perder a alegria de uma vida piedosa, deixar de orar, perder a ousadia espiritual e o espírito de sacrifício pelo Reino de Deus. Esta debilidade espiritual acontece porque as bases da vida espiritual e da disciplina cristã se perdem. “A vida da igreja depende da condição espiritual do povo” (A.W.Boehm ).
Uma das fontes de empoderamento do povo de Deus é a vida de oração. Indivíduos e igrejas podem perder o vigor espiritual e deixar de orar. Tornam-se desatentos e descuidados na sua caminhada. Archie Parish afirma: “Oração é essencial para equilibrar as dimensões visíveis e invisíveis da vida e ministério. Sem oração, líderes e seus seguidores tornam-se presas para o mundo, a carne e o diabo”[1]

  1. Oposição Satânica – Um dos grandes desafios da igreja é plantar novas comunidades em locais estratégicos para que o evangelho finque suas raízes dentro daquela cidade ou cultura. Por esta razão, um dos mais eficientes e eficazes métodos de evangelização é a plantação de novas igrejas. Mas quem já esteve envolvido no estabelecimento de uma nova comunidade, sabe quão grandes lutas a igreja enfrenta para o seu estabelecimento. Satanás se opõe à igreja.
O apóstolo Paulo afirma que “Pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torna conhecida dos principados e potestades, nas regiões celestes” (Ef 3.10). Isto nos faz pensar que, a igreja é uma agressão ao domínio das trevas. Quando uma igreja se estabelece num local, ali haverá pregação do evangelho, conversão, louvores e adoração, e o Espírito de Deus, que se move no meio do povo por meio daqueles em cujos corações Ele habita realiza sua obra impactando aquela região e trazendo vida para seus moradores. É assim que o livro de Atos descreve a chegada da igreja em Samaria. Espíritos malignos eram repreendidos, pessoas eram curadas, e por conseguinte: “Houve grande alegria naquela cidade” (At 8.8).
Não é, pois, de se admirar, que a igreja sofra tantos ataques demoníacos.
Os puritanos identificavam quatro fontes da patologia na igreja que enfraqueciam e tiravam sua vitalidade. Eram eles: Fatores físicos, psicológicos, depravação humana e atividade demoníaca. Entre os fatores físicos encontravam-se as enfermidades, fadigas, má nutrição ou desequilíbrio químico ou hormonal, a idade da igreja era também considerada um fator físico.
Richard Lovelace afirma: “Os vários componentes da patologia espiritual são frequentemente  misturados, e isto dificulta a nossa percepção porque são difíceis de serem separados, e por esta razão, podemos simplesmente permanecer agnósticos acerca da dimensão satânica tratar os conflitos de forma apenas humana, mas agir desta forma vai contra o modelo que encontramos na igreja apostólica. Numa tentativa para defender o irmão que praticara incesto na igreja de Corinto, por causa da excessiva disciplina que lhe havia sido aplicado, Paulo exorta os irmãos a perdoarem, para que “Satanás não tenha vantagem sobre nós, porque não ignoramos os seus desígnios” (1 Co 2.11). Esta ação maligna era provavelmente opressão e acusação dos outros crentes” [2]

  1. Pecados comunitários ou da liderança – Pecados agridem a Deus, ferem pessoas e enfraquecem o testemunho. A Bíblia afirma que todos somos pecadores e que precisamos desesperadamente da graça de Deus. A atitude de independência, orgulho, narcisismo e egocentrismo nos transforma em seres auto enamorados. Infelizmente não é fácil julgar estes “pecados do espírito”. Nunca vi um líder sendo disciplinado em uma igreja porque é orgulhoso. 
Embora todos pecados sejam graves aos olhos de Deus, alguns pecados trazem escândalos e enfraquecem a capacidade da igreja de falar ao mundo. Igrejas que possuem líderes em vida de escândalo sofrem muito e perdem sua vitalidade. Afirma-se que, quando um pastor cai em adultério ou se divorcia, as pessoas tendem a aumentar consideravelmente a possibilidade de pecarem nestas mesmas áreas. Igrejas perdem vitalidade espiritual pela infidelidade de seus líderes.
Algumas vezes os pecados não são explícitos, mas ainda assim, a igreja vai se arrastando anos a fio por causa de pecados ocultos. Pecado tira a autoridade espiritual da igreja e abre brechas para que as trevas penetrem na comunidade, assim como o pecado de Acã trouxe graves danos ao povo de Israel. Mesmo quando não há qualquer suspeita e as coisas estejam bem escondidas. Satanás leva grande vantagem sobre igrejas assim fragilizadas.

  1. Perda da centralidade das Escrituras – Quando analisamos as causas da decadência das igrejas no Nordeste dos Estados Unidos, vemos que os seminários locais foram os primeiros a retirarem a Bíblia como fonte de autoridade e deixaram de crer na sua infalibilidade e tê-la como regra de fé e prática. O resultado tem sido um desastre. Ainda hoje, igrejas liberais não sobrevivem por muito tempo, elas usam as estruturas construídas por igrejas fiéis, destroem seus alicerces e sua fundação, consomem seus patrimônios, mas não conseguem sobreviver porque tiram a Bíblia do centro de sua mensagem.
O Salmista indaga: “Destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (Sl 11.3). Esta é uma pergunta extremamente importante para a geração pós moderna, desconstrucionista, relativista, pluralista e subjetivista. O que pode acontecer numa civilização e cultura se os fundamentos da cidadania, moral e ética forem destruídos? O que pode acontecer numa sociedade fundada sobre os valores cristãos quando ela resolve rejeitar aquilo que era a base do pensamento social e ético? O que pode acontecer com uma igreja quando a Palavra de Deus deixa de ser o centro, a autoridade e única regra de fé e prática?
No Estado da Flórida (EUA), existe um fenômeno conhecido como sinkhole, (buraco de areia), que não é muito comum, mas que ocorre eventualmente. São crateras no subsolo desconhecidas dos construtores, que não conseguem antecipar que ele existe, e que, na medida em que a casa é construída, com a vinda das chuvas ou outros eventos da natureza aliado ao peso da construção, fazem os terrenos cederem e as casas são lentamente tragadas, inicialmente com algumas fissuras nas paredes e depois com afundamentos inexplicáveis que comprometem toda estrutura.
Jesus fala da importância de termos bases sustentáveis na parábola dos dois fundamentos. Um constrói sobre a rocha, outro sobre a areia. O que constrói sobre a rocha é aquele que “ouve minhas palavras e as pratica” (Mt 7.24). O que constrói sobre a areia é “todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica” (Mt 7.26). O que Jesus revela é que, se o fundamento for frágil, toda a estrutura se desfaz.
No Brasil vemos Igrejas crescendo velozmente, sem o fundamento das Escrituras Sagradas, tais igrejas não subsistirão com o passar dos anos, quando seus líderes carismáticos deseparecerem do cenário, e cairão fragorosamente. Igrejas que perdem a referência da Palavra, não subsistirão. Precisamos “lutar pela verdade numa era de antiverdade” (R. Albert Mohler Jr)

II
Fatores sociais e culturais
“Crescendo ou falindo? A todo lugar que ia, ficava me perguntando: “O que faz a diferença? Qual a chave da vitalidade das igrejas prosperas?”Eu sei que em última análise a beleza e o poder da igreja vem diretamente da mente de Deus e depende das bençãos de Deus. Mas, em um nível mais humano, o que as igrejas vencedoras possuem em comum?[3]

Fatores sociais e culturais estão relacionados à forma da igreja ser e sua capacidade de interagir com a cultura na qual ela se encontra. Muitas vezes igrejas não crescem porque insistem em estratégias, métodos e modelos pouco aplicáveis. Um dos lemas da Reforma era que a igreja reformada continuasse se reformando. Muitas vezes, porém, os modelos adotados são inadequados para responder às perguntas da nova geração. Abaixo consideraremos alguns destes fatores:

  1. Liderança Desencorajada – Quando consideramos a causa do declínio nas igrejas, não podemos esquecer que “tudo se levanta e cai na liderança” (John Maxwell), por isto, ao falarmos de revitalização de igreja, primeiramente precisamos considerar a revitalização dos pastores e da liderança da igreja local.

Vamos começar falando da liderança pastoral. Quando falamos em liderança pastoral pouco efetiva, podemos classificar os pastores em 5 grupos. Acredito que o primeiro nível é o problema menor, e o último, o mais grave.
Pastores Desmotivados
Pastores Desencorajados
Pastores Desfocados
Pastores Displicentes
Pastores Deprimidos

  1. Pastores Desmotivados – São aqueles que se encontram num quadro de apatia pessoal e pastoreiam com o uso da lei da inércia, apenas cumprindo tabela e atendendo as programações regulares da igreja, sem muita empolgação e paixão.
Podem ser representados por um time de futebol que está no final do campeonato e não pode ser campeão, não tem possibilidades de fazer parte do grupo da Libertadores, nem da Sul Americana, mas também não corre risco de rebaixamento. Pastores assim conduzem sua igreja sem muitos sonhos, preparam seus sermões sem empolgação e não sonhando ou investem no  crescimento de sua igreja. O primeiro axioma do movimento de crescimento da igreja é que pastores e líderes devem desejar crescimento. Pastores desmotivados não têm grandes pretensões salariais, de crescimento de igreja e não acreditam que coisas novas e positivas possam acontecer nos seus ministérios. Entraram numa zona de conforto, recebem seu salário em dia, estão sem crise nos seus pastorados e fazem um trabalho de manutenção. O problema deles é sério porque vivem sem motivação, e só existem duas formas de fazer o ministério: Por paixão ou por apatia;

  1. Pastores desencorajados – Num nível mais grave, mas ainda não numa situação de desespero, encontramos este grupo.

Pastores assim, até gostariam de estar participando de um projeto maior, mas as experiências e tentativas anteriores fracassaram e o ambiente atual lhes parece não favorecer seu esforço e empreendimento. Talvez tenham se ferido de processos anteriores, quando tentaram fazer algo mais criativo e dinâmico e não tiveram apoio e por isto desanimaram. Por sua natureza e temperamento, estes pastores seriam capazes de fazer algo melhor, mas estão sem vontade de fazer. Eles sabem como fazer, mas encontram-se desencorajados. Eles não estão felizes, e vivem numa situação de mediocridade. Precisam de um novo fogo e de novos desafios.

  1. Pastores Desfocados – Aqui encontramos o maior grupo. São aqueles que não sabem o que fazer, e dão tiro para todos os lados, porque lhes falta objetividade.

Este estilo de liderança é chamado de laissez-faire (deixa correr). Eventualmente são ativos, envolvidos nas atividades, gostam de servir, mas não sabem fazer bem suas tarefas. Suas estratégias são difusas, apresentam poucos resultados e não sabem em que direção devem levar sua vida, nem a de sua comunidade. Perdem muito tempo em trivialidades, são desorganizados com suas agendas, não visitam bem, não pregam bem, não aconselham bem, não administram bem, mas são diáconos, gostam de servir. Perdem-se na internet, nas atividades corriqueiras, e não tem foco nem para si mesmos, nem para sua comunidade. A igreja não anda bem, as pessoas estão se afastando da igreja, porque eles estão perdidos nas estratégias, objetivos e alvos. Perdem-se em muitas atividades, mas não fazem aquilo que foram chamados realmente a fazer, e não tem clareza de foco. Sofrem de uma miopia pastoral.

  1. Pastores Displicentes – Este quadro é um pouco mais dramático, porque são pastores existencialmente preguiçosos. Fazem o mínimo e com má qualidade.

Muitos ficam no pastorado integral que pode ser uma armadilha para pessoas desorganizadas e preguiçosas. Dentro deste grupo existem os que não sabem administrar bem o tempo e são regidos por culpa ou sentimento de inadequação; outros não gastam tempo fazendo o melhor porque querem usar a lei do menor esforço. Não preparam bem seus sermões, não organizam as atividades da igreja, não porque não saibam, mas porque não querem fazer melhor. Uma boa programação demanda tempo, estudo, planejamento – e este grupo não quer fazer isto. Abrir um novo ponto de pregação, um grupo de estudo ou planejar uma nova estratégia pode demandar um pouco mais de sua atenção e tempo e ele não quer preocupação. A Bíblia diz que “não havendo bois, o celeiro fica limpo, mas pelo mexer dos bois há abundância de cereal” (Pv 14.4). Pastores preguiçosos não mexem os bois porque não querem ter o trabalho de limpar o celeiro, mas não possuem colheitas abundantes porque fogem do trabalho.

  1. Pastores Deprimidos – Este me parece o quadro mais grave porque trata-se de um problema de saúde.

Muitos pastores estão doentes, enfrentam depressão, tristezas, melancolias, opressões malignas – que podem gerar apatia. Não uma apatia própria dos preguiçosos e displicentes, mas decorrentes da enfermidade. Tais líderes precisam de cuidado, eventualmente de psicólogos e psiquiatras. O problema é que pastores sabem que estar doente inviabiliza a ação pastoral, e isto significa estar fora do mercado. Eventualmente se mantém na direção da igreja, pregando sermões melancólicos e desencorajadores, a igreja perde sua referência e o declínio é iminente. Observe estes dados fornecidos por Anderson: “17% dos clérigos envolvidos no ministério por mais de 20 anos, estão sofrendo de stress prolongado ou estão esgotados (...) Em 1989, a Convenção Batista do Sul pagou U$ 64.2 milhões em tratamento médico para pastores. A causa número dois deste plano de saúde são as enfermidades relacionadas ao stress[4]

Liderança local

Até agora gastei muita tinta na figura do pastor, mas precisamos falar da liderança da comunidade local. Eventualmente pastores estão prontos para trabalhar, mas encontram uma liderança mau humorada, inflexível, crítica e dura. São presbíteros dominadores e arrogantes, que controlam com mão de ferro as igrejas locais e tratam os pastores como seus empregados. Homens assim não querem pastores humildes, mas pastores humilhados. Sentem-se ameaçados com mudanças e com o surgimento de novas lideranças, eventualmente desencorajando aqueles que querem, trabalhar, e quando o rendimento pastoral não é o que esperavam, a igreja faz uma “troca técnica”. Eventualmente, porém, o que precisa ser mudado não é o pastor, mas os líderes ou a visão da liderança. Vinhos novos em odres velhos é uma tragédia.  
Algumas igrejas estão perdendo a alegria, vigor e entusiasmo, exatamente por ter uma liderança moralista e legalista, inflexível e desamorosa, que fere facilmente e não gosta de ser contrariada.

  1. Inflexibilidade nos métodos - Missiólogos insistem muito na questão da inculturação na proclamação das boas novas, mas uma característica comum de igrejas em declínio é o fato de que elas rejeitam discutir novos modelos e estratégias. “Sempre fizemos assim”. Nestes casos, há uma tendência a sacralizar métodos. 

Em se tratando de igrejas históricas, este é o ponto que mais gera controvérsia. No entanto, igreja é mais que atividade ou evento. Ed Stetzer chama a atenção para as “igrejas institucionalizadas”, que vivem num estado onde apenas funcionam como instituições, focando e estando compromissadas apenas com as formas de programas do ministério. Tal igreja “Não está preocupada em saber porque foi criada e nem o propósito para a qual existe. Numa igreja institucionalizada, o bom torna-se inimigo do melhor, e atividade se opõe à produtividade”[5]
Quando os “métodos” deixam de ser “meios” e tornam-se o fim em si mesmo, este é um sinal perigoso. A palavra “método” vem do “odos” (caminho). Quando nos agarramos e sacralizamos métodos, perdemos de vista o alvo. O objetivo da igreja é levar a mensagem da salvação a todo mundo. Para isto ensina a Palavra de Deus de várias formas: No púlpito da igreja, nas pastorais, nos estudos bíblicos, na Escola Dominicais e pequenos grupos, meios de comunicação, etc. Suponhamos que a Escola Dominical não seja mais um método eficiente e que surjam novas formas de ser mais relevante e impactante quanto à comunicação eficiente da mensagem, que é o fim. Será que mudaríamos o método ou o manteríamos?
Em igrejas que valorizam mais os métodos que o fim, isto não apenas é inconcebível, e certamente continuarão fazendo da mesma forma, mesmo quando o método antigo se mostrar inadequado, porque o método é mais importante que o objetivo. Não seguir a mesma metodologia significaria sacrilégio. O novo torna-se ameaça – o método é o que interessa, não o fim.
Isto se aplica à liturgia, aos ministérios, estilo de pastorado e Departamentos da igreja. Confundimos métodos com alvos, meios com fins, eterno com o temporal, histórico com o revelado e essência com acidente. No entanto, novas gerações exigirão novos modelos e estratégias diferentes. Estamos vivendo uma geração virtual, e devemos comunicar de forma relevante e efetiva a mensagem da salvação aos nossos filhos e netos. A igreja vai precisar estudar novos métodos e alternativas.
Moacir Bastos, no hino oficial da Mocidade Presbiteriana afirma que “somos jovens num mundo velho, a pregar novos ideais”. Esta geração nova precisa usar velhos métodos para pregar novos ideais, ou deveríamos cantar: “Somos velhos num mundo novo, pregando ideais antigos?”. Obviamente não devemos confundir métodos com conteúdo, e é possível também fazermos tal confusão, jogando a água suja com o bebê que estava na banheira.

Temos aqui dois desafios:

(a)- Precisamos descobrir métodos, aplicáveis à cultura e ambiente onde vivemos. Muitos, com medo do novo, rejeitam idéias criativas e deixam de se adaptar ao novo ambiente, e às exigências dos novos tempos, perdendo os filhos por causa de usos e costumes.

(b)- Precisamos tomar cuidado para não desprezar a tradição teológica, confundindo-a com tradição dos métodos. Muitos que tentaram mudar a forma acabaram mudando o conteúdo. Por causa da inabilidade para entender o contexto, não perceberam as mudanças históricas, geográficas e culturais e perderam oportunidades e efetividade.

Barna afirma que “Nossa aversão pelas mudanças, usualmente é algo emocional, não intelectual... quando as pessoas resistem, não se dispondo a adotar uma visão quanto ao futuro, desenvolvida unicamente por seres humanos, pouca esperança pode haver de que serão reduzidas as ansiedades emocionais”[6]

  1. Dificuldade em renovar a liderança – Um dos sinais de igrejas em decadência é a dificuldade em despertar novos líderes. Em alguns casos, a liderança atual ignora esta questão, mas hostiliza novos líderes potenciais.

Igrejas saudáveis estão sempre descobrindo novos talentos, despertando novos líderes com seus dons. Num tempo de grande mobilidade social e urbana, novos líderes têm a capacidade de trazer novas idéias e gerar mudanças.
Recentemente percebi isto em nossa igreja. Éramos 5 pastores no staff, mas me assustei ao perceber que todos eles estavam entre 50-60 anos. Afirmei ao conselho que gostaria de ter alguém com idéias novas e cabeça nova. Nosso conselho radicalizou e contratamos um obreiro com apenas 23 anos. Sua presença tem sido encorajadora para o ministério. Ele percebe coisas de forma bem diferente e eventualmente provocativa, temos uma liderança sólida e madura mas sua visão pessoal tem trazido novos ventos à liderança local.
O conselho de nossa igreja local resolveu ainda, inspirado no modelo da Presbyterian Church in America (PCA), ter um sabático para os presbíteros quando vencem o mandato. Esta idéia pode soar agressiva para muitos, mas não no nosso caso. Nossas eleições são feitas anualmente e há sempre um revezamento saudável e equilibrado. Esta decisão nos tem obrigado a descobrir e investir em seleção, recrutamento e treinamento de novos líderes. O resultado é que temos 3 presbíteros com mais mais de 65 anos atualmente, e todos os outros 9 estão abaixo de 45 anos. Outros 4 líderes em potencial estão sendo preparados para assumir o presbiterato, todos com idade entre 30-45 anos.
MacNair afirma que “Igrejas vivas estão renovando a si mesmas, começando por seus líderes (...) quando a renovação acontece, primeiramente das pessoas em direção aos seus líderes, podemos esperar certas conseqüências. Na medida em que as mudanças tocam os líderes da igreja, eles podem se achar incapazes de se identificar com o crescimento e a maturidade da congregação, e eventualmente até resignar seus ofícios. Alguns podem reagir resistindo ou opor-se à renovação que começa a surgir, e quando isto acontece, a unidade do corpo pode enfrentar sérios distúrbios (...) ”.[7]  Posteriormente continua: “Contudo, quando os líderes começam a participar da renovação, eles podem comunicar à congregação os benefícios e poder das mudanças que estão sendo feitas (...) tendo eles mesmos tal compromisso, podem conduzir a congregação em direção a estes alvos (...) Uma vez que líderes e congregação estão comprometidos em alcançar objetivos comuns para renovação e revitalização da igreja, as mudanças começam a acontecer num compasso exeqüível para a igreja local”.[8]

  1. Moral baixa: Críticas de si mesmas - Este aspecto é de fácil comprovação: Existem igrejas deprimidas e igrejas empolgadas. Algumas com boa auto-estima e outras com auto-estima baixa. Algumas crêem nos seus projetos, estão encorajadas com os desafios; outras pararam no tempo e deixaram de sonhar.

Num ambiente de encorajamento e alegria, as pessoas estão dispostas a servir, tem prazer em se envolver, engajar, dar o seu tempo e investir recursos. Em comunidades assim, as pessoas sentem orgulho do projeto que participam e estão constantemente convidando outros para participarem.
Em outras igrejas o ambiente é desanimador. Aprenderam a falar mal de si mesmas, o ambiente é depressivo e os comentários são sempre depreciativos. As pessoas não falam com entusiasmo do que fazem, mas continuam indo à igreja por tradição, comodismo ou por falta de opção ou programa. As atividades da igreja não atraem e os filhos e visitantes não sentem nenhuma vontade de participar porque também percebem que aqueles que lideram os programas o fazem com pouca criatividade e entusiasmo.
Pastoreei uma igreja assim. O trabalho da Sociedade Auxiliadora Feminina, estava passando por uma crise de significado e sentido, a antiga liderança estava tendo dificuldade de atrair pessoas novas, e as programações não pareciam surtir o efeito necessário. A presidente pediu a palavra num domingo à noite, e num tom melancólico fez apelo às irmãs, para que viessem participar das reuniões. Em visível sofrimento, afirmou de forma deprimida, que as mulheres deveriam se envolver porque o trabalho estava muito fraco e poucas pessoas vinham às reuniões. O resultado foi um desastre.
Pessoas não gostam de participar de programas falidos. Existe um antigo ditado britânico que afirma: “Nobody buys a ticket for Titanic” (Ninguém compra passagem para o Titanic). Lembre-se, o Titanic era o navio mais luxuoso jamais construído, descrito como um navio que nem mesmo Deus poderia destruir, e na sua viagem inaugural, bateu num iceberg que abriu um enorme rombo no seu casco, e mais de mil pessoas morreram nesta fatídica viagem. Por que ninguém compra passagem para viajar no Titanic? Porque sabem que vai afundar, e ninguém quer fazer uma viagem desta.
Quando pessoas procuram uma comunidade para congregar, elas não vão atrás de igrejas com fama de retrógada, com programação ruim, ambiente hostil e pouco receptiva. Elas procurarão comunidades vibrantes, contagiantes, alegres e empolgadas. Se a própria igreja possui uma imagem depreciativa de si mesma, quem vai se interessar em participar dela?
Igrejas que falam bem de si mesmas atraem outras pessoas. Elas gostam de seus pastores, se empolgam com as programações do Departamento infantil, com a liturgia, com o sermão. Esta felicidade contagiante atrai gente que busca uma comunidade. Ninguém quer participar de uma igreja cujo pastor é deprimido, o grupo está desanimado, os moços estão se afastando e os filhos detestam o programa da Escola Dominical.
Portanto, encoraje sua igreja a falar bem de si mesma!

  1. Estilo novelesco – Todos conhecemos como os dramaturgos escrevem suas novelas. Seu propósito é manter o público cativo. Um roteiro básico é escrito para a idéia central, mas os enredos vão sofrendo variações e tendências, num indo e vindo quase infindável de diálogos, disputas, competições e ajustes, dependendo da audiência e aprovação do público. Muitas igrejas aprendem a viver assim.

Este modelo de Igreja não consegue desvencilhar-se das intrigas e brigas internas pelo poder, os conflitos históricos nunca são resolvidos, e a comunidade aprende a viver naquela cultura interna de atitudes nada positivas. Torna-se difícil romper este ciclo vicioso, e eventualmente as pessoas não percebem a armadilha que entraram neste estilo de vida nada saudável. Quanto menor a igreja, mas facilidade tem de viver este relacionamento patológico. Quando isto acontece, a igreja adoece e gasta a maioria do seu tempo para resolver conflitos. Perde a perspectiva do objetivo, e sua energia que poderia ser investida em projetos criativos e salutares se esvai. Eventualmente, como acontece no universo político, as oposições se dão não porque o programa apresentado é ruim, mas simplesmente por ter sido apresentado por alguém que faz parte do “outro grupo”.
W. Curry Mavis afirma: "Como pessoas, igrejas locais, às vezes são introvertidas, seguindo o introvertido padrão da personalidade humana, estas igrejas são consumidas pelo interesse pessoal e gastam sua energia em si mesmas. São primariamente preocupadas com seus problemas particulares e por devotarem mais de sua atenção para a introversão espiritual, o resultado torna-se uma negligência da expressão espiritual em suas comunidades".[9]
Macchia afirma que “Conflito é cancerígeno para os relacionamentos, se não forem resolvidos... Resolver problemas não é uma complicada ciência para ensinar às pessoas de nossas igrejas, mas é o diferencial necessário para que as famílias da igreja se tornem mais saudáveis nos seus relacionamentos e serviços. Isto não pode ser ignorado ou negligenciado[10]”.

  1. Visão de Túnel – Num admirável livro escrito por C. John Miller[11], ele descreve as igrejas com visão de expansão e igrejas de manutenção. Para ele, um dos problemas das igrejas que perdem o vigor  é a construção de uma visão de túnel, que limita os potenciais ministérios que a igreja poderia desenvolver.

Para Miller, “No fundo, isto é falta de fé, baseada numa secularizada ignorância do poder do Espírito Santo – Sua habilidade para nos dar os recursos e alcançar os alvos de Deus, que apenas os meios sobrenaturais serão capazes de realizá-los (...) Esta falta de fé revela-se na aceitação complacente do fracasso da igreja e na consideração que estagnação numérica e declínio são inevitáveis”[12]
Esta “visão de túnel”, torna-se uma espécie de viseira, usada em animais de carga, que não conseguem olhar ao redor e perceber os movimentos e reações que acontecem do lado exterior da comunidade. Deus tem um padrão para reprodução da sua igreja.
MacManus chama isto de "The Genesis Design".[13] A partir da percepção de que a igreja é um organismo, não uma organização, ele tenta relacionar a igreja à natureza, e encontra cinco características para a natureza viva sobreviver e se propagar:

Um Ecossistema equilibrado
Adaptação ao ambiente
Reprodução Espontânea
Instinto de nutrição
Ciclo de vida harmônico

No primeiro item ele afirma que, para a sobrevivência da igreja, assim como para todos os organismos vivos, ela precisa aprender a viver de forma harmoniosa com o seu “oikos”, o local no qual ela vai se estabelecer. Seres vivos não sobrevivem a um ambiente hostil, se seu organismo não está equilibrado, e não se adaptam ao ambiente. Igrejas com visão de túnel não conseguem perceber o lado de fora. São auto-centradas. Sua visão introvertida torna-se a causa de seu declínio.
Num estudo realizado por Roberto Linthicum sobre igrejas eficazes, ele chegou à conclusão, que as igrejas que eram efetivas, enxergavam-se “como existindo não para si mesmas, mas para o mundo fora delas, e percebiam claramente que este era o seu propósito. Consequentemente, havia um compromisso com o evangelismo, com as necessidades da comunidade ou com a luta pela justiça social”[14]

  1. Cultura da igreja local – Tenho considerado que, crescimento de igreja, em muitos casos, trata-se de um problema da “cultura” da igreja local. A forma como ela entende sua missão e engajamento.

Toda igreja possui regras não escritas e sua unicidade cultural. Se o pastor não conhece estes códigos e não é capaz de fazer a leitura cultural da igreja, certamente tem boas possibilidades de futuros conflitos e stress. Brett Selby afirma que a cultura de uma organização é sua “personalidade corporativa”, uma mistura viva de valores, tradições, normas, regulamentos e experiências que produzem um código nebuloso de comportamento que são as “regras não escritas”[15].
Se uma igreja sempre ouviu da liderança que igreja boa é pequena, que “prefere qualidade à quantidade”, que a comunidade pequena é melhor e mais aconchegante, facilmente vai criando cultura de gueto, de grupo superior, e assim por diante. Certa igreja teve um mesmo pastor por quase trinta anos, e durante todo este tempo ele inculcou esta visão dos membros de sua comunidade. Apesar de ser uma igreja com bons recursos financeiros e grande potencial de crescimento, durante seu pastoreio a igreja nunca se preocupou em crescimento de sua membresia e plantação de novas igrejas e manteve a estrutura aconchegante e pequena para o seu reduzido número de “seletos” membros.
No provocante artigo: Dez motivos pelos quais pastores conservadores costumam ter igrejas minúsculas[16], Nicodemus afirma: “O que mais me assusta é que tem pastores reformados que se orgulham de ter igrejas nanicas! "Muitos são chamados e poucos escolhidos", recitam com satisfação. Orgulham-se de serem do movimento do "esvaziamento bíblico", em vez do "avivamento bíblico"! Dizem: "os verdadeiros crentes são poucos. Prefiro uma igreja pequena de qualidade que uma enorme cheia de gente interesseira e superficial". Bom, se eu tivesse que escolher entre as duas coisas talvez preferisse a pequena mesmo. Mas, por que tem que ser uma escolha? Não podemos ter igrejas reformadas cheias de gente que está ali pelos motivos certos? Eu sei que a qualidade sempre diminui a quantidade, mas será que tanto assim?”.
Este tipo de argumentação aponta para uma teologia equivocada de missão e uma eclesiologia míope. O problema é que errar na hermenêutica sempre significa errar na vocação de Deus para a missão. Uma cultura de ensimesmamento e de orgulho espiritual, torna a igreja isolada da comunidade e cria uma perigosa cultura de gueto.

  1. Perda da sua identidade e missão – Erwin S. Duggan afirma que para se ministrar na cultura do caos, a primeira tarefa da igreja no mundo é ser igreja. “As tarefas da igreja são adorar, educar, equipar os santos, dar cuidado pastoral e evangelizar. Se as igrejas permitem fracassar nessas tarefas, o êxito em outras menos importantes nada vai significar. Por outro lado, se conseguirem se manter fiéis nessas tarefas, nada há de detê-las, e sua influência redentora sobre a cultura será enorme”[17]

Igreja pode perder seu foco teológico e sua identidade. Este desvio tem enorme impacto numa comunidade cristã, porque tem a ver com a natureza e essência. Além da perda da identidade, e quase sempre como conseqüência desta esquizofrenia eclesiológica, pode perder também o foco na sua missão, que tem a ver vocação e missão.

O Mandato evangelístico descrito na Grande Comissão de Mt 28.18-20 possui duas dimensões:

(1)     Uma ordem para ir e fazer discípulos de todas as nações  - Uma tarefa impossível do ponto de vista institucional e humano. Os recursos são mínimos e os desafios são imensos. Tanto do ponto de vista cultural, lingüístico, treinamento e finanças. Tarefa impossível para uma instituição e associação humana.

(2)     Uma promessa de capacitação - O poder para realizar a tarefa impossível. Jesus estava convencido de que sem a capacitação do Espírito e sua presença gloriosa, jamais poderiam realizar esta missão. Por isto afirmou que deveriam ficar em Jerusalém até que “do alto”, fosse revestidos do poder (Lc 24.49), e que fossem empoderados por este Espírito para serem testemunhas até os confins da terra (At 1.8)

A Miopia teológica pode nos levar a perder a perspectiva da centralidade e efetividade do Evangelho. Facilmente nos esquecemos que “A palavra, por si só frutifica”, que o “Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), e que “aquele que semeia, cumpre fazê-lo com esperança” (1 Co 9.10). É desanimador, estressante e frustrante semear sem esperança de colheita. Precisamos fazer a obra com esperança de colheita. Facilmente limitamos nossos projetos aos recursos financeiros.
John E. Haggai, fundador do Instituto Haggai costuma afirmar: "Sonhe coisas tão grandes para Deus, que se Ele não estiver presente, o resultado será o fracasso". Este é o lema adotado pelos plantadores de igrejas da PCA (Presbyterian Church in America). Precisamos reconquistar a teologia da fé cristã, para que tenhamos novamente sonhos e expectativas de grandes colheitas, afinal, o mestre exortou seus discípulos: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até a ceifa? Eu, porém, vos digo: Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (Jo 4.35).
A cultura de uma igreja local é uma espécie de conjunto de valores que orientam a comunidade. Missão é aquilo que desejamos fazer, valores são aquilo que determinam o “por que quero fazer isso?”. Valor é o porquê atrás de “o que”. “Valores determinam prioridades, influenciam decisões, compelem o ministério e se revelam em nossa missão”[18].

  1. Falta de Ousadia ministerial – Igrejas em declínio são tímidas, ensimesmadas e medrosas, encontrando enorme dificuldade em estabelecer novos desafios e avançar. O medo imobiliza, nos transforma em gueto e nos leva a construir uma mentalidade de fortaleza, seja ela no campo metodológico, litúrgico ou teológico. Existe um ditado japonês que afirma que “o medo de perder não deixa a gente ganhar”.                                                                                                                                                                    

Precisamos reconquistar a ousadia apostólica, entendendo o chamado e a ordem de Cristo para pregar o evangelho a todas as etnias (Mt 28.18-20). Muitos se acham limitados demais em seus recursos para iniciarem novos projetos.  Precisamos considerar que uma comunidade motivada e coesa tem o poder de realizar grandes projetos, porque princípios direcionam valores, ou como se afirma no mundo empresarial, “dinheiro segue visão”.
Lidório afirma que um dos grandes problemas na criação de novas igrejas é o fato de que as igrejas perdem o seu “hábito Evangelizador”. “Devemos entender que igrejas locais tendem a, naturalmente, diminuir. São pessoas que falecem, mudam-se ou passam a participar de outras congregações (...) com o novo fenômeno da flutuação de membros, o compromisso de longo prazo com a igreja local foi substituído por uma tendência crescente de participação relativa em diversas igrejas. Se a igreja local não segue evangelizando e discipulando, dentro de um certo espaço de tempo ela poderá eventualmente morrer[19]

  1. Igrejas “hostis” aos visitantes – Escolhi propositalmente o termo “hostil”, embora raramente existam igrejas que podem ser assim consideradas. O que encontramos de forma muito presente em nossas comunidades são comunidades frias e indiferentes. Não seria esta uma forma de hostilidade?

Igrejas de manutenção tornam-se animosas (isto é o contrário de amistosas). Existem igrejas abertas e receptivas, mas muitas, sem perceber, tornam-se tão fechadas em torno de si mesmas que não consideram as pessoas que as visitam ou o desafio de tornar conhecido o nome de Jesus em sua cidade. Miller afirma que esta frieza das igrejas em relação aos de fora é a grande tragédia da igreja americana[20].
A igreja que atualmente pastoreio, nunca teve nos últimos 11 anos menos de 60 membros sendo recebidos anualmente, por batismo, transferência, jurisdição à pedido e restauração. Se me perguntarem qual é o programa evangelístico da comunidade, eu diria que não temos nada específico, mas a dinâmica da igreja em alcançar pessoas e seu crescimento está relacionado à capacidade da igreja em acolher as pessoas e integrá-las. Os vários ministérios em nossa comunidade estão constantemente fazendo acampamentos, reunindo semanalmente, promovendo atividades, e por isto estamos recebendo adolescentes e pré adolescentes que são os primeiros evangélicos em suas casas, famílias inteiras que se envolvem com o Departamento infantil e cujos filhos apreciam de fato as atividades ali existentes.
Irejas em declínio não são igrejas amigáveis. E honestamente falando, ainda acho que a minha igreja está longe ainda de ser uma igreja realmente acolhedora. Se nossa comunidade fosse mais aberta, isto potencializaria ainda mais o seu crescimento.
Barna indaga o que é uma igreja amável e acolhedora. “É uma igreja que está em contato com as necessidades daqueles a quem deseja servir. Assim como um bem planejado sistema de computação permite que neófitos em tal ciência o usem de maneira eficiente, assim também as igrejas amigáveis e acolhedoras capacitam multidões de pessoas a que venham conhecer e a servir ao Deus vivo”[21].
Richards & Martin afirmam: “É impossível imaginar uma comunidade cristã vital sem objetivar um povo cheio de amor que expresse esse sentimento de maneira prática e significativa[22]”.


Perspectivas: Do Declínio para o crescimento

Muitas igrejas estão tão desencorajadas que não acreditam mais que o vigor, crescimento, atração aos perdidos e integração dos visitantes poderá acontecer. Perderam a expectativa de que Deus que as surpreenda, e se perguntam se voltarão a crescer. Eu estou absolutamente certo de que princípios de crescimento de igreja, quando aplicados, e se aplicados, sempre trarão nova vitalidade. Satanás tem todo interesse que as igrejas continuem frias, irrelevantes e apáticas, mas a promessa de Jesus para sua igreja vai numa direção completamente diferente. Jesus antevia sua igreja em expansão e com ousadia: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Afinal, ele mesmo se comprometeu em edificá-la – não podemos esperar outra coisa além de sua vitória.
O problema não é teológico, nem missiológico (a igreja foi fundada por Cristo para expandir suas fronteiras e avançar sobre o terreno inimigo), mas talvez prático e metodológico. Barna afirma: “O crescimento não está alicerçado sobre uma auto-descoberta feita de uma vez por todas... mas deve ser visto como algo revolucionário. As igrejas crescentes estão dedicadas a descobrir e redescobrir as sutilezas de seu meio ambiente e de reagir diante destas informações, dentro do contexto do ministério”[23].


Elementos Propulsores da Vitalidade nas Igrejas Locais

Para concluir, gostaria de sugerir alguns destes elementos, para que criemos uma nota de perspectiva e esperança, para igrejas que se encontram no plateau ou declínio, e isto, estatisticamente se aplica a 80% das comunidades. Uma igreja pode facilmente perder sua vitalidade, assim como uma pessoa, aparentemente saudável, eventualmente pode trazer determinados dispositivos congênitos, genéticos e ambientais que desencadeiam uma grave e até mesmo mortal enfermidade.
Quando isto acontece, ficamos perguntando: “O que aconteceu?”.
Nestas horas, o tratamento é fundamental. Creio que o Profeta Isaias percebia algumas coisas na vida do povo de Deus ao clamar:
“Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença,
como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua presença!  Quando fizeste coisas terríveis, que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença”
(Is 64.1,2).
Este texto nos fala do anseio do profeta por um sopro do Espírito que mudasse a situação em que se encontrava o povo de Deus.
Historicamente a igreja sempre precisou de revitalização. No início da Idade Média, (590-1073 a.D), Nichols assim descreve a realidade da igreja: “Moral decadente, embriaguez e adultério eram os menores vícios de um clero que tinha adoecido até a medula. Os sacerdotes eram escandalosos”[24] Na Idade Média, a igreja governava o mundo, assumindo completo domínio sobre os homens e suas consciências, mas o Evangelho foi substituído por ritos sacramentais que outorgavam a salvação de forma mágica, pelas vendas de indulgências, relíquias e perdão de pecados feitos de forma vergonhosa, o clero era corrupto e a imoralidade assolava a igreja. Foi necessário um despertamento espiritual.
Precisamos do poder do Espírito, de um novo revestimento, que possa nos tirar da ausência de entusiasmo pelas coisas de Deus e acenda um fogo no nosso peito. Precisamos vivenciar isto que o Profeta Isaías afirma neste texto: “Como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas”. Não se trata de um poder vindo de dentro de nós mesmos, mas de um poder do Alto. Não precisamos de maquiagem espiritual, mas um batismo de fogo!
Jesus sabia da necessidade que seus discípulos tinham deste poder. Por isto disse para aguardarem até que “do Alto” fossem revestidos de poder (Lc 24.49), e lhes prometeu que desceria sobre sua igreja uma qualidade de poder que lhes capacitaria o exercício do testemunho efetivo nos seus dias (At 1.8). Este poder não era influência social ou política, nem estrutura ou organização, mas revestimento do Espírito Santo.
O Profeta Isaias clama por este despertamento, porque apenas a intervenção de Deus na história é capaz de surpreender sua própria igreja – “Quando fizeste coisas terríveis, que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença” (Is 64.2). Isaías sabe que quando Deus age, coisas inesperadas acontecem no meio do povo. Ele ora porque sabe que as manifestações de Deus na história gerem temor no coração dos ímpios, por isto pede a Deus. Precisamos de revitalização para que aqueles que estão endurecidos pelas verdades do Evangelho venham a se render ao Evangelho, para que aqueles que se encontram frios e sem vigor, sejam aquecidos interiormente com novas perspectivas, sonhos e visões. Sem esta operação do Espírito, não há convencimento, nem quebrantamento, nem conversão dos pecadores.
Quando deparamos com o caos, as contradições e declínios espirituais em nossa vida e da comunidade para onde correr? O que fazer? Em quem esperar? Precisamos do mover de Deus, porque sem isto nossa vida é fraca, o testemunho é pálido, a pregação não causa impacto na vida dos pecadores que não se arrependem e morrem em seus pecados. Nossa vida espiritual torna-se pobre, nossas famílias são afetadas. Por isto o profeta Isaias clama: “Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença”.
Diante disto, creio que quatro elementos são fatores indispensáveis para a vitalidade da igreja:

1. Visitação Especial de Deus. A verdade é que Deus pode nos surpreender novamente. Igrejas passam por ciclos, mas quando a liderança percebe o risco e volta-se para o Senhor, coisas maravilhosas começam a acontecer. São manifestações de Deus no meio de seu povo: curas, sinais, prodígios, e restauração de vidas. Este sopro de Deus energiza seu povo e desperta o coração dos acomodados, trazendo uma nova alegria para a obra. Isto é, em última instância, e apenas o que pode trazer revitalização para uma igreja em declínio. A conhecida oração de Lutero, antes de enfrentar o Imperador Carlos V e toda sua corte, na Dieta de Worms, na noite de 17 de Abril de 1521, e assim começar a abalar o mundo foi a seguinte: “Tu sozinho tens poder. A causa é tua, e não minha. Eu não apoio em homem algum, os homens são inúteis; tudo o que é humano, falha. Tu me escolheste para esta causa. Fica ao meu lado, em nome de teu Filho Jesus Cristo que é o meu protetor, meu escudo, minha torre forte”.
Goerge & outros, afirma no livro “Como quebrar as barreiras que impedem o crescimento”, que as igrejas que atualmente mais crescem e demonstram maior vitalidade são aquelas que, antes de tudo, estão experimentando contagiante entusiasmo espiritual, por causa do derramamento do Espírito Santo[25].

2. Conversões Impactantes – igrejas são revitalizadas, quando ocorrem transformações no meio da comunidade. Quando famílias se convertem, quando jovens se voltam para o Senhor. Não creio em revitalização de igreja sem este sinal maravilhoso da restauração de vida. Novos convertidos trazem vigor, entusiasmo e alegria para o meio da igreja. Se sua igreja não tem conversões maduras e impactantes, ore para que Deus lhe dê vidas rendidas aos pés do altar de Cristo.
Nada é mais transformador, encorajador, desafiador que conversões autênticas de vida. Certa vez alguém me comentou frustrado, que “as pessoas não mudam”, e por isto era desanimador pregar o evangelho e discipular. Tive um ímpeto de concordar com esta pessoa, porque muitas vezes também tenho esta falsa percepção, mas respondi que, a mensagem do Evangelho, é transformar vidas, e que Deus pode mudar qualquer pessoa, em qualquer circunstância, por que ele tem poder e sua palavra é viva. É exatamente sobre isto que estamos falando, afinal, “Crescimento de igreja é tudo aquilo que está relacionado à tarefa de trazer homens e mulheres que não tem relacionamento pessoal com Cristo para desfrutarem de sua comunhão e se tornarem membros responsáveis de suas igrejas locais[26]

3. Arrependimento e quebrantamento da igreja – Pecados históricos, e conflitos antigos podem ser desfeitos quando o Senhor começa a mover o povo ao perdão. Eventualmente, uma reunião de oração, uma santa ceia, um sermão, pode desencadear uma mudança substancial na vida de uma igreja que se perdeu no tempo e perdeu sua alegria no ministério. Quando o Espírito de Deus traz restauração entre irmãos, presbíteros, diáconos, restauração de casamento e de pessoas, isto pode significar uma virada na história de uma igreja local. Ore para que o Espírito de Deus traga arrependimento e conversão de corações de membros distantes e feridos para uma visão única de Deus para sua igreja.
“um corpo saudável é necessário para realizar trabalho eficiente. Tentar fazer evangelização enquanto o corpo de Cristo está doente e indisposto, é pior do que não fazer nada. Não é difícil manter um corpo de cristãos sadio e vital se os indivíduos envolvidos (especialmente os líderes) procuram carregar os fardos uns dos outros, confessar suas faltas mutuamente e instruir e admoestar-se reciprocamente em amor, através da Palavra de Deus”[27]

4. O Despertar de uma nova Liderança na Igreja Local -  John Maxwell afirma que “tudo se levanta e cai na liderança”. Podemos perceber isto de forma clara nas Escrituras. Todas as vezes que Deus queria fazer uma revolução e trazer mudanças significativas, levantava líderes. Agostinho afirmava: “quando Deus se agita, o homem se levanta”. Muitas vezes a restauração da igreja se dá pela renovação da liderança pastoral ou eclesiástica. Deus precisa remover ou restaurar a visão e o coração de alguns líderes trazendo assim uma nova consciência e um novo momento para uma comunidade que sonha em experimentar revitalização.







[1] Parish, Archie – Invigorate Your Church. Serve international, Atlanta – 2001, pg 50.
[2] Lovelace, Richard F. – Dynamics of Spiritual Life, pg 140.
[3] . Hybels, Bill – Liderança corajosa, São Paulo, Ed. Vida, 2002, pg. 24
[4] . Anderson, Leith – Bethany House Publishers, Minneapolis, 1992, pg 76
[5] . Stetzer, Ed & Dodson, Mike – Comeback churches. How 300 churches turned around and yours can too, Nashville, Publishing Group, pg 19-20.
[6] Barna, George – O Poder da visão. São Paulo, Abba Press, 1993, Pg 119
[7] MacNAIR, Donald J. – The Living Church. A guide for Revitalization, Philadelphia, Great Commission Publication, pg 15,16
[8] MacNAIR, Donald J. Pg 16
[9] Mavis, W. Curry – Advancing the smaller church Grand rapids, Baker, 1957, p 30.
[10] Macchia, Stephen A. – Becoming a Healthy Church, Grand Rapids, MI, Baker Kooks, 1999 Pg. 106
[11] Miller, C. John – Outgrowing the ingrowing church – Zondervan Publishing House, Grand Rapids, MI 1999
[12] Miller, 1999, pg. 29
[13] . McManus, Erwin R., The Genesis Design: God's Pattern For Church Reprodutuction. Extraido do The Power of seeing , summer '94, pg. 4
[14] . Linthicum, Robert C. – Revitalizando a Igreja. São Paulo, Ed. Bom Pastor, 1996, pg 47
[16] tempora-mores.blogspot.com/.../dez-motivos-pelos-quais-pastores.html
[17] Duggan, Ervin S. – artigo “A Igreja Viva”- Reforma Hoje – uma convocação feita pelos evangélicos confessionais. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 1999, pg. 49
[18] Manual de Implantação de igrejas. Rio de Janeiro, Editora Luz às nações, Ltda., 1997, pg 13
[19] Lidório, Ronaldo – Plantando Igrejas. São Paulo, Casa de Cultura Cristã, 2007, pg 69
[20] Miller, 199, pg 84
[21] Barna, George – Igrejas amáveis e acolhedoras, São Paulo, Abba Press, 1995, pg 15
[22] Richards, Lawrence O.; Martin, Gib – Teologia do Ministério Pessoal, São Paulo, Ed. Vida Nova, 1984 Pg 147
[23] Barna, George, 1995, pg 197
[24] Nichols, Robert H. História da Igreja Cristã, São Paulo, Casa de Cultura Cristã, Pg 72.
[25] George Carl F.& Bird, Warren - How to break growth barriers, Grand Rapids, MI Baker Kook House, 1993, pg 63.
[26] . Wagner, Peter- Strategies for Church Growth. Ventura, CA, Regal Books, 1971, pg 114.
[27] Stedman, Ray – Igreja, Corpo vivo de Cristo. São Paulo, Ed. Mundo cristão, 1974, Pg 113