quinta-feira, 3 de julho de 2014

A cidade: Suas Lutas.



Pastorear igrejas em grandes cidades não é um desafio fácil. Bakke cita uma pesquisa feita por uma grande organização britânica que descobriu que apenas 4 de 142 candidatos, gostariam de pastorear grandes cidades.[1]

Quais são os problemas mais facilmente encontrados nas grandes cidades?

q       Anonimato – Esta é a primeira característica descrita por Cox no seu clássico "A cidade secular"[2] ao se referir à face da cidade. Em geral as pessoas se horrorizam diante da impessoalidade e pela perda da identidade que a cidade traz. Pessoas podem perder toda sua identidade personalidade no meio da correria diária, e dos intermináveis números. "Solidão é indubitavelmente um sério problema na cidade"[3]

q       Alienação – Neste caso, percebe-se que a pessoa não passa de um número, e que os encontros normalmente são feitos de forma esporádica e sem desejo de aproximação.  O homem urbano se distancia facilmente do outro. A falta de intimidade e distanciamento nos grandes centros e grupos. Você pode morar no mesmo prédio e não conhecer quem mora em frente à sua casa. Exemplo pastor do Rio de Janeiro que mudou-se par ao interior por medo da alienação da grande cidade.

q       Isolamento – Diante da constante mobilização, as pessoas são  sempre muito diferente mesmo na vizinhança. Muitas estão constantemente se mudando. Alguém por perto não significa "proximidade".

q       Despersonalização – individuo tratado como número e coisa. Tente acessar seu banco, sua conta na internet. Você estará sendo sempre identificado pelo número que tem. A Bíblia diz que mais vale o bom nome do que as muitas riquezas, mas na cidade, mais vale um bom número.

q       Pobreza, promiscuidade e desencorajamento – Na cidade grande vemos pessoas sempre pedindo ajuda e buscando recursos. A quantidade de pessoas que buscam suporte financeiro é gigantesca.

q       Ausência de sentido – ambiente competitivo e baseado em performance. A vida pode se esvaziar, quando você se torna sempre e constantemente alguém competitivo.

Implicações:       

1.                            A Igreja como comunidade. Interligando a pessoa, tornando-a aceita e fazendo parte de um grupo. O conceito de Meta-Church tem sido discutido: "Uma igreja grande para celebrar, mas pequena para cuidar". Quanto maior se torna a cidade, mais importante se tornam os vínculos comunitários;

2.                            A Igreja com a visão elevada da humanidade: seres criados à imagem de Deus. Aprendendo a cuidar, a proteger, a ajudar a pessoa a resgatar sua auto estima.

3.                            A Igreja como agência de misericórdia. Compartilhando a vida e recursos financeiros.


A cidade: suas necessidades


Quais são, em nossos dias, as maiores necessidades da cidade, e como a Igreja pode cooperar eficazmente para abençoar a cidade?

q       A pobreza espiritual da cidade – Cidade é cenário de luta espiritual. Milhares de pessoas são vitimas de religiões falsas, de seitas e grupos espiritualistas, em busca de sentido e identificação. Tanto orar quanto proteger seus habitantes torna-se um enorme desafio. Exemplos recentes mostram a tragédia dos mendigos de S. Paulo (a situação em si já seria catastrófica), mas assume uma dimensão ainda maior quando tais pessoas, indefesas, abandonadas, são violentamente executadas.

q       O abandono histórico da cidade – Muitas cidades são  mau governadas, não só por governos corruptos, mas governos incompetentes. Grandes centros têm sido abandonadas. A sujeira da cidade, os pontos de prostituição, a violência, assaltos, furtos, etc.

q       Pessoas não alcançadas – Muitos nunca ouviram o Evangelho. Poucas pessoas tem evangelizado as cidades. Encontrado estratégias para pregar o Evangelho de forma efetiva aos perdidos.

Barreiras para a Missão Urbana.
Bakke, fazendo consultas sobre a questão da evangelização urbana, indagando porque muitas vezes são tão eficazes, encontrou alguns pontos em comuns nas pesquisas que fez, em diversas partes do mundo. Ele afirma que esta lista feita em Belgrado, Yugoslávia, em Agosto de 1983, foi similar a que ele fez em Cairo e México City.[4]

  1. Não existem pessoas orando de forma organizada pela cidade;

  1. Não existem líderes treinados, sejam eles leigos ou pastores.

  1. A maioria dos evangélicos perderam a visão, motivação e paixão pelos perdidos;

  1. Igrejas e pastores possuem uma visão rural.

  1. Nós falhamos em usar as oportunidades para o testemunho quando elas nos são dadas.

  1. As comunidades cristãs vivem como se estivessem em guetos, e perdem o contacto com seus amigos não crentes.

  1. As igrejas não cooperam.

  1. Cristão tem vidas muito ocupadas e com muitas reuniões da igrejas.

  1. Existe um intervalo entre as gerações que são na sua maioria acima de 55 anos e os líderes emergentes que estão abaixo dos trintas anos. Existem poucos líderes entre 30 e 45 anos nas igrejas.

  1. Ausência de edifícios adequados e espaços para realizar o projeto missionário.

Implicações:        1. A necessidade de um evangelismo agressivo que ocupe prioridade em todos os programas da igreja;

2. A necessidade de estar na cidade, para amá-la e servi-la, trazendo alegria para a comunidade.

3. A cidade ainda é um dos lugares menos alcançados, e um dos maiores campos missionários da igreja em nossos dias.






[1] Bakke, Ray – The Urban Christian, pg 55
[2] Cox, Harvey – The secular City, pg 37
[3] Cox, idem, pg. 39
[4] Bakke, pg 60