segunda-feira, 2 de março de 2015

PLANTAR IGREJAS



Ronaldo Lidorio[1]

Meu desejo neste artigo é descrever alguns princípios teológicos e sua aplicação na Evangelização do mundo em nossos dias. Plantação de igrejas, contudo, é uma expressão com uma variedade de sentidos e conceitos. Normalmente associado com evangelismo e comunicação do Evangelho. De acordo com Van Rheenen é "iniciar comunidades reprodutoras que reflitam o Reino de Deus no mundo""[1] mas é também fazer a ligação com a igreja como a nutrição, maturidade e crescimento da igreja. Donald MacGavran desenvolvem o estudo de crescimento de igreja e posteriormente Garrison apresentou o conceito de plantação da igreja como um movimento de "rápida e exponencial crescimento de igrejas indígenas e plantação de igrejas dentro de um dado grupo ou de um segmento populacional"[2].   Em face da diversidade de termos e definições podemos antecipar determinadas limitações no estudo deste assunto.
Um dos estigmas freqüentemente relacionados ao conceito de plantação de igrejas está associado à metodologia e o processo do ponto de vista pragmático. Somos tentados a entender a plantação de igrejas com base nos seus resultados antes que na sua fundamentação teológica. Conseqüentemente o que é bíblica e teologicamente fundamentado torna-se menos importante que seu bom funcionamento e a efetividade pragmática[3]. Eu tenho a convicção de que todas as decisões missiológicas deveriam estar enraizadas na teológica bíblica para que realizemos o desejo de Deus e para cumprir o seu mandamento (At 2.42-47).
Uma segunda limitação é o fato de ligarmos a questão da plantação de igrejas a nada mais que uma rede de contactos para solucionar as necessidades das pessoas. Isto tem se tornado uma questão crescente no mundo pós moderno. Isto acontece quando a igreja toma decisão baseada puramente na compreensão antropológica das necessidades antes que na orientação teológica das Escrituras. Neste caso a cultura e as questões culturais relacionadas, antes que as Escrituras, determinam o tipo de teologia que deveria ser aplicada a determinado grupo ou sociedade. Vicedon afirma que somente uma compreensão  profunda das Escrituras e da natureza da igreja (Ef 1.23) poderiam capacitar plantadores de igrejas a tomarem decisões e agirem de forma enraizada na "Missio Dei" ao invés das demandas da cultura[4].
Uma terceira limitação é eclesiológica, que tem a ver com a compreensão da natureza intrínseca e missão da igreja. Embora concordemos com Bosch que "Não é a igreja de Cristo que tem a missão no mundo, mas o Deus das missões que tem a igreja no mundo”[5]. Precisamos clarificar o valor da igreja em termos de sua identidade. Quando Dietrich Bonhoeffer escreveu "A Igreja de Cristo é a igreja somente quando ela existe para os outros[6], ele estava parcialmente certo. Embora a igreja tenha um grande impacto em termos de apelo missionário, seu  valor intrínseco deve ser reconhecido porque ele é o resultado do sacrifício de Jesus, e Jesus e a cruz são o centro do plano de Deus. Se a glória de Deus é o alvo final da igreja que existe, então sua comunidade santa tem valor por causa de sua identidade. Embora missões sejam uma prioridade escriturística na vida igreja, não devemos limitar sua esfera de operação apenas para este alvo, desde que missões não são um alvo final em si mesmo. Adoração, santidade, unidade e comunhão são também importantes aspectos da identidade cristã. Portanto, a igreja não é primariamente um meio de alcançar pessoas, mas antes de tudo um instrumento para glorificar a Deus (Ef 3.10). Precisamos entender que Deus pode ser glorificado, ao mesmo tempo numa cruzada missionária em Accra com um milhão de pessoas envolvidas ou num "culto doméstico", numa pequena igreja com 18 pessoas em Hayacucho. Embora evangelismo e plantação de igrejas exerçam um papel importante na "Missio Dei", a missão da igreja não deveria ser limitada apenas à sua proclamação (Rm 16.25-27).
Tendo analisado estas três limitações podemos agora concentrar em alguns importantes aspectos da plantação de igrejas relacionados à Teologia de Missões:

1. RECONCILIANDO MISSIOLOGIA E TEOLOGIA

Missiologia e teologia não deveriam ser consideradas como áreas isoladas de estudos, antes percebidas com dois lados de uma mesma moeda. A teologia não apenas ajuda a igreja a entender o significado de missões no fundamento de plantação de igrejas, mas também prove profunda motivação para evangelismo. Missiologia, por outro lado, direcione os teologia ao Planto redentivo de Deus e ajuda-nos a ler as escrituras com óculos missionários. Isto nos capacita a desenvolver o ensinamento bíblico que vai além de quatro paredes da igreja e seminários para cristãos alcançarem pessoas no seu próprio contexto e cultura porque "a igreja deve estar enraizado ao mesmo tempo no ser e na missão de Deus"[7].
Hesselgrave, percebendo a ausência de fundamentação teológica nos estudos sobre plantação de igrejas pergunta sobre "Qual é o significado duradouro no compromisso evangelístico em relação a autoridade da Bíblia se os ensinamentos bíblicos não modelam explicitamente nossa missiologia?”[8]
Van Engen vai além ao afirmar que teologia de missões precisa ser um campo multidisciplinar que a lê a Bíblia com olhos missionários e "baseado nesta leitura, reexamina continuamente, reavalia e redireciona o envolvimento da igreja na missão de Deus no mundo de Deus"[9] .
Paul Hiebert afirma "freqüentemente escolhemos poucos temas, e a partir destes temas construímos uma teologia simplista ao invés de olhar nas razões teológicas que brotam através das sagradas Escrituras", isto torna claro que o trabalho missionário sem uma teologia com sólida fundamentação está divorciado da mente de Deus.
Temos que enfrentar três perigos quando teologia e missiologia não são percebidas como parceiras:
a)      Usamos Deus como instrumentos para cumprir nossos propósitos na plantação de igrejas ao invés de o servimos para alcançar seu plano na terra[10] (1 Co 3.11).
b)      Oferecemos soluções simplistas para problemas complexos e ambíguos relacionados a comunicação do evangelho, contextualização e plantação de igrejas.
c)      Defendemos que existe apenas uma forma bíblica para realizarmos o mandamento de Jesus para fazer com que o Evangelho chegue até os confins da terra.

Quando Martin Kahler afirmou que missão é "a mãe da Teologia", ele estava demonstrando que a teologia é desenvolvida enquanto a mensagem de Cristo está sendo anunciada; isto é, ela é formada enquanto os plantadores de igreja refletem e trabalham para realizar o plano de Deus em diferentes lugares e contextos culturais (1 Co 3.6). Por outro lado, plantar igrejas não é encontra justificativa em si mesmo, antes é um instrumento usado por Deus para cumprir seu propósito final e a missão cósmica de Deus (Hb 1.1-4).

De acordo com David Bosch, teologia nos dias do Novo testamento era praticada no contexto de missões em resposta às questões missiológicas, na medida em que o Evangelho se espalhava e a igreja precisava ser nutrida. O apóstolo Paulo é um clássico exemplo visto que ele foi "o mais importante teólogo do cristianismo e seu maior missionário – citando[11] Augustus Nicodemus Lopes. Quando analisamos os ensinos paulinos descobrimos que sua teologia bíblica é fundamental para seu ministério, e seu ministério missionário inspira nos a refletir sobre Deus e sua ação no mundo (Rm 15).  Missiologia e teologia indiscutivelmente trabalham juntos, passo a passo.


2.  ORIENTACAO TEOLOGICA PARA PLANTACAO DE IGREJAS

Lesslie Newbigin exerceu uma grande influencia no mundo missiológico ensinando que a igreja só poderia encontrar uma renovação na sua existência e testemunho através de um "encontro renovador do Evangelho com sua cultura". Portanto, para trazer respostas às questões missiológicas de hoje precisamos providenciar: a) análise sócio-cultural; b)reflexões bíblicas e teológicas, e; c) visão para a igreja e sua missão[12].
É necessário solidificar nossos valores bíblicos para plantação de igreja. Três destes valores são extremamente relevantes.

Plantação de igrejas deveria ser definido não em termos de resultados humanos, mas pela fidelidade às Sagradas Escrituras.

O fundamento da comunicação do Evangelho nunca deveria ser definido na perspectiva da funcionalidade, mas nos princípios bíblicos (1 Ts 1.5). Em Plantação de igreja o que é bíblico não necessariamente significa que será grande em termos de resultado e sucesso de tempo, dinheiro e números. Estas afirmações levam-nos de forma direta à necessidade de orientarmos nossas atividades missionárias com fundamentos bíblicos teológicos[13]. Murray afirma que "todos os plantadores de igreja operam com estruturas teológicas, mas freqüentemente elas são articuladas e adotados de forma não crítica, ao invés de serem resultantes de reflexão[14].

Se você procurar por movimentos de vanguarda de plantação de igrejas no mundo de hoje, rapidamente descobrirá movimentos não bíblicos aparecendo entre os 10 primeiros lugares em termos de número e influencia. A Igreja do Santo Espírito em Gana, por exemplo, é uma comunidade envolvida com o movimento de plantação de igrejas que está crescendo rapidamente no Sul daquele país. Alguns anos atrás eu me lembro quando o fundador escreveu uma carta a todas as instituições cristãs, convidando-as para um dia de festividades, na qual declarava ser ele mesmo a encarnação do Santo Espírito na terra. Hoje este é um movimento que cresce rapidamente, plantando igrejas e avançando em sua influencia através de diferentes partes do país e até mesmo além de suas fronteiras. Este é um tempo para definirmos nosso compromisso. Estamos comprometidos com a mente e a visão de Deus tal qual nos é revelada nas Escrituras e não através de estratégias humanas de crescimento, independente dEle.

Plantação de igrejas deveria ser definido não em termos de treinamento e habilidades, mas pelo poder de Deus e o desejo de salvar vidas.


Embora exista uma grande necessidade de treinamento para habilitar os obreiros, nós não deveríamos criar expectativas em termos de cumprir nossa missão apenas através de estratégias elaboradas e de bem treinados recursos humanos. Nada, exceto o poder de Deus e sua atividade podem capacitar a igreja para espiritualmente alcançar Seu plano e ser relevante no mundo de hoje (Ef 2.1-10). Plantar igrejas não é apenas um problema de marketing, metodologia e estratégia, mas uma questão espiritual, definida pelo pode de Deus liberado através do único e histórico sacrifício de Cristo e pela capacitação à tarefa por meio da capacitação do Espírito Santo (Jo 14.15-18) que leva a igreja a orar, crer e trabalhar.

Anderson, expondo as três fórmulas[2] centradas no homem demonstra que o projeto de comunicar o Evangelho envolve quatro áreas: a) A conversão de pessoas perdidas; b) A organização deles em igrejas locais; c) Providenciar e instituir um líder em cada comunidade e, d) Liderar a comunidade para se tornar independente.

Por ser ao mesmo tempo, uma comunidade espiritual e uma organização humana, todos cristãos precisam ter uma clara compreensão do que é a igreja de tal forma que possam ser canalizadas para servir ao Senhor. É importante ensinar que:
       A Igreja, enquanto comunidade de redimidos, foi gerada por Deus e pertence a Deus (1 Co 1.1-2);
       A Igreja não é uma sociedade alienante. Aqueles que foram redimidos por cristo são ainda homens e mulheres, pais, crianças, fazendeiros e pescadores que respiram o Evangelho onde quer que estejam (Mt.10);
       A Igreja não é uma comunidade em isolamento, nós fomos chamados para ser santos no mundo, e não à parte dele (1 Co 6.12-20);
       A igreja é a uma comunidade sem fronteiras, portanto ela é missionária na sua essência (Rm 15.18-19).
       A vida da igreja, acompanhada da Palavra, é um grande testemunho ao mundo perdido. É necessário que preguemos o Evangelho que faz sentido dentro de for a da construção de nossos (Jo 14.26; 16.13-15);
       A maior missão da Igreja é glorificar a Deus (1 Co 6.20; Rm 16.25-27);

Plantação de Igrejas deveria ser definido não em termos de conhecer o Evangelho, mas de compartilhar o Evangelho.

O ponto mais relevante em lidar com a práxis da plantação da igreja não é pensar em quanto somos capazes de pregar o Evangelho, ms quanto nós o pregamos! (Ef 1.13). A igreja nasce onde a palavra de Deus é pregada poderosamente e isto marca a importância essencial de proclamar o Evangelho no processo de plantação de igrejas como uma atividade não negociável. Van Egen and Van Gelder afirmaram que o objetivo das missões cristas é de fazer o Evangelho conhecido entre os homens em seu contexto e não gerar uma estrutura física e eclesiástica[15].
Conversando com um novo convertido no Peru, onde existe um bom time de plantadores de igrejas de diferentes missões eu perguntei porque as pessoas não estavam vindo para o Senhor, considerando que os missionários estavam trabalhando ali por um longo período de tempo, e ele disse: "Eu creio que é porque o Evangelho não está sendo pregado e as pessoas não estão ouvindo o Evangelho". Eu então entendi que, conquanto os missionários tenham uma boa liderança, comunicações de satélites, relatórios trimestrais e uma boa estrutura para exercer seus ministérios, eles simplesmente não estão pregando o Evangelho.
Antes de fazer qualquer coisa, os plantadores de igreja precisam proclamar a palavra viva. Trabalhos sociais, ministérios holísticos e compreensão da cultura nunca podem ser substitutos de uma clara comunicação[16] do Evangelho nem justificar a presença da igreja. O conteúdo do Evangelho em todo ministério de plantação de igreja deveria incluir Deus como Criador e Soberano Ser (Ef 1.3-6); o pecado da humanidade que distancia os homens da presença de Deus (Ef 2.5) e Jesus, Sua cruz e ressurreição como parte do central do plano de Deus em redimir as pessoas (Hb 1.1-4). A Base do ministério de plantação de igrejas deve ser a proclamação do Evangelho. Isto significa que somente uma igreja viva, com uma experiência renovada com o Senhor está habilitada a compartilhar a dinâmica e poderosa mensagem de Deus (Jo 16.13-15).

3. PLANTAÇÃO DE IGREJAS E CONTEXTUALIZAÇÃO

Entre os Gonja, do país de Gana, existe um ditado: Os cães de ontem não podem capturar os coelhos de hoje. Culturalmente isto significa que novos problemas numa sociedade tribal não podem ser resolvidos com velhas soluções. De um ponto de vista missiológico, isto pode nos ajudar a lembrar que em nosso rápido, globalizado e pós moderno mundo, precisamos orar por discernimento para que possamos entender como capturar novos coelhos. Isto deve se tornar um marco na grande necessidade que temos de entender e estudar a contextualização do evangelho em nossa metodologia de plantar igrejas.

David Bosch afirma que "O Evangelho semper vem em roupagens culturais. Não existe o "puro" Evangelho, isolado da cultura"[17]. Antropologia torna-se uma poderosa ferramenta para a comunicado do Evangelho, na medida em que cobre varias áreas de interesse como a Antropologia Cultural e Fenomenologia, que ajuda a igreja a entender pessoas e culturas com uma para proclamar o Evangelho. Como George Huntsburger afirmou: "Não existe nenhuma livre expressão do Evangelho livre da cultura, nem poderia existir". O objetivo de contextualizar cultural e teologicamente a compreensão do Evangelho é plantar igrejas no seu próprio ambiente que consigam responder suas questões culturais e humanas pela teologia bíblica.

A Igreja de Cristo precisa expor sua teologia de uma forma relevante, compreensível e clara para as pessoas na sua própria cultura. Se olharmos o contexto africano, por exemplo, podemos ver que a des-ocidentalização que vai possibilitar o cristianismo a se integrar plenamente entre algumas tribos nunca poderá ser feita sem que seja também des-ocidentalizada, num nível bíblico, a teologia que comunica a mente de Deus e dá sentido aos Africanos na sua própria terra[18].

A contextualizacao do Evangelho implica em traduzir o Senhorio de Jesus Cristo de uma forma tal, que não seja identificado como um mero princípio a ser aplicado num nível institucional, mas um fator determinante de vida que se expressa aos homens no seu mundo doméstico e diário. Jesus Cristo não deveria ser apresentado como resposta às questões apreentadas pelos missionários, ou como a solução para muitos dos problemas do mundo ocidental que nos cerca, mas para responder às questões do homem inserido em seu próprio contexto.

Tippett afirma que “quando os povos indígenas de uma comunidade pensam no Senhor como alguém que faz parte de sua cultura, não como um Cristo estrangeiro; quando eles fazem coisas percebendo o Senhor encontrando suas necessidades culturais em torno deles, quando adoram em paradigmas que eles podem entender; quando suas congregações funcionam em participação com um corpo que é estruturalmente da terra, então eles terão uma igreja verdadeiramente indígena".

Se um Ocidental tem uma tuberculose ele será diagnosticado e tratado de acordo com a compreensão geral da enfermidade e medicina ocidental. Num mundo animista, contudo, esta tuberculose pode ser vista como um problema específico para um individuo específico. Nenhuma atitude será tomada antes que obtenham uma resposta ao "porque"a pessoa está tendo este problema, porque conhecer a fonte do problema é mais importante que lidar com o problema em si. Embora o Evangelho traga uma resposta supra-cultural da mente de Deus para todas as culturas humanas em todos os tempos, a forma que fazemos as questões pode varia de cultura para cultura, tornando a igreja eresponsavel não apenas para entender o Evangelho, mas apresentá-lo em cada cultura de forma relevante, compreensível e aplicável.

Taylor uma vez afirmou "Jesus tem sido apresentado como resposta às questões que um homem branco deveria fazer, a solução para as necessidades que o homem ocidental poderia sentir, o Salvador do mundo na perspectiva da cosmovisão Européia, e o objeto da adoração e oração de uma cristandade histórica".

ConclusÃO


1.                  Toda plantação de igreja deveria ser baseada, de forma retumbante, em princípios bíblicos e não guiado meramente pela visão de enviar e receber cultura, desde que entendemos que a Bíblia é, ao mesmo tempo aplicada de forma que ultrapasse as culturas e deve ser definida como algo supra cultural [19].
2.                  Plantadores de igrejas tem o objetivo de construir uma igreja num novo universo cultural – indígena. A igreja deve perceber-se como a Igreja de Cristo na sua expressão local[20].
3.                  Como resultado disto, toda plantação de igreja deveria buscar o estabelecimento de comunidades indígenas locais de discípulos de Cristo, que encontrem a capacidade de funcionarem dentro de sua cosmovisão e interagindo um com o outro. Estas comunidades deveriam ter a habilidade e liberdade de determinar onde e como elas irão proclamar[21] o Evangelho.
4.                  Plantação de Igreja é uma parte da "Missio Dei", portanto seu foco deveria ser Deus e sua glória.


[1] Tradução Samuel Vieira
[2] [2] Three-Self Formula: A teoria da maturidade da Igreja promovida por Rufus Anderson and Henry Venn durante a última metade do sec XIX, advogando que "jovens igrejas nos campos missionarios deveriam obter sua independência com base em três principios: auto-propagacao, auto-suporte e auto-governo.


NOTAS FINAIS

[1] Missions Dictionary www.missiology.org/missionsdictionary.htm, Gailyn Van Rheenen

[2] Donald McGavran, Understanding Church Growth  Grand Rapids: Erdmans, 1970

[3] See John Stott, “The Living God is a Missionary God,” in Perspectives on the World Christian Movement, Ed. Ralph Winter and Steven Hawthorne,
 Pasadena: William Carey Library, 1981

[4] Vicedom, George F. 1965. The Mission of God. Trans. Gilbert A. Thiele and Dennie Hilgrendorf. St. Louis: Concordia.

[5] Moltmann, Bosch: MSC p.85

[6] in Letters and Papers from Prison. New York: Macmillan, 1953

[7] George Lings, Mission-shaped Church Theology  www.encountersontheedge.org.uk/ main/Reports/MSCreports/MSCtheology.htm

[8] Essential Elements of Church Planting and Growing in the 21st Century. David Hesselgrave. MSC Vol. 36, No. 1

[9]  Van Engen, Charles. 1999. Footprints of God: A Narrative Theology of Mission. Monrovia, CA

[10] See Hesselgrave, David. 1988. Today’s Choices for Tomorrow’s Mission: An Evangelical Perspective on Trends and Issues in Missions. Grand Rapids: Zondervan

[11] Lopes, Augustus. Article:  Paul - church planter: rethiking the biblical foundations for the missionary work. Augustus Nicodemus Lopes, CEP.  Compiled in the book A Bíblia e seus interpretes, Lopes, Augustus. CEP.

[12] Newbigin, Lesslie.  1984.  The Other Side of 1984:  The Gospel and Western Culture.  Geneva:  WCC Publications

[13] See J. Verkuyl, Contemporary Missiology: An Introduction. Trad. Dale Cooper. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1978.

[14] Stuart Murray, Church Planting: Laying Foundations, 2001.

[15] Van Engen, Charles.  2004.  Centrist View.  In Evaluating the Church Growth Movement Gary McIntosh, ed.  Grand Rapids:  Zondervan.

[16] See Hesselgrave, David. 1988. Today’s Choices for Tomorrow’s Mission: An Evangelical Perspective on Trends and Issues in Missions. Grand Rapids: Zondervan

[17] David J. Bosch. Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission. 1991

[18] See Hiebert, Paul. 1993. De-theologizing missiology: A response. Trinity World Forum

[19] See Garrison, David. 1999. Church Planting Movements. Richmond:  International Mission Board of the Southern Baptist Convention

[20] J. Verkuyl in Contemporary Missiology: An Introduction.

[21] Three-Self Formula: the theory of church maturation promoted by Rufus Anderson and Henry Venn during the last half of the nineteenth century advocating that "young churches on the mission field would gain their independence on the basis of the principles of self-propagation, self-support, and self-government"
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[1] Anderson, Neil Victory over the Darkness , Ventura, CA. Regal, 1990, pg 201.
[2] Edmondson Robert L., It only hurts on Monday: Why pastors quit and what churches can do about it (D. Min. diss., Talbot School of Theology, Biola University, December, 1995, pgs 111-112.
[3] Swindoll, Charles R., The grace awakening, Dallas, word, 1990, pg 129.

Vencendo o Lado negro da Liderança




Embora não seja fácil vencer a batalha com o lado sombrio de nossa vida, espera-se que o líder seja capaz de vencer suas sombras e mitigar sua influência negativa em potencial.

Abraão Lincoln é um bom exemplo disto.
Sua mãe morreu quando ele tinha 9 anos de idade. Em seguida, seu pai se casou com outra mulher que tinha três filhos, obrigando-os a dividir uma casa diminuta. Sua irmã, Sarah, que passou a cuidar dele morreu aos 19. Seu pai não possuía educação formal e a intimidade dos dois se tornou extremamente difícil. Quando seu pai adoeceu, ele não quis visitá-lo, e também não foi ao seu funeral. Por não ser uma criança atraente, sofria com a crítica dos colegas.

Quando assumiu a presidência dos EUA, o país estava passando pelo seu pior momento da história. Grupos rivais competindo e a guerra civil presente. A forma que ele encontrou para encobrir seu lado obscuro foi contar estórias engraçadas e participar de teatro. Seu desejo de obter vitórias e alcançar sucesso desembocou em várias tentativas para conquistar uma posição pública. Sua baixa auto estima aliada aos sentimentos de inferioridade tornaram-se fatores que o impulsionaram a se tornar influente e a ser bem sucedido. Lincoln percebia isto e lutava com suas sombras. Ele implementou uma estratégia de administração pessoal que o levou a obter vitórias onde outros costumeiramente fracassavam. Quando se sentia ameaçado, especialmente naquelas áreas relacionadas à sua história infantil, ele não respondia impulsivamente aos seus críticos. Também nunca demonstrava ira publicamente. Era conhecido pelos seus comentários agudos e anedotas inteligentes. Isto ganhou o coração de seus liderados.

Lincoln fazia todo esforço para evitar conflitos. Isto não era resultante de co-dependência, nem uma atitude de negação. Evitava responder àqueles problemas que não eram cruciais.

Será que realmente precisamos controlar o lado negro?

Na verdade, nunca poderemos fazer desaparecer totalmente as áreas obscuras, assim como a nuvem pode encobrir o sol por momentos e retornar a seguir. Muitos líderes só resolvem lidar com estas áreas, quando não há outra alternativa a não ser enfrentá-las de forma direta, no entanto, “Eventos do passado, não apenas nos governam, mas nos inibem e nos faz tolos”. O lado negro tem destruído muitas pessoas, lares e líderes.

Uma vez que vemos exemplos de muitas pessoas famosas, é provável que pensemos que como não controlamos grande volume de dinheiro, nem lideramos muitas pessoas, não temos que nos preocupar com isto, mas este pressuposto é falso. Na verdade é um sinal de que o lado obscuro está vivo e ativo. Cada sombra tem sua particularidade e efeitos distintos.

Os perigos do lado obscuro

Líderes compulsivos

*       Podem se tornar-se rígidos e transformar sua organização numa estrutura inflexível, perdendo a criatividade necessária para enfrentar obstáculos e desafios.
*       Podem se tornar pessoas com forte necessidade de auto justificação, criando um ambiente legalista que aliena as pessoas sob sua liderança.
*       Podem se transformar em pessoas viciadas em trabalho. Tendem ao esgotamento que pode demorar anos para ser curado.
*       A luta por controlar outros pode levar os liderados à rebelião ou alienação.

Líderes narcisistas
*       Podem explorar outros para satisfazer sua própria vaidade.
*       Podem levar pessoas à exaustão para satisfazer projetos megalomaníacos.
*       Constroem projetos que a instituição não precisa, nem pode pagar.
*       Podem levar pessoas a atitudes eticamente pecaminosas e a busca de resultados que podem ser destrutivos para a alma.

Líderes paranóicos.
*       Vivem em constante estado de negação
*       Geram desconfiança e perdem a credibilidade dos liderados
*       Têm dificuldade para lidar com o verdadeiro evangelho, que demonstra vulnerabilidade, confissão e permite arrependimento.

Líderes co-dependentes

*       Destroem a si mesmos e a instituição quando tentam em vão manter todos bem e felizes ignorando necessidades pessoais e familiares.
*       Não raramente sofrem de esgotamento espiritual, crises familiares, divórcio, adultérios e doenças.
*       Co-dependência é de longe o modelo mais presente nas instituições.

Líderes passivo-agressivos

*       São vítimas de si mesmos, tendo que conviver com a vergonha de sua ira descontrolada e falta de domínio próprio.
*       São incapazes de manter ministérios longos por causa da atitude explosiva.
*       Não conseguem entender porque não são amados ou não o querem por perto.

Lidando com o lado obscuro

O lado negro, nem sempre é negativo. Por isto é importante resgatar nossa natureza para colocá-la não a serviço de nós mesmos, mas de Deus. Deus deseja que descubramos o que nos motiva, e quais medos e ansiedades nos tem acompanhado. Precisamos entender que não interessa quanto de conquista venhamos a ter, não conseguiremos cobrir o buraco de nossa alma insatisfeita. O líder narcisista precisa aprender que não interessa quanto reconhecimento venha a ter, sempre verá que não é possível encontrar contentamento à parte de Deus. O paranóico precisa aprender que a vitória do outro, poderá ser compartilhar em sua vida. Os co-dependentes precisam entender que não são responsáveis pela atitude e resposta dos outros e que não é sua tarefa consertar as pessoas.

Passos que nos resgatam das trevas

Naturalmente não existe caminho fácil, o preço é a disciplina e a vigilância constante. É um aprendizado por toda vida, depende de todo um processo, palavra chave, porque indica que não existe um método ou procedimento que deve ser seguido. Não são fórmulas simplistas, antes estruturas básicas nas quais poderemos continuar construindo à medida que percebemos que estes lados afetam nossa vida ou liderança. Quando entendemos que tal lado obscuro está presente, poderemos, com desejo honesto de nos examinarmos, aplicar as verdades espirituais e minimizar drasticamente seus efeitos negativos em nossa vida e liderança.

PASSOS PARA VENCER O LADO NEGRO

 

I. Tomando conhecimento de seu lado negro


Muitos líderes caem por não tomarem conhecimento de suas fraquezas. Muitos percebem que seu caminho é errado, mas se recusam a admitir que tal caminho possa levá-los à morte. A arrogância, o egoísmo, a soberba precedem a queda. Ignorar considerações da esposa e amigos, recusar as regras do bom senso e viver na negação são algumas destas alternativas.
Certo pastor caiu moralmente por se distanciar dos outros. Perdeu a capacidade de prestar contas. Uma percepção de suas sombras poderia ajudá-lo a se livrar da queda e da dor.
O caminho é o da confissão e da cruz. Temos que lidar com este material podre que trazemos na alma. A crise no casamento pode revelar a quantidade de lixo que trazemos para os relacionamentos. O mesmo se dá na liderança. O lado negro precisa não apenas de ser discernido, mas também ser redimido e restaurado. Temos a tentação de negarmos as sombras ao invés de admitir fraquezas e pecados.

O perigo da negação
O Rei Davi experimentou isto. Ele tentou encobrir por mais de um ano seu adultério. As racionalizações, os esquemas para acobertar seu pecado pareciam mais atraentes que a dor da confissão. Negação é uma grave enfermidade, e todo líder cristão precisa tentar se inocular desta doença.  Os alcoólatras anônimos costumam afirmar que o segredo é a maior doença. É preciso iluminar estes cantos escuros com a confissão.

Por onde começar?
O primeiro passo é o reconhecimento das áreas mais perigosas do caráter. Temos a tendência de buscar bodes expiatórios, culpar outros ou o diabo. Muitas vezes prestamos demasiada atenção no diabo e pouco na realidade disfuncional de nosso caráter. Culpar outros é um sintoma que revela que a negação está assumindo o lugar em nós.

O poder de Deus em nossas fraquezas
O poder de Deus é mais evidente quando reconhecemos fraquezas e confiamos na  graça suficiente. Muitas vezes estamos presos a atitudes doentias, comportamentos e hábitos que duram a vida inteira e podem nos levar ao desespero. Quando nos libertamos das racionalizações e desculpas, aprendemos também a depositar total dependência na obra de Cristo (2 Co 12.9-10) Paulo reconhece que sua fraqueza é um requisito para experimentar o poder de Deus na vida e no ministério.
Precisamos fazer escolha entre uma vida de transparência diante de Deus, baixar nossa guarda ou assumir uma atitude de negação apenas dá mais combustível ao lado negro. A rota que escolhermos determinará o destino final.

II. Examinando o passado

Rever a história pode ser um bom princípio. Experiências do passado marcam indelevelmente o presente. Passado é um banco onde estão as experiências, onde fazemos saques para hoje. Passado pode ser um obstáculo a uma vida de acordo com o Evangelho e tende a escravizar. Se a experiência foi boa, corremos o risco de pensar que o que é bom já passou, se foi negativa, podemos ficar preso a este fracasso. O passado também pode ser positivo, quando a experiência se torna norteadora de nossa caminhada. Temos que nos lembrar, porém, que passado é um lugar onde nada mais cabe. Não se pode mudar: “se eu tivesse”... “se eu fosse”, “se”...
Na verdade, nós somos a soma de experiência de nossas vidas. O propósito de examinar o passado não é para ficar mais envergonhado, antes para auto-compreensão. “Auto análise é boa, introspecção é mórbida” (M. L. Jones). Se você quer entender a si mesmo, preste atenção nas experiências que trouxeram dor, tristeza e frustração. Freqüentemente tais experiências criam os blocos perdidos de nossa pirâmide que ainda hoje nos afetam.

O que procurar?
São muitos os eventos registrados na história, e muitos deles aparentemente inocentes, contudo, se permanecem na memória merecem um exame mais próximo. Divórcio ou morte dos pais, experiência de rejeição de colegas e garotas, afirmações cruéis feitas por amigos ou família, fracassos acadêmicos, sérios erros em julgamentos, pobreza na família são eventos que caminham conosco em seus significados. Sem morbidez, podemos relembrá-los honestamente e diagnosticar as experiências formativas na vida. Humilhações sofridas, rigidez familiar, falta de elogios e apreciação dos pais, tudo pode ser relevante para a análise atual. O que realmente aconteceu? O que isto significa para mim? Por que estas coisas aconteceram?
Quando entrarmos em contacto com estas questões, devemos perguntar como isto nos afeta e nos dirige nos dias de hoje?

Lidando com o passado.
Lidar com processo de ira e amargura requer certa dose de coragem e determinadas atitudes. Algumas delas podem ser libertadoras:
Ø       Conversar com aquele que causou esta perda e dor em seu coração.
Ø       Escrever cartas para quem o feriu, revelando o que aconteceu com suas emoções. Não significa que você tenha que enviá-las, mas pode usá-las simplesmente como veículos para processar seus sentimentos.
Ø       Liberar Perdão aos outros - “Perdão é necessário para impedir que sejamos presos na armadilha de satanás. Ausência de perdão é avenida principal que satanás usa para oprimir os cristãos. Paulo encoraja os cristãos a se perdoarem mutuamente, para que satanás não tenha vantagem sobre nós, porque não ignoramos seus desígnios (esquemas). 2 Co 2.11. Ausência de perdão é uma porta aberta convidando satanás para nos manter cativos”[1] Perdoar pode ser particularmente difícil quando a outra parte não percebe o  quanto nos machucou.
Ø       Perdoar a si mesmo. Independentemente da gravidade do pecado, não perdoar-se pode ser extremamente danoso e uma arma do inimigo para constantemente nos ferir.

Aplicações práticas:
1.       Quais eventos do seu passado vem à sua mente depois de todos estes anos? Liste-os brevemente abaixo.
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  1. Descreva em uma ou duas palavras, como você se sentiu ou se sente acerca de cada um destes incidentes.
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  1. Reflita em cada uma das memórias abaixo, respondendo as seguintes questões:
§         O que realmente aconteceu?
§         Por que isto aconteceu?
§         O que aconteceu a mim?
§         O que isto significou para mim naquele tempo?
§         Que tipo de frustração esta experiência trouxe para a minha vida?
§         Como este fato ainda me afeta na idade adulta?
§         Como isto reflete hoje?

  1. Baseado nesta reflexão, para onde você acha que Deus o tem levado hoje?
§         Existe alguém com quem você precisa falar sobre o assunto?
§         Existe uma carta que você deveria escrever?
§         Existe algum telefonema que você precisa dar?
§         Existe alguma pessoa, grupo ou organização que você precisa perdoar?
§         Existe alguma oração especifica que você precisa fazer a Deus?

  1. O que você vai fazer? Mt 6.14-15
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III. Resista ao veneno da expectativa

Todos vivemos num contexto de expectativas. Criamos expectativa em relação às outras pessoas e as pessoas também criam em relação a nós. Expectativa pode ser positiva em alguns níveis. Elas comunicam confiança de que cremos nas possibilidades e podem motivar-nos a atingir determinados alvos. Mas quando as expectativas são irrealistas ou egocêntricas, podem se tornar destrutivas. Quando os pais esperam muito dos filhos isto pode se tornar um fardo, seja com relação à beleza, sucesso ou conquistas. Expectativas declaradas ou não podem determinar gestos e comportamentos, sejam tais expectativas criadas pelos outros ou por nós mesmos.

Expectativas destrutivas
Um exemplo marcante foi em relação ao fenômeno do futebol brasileiro, Ronaldo. Que em 1998 viu seu sonho de se pentacampeão do mundo se desfazer de forma patética. O Brasil perdeu o jogo de 3x0 para a França, o jovem Ronaldo tinha apenas 21 anos nesta época, e sobre ele recaiam todas as expectativas do Brasil. Na véspera do jogo, inexplicavelmente ele teve uma convulsão, e entrou no jogo ainda aturdido por tudo. O resultado foi um fracasso!
Plantadores da igreja podem ter grandes desafios. Tive a oportunidade de participar da vida de um obreiro, com grande capacidade de comunicação do Evangelho, que foi para os Estados Unidos para plantar igreja entre brasileiros e o resultado foi um grande fracasso. As dores experimentadas por este obreiro foram imensas. A missão depositou grande quantidade de expectativa e recursos, e quando os resultados não vieram o sofrimento foi imenso. 
Torna-se ainda mais perigoso, quando os desapontamentos combinam expectativas externas e internas. O fracasso pode levar pessoas a comportamentos pecaminosos. Na tentativa de se sentir valorizado, podem jogar fora a ética a fim de que surjam os resultados. Nesta dinâmica, é possível jogar fora sua consciência pura e apostatar. Eventualmente as comunidades fazem uma lista cumulativa do que esperam de seus pastores. Alguns são velhos, outros jovens; uns ricos, outros pobres; mas expectativas podem gerar grandes conflitos.
Um exemplo disto foi no processo de escolha de um pastor americano para a Igreja Christ The King, em Cambridge, MA (USA). A lista dos dons e qualificações emocionais e espirituais do que esperavam no futuro pastor era tão maravilhosa, que minha esposa fez o seguinte comentário: “o candidato certo para esta Igreja é Jesus, mas ele tem um problema, não é casado!”
Dr. Robert Edmundson entrevistou trinta igrejas que perderam seus pastores e 30 pastores que haviam deixado o ministério de forma permanente, e a segunda causa mais citada foi de expectativas não descritas, mas que eram desejadas pela igreja. A primeira causa foi esgotamento espiritual[2]. Porque a expectativa é tão alta, pastores impõem a si mesmos um ritmo frenético para satisfazer a todos. Criam reputação de que são pessoas que fazem grandes projetos e a coisa certa. Isto se torna um círculo vicioso, porque tal ritmo não pode ser mantido freneticamente, no final a máquina quebra. Toda máquina precisa de óleo. Se a manutenção não for boa não resiste, e os sintomas de que as coisas vão mal, afloram.
Estar disponível a todos, visitar enfermos, enlutados, preparar sermões e estudos podem nos levar a exaustão. Quando vamos parar para refazer as forças?

O óleo da graça
Uma compreensão mais clara da graça de Deus pode nos liberar do veneno da pressão. Jesus viveu num contexto de muita expectativa (Mt 23.4-5). Os fariseus eram rígidos, com fortes padrões externos, embora internamente tivessem sérios problemas com hipocrisia e quebra da lei (Mt 23.28). Por isto Jesus foi acusado de ser companheiro de prostitutas e beberrões (Mt 11.19). Mas, a despeito disto, Jesus queria atender ao desejo do Pai. Para aqueles que estão debaixo de tal sistema ele faz um convite (Mt 11.28-30). A Bíblia nos adverte sobre a pressão de sistemas e nos revela como estas forças podem se tornar poderosas sobre nossas vidas. (Jo 8.32,36; Col 2.16-23; Gl 5.1; Rm 8.2).
Ao invés de deixar que outros determinem nosso comportamento, devemos buscar o desejo de Deus para nossas vidas. O estilo de vida legalista é uma tentativa de usurpar o poder do Evangelho e o lugar da cruz. Charles Swindoll afirma: “Posso lhes assegurar que um dos maiores alvos de minha vida é providenciar mais e mais os meios para que os pastores consigam respirar e reencontrar a alegria da liberdade e para aqueles que já perderam o charme da graça de Deus”.[3]

Aplicação prática
1. Você tem sentido o peso das expectativas? Descreva algumas delas.
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2. Que sentimentos tais expectativas trazem?
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3. Você tem trabalhado debaixo destas expectativas irrealistas. Quais são elas?
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4. O que Deus espera de você no atual momento de sua vida? Compare com as expectativas descritas acima.
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5. Como você pode aplicar o óleo da graça para a sua situação? Que ações você pode tomar para aliviar tais expectativas em sua vida? Ver Mt 11.28-30.
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IV. Praticando auto-análise de forma progressiva

Certas disciplinas podem nos ajudar a reencontrar o eixo da história. Elas servem como ferramentas para abrir segredos e levar-nos à direção daquilo que Deus deseja de nós.

1.       Leitura devocional da Bíblia
2.       Retiros espirituais
3.       Leituras de textos devocionais
4.       Registro diário de nossas experiências
5.       Teste de personalidade
6.       Aconselhamento profissional e terapia
7.       Grupos de prestação de contas.
8.       Avaliação formal das atividades – este é mais complexo, mas pode ser um instrumento para pastores que estão a muito tempo numa comunidade e desejam avaliar suas virtudes e defeitos.



      Rev. Samuel Vieira  
Março de 2015






[1] Anderson, Neil Victory over the Darkness , Ventura, CA. Regal, 1990, pg 201.
[2] Edmondson Robert L., It only hurts on Monday: Why pastors quit and what churches can do about it (D. Min. diss., Talbot School of Theology, Biola University, December, 1995, pgs 111-112.
[3] Swindoll, Charles R., The grace awakening, Dallas, word, 1990, pg 129.