Introdução
Ferramentas são essenciais para realização de quaisquer obras que queiramos realizar. Para cada tarefa, existem ferramentas úteis e apropriadas, que facilitarão a realização do projeto. As ferramentas precisam ser adequadas para não perderem sua eficiência. Não dá para retirar a grama de um lote usando um canivete. Existem ferramentas apropriadas para tal função. O que deveríamos considerar quando pensamos na revitalização de igrejas?
Algumas ferramentas são essenciais, deixe-me descrever algumas delas:
- Abertas a visitantes – Possuem um plano direto para alcançar e atingir os visitantes. Colocam energia e recursos para atingir os recém chegados. Os cultos e eventos sempre levam em consideração o alvo de ganhar vidas para Jesus.
A. Liturgia adequada - Existem igrejas abertas, simpáticas e acolhedoras para aqueles que dela se aproximam. Pensam adequadamente na liturgia pensando naqueles que dela participarão, possuem um olhar atento para o descrente.
B. Mensagem apropriada ao descrente – A pregação, ainda que seja bíblica, consistentemente teologicamente e bem estruturada, procurará transformar a palavra em algo acessível ao ouvinte. Uma simples definição de comunicação é que “comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende”.
Tanto Jesus como Paulo pregavam considerando seus ouvintes. Veja o que nos diz Marcos 4.33: “E com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes.” Jesus considerava seu publico.
E o que dizer de Paulo?
“Procedi, para com os judeus, como judeu, afim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como seu eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, par ganhar os que vivem fora do regime da lei” (1 Co 9.20-21).
Isto é sensibilidade na comunicação. Paulo estava atento às pessoas que ouviam a palavra. Será que nossos púlpitos consideram e possuem a mesma sensibilidade na comunicação da poderosa mensagem da cruz?
C. Programas intencionalmente voltados para os de fora – Muitas igrejas estão muito ensimesmadas, e não conseguem olhar além delas mesmas, e entenderem o que está acontecendo ao redor. É necessário abrir a igreja, seus programas, para que assim, haja possibilidade de atrair pessoas a Cristo.
- Recursos disponibilizados para atingir os perdidos – Este é o último aspecto a ser considerado. Precisamos pensar no orçamento da igreja considerando estratégias e recursos que devem ser destinados para tornar mais efetiva a pregação do evangelho aos perdidos.
2. Percebem a armadilha de ser uma igreja pequena – Muitas igrejas se sentem confortáveis como igrejas pequenas, e até mesmo se justificam vivendo sem expectativa de crescimento, como se crescimento fosse algo do campo meramente pragmático, e algo que só interessa aos neo pentecostais. Entretanto, fale-me de uma pessoa que tenha 18 anos e tenha tamanho de uma de 6, você acha que isto é normal? Porque não espera e orar para que nos dê uma colheita abundante?
Carl Dudley certa vez afirmou: "pequeno é mais que uma descrição numérica". Pequenez é essencialmente um estado de mente. Muitas até afirmam: “Nossa igreja não tem quantidade mas tem Qualidade”. Para estes a pergunta é simples: “desde quando quantidade é inimiga de qualidade?”
Pense num departamento infantil de uma igreja de 1000 membros. Ela tem possibilidade de ter um ministério de menor ou melhor qualidade? Pense num louvor para 30 pessoas, será que, teoricamente, terá qualidade melhor que para 500, só porque tem um número menor de instrumentistas?
3. Flexibilidade e Adaptabilidade na Metodologia - Não são estruturas rígidas, mas igrejas inovadoras, criativas, capazes de fazer leituras corretas e aproveitar as oportunidades.
Infelizmente muitas igrejas não percebem as mudanças que estão acontecendo na cultura, na cidade e na nova forma de ser igreja. Durante muito tempo minha igreja utilizou projetor de slides para os cânticos, mas certamente ninguém usa mais este instrumento diante das novas tecnologias. Novos momentos exigem novas abordagens. A igreja precisa aprender a entender seu contexto histórico.
Quando Davi assumiu seu reinado, ele contratou, de forma direta, 200 jovens de uma única tribo, por um motivo extremamente relevante: “Dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos chefes e todos os seus irmãos sob suas ordens” (1 Cr 12.32).
Por que Davi contratou todos estes jovens? Eles tinham duas características, uma decorrente da outra. Eles “conheciam a época”, sabiam das nuances da história, das tendências, e por isto, também sabiam o que Israel deveria fazer. Quem faz leituras corretas, possui uma abordagem prática mais eficiente.
Isto tem a ver com a identificação com a comunidade. Contextualização. Que implica na flexibilidade nos modelos e uma clara distinção entre Métodos e Princípios. Muitos confundem coisas temporais com eternas, histórico com revelado, forma com conteúdo. Isto de certa forma acontece pelo medo do novo, e porque, em teologia, quase sempre o novo é a negação do velho.
4. Pastorados sólidos e longos – Estatisticamente, as igrejas que mais crescem são igrejas com longos pastorados.
Toda vez que a igreja passa por uma mudança pastoral, corre o risco de um dolorido processo de adequação. Muitas pessoas estão identificadas com o antigo pastor ou se tornaram membros daquela igreja através do ministério daquele pastor e eventualmente não se identificam com a nova abordagem, estilo de mensagem e pastoreio. Perdas em transição são inevitáveis.
Mudanças de pastorado geram sobressaltos. Obviamente mudanças podem ser necessárias, mas precisamos tomar muito cuidado com a visão de que pastores devem ser facilmente “descartáveis”.
Uma boa advertência cabe aqui também para pastores que não tem projeto para suas igrejas locais, eles não estão preocupados com o bem estar a comunidade, mas como sua situação pessoal. Muitos usam o ministério como trampolim, só aguardando um novo e melhor convite para deixarem o rebanho em direção a outro campo. Pastorados sólidos ajudam o crescimento da igreja.
5. Louvor participativo – Muitas igrejas não levam em conta a importância de uma liturgia bem elaborada e um louvor feito com cuidado. Muitos dizem: “O que fazemos é para Deus e não para os homens”, justificando assim a péssima qualidade do louvor.
Quando lemos a Bíblia, observamos como o louvor judaico era importante. Veja esta expressão do Salmista. “Celebrai o Senhor com harpa, louvai-com com cânticos no saltério de dez cordas. Entoai-lhe novo cântico. Tangei com arte e com júbilo” (Sl 33.2,3).
Duas coisas são sugeridas na dimensão litúrgica:
Primeiro, que o louvor seja feito com arte. Isto envolve competência, habilidade, treino, preparação. Um culto mal conduzido liturgicamente pode se tornar cansativo, pouco atraente. Será que a questão da arte pode ser ignorada? Sabemos que muitas comunidades não tem condições de ter muitos músicos, mas dentro de suas limitações deve sempre tentar fazer o melhor que puder.
Segundo, o louvor a Deus possui a dimensão de júbilo. Que é uma alegria exuberante, algo que possui empolgação. Culto não é réquiem, mas um ato de adoração ao Deus vivo. Por isto deve-se considerar o aspecto celebrativo da liturgia.
6. Forte envolvimento leigo– Pastorado forte e sólido, não significa ausência de participação da igreja. Muitas destas igrejas desenvolveram programas de treinamento bem elaborados e de alta qualidade, dando às pessoas um forte senso de que pertencem àquele lugar e fazem parte daquele grupo.
Igrejas revitalizadas tem a marcante característica de envolverem as pessoas no trabalho voluntario, no cuidado do rebanho. Igrejas que não dão oportunidade aos seus membros de participarem, estão retirando sua vitalidade e negando o próprio aspecto teológico da eclesiologia, que envolve um povo no qual os diferentes dons são colocados à serviço da comunidade e para louvor do Senhor.
Leigos são criativos na abordagem, efetivos na participação, e dinamizam a obra. Uma definição clássica é que “liderança é a arte de delegar”. Quando os membros se sentem responsáveis por áreas e devidamente desafiados podemos nos surpreender com o potencial e a dinâmica que isto pode trazer. Igrejas fortes tem um surpreendente poder de mobilização do trabalho voluntário.
7. Generosidade e Fidelidade – Comunidades que se envolvem na participação tornam-se fortes e há um aspecto teológico claro na doação. Jesus afirmou que “onde estiver seu tesouro, ai estará seu coração”. Dinheiro revela o coração. Demonstra qual o nível de envolvimento.
Comunidades fortes são aquelas cujos membros se dispõem a doar generosamente para o reino de cujos e que descobriram que podem confiar na provisão de Deus, sentem alegria em contribuir para a obra. Igrejas fortes financeiramente, sustentam missões, ampliam seus ministérios, plantam novas igrejas, criam projetos sociais.
Igrejas que não contribuem são igrejas despotencializadas. Ao mesmo tempo, é bom lembrar que o dinheiro, na verdade, está apontando para algo espiritualmente muito maior. Por que pessoas que amam a Deus não contribuem para sua obra, não confiam na sua provisão? Dinheiro é reflexo do coração.
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