Resgatando as
doutrinas essenciais da fé cristã
Introdução:
A palavra “doutrina” e
“teologia”, parece causar comichão em alguns pessoas. A palavra
“espiritualidade” parece estar mais em destaque e parece mais simpática aos
ouvintes dos leitores em nossos dias. Doutrina parece se relacionar a “dogmas”,
institucionalização e traz de forma consciente ou não um ranço de
conservadorismo, legalismo e moralismo.
Teologia parece ocupar uma esfera
de intelectualização da fé, com pouco espaço para a espontaneidade,
simplicidade, alegria no Espírito, e por isto, as pessoas facilmente se retraem
quando a palavra é mencionada.
Curiosamente quando lemos as
cartas pastorais, ficamos impressionados com a quantidade de vezes que Paulo usa
a palavra doutrina. Paulo exorta a Timóteo “cuida
de ti mesmo e da doutrina” (1 Tm 4.16). Era necessário cuidar da doutrina. É muito curiosa
esta exortação. Não apenas devemos cuidar da vida: corpo, mente, emoções e
alma, mas devemos cuidar também da doutrina que professamos.
Mark Dever afirma que a Teologia Bíblica é uma das nove marcas
de uma igreja saudável.
Apesar da palavra doutrina estar fortemente associada a dogmas, algo inflexível, inegociável, eu o encorajo a anotar na sua Bíblia quantas vezes aparece a expressão doutrina, apenas nas cartas de Paulo a Timóteo e Tito.
Paulo fala, por exemplo de “boa doutrina” (1 Tm 4.6) de “outras doutrinas”(1 Tm 1.3) e da “sã doutrina” (1 Tm 1.10). Vamos pensar um pouco sobre cada uma destas afirmações.
Primeiro, temos que entender que existe “boa doutrina”, o que inexoravelmente nos leva a considerar que existe seu oposto, ou seja, “a má doutrina”.
Boa parte dos livros do Novo Testamento é apologética, por sua natureza. O propósito dos autores era de “defender a fé, uma vez dada aos santos” (Judas vs 3). Por que? Já nos dias apostólicos, “certos indivíduos se introduziram com dissimulação” na igreja (Jd 4). Era muito comum surgirem pregadores afirmando coisas contrárias à fé cristã, o conjunto de crenças aceito pelas igrejas Cristãs. Paulo cita nominalmente Himeneu e Fileto, pregadores desviados da verdade (2 Tm 2.17,18). O perigo da má doutrina é sempre constante. Muitos se apostaram da fé e passaram a obedecer a ensinos de demônios, cauterizando a consciência e ensinando heresias no no meio das igrejas (1 Tm 4.1-3).
A grande luta dos reformadores do Século XVI foi contra as distorções da Palavra de Deus. Era necessário retornar as escrituras e considerar atentamente o que Jesus e os apóstolos ensinaram à igreja. Eles desenvolveram o princípio da Sola Scriptura, isto é, apenas as Escrituras Sagradas poderiam ser o fundamento daquilo que deveriam crer e dar as normas de como deveriam viver. Nem tradição, nem novas revelações ou novos ensinamentos, poderiam substituir ou serem acrescentados à Palavra de Deus, Antigo e Novo Testamentos.
Não é muito diferente em nossos dias.
Uma pessoa se converteu em nossa igreja mas posteriormente se mudou de denominação atraída por sinais, depois de vários anos afastada ela resolveu voltar para sua igreja de origem. Nesta sua peregrinação espiritual participou de igrejas diferentes, ouviu muitas opiniões, doutrinas e linhas teológicas. No seu desabafo afirmou: “pastor, o senhor não faz a mínima ideia das loucuras e desvarios que tem sido ensinado em algumas comunidades evangélicas nestes dias. Ela estava certa!
Boa parte dos livros do Novo Testamento é apologética, por sua natureza. O propósito dos autores era de “defender a fé, uma vez dada aos santos” (Judas vs 3). Por que? Já nos dias apostólicos, “certos indivíduos se introduziram com dissimulação” na igreja (Jd 4). Era muito comum surgirem pregadores afirmando coisas contrárias à fé cristã, o conjunto de crenças aceito pelas igrejas Cristãs. Paulo cita nominalmente Himeneu e Fileto, pregadores desviados da verdade (2 Tm 2.17,18). O perigo da má doutrina é sempre constante. Muitos se apostaram da fé e passaram a obedecer a ensinos de demônios, cauterizando a consciência e ensinando heresias no no meio das igrejas (1 Tm 4.1-3).
A grande luta dos reformadores do Século XVI foi contra as distorções da Palavra de Deus. Era necessário retornar as escrituras e considerar atentamente o que Jesus e os apóstolos ensinaram à igreja. Eles desenvolveram o princípio da Sola Scriptura, isto é, apenas as Escrituras Sagradas poderiam ser o fundamento daquilo que deveriam crer e dar as normas de como deveriam viver. Nem tradição, nem novas revelações ou novos ensinamentos, poderiam substituir ou serem acrescentados à Palavra de Deus, Antigo e Novo Testamentos.
Não é muito diferente em nossos dias.
Uma pessoa se converteu em nossa igreja mas posteriormente se mudou de denominação atraída por sinais, depois de vários anos afastada ela resolveu voltar para sua igreja de origem. Nesta sua peregrinação espiritual participou de igrejas diferentes, ouviu muitas opiniões, doutrinas e linhas teológicas. No seu desabafo afirmou: “pastor, o senhor não faz a mínima ideia das loucuras e desvarios que tem sido ensinado em algumas comunidades evangélicas nestes dias. Ela estava certa!
Tenho recebido inúmeras pessoas em nossa comunidade com backgrounds neo pentecostais, que começaram a estudar seriamente as Escrituras Sagradas e já não mais podiam ficar na sua igreja de origem. Elas amavam suas comunidades, gostavam pessoalmente de seus pastores como pessoas, mas não mais podiam conviver com suas igrejas pelo fato de que estavam ensinando coisas absolutamente contrárias à da fé cristã e ao Evangelho. Quero apenas ressalvar que tenho conhecido muitas igrejas neo pentecostais com boa teologia bíblica.
A exortação paulina parece cada vez mais atual: Cuida da boa doutrina. Cuidado com a má doutrina.
A má doutrina pode destruir a simplicidade de sua fé e tornar a vida um inferno de acusação, medo e culpa. Paulo diz a Timóteo que, cuidando dele e da doutrina salvaria tanto a si mesmo como a outros. A má doutrina pode levar–nos ao inferno, ainda que tenhamos a impressão de que estamos caminhando em direção ao céu.
Em segundo lugar, Paulo fala ainda da sã doutrina, o que nos leva a considerar que existe seu oposto, a doutrina doente.
A doutrina bíblica é saudável, traz vida aos ouvintes e praticantes. A doutrina doente, neurotiza, sataniza e enlouquece seus seguidores. Não é por acaso que hospitais psiquiátricos estão repletos de pessoas seguidoras de religiões. Princípios distorcidos podem enlouquecer as pessoas.
Em terceiro lugar, Paulo fala ainda de “outras doutrinas”(1 Tm 1.3). Ele deixou Timóteo em Éfeso para que admoestasse certas pessoas a não ensinarem “outra doutrina”, isto é, havia naquela igreja, pessoas que estavam ensinando o que Deus nunca havia dito.
Na carta aos Gálatas, que foi escrita cerca de 30 anos depois da morte de Cristo, a igreja da Galácia, estava pervertendo o evangelho, passando da graça de Cristo para “outro evangelho” (Gl 1.6-9). O problema crucial é que não existe outro evangelho. Nada pode substituir o evangelho, ser colocado no seu lugar ou adicionado a ele. O evangelho ou é puro ou não é evangelho. Paulo afirma que ainda que um anjo vindo do céu, pregasse outro evangelho, deveria ser considerado maldito (Gl 1.8). Ainda que um pregador eloquente, uma profetisa ou profeta místico fizesse afirmações contrárias, deveriam ser considerados como enviados pelo diabo e rejeitados.
Existe um “outro evangelho”, uma “outra doutrina”, sendo ensinado por aí, e não deveremos nunca aceitá-la. Rejeitar a verdadeira doutrina pode nos destruir espiritualmente, como afirma as Escrituras (1 Tm 4.16).
Cuida de ti mesmo e da doutrina
Não apenas da doutrina, mas de si mesmo.
Não apenas de si mesmo, mas da doutrina.
Podemos estar cuidando muito bem de nós mesmos, mas desprezando o verdadeiro conhecimento de Deus.
Podemos nos tornar guardiões da doutrina e da fé cristã, como um grupo de templários modernos, de fariseus judaizantes, de puritanos calvinistas ou devotos arminianos ou ainda de pentecostais dos últimos dias, mas não estarmos cuidando da simplicidade da fé e da pureza que precisamos ter no nosso estilo de vida.
As duas situações são perigosas. Ambas podem nos destruir.
A sabedoria ensina que ao entrarmos num barco, precisamos remar não apenas de um lado, porque isto leva o barco a andar em círculo ao invés de seguir uma direção. Desenvolver espiritualidade distorcida traz desequilíbrio. O cuidado pessoal com o corpo, emoções, mente e alma precisa estar junto, andando com a defesa das verdades e doutrinas reveladas por Deus na sua palavra.
A exortação paulina parece cada vez mais atual: Cuida da boa doutrina. Cuidado com a má doutrina.
A má doutrina pode destruir a simplicidade de sua fé e tornar a vida um inferno de acusação, medo e culpa. Paulo diz a Timóteo que, cuidando dele e da doutrina salvaria tanto a si mesmo como a outros. A má doutrina pode levar–nos ao inferno, ainda que tenhamos a impressão de que estamos caminhando em direção ao céu.
Em segundo lugar, Paulo fala ainda da sã doutrina, o que nos leva a considerar que existe seu oposto, a doutrina doente.
A doutrina bíblica é saudável, traz vida aos ouvintes e praticantes. A doutrina doente, neurotiza, sataniza e enlouquece seus seguidores. Não é por acaso que hospitais psiquiátricos estão repletos de pessoas seguidoras de religiões. Princípios distorcidos podem enlouquecer as pessoas.
Em terceiro lugar, Paulo fala ainda de “outras doutrinas”(1 Tm 1.3). Ele deixou Timóteo em Éfeso para que admoestasse certas pessoas a não ensinarem “outra doutrina”, isto é, havia naquela igreja, pessoas que estavam ensinando o que Deus nunca havia dito.
Na carta aos Gálatas, que foi escrita cerca de 30 anos depois da morte de Cristo, a igreja da Galácia, estava pervertendo o evangelho, passando da graça de Cristo para “outro evangelho” (Gl 1.6-9). O problema crucial é que não existe outro evangelho. Nada pode substituir o evangelho, ser colocado no seu lugar ou adicionado a ele. O evangelho ou é puro ou não é evangelho. Paulo afirma que ainda que um anjo vindo do céu, pregasse outro evangelho, deveria ser considerado maldito (Gl 1.8). Ainda que um pregador eloquente, uma profetisa ou profeta místico fizesse afirmações contrárias, deveriam ser considerados como enviados pelo diabo e rejeitados.
Existe um “outro evangelho”, uma “outra doutrina”, sendo ensinado por aí, e não deveremos nunca aceitá-la. Rejeitar a verdadeira doutrina pode nos destruir espiritualmente, como afirma as Escrituras (1 Tm 4.16).
Ao nos referirmos ao desafio
teológico, precisamos desmistificar alguns conceitos:
1. Não estamos falando do
enclausuramento da divindade - Infelizmente, alguns dos homens que possuem maior
conhecimento teológico, parecem perder a simplicidade e beleza do evangelho.
É bom reconhecer que o “o saber ensoberbece, mas o amor edifica”
(Rm 8.1). Há muitos “senhores do saber”, que sequestram a divindade e tentam
transformar o Deus incompreensível e Todo-Poderoso em um Deus domesticado e
objeto de pesquisa no laboratório exegético/hermenêutico, limitando Deus a uma compreensão grega e aristotélica, que se encaixa dentro
de uma percepção limitante do espaço/tempo.
Veja o assombro do profeta Isaias
diante da majestade de Deus:
“Verdadeiramente, tu és Deus misterioso,
Ó Deus de Israel ,
ó salvador” (Is
45.15)
E da
reverência do profeta Naum ao afirmar:
“O Senhor tem o seu
caminho na tormenta e na tempestade,
E as nuvens são o
pó de seus pés”
(Naum 1.3)
Quando Moisés foi convocado por
Deus no deserto, ele se sentiu inseguro, afinal, havia lidado com tantas
divindades egípcias e agora convivia num ambiente pagão onde se casara com a
filha de Jetro, que era um sacerdote de Om. Ao ouvir o chamado de Deus, ele
tenta definir (que é uma espécie de delimitação da divindade), indagando seu
nome. Na cultura semítica significaria “ter o controle”, mas Deus apenas se
define como o enigmático: “EU SOU O QUE SOU”. Deus não dá seu nome a Moisés, e
nem se subordina ao seu escrutínio.
Os amigos de Jó erraram ao tentar
interpretar erroneamente a Deus. Eles erraram teologicamente. Curiosamente seu
discurso era todo focado na “justiça retributiva” do Antigo Testamento e da
teologia judaica que dizia: “Se fizermos o bem, então tudo dará certo na nossa
vida.” Tal teologia se aproximava muito do conceito da moderna teologia da
prosperidade que acredita que podemos transformar Deus em refém de nossa
“fidelidade”. O que observamos no livro
de Jó é que Deus não apenas se submeteu ao esdrúxulo método teológico que
adotaram, como afirmou que Jó, em toda sua ambiguidade e contradição, estava
compreendendo melhor o mistério de Deus.
Erraram por reduzir Deus a um
esquema de pensamento, fazendo uma leitura reducionista. Deus é maior do que a
nossa teologia e está acima de tudo o que dizemos dele. Não é sem razão que os
profetas Isaias e Naum se revelam perplexa quando contemplaram o Deus que
transcendia os métodos de hermenêutica de sua fugaz teologia.
Podemos afirmar que
“previsibilidade” não é, certamente um atributo de Deus – Santidade,
estabilidade e fidelidade, sim. Deus é soberano e livre para agir como quiser,
segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.5). É impossível colocar Deus na equação:
“Se eu agir assim, ele responderá assim”. Ele é soberano e livre para fazer o
que quer fazer: “Quem és tu, ó homem,
para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez:
Por que me fizeste assim?” (Rm 9.20). Ele age segundo a sua vontade e seu
bel prazer e sua livre vontade.
Ele é sábio, amoroso, providente
e bom – e tem todo poder. Ele conhece tanto o passado quanto o futuro, tem
planos para a história e para sua vida pessoal. Meios imprevisíveis e rotas
alternativas podem ser a forma dele comunicar verdades, mas Ele não é
previsível. C. S. Lewis afirma: “Ele é perigoso, mas é bom!”
O problema é que, quando
colocamos em Deus conceitos e palavras, queremos que ele corresponda à nossa
expectativa, e que não nos frustre.
2. Não estamos nos referindo a uma
teodiceia,
teosofia ou hipótese sobre Deus. O pensar teológico cristão tem a ver com a
livre revelação que Deus faz de si mesmo na sua palavra. A teologia cristã não
é filosófica, mas revelativa. O que sabemos de Deus tem a ver com aquilo que
Deus resolver falar de si mesmo. Tudo o que podemos saber de Deus, o fazemos
por meio de sua palavra.
Portanto, não se trata de fazer
especulação sobre a divindade, mas aprender a considerar quem Deus é a partir
daquilo que ele quis que soubéssemos sobre si mesmo. Dois textos podem nos
ajudar a entender isto.
Dt 28.28: “As coisas reveladas pertencem a nós e a nossos fillhos, as coisas
encobertas pertencem a Deus”. Deus graciosamente levantou um pouco a
cortina de mistério que o envolve e deixou que pudéssemos contemplar aspectos
do seu poder e santidade. Ele se deu a conhecer aos profetas e a seu povo. O
que sabemos de Deus é aquilo que Deus quis que soubéssemos sobre ele.
Rm 1.20: “Porque os atributos de Deus, assim como sua eterna divindade e seu
eterno poder, são claramente reconhecidos por meio das coisas que foram
criadas. Tais homens são por isto indesculpáveis”. Deus também se deu a
conhecer através das coisas que ele criou. Sabemos um pouco de Deus através da
sua revelação geral, que faz parte da sua graça comum. Mesmo os homens pagãos
não estão sem testemunho de Deus. A natureza faz teologia. “Os céus proclamam a glória de Deus e o
firmamento anuncia as obras de suas mãos” (Sl 19.1). Deus se deixou
conhecer através de sua criação. Por esta razão, nenhum homem será
indesculpável diante dele.
CARACTERÍSTICAS MARCANTES
Ao falarmos de teologia, devemos
considerar:
1. “Estamos
interessados em saber como Deus realmente é, e não em quais são os nossos
desejos” (Mark Dever) Deus se revela nas Escrituras como Criador, Santo, fiel,
amoroso e soberano.
Todas as culturas tentam moldar
um Deus de acordo com seus desejos, que justifique sua ética pecaminosa, por
esta razão os homens se parecem com seus deuses. Os homens criam deuses e
entidades que a Bíblia chama de idolatria: Um Deus feito à imagem humana e a
partir das conjecturas humanas.
O Deus das Escrituras vai muito
além da criação mental e psicológica do homem. Ele não é uma projeção
amplificada da humanidade e nem subproduto dos seus anseios arquetípicos. Ele é
o criador, Dele procedem todas as coisas. Ele é o Alfa e o Ômega, o Princípio e
o Fim, e criou a raça humana para seu louvor e glória. “O fim principal do
homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. O homem foi feito por Deus e
para Deus.
Deus não deixa de ser Deus quando
não cremos nele ou quando não o reconhecemos, e nem deixa de existir porque somos
agnósticos ou ateus. Sua existência não depende ou não de nossa crença. Ele não
é maior nem menor porque fazemos ou deixamos de fazer algo. “Ele é antes de
tudo. Nele tudo subsiste”. Por isto também, podemos inferir que ele não existe
apenas porque admitimos sua realidade, neste caso, Deus seria uma espécie de
projeção mental.
2. “Nada
entenderíamos sobre a Bíblia, se não entendêssemos o Deus a respeito do qual
ela fala. O próprio Deus é a mensagem da Bíblia. O que Ele revela sobre Si
mesmo nos proporciona o meio de entendermos todas as outras coisas” (Mark
Dever).
A cosmovisão cristã é moldada
pela compreensão de quem Deus é. Um Deus frouxo desemboca numa ética frágil. Um
Deus pusilânime, nos leva a viver de forma inconstante, por isto, para
entendermos todas as outras coisas, precisamos de um ponto de referência e o
Deus das Escrituras deve ajudar a avaliar, interpretar e agir conforme seu
caráter. A concepção de um Deus inflexível e punitivo, nos transforma sem seres
impiedosos e legalistas. Um Deus santo exige santidade, um Deus fiel exige
fidelidade, um Deus soberano gera em nós dependência e admiração.
O grande inimigo da teologia bíblica
Satanás sempre conspirou contra a
Palavra de Deus, desde a criação. Já no Éden observamos que ele questiona,
minimiza e relativiza a Palavra. Quando Jesus foi tentado, a mesma técnica foi
usada. Ele não questionou o que Deus disse, mas deturpou as afirmações de Deus,
tentando fragilizar as convicções que Jesus possuía acerca de seu Pai.
Quando abrimos os evangelhos,
Jesus está constantemente interpretando a Palavra para os discípulos e
religiosos, mostrando como suas ênfases equivocadas na Lei de Moisés traziam
danos para suas almas e conspiravam contra o projeto de Deus.
As cartas gerais, pastorais e
paulinas, encontradas no Novo Testamento são marcadas por tentativas de separar
o joio do trigo, a palha do grão, as tradições ou invenções humanas das
afirmações do Pai celeste. A Palavra de Deus está constantemente sendo ameaçada
por heresias e apostasia. Apenas no livro de Apocalipse são citados grupos como
os nicolaítas, os que traziam as “doutrinas de Balaão”, pessoas com “espírito
de Jezabel. Quão grandes e variadas são as estratégias de Satanás em confundir
a Palavra de Deus na mente dos homens.
Na história da igrejas as ameaças
continuam, apenas relacionadas à pessoa de Jesus surgiram movimentos como
ebionismo, marcionismo, docetismo, arianismo e variações do gnosticismo.
Nem o ateísmo, o agnosticismo ou apostasia
são tão ameaçadores à teologia bíblica quanto as heresias que sutilmente surgem
no meio da igreja. Heresias não são negação de uma verdade, mas a distorção da
verdade. Basta uma super ênfase num aspecto doutrinário para que se negue a
verdade. Tome-se, como exemplo, a graça de Deus, quando desemboca no
antinomianismo. Isto é, se é de graça, não precisa haver disciplina, nem temor,
nem santidade. Se isto acontecer, já temos um pêndulo herético.
Satanás é mestre no engano.
Usando o mesmo exemplo acima, uma pessoa religiosa, legalista, pode chegar à
equivocada conclusão de que a salvação é de graça, mas que é necessário fazer
alguma coisa para alcançar o favor de Deus. Se acrescentarmos qualquer virtude
à graça, a salvação já não é de graça, mas é performática. Dá para perceber as
sutilezas possíveis?
CONSTRUINDO UMA TEOLOGIA BÍBLICA
Precisamos aprender a pensar
teologicamente, uma tarefa não tão simples, já que profundidade teológica exige
reflexão, oração e estudo, mas paradoxalmente, uma tarefa simples, já que, sem
nos darmos conta, construímos ideias e conceitos sobre Deus (e deuses), basta
observar as religiões pagãs, com seus pressupostos sobre a divindade,
entidades, anjos e demônios, livros sagrados, etc.
Temos o grande desafio de construir
uma teologia bíblica. Isto certamente envolve alguns pressupostos sobre a
Bíblia.
1. Nossa teologia é revelativa, como
afirmamos anteriormente. Sendo assim, precisamos ler atenciosa e cuidadosamente
a Palavra, não com o desejo de questioná-la, mas com o desejo de nos
submetermos a ela. Tiago exorta os fieis a receber “com mansidão” a Palavra de
Deus que nos foi entregue (Tg 1.21). Podemos receber sua mensagem de forma
rebelde, desobediente e não como alguém que deseja aprender da Palavra e ser
transformado por ela. Toda teologia bíblica ortodoxa precisa considerar a
infalibilidade das Escrituras, sua inerrância e sua inspiração.
2. Como praticantes da palavra e não
apenas como ouvintes, o pensar do cristão deve ser o de submissão e atenção. O
cristão, em última instância, não pode ser livre pensador. Sua função é refletir a partir da revelação que Deus faz
de si mesmo na sua palavra.
Na Dieta de Worms, pressionado
pelo Imperador, príncipes e senhores feudais, para que fizesse solenemente a
retratação de seus escritos, Lutero declarou: “A menos que vocês provem pela
Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei.
Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não
é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer.
Que Deus me ajude. Amém.”
3. A Teologia Bíblica possui um
“corpo doutrinário”, que sustenta sua visão de mundo, de salvação, de ética, de
fé e prática.
O pensar teológico sustenta nossa
vida pessoal e a dinâmica da igreja de Cristo. Rejeitar a “doutrina”, achando
que isto traz benefício, em nome de uma espiritualidade vaga, sempre
desembocará em danos irreversíveis para a comunidade cristã. Adotar uma
filosofia de vida, rejeitando os mandamentos de Cristo não trará libertação,
mas equívocos graves à fé cristã, afinal, como bem afirmou o Rev. Wilson de
Souza: “Se Deus não disse o que teria dito, porque não disse o que teria de
dizer?”
“Amados, quando empregava toda a diligencia em escrever-vos acerca da
nossa comum salvação foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco,
exortando-vos a batalhardes, diligentemente pela fé que uma vez por todas foi
entregue aos santos” (Jd 3)
Conclusão:
Cuida de ti mesmo e da doutrina
Não apenas da doutrina, mas de si mesmo.
Não apenas de si mesmo, mas da doutrina.
Podemos estar cuidando muito bem de nós mesmos, mas desprezando o verdadeiro conhecimento de Deus.
Podemos nos tornar guardiões da doutrina e da fé cristã, como um grupo de templários modernos, de fariseus judaizantes, de puritanos calvinistas ou devotos arminianos ou ainda de pentecostais dos últimos dias, mas não estarmos cuidando da simplicidade da fé e da pureza que precisamos ter no nosso estilo de vida.
As duas situações são perigosas. Ambas podem nos destruir.
A sabedoria ensina que ao entrarmos num barco, precisamos remar não apenas de um lado, porque isto leva o barco a andar em círculo ao invés de seguir uma direção. Desenvolver espiritualidade distorcida traz desequilíbrio. O cuidado pessoal com o corpo, emoções, mente e alma precisa estar junto, andando com a defesa das verdades e doutrinas reveladas por Deus na sua palavra.
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