sexta-feira, 6 de abril de 2018

As Sete frases. Mulher...eis ai... Christiane Bernardes


“Mulher, eis aí o teu filho. Eis aí a tua mãe!”
João 19:26 / Is. 53

O apóstolo Paulo, o maior pregador do cristianismo, disse que pregava a Cristo, e este crucificado. Disse que se gloriava na cruz. Foi na cruz que Jesus nos redimiu. Foi na cruz que ele esmagou a cabeça da serpente.

Foi na cruz que ele satisfez a justiça de Deus e demonstrou o seu maior amor. O profeta Isaías, no cap. 53 700 anos a.C., fez um registro tão detalhado a respeito da morte de Cristo, que nos impressiona. Uma parte dos verbos está no passado, é como se ele estivesse visto o que já havia acontecido.

1 - Algumas reflexões a respeito do desenrolar dos fatos:

→ Eu posso observar que ....

Pilatos por covardia levou Jesus a cruz. Os Judeus e os sacerdotes por inveja acusaram a Jesus. Nós também matamos Jesus com os nossos pecados. Eu e você estávamos lá quando crucificaram o nosso Salvador! Não apenas como expectadores, mas como participantes culpados, tramando, traindo, e entregando Ele para ser crucificado. Foram os meus pecados e os seus pecados que transpassaram Jesus na cruz. Ele foi moído pelas minhas e pelas suas iniquidades.

→ Mas nós não podemos nos esquecer (Is. 53) de que....

Jesus foi à cruz ESPONTANEAMENTE, deliberadamente. Sua cruz estava incrustrada no coração de Deus desde a fundação do mundo. Ele veio para morrer. Seu sofrimento não produziu compaixão, solidariedade. Ele foi rejeitado pela mesma multidão que o aplaudiu. Ele foi rejeitado pelas autoridades judaicas. Ele foi rejeitado pelos apóstolos, Judas traiu, Pedro negou, os outros fugiram. Ele foi rejeitado pelo próprio Pai, quando na Cruz, a feiura horrenda dos nossos pecados estava Nele, e Deus puniu os nossos pecados no seu filho.

→ E diante disso, eu preciso pensar no por que...

A CRUZ... é estranho que uma ferramenta de tortura tenha se transformado num movimento de esperança. A cruz de Cristo não foi um acidente, mas um fato estabelecido na agenda de Deus. A cruz de Cristo expressa o maior amor de Deus por nós, onde acontece o maior de todos os sacrifícios, quando Jesus, deixando sua gloria, veio e foi moído, humilhado, foi perseguido, preso, escarnecido, pregado na cruz. Não foram pregos que prenderam Jesus na cruz, foi amor! 

Max Lucado disse ...“quando lhe foi pedido que descrevesse o tamanho do seu amor, Cristo estendeu uma das mãos para a direita e a outra para a esquerda e nessa posição elas foram pregadas, para que você soubesse que Ele morreu por amor a você”! E o maior plano de salvação do universo é posto em prática. E por trás da linda história da manjedoura uma guerra acontece. Tudo isso se desenrola de acordo com o plano e propósito do Pai. E Ele vai para a cruz para vencer a cruz e Ele mata a morte com a morte!

→ E em meio ao horror, gerado por amor, onde a recompensa éramos nós, Jesus olha para a sua mãe (JOÃO 16:26). 
Maria está mais velha. Rugas em lugar da pele jovem. Mãos calejadas. Criou seus filhos, e agora, contempla a crucificação do primogênito. Eu posso imaginar as lembranças dela enquanto testemunha a tortura que Ele sofre: O longo caminho até Belém, talvez. Uma cama de bebê feita de feno. Quando fugitivos no Egito. Em casa, em Nazaré. Pânico em Jerusalém...”Achei que ele estivesse com você!” A aulas de carpintaria. Risos à mesa de jantar. Até o dia em que Jesus entrou em casa, com olhar firme, voz direta...Ele ouvira as notícias: “João está pregando no deserto”. Então Ele se desfaz da sua roupa de carpinteiro, e, com um último olhar, diz adeus a sua mãe. Ambos sabiam que Ele nunca mais seria o mesmo e naquele último olhar eles compartilharam um segredo. Ele sabia o que estava por vir. Maria conheceu naquele dia a dor no coração que surge ao se dizer adeus, e adeus para um filho. Desde então, passou a amar seu filho a distância, compartilhando Ele com a multidão.

“Aí está o seu filho.” Jesus pedia que João fosse filho para Maria. Jesus olha para Maria e vê Maria, sempre que Ele olha, ELE vê. A dor que Ele sentiu provavelmente era maior que a provocada pelos pregos e espinhos. Havia cumplicidade entre eles, e no olhar silencioso, eles mais uma vez compartilham um segredo, mas desta vez não foi um adeus.... foi um até breve!

→ Diante de tudo isso, eu não poderia deixar de falar um pouco a respeito de relacionamentos, de cumplicidades compartilhadas. Nós não somos perfeitos nem convivemos com pessoas perfeitas. Temos motivos de queixas uns contra os outros. Os relacionamentos mais íntimos adoecem.

As amizades mais próximas se esbarram em decepções e mágoas. As palavras de amor são substituídas por censuras e os abraços de irmãos são trocados pelo afastamento gelado. Os relacionamentos adoecem na família, na igreja, no trabalho. Pessoas que andaram juntas e comungaram dos mesmos sentimentos e ideais, afastam-se. Casais que fizeram votos de amor no altar, ferem um ao outro com palavras duras. Amigos que celebravam juntos as venturas da vida distanciam-se. Parentes que antes festejavam juntos recuam amargurados. Irmãos antes amigos se separam tomados por indiferença. Eu poderia passar horas falando com vocês a respeito de relacionamentos, citando personagens da bíblia, como:

* Caim e Abel - um relacionamento familiar de inveja e ódio assassino.

* Noé - que sobrevive ao Dilúvio, mas não sobrevive a curiosidade sexual de seu filho.

* Abraão - que anda com Deus, mas não consegue andar com o sobrinho Ló.

* Abraão, Sarah e Hagar - um triângulo de interesses que se transforma num “caso” para o qual nenhum dos três implicados estava preparado.

* Ismael e Isaque - nunca se deram bem e suas descendências não se entendem até hoje.

* Raquel e Lia - Duas irmãs amando e disputando o mesmo homem a vida toda.

* Jacó e Esaú ­- uma tragédia!

* José e seus irmãos – maldade, mentira!

* Hofni e Finéias, filhos de Eli - quanta dor para o pai - Icabode: foi-se a Glória de Israel!

* Samuel - o homem que denunciou os filhos de Eli e que ungiu Davi - não teve sorte com os próprios filhos.

* Davi - é interpretado pelos irmãos como um presunçoso e arrogante.

* Davi e Saul - tem a pior história de genro e sogro de toda a Bíblia.

* Saul e Jonatas - separadamente juntos até a morte.

* Jonatas e Davi - separadamente unidos até a morte.

* Davi e seus filhos – tragédia!

* Davi, Urias e Bateseba - desejo, paixão, prazer e, então, engano, morte, perdas, tristezas, luto, e a vida continua.

* Oséias, o profeta - por ordem divina, casou-se com Gomer, a mulher dele e de todos.

E Mateus nos faz viajar pela genealogia de Jesus - que tem todos estes personagens e suas angustias familiares como cenário - para nos dizer que a família é o problema, mas que a solução vem em família. Jesus é a solução que emerge das des-soluções familiares e de suas próprias dis-soluções.

Há duas coisas que eu gostaria de comentar acerca de família.

1) A primeira, é que a família é sempre a última a enxergar a gente. O evangelho de Marcos nos fala disso (Cap. três). Seus familiares foram “prendê-lo” porque diziam que Ele “estava fora de si”.

2) A segunda fala vem de um ato da Cruz. “Mulher, eis aí o teu filho” - diz ele a Maria, mostrando-lhe o jovem apóstolo João. “Eis aí a tua mãe...” - conclui Ele. 

João a levou para casa. A família biológica e cultural frequentemente não nos enxerga. Assim, é na Cruz que as pessoas podem se fazer família e se perceberem umas às outras. Jesus não tem muito a dizer sobre família apenas porque tudo o que Ele diz passa pelo coração da família. A cruz nos ensina a perdoar 70 vezes 7. Na cruz o filho aventureiro conhece o caminho de volta e o filho amargurado que nunca saiu tem a chance de participar da festa. Na cruz a mãe sem filho encontra filhos sem mãe. Na cruz Jesus traz para dentro da casa quem vive do lado de fora.

Na cruz Jesus presenteia os de dentro com a companhia dos de fora. Na cruz os laços mais profundos de família ganham significado.

Olha para o lado! Eis ai o teu irmão!

“O Cordeiro de Deus foi morto, mas Ele ressuscitou e Ele ainda remove pedras. Da próxima vez que for chamado a sofrer, preste atenção: Talvez seja a situação na qual você chegará mais perto de Deus. Olhe com cuidado. É bem possível que a mão que se estende para conduzi-lo à saída da obscuridade seja uma mão perfurada, e o nome daquele que estende a mão é SALVADOR!” (Max Lucado).

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