sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O Templo de Salomão


Dia 31 de Agosto de 2014. A Igreja Universal do Reino de Deus, com a presença da Presidente da República e autoridades brasileiras inaugurou o monumental “Templo de Jerusalém”, numa área de 100 mil metros quadrados. O templo chama a atenção pelo gigantismo, custo e beleza arquitetônica. Ele é quatro vezes maior que O Santuário de Aparecida do Norte que pertence à Igreja Católica e é o maior templo do Brasil. Seu custo total foi de 680 milhões de reais e foi construído numa área absolutamente decadente hoje em São Paulo, onde ficam grandes galpões abandonados e mal cuidados – o que deve inflacionar imóveis na região. Muitas pedras talhadas que foram utilizadas na sua construção vieram de Jerusalém. O evento teve ampla cobertura da CNN e de outras emissoras e, obviamente, a Rede Globo, em constante intriga com o Bispo Edir Macedo, não fez qualquer menção à construção.

Apesar do seu valor como monumento e que eventualmente vai se tornar num pólo turístico, seu valor espiritual é zero. Construções nunca foram o alvo de Deus. Templos e monumentos, pelo contrário, geralmente tornam-se uma agressão a Deus, porque passam a ter um valor maior que pessoas, e inevitavelmente se transformam em relações idolátricas e as pessoas passam a “adorar” e acreditar que tais lugares são santos. Já vemos isto em grandes peregrinações que são feitas por religiões ao redor do mundo em busca de lugares sagrados, e frequentemente vemos isto no Brasil, mas a Bíblia é categórica em afirma que “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas” (At 17.24).

Quando Davi resolveu edificar um tempo para Yahweh, Deus afirma: “Tu não edificarás casa para minha habitação; porque em casa nenhuma habitei, desde o dia que fiz subir a Israel  até o dia de hoje; mas tenho andando de tenda em tenda, de tabernáculo em tabernáculo. Em todo lugar em que andei com todo o Israel , falei, acaso, alguma palavra com algum dos seus juízes, a quem mandei apascentar o meu povo, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedro?” (1 Cr 17.4-6). Deus deixa claro que nunca fora sua intenção ser “aprisionado” por homens num local que eles considerariam santo. Afinal, “Deus habita no meio da tempestade e da tormenta, e as nuvens são o pó de seus pés”  (Hb 1.3). O perigo do templo estava na possibilidade de identificarem a presença de Deus com o lugar edificado para Ele, como se Deus estivesse circunscrito a um local.

Deus é grandioso demais para habitar em templos feitos por homens. O que geralmente acontece quando as pessoas se encantam com Deus é que o Senhor está interessado em vidas, e não em monumentos.  Deus escolheu habitar em cada um de nós, pelo seu Espírito. O templo onde Deus habita é a vida das pessoas. “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Co 3.16. Ler ainda 1 Co 6.15-20).

Quando Jesus estava morrendo, “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mt 27.50). Qual é o significado disto?
Durante muitos séculos, os homens haviam tentado manter Deus distante, criando separação entre o Eterno e as pessoas. Rasgar o véu, significa simbolicamente que o caminho para Deus estava aberto para todas as pessoas, em todos os tempos, em todos os lugares. Onde está Deus agora? Nos lugares sagrados. Não! Em todos os lugares. Deus deu um fim ao templo feito por mãos humanas e seu sistema religioso de adoração. Quando os discípulos ficaram empolgados com o edifício, Jesus lhes profetiza: “Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mt 24.2).

Uma nova aliança estava sendo estabelecida por meio do seu sangue (Hb 8.13). Ao ser apedrejado e perante as autoridades judaicas que reverenciavam o templo como lugar onde Deus habitava, o primeiro mártir do cristianismo, Estevão, afirma: “Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? Diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?” (At 7.47-50).

Deus não pode ser limitado por nenhuma de suas criações ou por obras humanas.


Templos são espaços de convivência e adoração. Na verdade servem muito mais para o nosso conforto do que para Deus. Estes espaços podem ser adequados e convenientes, ajudar na adoração e no silêncio, mas quando assumem a prerrogativa de que Deus se encontra ali, isto faz com que as pessoas não apenas criem uma relação idolátrica com o local, como quebram frontalmente os princípios básicos de Deus sobre a adoração que ele mesmo requer.