segunda-feira, 25 de junho de 2018

Mt 6.2-4 Como se deve dar esmola?



O termo “esmola” é mau empregado e traz uma conotação negativa. Na verdade Jesus está falando de generosidade. Ele trata da questão de como ajudamos as pessoas, e quais os perigos de fazermos isto com objetivos espúrios.

Questões introdutórias:

A.      Você se sente confortável em dar esmolas?

B.      Você se sente desconfortável em dar esmolas?

C.      Qual a importância da generosidade aos pobres na prática cristã?

D.      Você é generoso?

a.       Individualmente. Com as pessoas?

b.      Com sua igreja?

c.       Com obras sociais, pobres?

E.       No seriado House of cards, o vilão Frank Underwood (Kevin Spacey) afirma que “generosidade é uma forma de poder”. O que você acha desta frase?

Como a Bíblia analisa a generosidade?

Primeiro, A LEI.
a.       O desejo de Deus era que não houvesse pobres no meio do seu povo (DDt 15.4). Utopia religiosa? Sérios analistas avaliam que o grande problema da economia do mundo não é a falta de riqueza, mas o acúmulo de bens.

b.      Podemos afirmar que a pobreza conspira contra o projeto original de Deus para a raça humana? Em todos os caminhões da ONG Free Food, nos EUA, há a seguinte frase do D. Helder Câmara (que foi Bispo em Olinda): “Quando dou comida aos pobres, eles me chamam de santo. Quando pergunto porque os pobres são pobres, eles me chamam de comunista”. Como você analisa esta frase?

c.       Os princípios da doação na Lei (Dt 15.7-8)

i.         Não endureças o teu coração ao pobre – Dt 15.7-8

j.        Supra o bastante para sua necessidade – Ft 15.8

d.      Do assistencialismo ao empoderamento. 
A assistência pode ajudar momentaneamente uma pessoa na crise e deve ser praticada, mas pode gerar uma relação de dependência que retira a dignidade e traz um senso de impotência ao pobre. Doar deve sempre trazer o germe da libertação e da honra, nunca da humilhação e dependência.

e.      A dura realidade da pobreza. “Nunca deixará de haver pobres na terra”. Entretanto, isto não pode ser um statement que justifique a inércia do povo de Deus em relação ao cuidado. Por isto “Livremente abrirás a mão para teu irmão”.

Os princípios de Jesus sobre a generosidade

A.      Não use a generosidade como forma de auto promoção (Mt 6.2)

i.         Deus - Faça para a glória de Deus, não para ser visto pelos homens. A Palavra de Deus recomenda o cuidado com os pobres (Gl 2.10).

ii. Os outros - Faça para minimizar o sofrimento do próximo – A pobreza humilha, avilta e degrada. A fome é cruel e dói.

iii. Você mesmo - Faça para resgatar a sua humanidade, para se tornar gente, para ser curado. Muito da nossa solidão, tristeza, angústia, medo, ansiedade, fobia, está relacionado ao ensimesmamento e narcisismo. Uma vida centrada em si mesma adoece. Olhe para fora para se curar. Cuidar, servir e amar, nos liberta de nós mesmos e do auto enamoramento.

B.      Entenda que sua grande recompensa deve vir de Deus – ((Mt 6.2) Se você recebe aplauso das pessoas, sua recompensa é muito passageira. O grande aplauso deve vir de Deus, portanto, faça as coisas para Deus.

C.      Seja rico em generosidade e pobre em auto glorificação – “Ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita”. (Mt 6.3).

D.      Generosidade traz bênçãos dos céus – (Mt 6.4). Portanto, fazer como negociata e barganha com Deus é arriscado, ao mesmo tempo, não precisamos ignorar as bençãos advindas de um coração generoso.

                                                               i.      “O que escarnece do pobre, insulta a Deus” (Pv 17.5)

                                                             ii.      “Quem dá aos pobres, empresta a Deus” (Pv 19.17)

                                                            iii.      Característica da mulher sábia – “Abre a mao ao aflito e ainda a estende ao necessitado”


Sugestão:
Se você deseja aprofundar a reflexão sobre este assunto, sugiro a leitura do Livro de Provérbios. Sublinhe e anote todos os textos que falam da questão da generosidade e da relação que devemos ter com os pobres.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Espiritualidade e saúde



Questões introdutórias:

A.      O que vem à sua mente quando ouve a expressão “espiritualidade?”

B.      Podemos afirmar com segurança que a espiritualidade tem relação direta com a saúde? Se positivo, como?

C.      O que fazer quando a espiritualidade torna-se uma forma de doença? Podemos afirmar que toda espiritualidade é saudável?

D.      Podemos afirmar que existe alguma relevância nas controvertidas frases de:

a.       Freud: “Religião é uma neurose obsessiva-compulsiva?”

b.      Marx: “Religião é o ópio do povo?”

O propósito dos mandamentos e da Lei de Deus

Apesar da religião ter sido usada tantas vezes como instrumento de controle, repressão e punição, a espiritualidade bíblica tinha como alvo promover saúde, alegria e bem estar para o povo. NO hebraico uma única palavra pode abranger todas estas áreas: Shalom. Que quer dizer, plenitude, alegria, paz.

Os mandamentos foram dados para nos proteger:

Exemplos:
a.       O sábado – Ele foi ordenado com propósitos de restauração do corpo e da mente, propósitos humanitários, proteção dos animais e da natureza. Quando os religiosos colocaram o sábado como centro, distorcendo o seu proposito original, Jesus declarou:  “O homem não foi feito por causa do sábado, mas o sábado foi feito por causa do homem”.

                                                               i.      Por meio do sábado Deus protegia a saúde do ser humano;

                                                             ii.      Por meio do sábado protegia os servos – propósito social e humanitário, já que eles também deveriam descansar.

                                                            iii.      Por meio do sábado Deus protegia os animais. Eles também precisavam de descanso.

                                                           iv.      O sábado protegia até mesmo a terra, que deveria repousar no sétimo ano.

Portanto, o sábado, tinha um propósito de cuidado com a vida e com a saúde.

b.      Circuncisão- Deus estabeleceu que todas as crianças do sexo masculino, ao oitavo dia, deveriam ser submetidos à fimose, que era um ritual religioso. Hoje se sabe que o oitavo dia é o melhor dia para cicatrização em toda a existência do ser humano, e que que ela protege a mulher. O menor índice de câncer de colo de útero no mundo é entre o povo judeu, por causa da fimose.

c.       As leis cerimoniais como “se tocar em mortos, deve se afastar de grupos”, para purificação. Isto evitava a transmissão de doenças.

d.      Não comer carne de lagosta, camarão, ou peixe de couro – era visando a saúde, já que são peixes que se alimentam de resíduos no fundo dos rios ou mares.

e.      Não comer carne de porco – era uma questão de saúde. Imagine uma comida mais pesada para um povo que vivia no deserto.  

Todas estas leis cerimoniais eram forma de proteção da vida e da saúde das pessoas.

Dt 6.18 afirma: “Farás o que é reto e bom, para que bem te suceda”. Olha o objetivo explícito da lei de Deus também em Dt 8.1. Observe seu objetivo: “Para que”.

Os mandamentos de Deus não são penosos.

Esta declaração estupenda encontra-se em 1 Jo 5.2-3. O propósito de Deus não é para afligir o ser humano. Deus está interessado em nosso bem.
Neste sentido vale bem a afirmação de Andy Stanley:
“Nunca viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bênçãos de Deus”. Deus quer nos preparar não apenas para morrer, mas para viver, e viver bem.

Benção e Maldição
Quando lemos os livros da Lei, vemos Deus sempre propondo ao povo Benção e maldição. Benção quando a lei é obedecida e maldição, quando ela é ignorada (Dt 11.26).

Vida ou Morte
Dt 30.15-19
Dt 32.47

O propósito de Deus é nos dar vida, e vida em abundância.
A obediência a Deus é também uma forma de nos alinharmos com sua criação, harmônica, que conduz à vida e libertação. Andar com Deus traz saúde e vida. Andar sem Deus neurotiza e adoece.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Espiritualidade em ação


A inutilidade da pena e o que ela difere da compaixão

Questões introdutórias:
1.       O que você vem à sua mente quando se discute espiritualidade?

2.       Não seria a espiritualidade oposta à ação? Ela não propõe mais o silêncio, retiro, meditação, busca por transcendência e contemplação que atividade, engajamento, envolvimento?

3.       É possível uma espiritualidade com ação?

4.       É possível espiritualidade sem ação?

A resposta para esta última pergunta pode ser sim ou não.

Sim. Se considerarmos que a espiritualidade pode desembocar em uma direção monástica, uma forma de escapismo histórico e fuga de conflitos.

Não. Se entendermos que toda espiritualidade é um movimento (ação), em direção a um ser ou ao próximo.

Em teologia fala-se da espiritualidade gnóstica em oposição à espiritualidade cristã.

Espiritualidade gnóstica x Espiritualidade cristã

1.       Desprezo pela história – Dificuldade em se perceber em e para o mundo. Julio Santa Ana fala do sempre presente risco da esquizofrenia espiritual em relação à história. Entendendo história não apenas como um evento do passado, mas naquilo que pode dar sentido sacro à existência e missão, quando se faz “exegese” do céu, mas perde-se a percepção do sentido de existir.
A espiritualidade cristã é integrada à história, não é a-histórica, nem trans-histórica.
“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.15).
“Neste caso, teríeis de sair do mundo” (1 Co 5.10).

2.       Desprezo pela política – Desprezam o mandato cultura, de serem agentes de Deus na história. Esquecem do mandato cultural de cuidar da terra, assumindo um processo de alienação e distanciamento das questões de cidadania e politicidade. A batalha política  é também espiritual.

A espiritualidade cristã participa responsavelmente do cuidado com sua cidade, questões de proteção ambiental, justiça social, engajamento humano.

Orai pela paz de Jerusalém” (Sl 122.6)

Que não haja gritos de lamento em nossas praças” (Sl 144.14) - Vida participativa.

Porventura não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo. Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is 58.6,7).

3.       Desprezo pelo social – A igreja desaprendeu a ser agente de transformação social. De uma forma equivocada cremos que os seres humanos são desencarnados. Precisamos de uma teologia integral. Holística. Que leve em conta todo o ser e o ser todo. “Impedem-se os avivamentos quando a igreja assume posições equivocadas em relação aos direitos humanos” (Finney). “O ponto de qualquer teologia precisa ter foco na mudança social” (Harvey Cox).

A espiritualidade cristã considera as necessidades do pobre, do estrangeiro e da viúva.

“Abrirás a mao para teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra” (Dt 15.11)

“Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl 2.10).

Em busca de um modelo de espiritualidade a partir de Cristo

Para evitarmos os erros tão comuns em tantas formas de espiritualidade escapistas, temos que olhar para Jesus de Nazaré.

A.      Era encarnado, sem perder da dimensão do mistério – Jesus transitava entre a dor, sofrimento, pobreza, ação maligna para a oração, comunhão e vida com deus. Sua reclusão nas montanhas não para buscar a Deus não o impedia de uma vida de ação e cuidado com o sofrimento humano. “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38).

B.      Revelou o mistério sem perder sua humanidade – Integrou céus e terra. Pode estar no Monte da transfiguração numa dimensão de arrebatamento e descer para lidar com um jovem possesso de um espirito maligno. Não tinha medo da verticalidade nem da horizontalidade na sua espiritualidade.

C.      Experimentou a graça e o prazer daquilo que Deus criou – Jesus não era asceta, nem essênio. Ele gostava de se reunir ao redor da mesa, esteve em festa de casamento, foi acusado de ser glutão e beberrão. Sua parábola fala de casa festiva com danças, churrasco, sandálias e anéis novos.

D.      Articulou o natural e o espiritual – Jesus destrói a visão maniqueísta de bem e mal. Tudo é sagrado. “Quer comais, ou bebais, ou façais qualquer coisa. Fazei-o para a gloria de Deus” (1 Co 10.31). Não vivencia o mundo dualisticamente.

Conclusão:

...Criados para boas obras... (Ef 2.8-10)

...Sacrifícios de ajuda mútua... (Hb 13.15-16)

...A prática do amor acompanha os discípulos de Cristo (1 J 3.16-18)

...Espiritualidade integral – (1 Jo 4.20). Amor a Deus reflete-se no amor ao próximo.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Identificando elementos rurais na igreja urbana




“Temos vivido na cidade, com sociologia e ferramentas urbanas, mas com teologia rural. Precisamos de uma teologia tão grande quanto a nossa cidade, tão urbana quanto nossa sociologia e missiologia”.
(Ray Bakke)

Por diversas vezes já introduzi este assunto nas salas de aula, discutindo o modelo urbano de pastorear e ser igreja, em relação ao modelo rural de pastorear e cuidar da igreja de Cristo. Dentre as respostas dadas, eis algumas mais interessantes:

  1. A mentalidade rural de igreja tende a construir uma visão de distanciamento e isolamento, como se fosse um tipo de colônia, que se sente ameaçada quando chega um ”estranho”, que se torna imediatamente “suspeito”.
  2. Saímos das igrejas com modelo fechado e o seminário reforça esta eclesiologia.
  3. Os modelos departamentais não se adequam às cidades. Os programas não são adaptáveis à vida urbana – horários, métodos. Sociedades internas precisam se adequar.
  4. Os temas das mensagens precisam ser mais contemporâneos, atingindo o ser humano na cidade atual. Considerando que a sociedade tende a ser excludente e distante, seria melhor se a igreja fosse construída em torno de grupos pequenos, e que o pastoreio fosse realizado desta forma
  5. Por trazermos uma mentalidade rural, confundimos histórico com revelado e temporal com o eterno. Uma igreja é fiel não por causa de sua estrutura antiga, mas por causa de sua teologia bíblica. Quando a igreja acredita que sua cultura religiosa precisa ser preservada e que as pessoas se adaptem, ela pode perder sua relevância e contemporaneidade. O objetivo não será necessariamente o de que extinguir estruturas e sociedades internas, mas “reinterpretá-las”, “reinventá-las” à luz de uma nova realidade sociológica.
  6. O sistema fechado e inflexível, pode impedir o avanço. Os métodos podem ser mudados tantas vezes quanto for necessário. Só não podemos negociar os fundamentos nem a base de nossa teologia que é a Palavra de Deus.
  7. A Igreja pode construir uma mentalidade de Gueto, olhando para as pessoas de fora como oponentes e não como pessoas a serem amadas e cuidadas. Na zona rural somos pastores de um determinado segmento estratificado, mas na cidade, somos pastores de pessoas secularizadas com mentalidade plural e alternativa.
  8. A igreja da zona rural não sofre grandes transformações, por isto as mudanças raramente precisam ocorrer. No contexto urbano, a sociedade encontra-se em constante mudança. Quando a igreja chega no contexto urbano com dificuldade em repensar seus modelos, corre o risco de se tornar inadequada e irrelevante. O problema é que o “novo em teologia é quase sempre a negação do velho”, e as pessoas confundem formas com conteúdo. As decisões na igreja eventualmente assustam porque passam não só pela estética, mas até mesmo pelas formas e métodos.
  9. A igreja da cidade sofre com excesso de programas e alternativas ao entretenimento, enquanto na zona rural, o programa da igreja é muitas vezes o evento da semana. Como se adaptar num contexto de tantas exigências quanto ao tempo? Muitos programas eclesiásticos servem apenas “para ocupar o tempo” sem objetividade e qualidade. Precisamos refletir como podemos fazer menos com mais qualidade.
  10. Quanto à didática, as novidades demoram mais a chegar às periferias e zonas rurais, em contrapartida, nos modelos pedagógicos atuais, a igreja é pressionada a encontrar formas mais contemporâneas e atraentes para comunicar o conteúdo de forma eficiente às próximas gerações. As futuras gerações estão assimilando o conteúdo com os métodos que aplicamos?
  11. O modelo representativo pode ser moroso, burocrático e pouco participativo. Seria possível repensar o modelo? Qual o risco de eliminar os paradigmas atuais e adotarmos um novo modelo. Não nos assusta pensar que podemos desconstruir o que se conhece e não ser relevante o modelo alternativo. Como lidar com esta dialética? Se mudarmos o modelo representativo, podemos ser chamados de presbiterianos? Se em igrejas congregacionais adota-se o sistema de governo com a criação de um conselho e liderança dos presbíteros tal igreja não perderia sua identidade?

Identificando os elementos rurais nas igrejas urbanas

Diante de tantas possibilidades e questionamentos, consideramos os seguintes elementos para objeto de discussão e reflexão. É uma tentativa de identificar os elementos rurais nas igrejas históricas em contextos urbanos. O problema não é tão evidente em igrejas que possuem seu DNA de grandes cidades. Muitas igrejas neo-pentecostais modernas, nunca tiveram esta transição por já nascerem num contexto urbano. Sua mentalidade é perfeitamente adaptada à realidades da cidade.

1º. Elemento– Inflexibilidade no horário dos programas

Na cidade, as pessoas têm menos tempo que na zona rural, sem considerar ainda o fato de que seus horários são mais alternativos. Na zona rural os horários são determinados pelo ciclo da natureza. As pessoas dormem cedo e também acordam de madrugada. Nas grandes cidades, muitos dormem pouco e dependendo do turno de trabalho, seus horários podem ser imprevisíveis e eventualmente as atividades semanais entre o trânsito, o trabalho, os cursos de aperfeiçoamento, podem exceder facilmente 80 horas semanais.
Não deveria este fator ser considerado nas programações da igreja na cidade? Poucas igrejas repensam seus horários, trazendo sempre a mesma dinâmica das comunidades que se reuniam em contextos completamente distintos dos atuais. Seria possível flexibilizar os horários?
O que você pensaria de um culto dominical que começasse às 13:00 hs e encerrasse as atividades às 16 hs, incluindo a Escola Dominical, sem programação pela manhã ou à noite?
Encontrei este horário de culto numa grande igreja de zona rural, na região da zona da mata em Minas Gerais, conhecida como São João da Cristina. As pessoas eram camponesas e todas elas criavam animais e o horário mais conveniente para adorar a Deus foi este. Curiosamente esta igreja do interior, foi mais ousada em sua adaptação que muitas igrejas de regiões urbanas.
Nas cidades pequenas ou no interior os cultos iniciam de forma padronizada as 9:00 hs. Será que este formato é o mais adequado para as cidades maiores? E se arriscássemos levando o culto para as 11.30 hs? Qual seria o horário mais pertinente considerando o contexto urbano e as longas distâncias?
E quanto aos programas do meio de semana? As reuniões departamentais das mulheres de zonas rurais acontecem normalmente às tardes e no meio da semana. Seria este o horário mais adequado para as grandes cidades?
As reuniões do Conselho e liderança, em algumas regiões acontecem no sábado de manhã ou sábado à noite. Considerando as extensas agendas dos membros das igrejas nas cidades, será que não deveríamos refletir sobre o valor do lazer, do descanso e do tempo da família para os nossos membros reservando o sábado para este fim? Quais seriam os horários mais efetivos para as reuniões?

2º Elemento – Inadequação dos modelos eclesiásticos e pastorais

As estruturas eclesiásticas foram montadas tendo em vista a realidade rural – seria este o melhor modelo a ser transposto, sem nenhuma analise crítica para aplicar à cidade?
O bom pastor na fazenda era o pastor visitador, que tomava café de casa em casa. Seria este o modelo adequado do pastor urbano? Se não, o que poderia ser mais eficaz? Qual abordagem deveria ser adotada? Não seria mais eficiente se considerássemos a possibilidade de visitar os membros da igreja nos seus escritórios e empresas? Isto seria viável ou não?
É conhecido o fato de que pastores neo-pentecostais quase não visitam suas ovelhas e a despeito disto elas crescem mais que as tradicionais. Será que este paradigma poderia ser aplicado a uma igreja mais tradicional?
Característica pentecostal: Impessoalidade.
            Riscos _______________________________________________
            Benefícios ____________________________________________

3º. Elemento – Inadequação do conteúdo da mensagem

Será que os dilemas enfrentados pelos membros da igreja deveriam ser considerados na preparação da mensagem? Será que não deveríamos traduzir a mensagem com uma aplicação contemporânea, levando em conta as condições atuais dos ouvintes? Ao prepararmos o programa dos pequenos grupos, da Escola Dominical e dos sermões, não deveríamos refletir sobre as dores e questionamentos que o homem da cidade enfrenta? O homem é o mesmo, mas os desafios e a as formas de comunicação não deveriam ser adequadas e adaptadas?
Como tratar as relações estáveis x relações transitórias? A questão da mobilidade? Da impessoalidade? Da educação de filhos num contexto subjetivista, relativista e plural? Das tarefas domésticas, comuns ao ambiente da família que vive na cidade na qual homem e mulher estão no mercado do trabalho. Como comunicar novos ideais a partir de um antigo texto sagrado que precisa ser aplicado a este homem numa nova realidade?
Dois modelos bíblicos podem nos orientar:
  1. A estratégica abordagem de Jesus - “E com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes” (Mc 4.33).
  2. A estratégica abordagem de Paulo – “Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei” (1 Co 9.20-21).

Como estes princípios podem ser aplicados à nossa realidade quando falamos de igreja urbana em relação à igreja rural.


4o. Elemento – Desconsideração com a cultura e cosmovisão da cidade.

A forma de um homem citadino enxergar e traduzir o mundo é completamente distinta daquele que procede de um ambiente provinciano. A visão distinta vai desde a forma de lidar com a vida, até em organizar o universo simbólico e as relações familiares, negócios ou administração do tempo. Isto é chamado de cosmovisão. Ela muda de acordo com o ambiente porque os pontos de referência são diferentes.
A cultura de um homem é construída de acordo com o ambiente, influência social e formação familiar. Quando pessoas de universos diferentes se encontram é possível que aconteça um choque cultural. Os conceitos e opiniões podem variar de forma tão marcante que se tornam irreconciliáveis. 
Pensando sobre este prisma, podemos indagar: como isto deve influenciar a pastoral, a forma de ser igreja, a liturgia, os programas e atividades da igreja? Como adequar o pastor com a sociologia da cidade? Que ferramentas teológicas podem ser uteis para identificar e adequar o pastor com a comunidade urbana?

Conclusão:
Linthicum afirma: "Tenha uma teologia tão grande quanto o tamanho da cidade e um ministério tal específico como a próxima pessoa que você encontrar". Como citamos no inicio deste texto: o problema da igreja é que temos vivido na cidade com sociologia e ferramentas urbanas, mas com uma teologia rural. Precisamos de uma teologia tão grande quanto a própria cidade. Tão urbana quanto nossa sociologia e missiologia. (Ray Bakke, A theology as big as the City).

Mt 5.43-48 Do Amor ao próximo





Questões introdutórias:

A.      Em relação ao amor ao próximo, sua vida é, honestamente, orientada pela Lei ou pelo Evangelho?

B.      Mt 5.45 fala da Graça comum: Você sabe a diferença entre graça comum e graça especial?

C.      Qual é o seu sentimento quando você vê que o sol e a chuva (atos graciosos de Deus), são indiscriminados. Justos e injustos recebem a mesma graça.

Quatro alternativas:
a.       Você considera que Deus não é justo...
b.      Você sente que se houvesse um juízo claro e direto de Deus, negando determinadas bênçãos aos pecadores, o mundo seria mais justo porque os ímpios entenderiam que são menos agraciados...
c.       Você sente que se Deus estabelecesse uma clara diferença, você poderia ser muito mais abençoado...
d.      Você sente que se Deus fizesse tal diferença, você seria menos abençoado...

D.      Qual é sua visão sobre o padrão de perfeição de Deus para sua vida? “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai”.

Comentários:

Primeiro, precisamos estabelecer uma clara diferença entre graça comum e graça especial.

A graça comum está presente na vida, na natureza, nos atos de Deus expressos na natureza e cuidado com a vida em si (At 14.17). Deus é bom e sua bondade é percebida na vida de todas as pessoas, sejam elas tementes ou não a Deus. Ele é gracioso mesmo sobre os infiéis e injustos.

A graça especial é concedida a apenas um grupo de pessoas. Ela é dada para salvação. Se ela é pela graça, significa que não é meritória (Ef 2.8-9; Tt 3.5). Nem todos recebem a graça especial, ela é exclusivamente destinada ao povo eleito de Deus (Rm 8.29).

Segundo, A Lei é baseada no Lex Talliones. “Olho por olho, dente por dente”. A vingança era, portanto, admissível. O Evangelho, porém, segue outra orientação (Rm 12.14,17-21).

Terceiro, Como é possível “Amar os inimigos”, quando nosso impulso natural é repudiar, revidar e odiar?
a.       C. S. Lewis – “Love, as if” (Ame, como se). Amor não é fruto do sentimento, mas da vontade;

b.      ...Sentimento nem sempre gera fato; Fato sempre gera sentimento.

c.       M. Luther King Jr.: “Não podemos gostar de todos, mas podemos amar a todos”.

d.      Amor não é sentimento (emocional), mas atitude (prática).

Quarto, O que diferencia os discípulos de Cristo dos publicanos e pagãos? (Mt 5.46,47)

Quinto, O padrão moral de Deus não mudou
                ...Sede santos, porque eu sou santo... (Lv 20.7)
                ...” Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48).

Sexto, a justiça deve ser praticada não para sermos vistos pelos homens, mas para agradar a Deus (Mt 6.1). 
O alvo de nossa espiritualidade não é comportamental, mas visa a adoração. Tudo deve ser feito para a honra e glória de Deus.