segunda-feira, 9 de março de 2020

Mc 1.7-8 Ele vos batizará com o Espírito Santo


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Introdução:

A vida cristã não se realiza por esforço humano. Não se trata apenas da guarda de determinados princípios e valores, nem de realização humana. Vida cristã é Deus fazendo em nós.

Vida cristã também não se realiza com ritos: João Batista se refere ao rito por ele praticado apenas como um sinal. “Eu vos batizo com água”, mas o rito é apenas um sinal visível de uma graça invisível. Não nos batizamos para sermos salvos, mas porque a graça de Cristo já nos alcançou. Batismo não nos transforma em um discípulo de Cristo, mas é sinal de alguém que se tornou discípulo de Cristo. Batismo é o sinal, simbólico, aponta para algo mais profundo.

Vida cristã se dá com a manifestação do próprio Deus em nossas vidas. ““Eu vos batizo com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”. Esta é uma das mais fantásticas promessas. Através do Espírito Santo, Deus vem habitar em nós. Ele é o Deus que habita em nós. O Espírito invade nosso ser e nos encharca de Jesus.

João Batista fala de uma grande promessa para o povo de Deus.
Jesus batizaria seus discípulos com o Espírito Santo.

O que é Batismo com o Espírito Santo?

É uma obra renovadora que acontece dentro de nosso coração quando aceitamos a Jesus pela fé. Aliás, só podemos confessar que Jesus é Senhor, de fato e de coração, quando o Espírito Santo nos dá esta convicção. O Espírito Santo é quem testemunha Jesus dentro de nossa vida. De acordo com Ef 1.13-14, “Depois que ouvistes a palavra da verdade, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.

O Espírito é dado, quando ouvimos e cremos na palavra da verdade.
Mas ouvir e crer nesta palavra, já é um ato do Espírito.

Quando cremos na obra regeneradora de Cristo, naquilo que ele fez a nosso favor na cruz, algo maravilhoso acontece. O Espírito Santo passa a morar dentro de nós, e a operar em nós. Isto é o batismo do Espírito Santo. Na medida em que vamos dando espaço para o Espírito, abandonando o pecado, desejando a santidade, este Espírito Santo vai operando cada vez mais em nossas vidas. Por isto a Bíblia diz: “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). O Espírito nos foi dado, e agora precisamos permitir que este Espírito Santo controle nossa vida. Quando nos opomos ao Espírito, nós o entristecemos (Ef 4.30), e até mesmo o apagamos (1 Ts 5.19). Por isto a Bíblia nos adverte a não resistirmos o Espírito Santo, nem apagar ou extinguir o Espírito Santo.

Quando o Espírito Santo, este poder de Deus, passa a morar dentro de nós, Ele muda as disposições de nosso coração, cria em nós atração pelas coisas de Deus, dá à nossa vida horror ao pecado, torna atrativas as verdades do Evangelho e nos leva a querer viver uma vida de santidade com Deus.

Muito de nossa fragilidade espiritual tem a ver com o fato de que resistimos ao Espírito e damos pouco espaço para sua ação em nossas vidas. Certa pessoa me chamou a atenção ao afirmar que não devemos orar “usa-me Senhor!”, mas antes “Senhor, torna-me usável”. Se desejarmos que ele nos usa, ele nos usará, mas será que realmente estamos dispostos a deixar que ele nos use? Sem vida de oração e dedicação à leitura da Palavra, viveremos um cristianismo de fachada, apenas exterior. Precisamos de um fogo que nasça em nosso peito e que venha este poder sobrenatural e do Alto, como falamos neste texto.

Por que é necessário este batismo?

  1. Nada se realiza em nós, espiritualmente, sem a ação Espírito – “Quando ele vier, convencerá o homem do pecado, do juízo e da justiça”(Jo 16.8-10): O Espírito Santo tem uma tarefa de triplo convencimento: Pecado, Juízo, Justiça.

Pecado – Convicção de erros. Compreensão de nossa inadequação diante de Deus. Sem o toque do Espírito Santo achamos que tudo está bem quando tudo está mal. O Espírito nos faz perceber nossa inadequação diante de Deus e nos leva ao desejo de arrependimento e confissão de pecados.

Justiça – O Espírito Santo também nos convence da necessidade de uma outra justiça, aquela que vem de Deus por meio de Cristo. Todos merecemos o julgamento, mas Jesus assumiu nosso lugar. A justiça de Deus se resolve em Cristo – ele assumiu nosso lugar. Sou absolvido diante de Deus não pelos méritos pessoais, mas pelos de Cristo. Só o Espírito pode me convencer da plena suficiência que temos em Cristo.

Juízo – O Espírito Santo ainda nos faz perceber que há uma realidade de juízo último que permeia a natureza. Ao contrário da sugestão de Satanás para Eva: “É certo que não morrereis!” ou, “pode pecar que não há juízo”, o Espírito santo vem nos convencer de que todos, um dia, teremos que comparecer diante do tribunal de Deus que vai julgar nossas decisões, atos e intenções. Não podemos brincar com nossa vida.

  1. Precisamos do Espírito, porque nossos esforços pessoais são inúteis e frágeis

O Espírito de Deus é santo.
Sua santidade gera em nós duas atitudes nada humanas:

Primeiro, tristeza e horror ao pecado.
Segundo, desejo de Deus e de sua santidade.

Estas disposições não são naturais em nós. Em geral amamos o pecado: narcisismo, egoísmo, vaidade, auto suficiência, promiscuidade, avareza, gula e cobiça e desejamos pouco da presença de Deus. Por sermos auto centrados, sempre fazemos as coisas para auto glorificação e promoção do Eu. Sem o Espírito, seremos incapazes de fazer as coisas para a glória de Deus e continuaremos fazendo para nossa própria satisfação.

Alguém nos disse que para servirmos a Deus, devemos amá-lo tanto quanto amamos nosso pecado e glória pessoal. Paulo pergunta: “Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (2 Co 3.5). E ele mesmo responde: “De mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas segundo a carne, da lei do pecado” (Rm 7.25). “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas se, pelo espírito , mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis” (Rm 8.13). É através do Espírito  que vencemos a carne e o mundo.

  1. Precisamos do Espírito para que, o seu fogo nos impulsione à vida. Sem o Espírito somos meros religiosos, e não experimentamos a vida de Deus. “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, este tal não é dele”.

João Batista deixou claro sua mensagem: “Eu vos batizo com água, ele, porém, vos batizará com fogo”. O Espírito é a vida que desejamos, sem este poder e unção, “não damos conta”.

Por isto Jesus deixou claro aos seus discípulos, a necessidade deste novo poder que ele enviaria à sua igreja:

èFicai em Jerusalém até que sejais revestidos do alto” (Lc 24.19).
èMas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito  Santo e sereis minhas testemunhas”(At 1.8).

Este poder não está em nós, vem de fora, do Alto. É poder espiritual. Sem este poder, somos cadáveres ambulantes. Temos corpo mas não temos vida. Somente a vida de Deus pode nos retirar deste estado de letargia e apatia.

Em Mc 9.22, um homem traz seu filho possesso de um espirito maligno, mas os discípulos não foram capazes de enfrentar aquela ação maligna. Este texto demonstra a fragilidade e impotência da igreja. A afirmação desiludida daquele pai revela o fracasso da igreja: "Roguei aos teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam" (Mc 9.18). A igreja não tinha força para confrontar o mal e vencer as trevas. Este é  retrato da igreja anêmica, sem autoridade e poder, fracassando. Fracassos comprometem a obra de Deus.

Em Jo 20.19, Logo após o grande evento da ressurreição, a Igreja se encontra de portas trancadas com medo dos judeus. É uma igreja amedrontada, acuada, entre quatro paredes, fechando as suas portas, ao invés de abri-la. Uma igreja ensimesmada e fechada, sem poder de testemunhar a grande benção da ressurreição de Cristo. Sabiam do que tinha acontecido, mas ainda assim não conseguiam superar sua timidez e medo. Nem a fantástica notícia da ressurreição os arranca da morbidez da "paralisia de análise" (Stanley Jones). A Igreja continuava com medo (Jo 20.19).

O que estava faltando àquela igreja?
O poder e o fogo do Espírito Santo.

João Batista fala de algo desconhecido: “Eu vos tenho batizado com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1.8). Lucas ainda acrescenta: “ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.16).

Não existe batismo do Espírito Santo como muitos equivocadamente afirma.
O que acontece é o Batismo com o Espírito Santo!

É Jesus, quem nos batiza. Somos batizados com o Espírito Santo, pela operação de Jesus. Jesus é o batizador. Ele sabia que íamos precisar de alguma coisa sobrenatural para cumprir a missão e por isto diz aos discípulos que o derramamento do Espírito seria a garantia de que sua obra seria completada e seu projeto missionário chegaria até o final do mundo.

Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espirito Santo, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8). A mensagem só seria realizada, e só alcançaria os confins da terra, porque eles receberiam o poder do Espírito Santo para testemunhar.

Stanley Jones afirma:
“O pentecoste salvou os discípulos do trivial, do marginal, do superficial. Desde então eles começaram a ver as questões de importância, ganharam o “senso do que era essencial”[1] “Não vejo nada, absolutamente nada, que possa tirar a Igreja de trás das portas trancadas senão um Pentecoste. Podeis aumentar a beleza de seu ritual; melhorar a qualidade e a quantidade de sua educação religiosa, elevar o padrão e as qualificações do seu ministério ao mais alto grau; despejar dinheiro a manchetes nos seus gazofilácios, dar-lhe, enfim, tudo, tudo menos esta única coisa que o Pentecoste dá, e estareis apenas ornamentando um cadáver. Até que este fato sagrado se dê, a pregação é simples preleção, a oração é mera repetição de fórmula, os cultos deixam de ser culto - tudo não passa de atividade terrena, circunscrita, inadequada, morta”.[2]

Não precisamos de mais estrutura eclesiástica, nem de mais publicidade, nem de mais organização, precisamos de mais poder.

Conta-se que um pastor insistia com o vizinho da igreja para que fizesse uma visita, por anos a fio, porém, este vizinho jamais adentrou o templo. Um dia, porém, o pequeno templo teve um incêndio e todos que puderam se mobilizaram para apagar o fogo, inclusive o vizinho. Quando o pastor o viu, ali dentro, empenhado e ajudando os bombeiros, surpreso olhou para ele e lhe disse: “Até você por aqui? Você nunca veio antes e vem nos ajudar agora?”. E o vizinho respondeu: “É pastor, mas também sua igreja nunca pegou fogo antes”.

Como ser batizado?
O batismo ocorre quando nos rendemos e nos dispomos a Deus. Quando aceitamos a Jesus em nosso coração. Quando oramos a Deus e nos rendemos. Desistimos de nós mesmos. O batismo se dá quando recebemos Jesus em nosso coração.

Regeneração é obra do Espírito. Ninguém pode ser regenerado se nascer do Espírito. “Se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.5).  A obra do Espírito inicia o processo, o batismo com fogo é subseqüente. Não se trata de segunda benção, mas de uma entre tantas bênçãos continuadas. Enquanto o batismo com o Espírito nos salva, o batismo com fogo nos aquece, purifica e santifica.

 Conclusão:

  1. Mais que uma doutrina, um fato. Vida cristã não é um apanhado de conceitos bonitos sobre verdades transcendentais, pelo contrário, é a vida de Deus agindo em nós.

  1. Esta é a realidade mais urgente: tentamos fazer com esforço humano, mas o que importa não é o que fazemos, mas o que Deus faz em nós.

Precisamos pedir ao Espírito de Deus para que nos impulsione em direção a ele mesmo, para que sejamos libertos de nossa tendência ao e

segunda-feira, 2 de março de 2020

A Autoridade de Cristo no Evangelho de Marcos



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Relendo o Evangelho de Marcos, fiquei deslumbrado com o número de vezes que este Evangelista fala da exousia (autoridade de Cristo). Este é um tema muito comum nas cartas paulinas, mas assume uma nota marcante nos escritos de Marcos. Existe uma discussão muito clara em Marcos sobre a fonte da autoridade de Jesus, no cap. 11:27-33 Jesus não tenta responder a pergunta que os sacerdotes, escribas e anciãos lhe fizeram. Pelo contrário, força-os a refletir sobre a autoridade de João Batista, colocando-os numa situação de neutralidade condenatória. Jesus responde da mesma forma que eles, sem demonstrar interesse em discursar sobre a fonte de sua autoridade.

I.  Sua fonte de Autoridade
Marcos estabelece pelo menos cinco fontes:

1.     Sua coerência de vida
-Mc 1.22 - "Ao ensinar, não como os escribas".

            2. Sua intimidade com Deus
            -Mc 1.35 - "Alta madrugada"
            -Mc 6.30 -"Seus retiros espirituais" –Não sofria a tirania do urgente, reservava tempo para reflexão.

            3. Sua consciência vocacional
            Marcos procura revelar quão profundo era o sentimento de Jesus em relação ao seu ministério
            -Mc 1.38 - "Para isto vim..."
           
            4. Sua identidade: relação com o Pai 
            - Mc 11.15-19 - "A casa de meu Pai será chamada casa de oração..."
            - Mc 11.1-11 - "O Senhor precisa dele".          Ao ser questionado sobre sua fonte de autoridade, não se preocupa em responder. A parábola dos lavradores maus de Marcos 12, revela sua identidade e a consciência que ele mesmo tinha de herdeiro e filho legítimo da vinha.

            5. Sua humanidade, aceitação e amor
            -Mc 2.15-17 - Assenta-se com publicanos (traidores da nação), e gente de caráter reconhecidamente refutável.
            -Mc 14.3-9 - Aceita estranha adoração de uma mulher cujos convidados murmuravam  pelo simples fato de tê-la presente
            -Mc 14.17-21 - Convida para assentar à mesa um homem que  haveria de trai-lo, mesmo sabendo de antemão de suas intenções malignas

            6. Sua vitória sobre a morte
Não ficou na sepultura (Mc 16.6).

II. Áreas de autoridade
Marcos registra a autoridade de Jesus em várias áreas. Eis algumas delas:

1. Autoridade para ensinar

Jesus não era formado pelas escolas rabínicas. Ele não tinha autoridade institucional para ministrar. Entretanto, Marcos demonstra que Jesus assume esta autoridade.

-Mc 1.21-28 - "Como quem tem autoridade".
-Mc 12.28-34 - Um escriba se rende à sua sabedoria.
-Mc 12.37 - "A multidão o ouvia com prazer".

2. Autoridade para confrontar poderes demoníacos

Existe uma quantidade imensa de textos neste evangelho que demonstram esta autoridade de Jesus. Jesus está sempre dando ordens à potestades malignas sobre este assunto.
-Mc 1.23-27 - O espírito imundo em Cafarnaum
-Mc 1.34 -  Muitos demônios repreendidos
-Mc 1.39 - Pregando e expelindo demônios;
-Mc 3.11,12 - Jesus repreende espíritos imundos e os proíbe de falar
-Mc 3.13-15 - Autoriza seus discípulos a terem a mesma autoridade
-Mc. 5.1-14 - O endemoninhado gadareno

3. Autoridade para curar
Seu poder se manifestava também na sua capacidade de trazer normalidade à vida das pessoas.
-Mc 1.28-31 - A sogra de Pedro
-Mc 1.31-34 - Muitos doentes de toda sorte de enfermidades
-Mc 1.40-45 - Cura do leproso
-Mc 2.1-12 - Paralítico de Cafarnaum
-Mc 3.1-6 - Cura da mão ressequida
-Mc 5.24-34 - Mulher hemorrágica
-Mc. 5:35-43 - ressurreição da filha de Jairo.

4. Autoridade para agir sobre os fenômenos da natureza -
-Mc 4.35-41 - Acalma uma tempestade
-Mc 6.45-52 - Anda sobre o mar;
-Mc 11.12-14 – Amaldiçoando a figueira sem fruto Mc 11.20

5. Autoridade para perdoar pecados
- Mc 2.5-7 – Para espanto das pessoas presentes declarou o perdão dos pecados.

Para espanto de seus ouvintes, ele declara a libertação da culpa que estava sobre as pessoas. Curiosamente esta foi uma das mais questionadas.

III. Implicações desta autoridade

1. Sua autoridade é a-temporal
Marcos procura demonstrar o domínio eterno do Mestre.
-Mc 16.17 - “Estes sinais hão de acompanhar os que creem”. Ele é soberano eternamente.

2. Sua autoridade foi delegada à Igreja
-Mc 3.13-15 - Designou os discípulos para estarem com ele e os enviou a pregar.
-Mc 16.17-18 - Afirma que sinais e prodígios seguirão os seus discípulos.
-Mc 16.20 - Os discípulos tiveram a confirmação da delegação desta autoridade, ao ministrar sinais que se manifestavam quando pregavam o Evangelho.