Introdução:
A Igreja Metodista no Brasil tem nos seus estatutos o procedimento de aposentadoria compulsória aos 70 anos para pastores/as e bispos/as, resolução que já havia sido aprovado no 19° Concílio Geral, realizado em Brasília, em 2011. Para a denominação, a intenção da aposentadoria compulsória é para que aos 70 anos as pessoas possam usufruir de sua vida e família. Portanto, aos 70 anos o/a presbítero/a deixará de receber nomeação pastoral. O ministro receberá o acompanhamento de um/a presbítero/a como seu/ mentor nomeado/a por ele/a, com a finalidade de ajudá-lo/a a humanizar seu afastamento do ministério pastoral com nomeação episcopal, a pedido ou por idade. Obviamente este assunto gera sempre grandes controvérsias nos concílios da igreja e apaixonadas e acaloradas discussões.
Durante anos a Igreja
Presbiteriana do Brasil determinava que o pastor se aposentasse compulsoriamente
ao completar 70 anos de idade. Muitos chamavam esta decisão de “expulsória”. Pastores
eram obrigatoriamente jubilados, e não podiam mais ser presidentes de um
conselho, embora pudessem ainda participar das reuniões de concílios, pregar e
exercer funções pastorais como a ministração de sacramentos. Controvérsias e
disputas se deram em torno deste tema, muitos pastores deixaram o campo com o
sentimento de que poderiam ainda produzir mais e que tinham saúde suficiente
para continuar efetivamente no ministério. Recentemente foi aprovada uma emenda
na constituição, afirmando que não há mais limite de idade para a ação
pastoral. Embora entenda que muitos pastores tenham plena condição de assumirem
o campo com a idade de 70 anos, pessoalmente sou contra esta decisão pelas seguintes
razões:
A.
Temos no Brasil um grave problema
previdenciário. A maioria daqueles que se aposentam pelo INSS, sofrem uma perda
salarial tão grande, que muitos permanecerão no campo não necessariamente
porque estão realmente motivados pelo trabalho e tenham energia para as
atividades ministeriais, mas porque sabem como perderão no seu padrão de vida
se afastarem das atividades;
B.
Igrejas, na sua maioria, amam seus
pastores, ainda mais quando este exerceu longo tempo de ministério. Por esta
razão, mesmo que a igreja perceba que seu pastor, por causa da idade e saúde,
não tenha condições de continuar no ministério efetivo, não terá coragem de
dizer ao idoso pastor que saia. Isto soa como crueldade, falta de amor e
desconsideração. Teremos, portanto, um sério problema nesta área;
C.
Nem todos pastores tem senso critico
sobre sua força de trabalho e possibilidades ministeriais, diante disto, muito
dificilmente admitirão que é hora de parar. E se ele tiver uma personalidade de
forte liderança ninguém ousará, sem que cause grande estrago, dizer, ainda que
em amor, que ele precisa parar.
Um caso extremo se
deu na Assembleia de Deus de Governador Valadares, que pediu a retirada de seu
pastor presidente na direção da igreja por quatro décadas, e o pastor com 88
anos, se recusou a sair da liderança, apesar da igreja propor um salário
vitalício de 20 mil reais para que ele se jubilasse. Então os membros da igreja
resolveram protestar de forma nunca antes vista. Nos cultos da semana, enquanto
o pastor prega, a igreja se ajoelha, de costas para o púlpito e começa a orar,
numa verdadeira estratégia de guerra.
D.
Muitos citam Calebe, que aos 80 anos
afirmou estar tão forte como aos 40 anos. Se retirarmos a força poética desta
sua auto compreensão, alguém, de bom senso, pode admitir que isto é verdade?
Muitos poderão estar na ativa aos 80 anos, mas terão o mesmo vigor da meia
idade?
E.
Se já enfrentamos falta de campo para
os jovens pastores, podemos esperar cada vez mais dificuldades. Nos próximos anos,
pastores que teriam de jubilar, dando oportunidade para os novos ministros, se
manterão na ativa, criando situações nunca antes vistas na Igreja Presbiteriana.
Bem, deixando de lado
as observações relacionadas à denominação presbiteriana, a discussão ainda
continua: um pastor pode se aposentar?
Recentemente estava
planejando um encontro com alguns colegas da minha faixa etária, em torno de 60
anos, queria levantar algumas questões do tipo:
ð A
terceira idade está chegando (chegou), qual deve ser nossa atitude?
ð Estamos
nos preparando para este momento: tanto física, emocional, espiritual e
financeiramente?
ð Como
tem sido nossa experiência de envelhecer no ministério?
ð Como
estamos chegando no ocaso de nossas atividades?
ð Como
preparar a próxima geração e passar o bastão? A corrida de 4 x 100 sempre me
pareceu interessante, e podemos compará-la com a transição de liderança, por
várias razões:
i.
O atleta deve passar o bastão em
movimento, não pode parar...
ii.
Há um tempo determinado para se passar
o bastão. Não pode ser antes da linha, nem depois, senão é desclassificado.
iii.
O bastão não pode cair... se isto
acontece a corrida acaba.
iv.
O atleta que vem em velocidade caminha
por um determinado tempo com o atleta que estava parado, até alinhar a
passagem.
Na discussão, queria avaliar
como poderemos ser mais objetivos e efetivos na medida em que nos aproximamos
da aposentadoria, com mais experiências e menos energia. Já tinha até ideia do
local e do tema do encontro: “Proibido para menores de 50 anos”. Já havia
conversado com alguns colegas que acharam interessante a proposta, até que
convidei um querido colega, por ser ele meu amigo há
longo tempo, e pela sua grande formação em psicologia, área na qual ele
concluiu seu doutorado.
A princípio ele se
mostrou receptivo, mas ao retornar para sua casa, fez uma belíssima explanação
questionando a agenda proposta. Acho que suas ponderações não devem ser
desprezadas e não me senti aborrecido em nenhum momento, pelo contrário, suas
teses descritas com cuidado, me pareceram muito razoáveis, embora não tenham
sido plenamente resolvidas em minha mente. Leia o seu texto e avalie sua
posição:
Sobre seu convite para a gente pensar a aposentadoria.
Desculpe amigo, não posso ir. Estive hoje “conversando” com Moisés e ele disse que com os seus oitenta anos está começando o seu ministério e não tinha tempo para conversar com pessoas que estavam desistindo dos desafios para pensar em aposentadoria.
Fiquei meio envergonhado, quando fui “conversar com Calebe, pedindo o conselho dele. Até pensei em parar os afazeres para gastar tempo com esse assunto sobre conforto e descanso no início da terceira idade. Mas, “recebi uma mensagem....resposta de Calebe dizendo que também não poderia estar presente pois, embora com oitenta e cinco anos, estaria envolvido com a geração mais jovem no processo de tomada da terra prometida. Foi um tremendo impacto na minha vida com cinquenta e sete anos, e ele com oitenta e cinco dizendo que estava pronto pra entrar na guerra lutar e sair dela com a força do Senhor.
Desculpe meu amigo, fiquei interessado em gastar tempo com o assunto, pois acho importante investir num plano de aposentadoria possível, e estou fazendo isso, bem como construir alguém imóvel para família, o que também tenho feito. Mas, “me encontrei” com o apóstolo Paulo e ele disse que também não pode ir... embora quisesse participar da doce comunhão de irmãos experientes no ministério, mas perdeu tudo por amor a Cristo, está preso e pobre, animadíssimo com o ministério na sua velhice, e só não ia continuar o ministério, pois infelizmente, descobriu que está para ser morto pelo império. Já sabe que não terá aposentadoria...
Desculpe amigo, penso que é melhor fazer como você tem feito, servindo ao Senhor, escrevendo seus livros, vivendo a igreja e impactando uma nova geração de líderes na plantação de novas igrejas.
Nisso sim, estou contigo, vibro pelo privilégio de não me ter agarrado a nenhuma estrutura como se fosse minha até o momento. Quero gastar meu tempo ajudando na pregação do evangelho, fazendo discípulos maduros e capacitados para exercerem liderança de influência na terra, e se o Senhor se agradar, como você mesmo disse, espero deixar com outros irmãos, algumas igrejas plantadas para a glória do Senhor.
Permita-me testemunhar: tem sido privilégio imenso formar líderes nos seminários, participar da renovação de sonhos nos cursos de mestrado nos quais ministro, pastorear pastores por meio do Life on Life...Poderia até achar que não precisaria fazer mais nada...mas quero viver o discipulado, como você disse...dando passos a mais, batizando pessoas e plantando igrejas para futuros pastores cuidarem delas...sou imensamente grato ao Senhor pelo chamado, diante do qual em nenhum dia sequer pensei em desistir...
E você, o que pensa
sobre isto? Qual sua conclusão?
Bem, queria ponderar
um pouco sobre isto a partir das Escrituras, e depois trazer alguns insights
práticos. Me sentiria muito feliz se pudesse receber feedbacks, favoráveis ou
não, aos meus arrazoados.
Tempo de ação sacerdotal
no Antigo Testamento
Estudar a Bíblia é a
única forma que temos para nos livrar de pressões sócio-culturais e extrairmos
os princípios bíblicos. Será que a Bíblia diz alguma coisa sobre este tema? Embora
ela não fale das funções leigas nem fale de aposentadoria, os levitas tinham
seu trabalho no tabernáculo claramente regulamentados por Deus.
“Ordenou a Moisés: E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Este é o ofício
dos levitas: Da idade de vinte e cinco anos para cima entrarão, para fazerem o
serviço no ministério da tenda da congregação; Mas desde a idade de cinquenta
anos sairão do serviço deste ministério, e nunca mais servirão; Porém com os
seus irmãos servirão na tenda da congregação, para terem cuidado da guarda; mas
o ministério não exercerão; assim farás com os levitas quanto aos seus deveres”
(Nm 8.23-26) .
Os levitas se
aposentavam, mas não se retiravam de todo o serviço. Eles ainda podiam voluntariamente
“ministrar aos seus irmãos na tenda de
reunião, cuidando da obrigação”. Eles provavelmente serviam de conselheiros
e ajudavam a cuidar de parte do trabalho mais leve incluído na obrigação dos
levitas, mas eram poupados do trabalho mais pesado, que incluía montar e
desmontar o tabernáculo, ajudar eventualmente nos sacrifícios, cuidar do templo
e de sua manutenção..
Quando Ezequiel
começou a ter suas visões ele tinha cerca de 30 anos (Ez 1.1), idade em que os
sacerdotes começavam suas atividades. Quando teve sua última visão, tinha 50
anos, a idade em que um sacerdote se aposentava. Isto é muito significativo.
A Bíblia não declara
especificamente a idade para a aposentadoria dos sacerdotes. Há uma inferência que
o mesmo critério aplicado ao levita era o do sacerdote. Entretanto, a função do
sumo sacerdote era vitalícia (Nm 8.24,25). Arão tinha 83 anos de idade quando
compareceu com Moisés perante Faraó. (Ex 7.7) e tinha 123 anos quando morreu.
Durante todo este tempo ele serviu, sem se retirar do cargo. (Nm 20.28). Em Números observamos que o homicida que
fosse para as cidades refúgios, só poderiam sair de lá quando morresse o sumo
sacerdote (Nm 35.25).
Um pastor se
aposenta?
No sentido estrito do
termo pastor não se aposenta. Ele jubila. A palavra latina emeritus, está no dicionário Aurélio e significa simplesmente
jubilado. Não se trata de alguém que encerrou as suas atividades, que terminou
seu mandato. Não há como se aposentar do ministério, porque aposentar significa
parar ou não trabalhar mais. O pastor continua sendo pastor.
Numa conversa recente
com minha esposa, eu disse que nunca deixaria de ser pastor porque pastorado
para mim não é profissão, é chamado. Portanto, posso me afastar das funções eclesiásticas
e administrativas, e gostaria de fazer isto aos 65 anos, mas em hipótese alguma
cogito me afastar da ação pastoral. Interiormente creio que serei melhor
pastor, afastando-me das exigências denominacionais que desgastam tanto e que
ocupam tanto minha agenda, e me aplicando mais ao dom pastoral. O oficio
pastoral é bem mais complicado...
Num
sentido estrito, o mesmo se aplica aos cristãos. Um crente deveria se
aposentar? Todos fazemos planos acerca do futuro, a possibilidade de ter tempo
para gastar com aquilo que gostamos, sem bater o ponto, sem ter que estar
pensando nas atividades diárias, maçantes e rotineiras. Embora não seja pecado
prepararmos para a aposentadoria, nossa vida não pode refletir apenas o desejo
de bem estar e conforto, mas de missão, vida de compromisso com o reino de
Deus. O salmista afirma: "Louvarei ao Senhor por toda a minha vida;
cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu viver." (Sl 146.2). Desta
forma, um discípulo de Cristo nunca deve abandonar a obra, mas deve morrer
glorificando a Deus em sua vida e compromisso com o reino de Deus, afinal,
nossa vida deve ser vivida para a obra de Deus. Enquanto vivermos devemos
prestar nosso louvor a Ele. Nunca devemos pensar que já trabalhamos o
suficiente para Deus e agora devemos parar.
Qual a vontade de Deus
para a aposentadoria? Devemos seguir aquilo que Deus pede de nós; Uma coisa é
nos aposentarmos da vida cotidiana; outra é nos aposentarmos de Deus. O site got questions, traz algumas diretrizes
interessantes sobre qual deve ser o ponto de vista cristão sobre a
aposentadoria.
1) Talvez nos aposentemos
do ministério “tempo integral”, mas nunca devemos nos aposentar de servir a
Deus, mesmo que a forma na qual O servimos mude. Há um exemplo das pessoas bem
idosas em Lucas 2.25-38 (Simeão e Ana) que continuaram a servir ao Senhor
fielmente na sua velhice. Essa passagem se refere a uma viúva idosa que
ministra ao Senhor no templo diariamente com jejuns e orações. Tito 2 afirma
que os homens e mulheres mais velhos devem ensinar aos mais jovens a como se
comportarem através de seu exemplo.
2) Os anos de
aposentadoria não devem ser vividos apenas para divertimento. Paulo diz que uma
viúva que vive para prazeres já está morta, apesar de ainda viver (1 Tm 5.6).
Contrária à instrução bíblica, muitos pensam na aposentadoria como “busca de
divertimento”. Isso não significa que os aposentados não possam desfrutar do
lazer e atividades sociais ou outras atividades. No entanto, esse não deve ser
o foco principal de sua vida, qualquer que seja sua idade.
3) Na segunda carta
aos Coríntios 12.14 Paulo afirma que os pais devem economizar para os seus
filhos. De longe, a coisa mais importante que deve “guardada” é a herança
espiritual que pode ser passada aos filhos, netos e bisnetos. James Dobson, no
seu livro, Straight Talk to Men and Their Wives, fala do seu avô que, durante
os seus anos de velhice, passava uma hora por dia antes do almoço orando por
seus descendentes, tanto os que já viviam quanto os que ainda iam nascer. Um
dia ele anunciou à sua família que Deus o informara que todos os seus descendentes
até a quarta geração iriam se tornar Cristão. James Dobson era dessa quarta
geração e realmente todos os que foram das gerações anteriores não só se
converteram, mas eram ministros ou se casaram com ministros da denominação da
qual o seu avô tinha sido parte. James Dobson era o primeiro a não entrar no
ministério.
Em resumo, quando
alguém chega à idade de aposentadoria (qualquer que seja), sua vocação pode
mudar, mas o trabalho principal de sua vida não muda. E geralmente são esses
“anciãos” que, depois de andarem com Deus por todas as suas vidas, podem
retratar as verdades da Palavra de Deus ao compartilharem como Deus tem
trabalhado em suas vidas. A oração do salmista deve ser nossa oração à medida
que envelhecemos (Salmo 71.18): “Agora
também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até
que tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os
vindouros.”
O Cristão não deve
nunca se aposentar do serviço cristão; ele apenas muda o endereço do seu
trabalho.
Repensando
a forma de fazer ministério
Refletindo sobre este
tema, tenho considerado numa “agenda positiva”, para pastores aposentados ou em
processo de se aposentar:
Primeiro, evite transições
traumáticas.
Muitos pastores fazem
um belíssimo trabalho em suas igrejas, eventualmente durante décadas, e saem amargurados,
ressentidos do tratamento recebido, simplesmente por não entenderem os sinais
de desgaste e não compreenderem a hora de sair. Todo pastor deveria sair com
honra de seu ministério, principalmente quando exerceu longa, fiel e
produtivamente seu pastoreio.
A vida tem ciclos, e não
é fácil ser otimista em cada uma destas etapas. Imagine um funcionário que serviu a mesma empresa
por anos, e precisa abandonar sua mesa; ou um idoso que precisa morar com seus
filhos e deixa a sua casa porque a idade não lhe permite mais morar sozinho,
deixando seus velhos móveis que faziam sentido para ele mas não podem ser levados
onde vão morar.
Creio que nestas horas, por causa da dificuldade em
entender processos, podemos perder a alegria de tudo que fizemos, e envelhecer
com celebração na alma. Há um grande risco da amargura e ressentimento
dominarem o coração de um velho pastor. Cada um de nós conhece várias histórias
positivas e negativas de pastores que sofreram ou lidaram bem com esta transição.
Segundo, se prepare
financeiramente para este tempo.
Vivemos num país com
um sistema de aposentadoria muito cruel. Durante 38 anos contribui para o INSS,
pensando na minha aposentadoria. A maioria dos pastores não pensa em nada
disto, sempre dando desculpas de ganhar pouco e responsabilizando a igreja e missão.
Desculpe, mas isto é responsabilidade sua. Você tem que planejar! Não arranje
bodes expiatórios... seja proativo!. Infelizmente, depois de 38 anos, vejo que
o que recebo é insuficiente para minhas demandas. Felizmente tenho outros
investimentos que me dão suporte. Então,
você que ainda tem tempo, planeje sua vida. Conheço bons profissionais que
tratam disto e boas empresas nesta área. Fale comigo e eu lhe encaminho contato
de pessoas sérias e cristãs para você fazer seu planejamento financeiro. Quanto
mais cedo começar, menor será o investimento e melhor será sua aposentadoria.
Terceiro, se prepare
emocionalmente
Não é fácil abrir mão
do salário, mas pior ainda é abrir mão do poder. Pastores são líderes, as
pessoas nos ouvem, somos “presidentes” do conselho local de uma igreja, as
pessoas nos respeitam pelo cargo. De repente, a liderança não é mais nossa. O novo
pastor que chega tem outra visão, e muda tudo o que você planejou, e ninguém quer
ouvir sua opinião e, mais ameaçador ainda, todos estão muito felizes... Obrigado!
Tenho um bom e confortável escritório, onde reúno minha equipe, dou as
diretrizes, lidero a igreja. Alguns dias atrás olhei para as estantes com
aquele tanto de livro e me perguntei como será tirar todos eles da prateleira?
Se não nos
prepararmos sofreremos demais... nos preparando, sofreremos...menos!
Seja como for, não envelheça
aborrecido e ranzinza. Não seja um velho pastor chato, criticando a juventude,
achando que seu tempo é que era bom, e que você era o melhor pastor do mundo. Você
sabe que não era... Sua igreja sabe que você não era... Não saia chutando o
balde, acusando e brigando com todos. Saia com honra! A igreja provavelmente
vai lhe dar uma placa de reconhecimento, uma sala com seu nome, e, se for muito
generosa, um complemento salarial ou um plano de saúde... Sua denominação? Fará
um culto de jubilação, lhe dará uma placa, publicará seu nome numa ata e num
jornal que ninguém lerá... ria disto! Não transforme isto num pesadelo. Seja sensato...
Um
exemplo simples
Meu sogro, Rev.
Samuel José de Paula exerceu fielmente o ministério pastoral como pastor
efetivo da IPB, por 37 anos. Quando completou 65 anos, aposentou e interrompeu
suas atividades ministeriais para dar apoio aos sogros. Ao chegar a Piracicaba-SP,
procurou o pastor da igreja e disse: “Estou me mudando para cá, minha esposa é
pianista e regente de coral, queremos servir à igreja, mas não queremos vinculo
oficial. Se o Senhor precisar de nós, queremos servir como pessoas que amam a
Deus. O pastor local, sabiamente pediu para que ele assumisse o ministério de
visitação, o trabalho masculino, a reunião de oração, e eventualmente aulas na
Escola Dominical. Um dia o conselho vendo seu amor pela obra, com amor e sensibilidade,
decidiu dar-lhe um salário, ele recusou: “Não quero vínculos, quero estar livre
para visitar meus filhos e sair quando quiser”. Ainda assim, o conselho
resolveu conceder, vitaliciamente, sem qualquer contrapartida oficial, um
salário mínimo mensal, que complementava a sua pequena aposentadoria no INSS.
Quando já estava com
81 anos, continuava exercendo fielmente o ministério, nos termos que ele mesmo
estabelecera. Um dia, foi visitar um casal da igreja que estava ausente,
aconselhou e ouviu algumas críticas pastorais. Meu sogro os encorajou a
voltarem para a igreja. No dia seguinte, depois de uma visita médica de rotina,
sofreu um AVC hemorrágico, entrou em coma e uma semana depois morreu. Assim,
ele produziu fruto, até o último dia de sua vida.
Este casal,
posteriormente comovido disse: “Se o Rev. Samuel foi enviado por Deus para realizar
seu último pastoral em nossa casa, é porque Deus estava certamente preocupado
com nossa vida”, e assim, os dois retornaram aos seus compromissos como membros
daquela igreja local.
Sua aposentadoria não
significou apatia ou reclusão. Significou mudança de atividades e formas diferentes
de realizar seu ministério. Nunca se afastou do presbitério, cuidava da
secretaria de ação pastoral e em todos os aniversários dos pastores e esposas
de pastores do presbitério, enviava uma carta pessoal de parabéns e
encorajamento, e muitas vezes visitava a todos para orar pelas suas vidas, famílias
e ministério.
Post
Scriptum
Uma advertência
Bíblica parece ser apropriada. Paulo afirmou: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo
pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Co 9.27). Não
dá para chegar no final do segundo tempo, desqualificado, depois de tanto
preparo, investimento e sacrifício. Não estamos numa corrida de 100 metros
rasos, mas numa maratona. “Aquele que
perseverar até o fim, será salvo”. A corrida ainda não acabou! Precisamos avançar
olhando firme para o Autor e consumador da nossa fé.