Desafios da Igreja
no
Século XXI
Introdução
A Igreja de Cristo sempre teve
grandes desafios no decorrer da sua história, e em cada geração teve que
responder às questões e necessidades que surgiam. A Bíblia afirma que “tendo Davi servido à sua própria geração,
adormeceu” (At 13.36). Ele não foi chamado por Deus para exercer seu
ministério e testemunho em outra geração. Seu chamado era para seu tempo. Por
isto, a Reforma adotou o lema: “Igreja reformada, sempre reformando-se”, por
entender que as questões e angústias de uma geração tendem a mudar diante dos
novos dilemas éticos e culturais que surgem.
Os problemas que Lutero e Calvino
enfrentaram no Século XVI, são muito diferentes dos atuais. Responder a estes
desafios atuais exige intencionalidade e força de vontade. No Século XXI, são
inúmeros os desafios, temos diante de nós uma lista quase inesgotável, por isto
decidimos enumerar alguns para nossa reflexão.
Eis alguns destes desafios:
-
O
Desafio Comunitário – Resgatando o sentido de viver em comunhão.
-
O
Desafio Teológico – Resgatando as doutrinas essenciais da fé cristã
-
O
Desafio hermenêutico – Traduzindo o evangelho para esta geração.
-
O
Desafio da Evangelização – Comunicando efetivamente a mensagem.
-
O
Desafio Social da Igreja ou o desafio da Compaixão – Estendendo a mão aos que
sofrem
-
O
Desafio devocional – Vivendo uma vida de adoração
-
O
Desafio Missionário – Olhando o mundo como alvo do amor de Deus.
-
O
Desafio Apologético –. Dando respostas honestas a perguntas honestas.
-
O
Desafio Terapêutico – Curando as feridas de uma sociedade aflita.
1.
O Desafio Comunitário
Resgatando o sentido de viver em comunhão.
Introdução:
Scott Peck, renomado psiquiatra
cristão, no seu livro “The Different Drum” inicia a discussão sobre a
necessidade da sociedade moderna de encontrar o sentido mais profundo na
experiência de vida em comunidade e reaprender conceitos ancestrais acerca
sobre vida em comum. Sua primeira me fez fechar o livro e repensar não apenas a
pastoral hoje adotada, mas meu estilo de vida pessoal. "In community lies
our hope" (Em comunidade, encontra-se a nossa esperança).
De fato, nada é mais doentio e
traz mais enfermidades na sociedade moderna que a ausência de vida comunitária
significativa. O Pr. José João, de Manaus, afirma que nunca encontrou doentes
mentais na população ribeirinha no Amazonas, sua tese é simples: “Doença mental
é conseqüência da vida urbana”.
Naturalmente sabemos quantos
danos a despersonalização e o anonimato dos grandes centros urbanos podem
causar às pessoas. Existe muita doença da solidão, do distanciamento, do
anonimato, da falta de solidariedade e ausência de amizade e sentido no
convívio com uma comunidade. As sociedades primitivas sempre primavam pela vida
em sociedade. O individualismo atual é conseqüência da sociedade burguesa e
capitalista, e uma realidade relativamente nova. Em geral, aldeias, tribos e
clãs, tinham um forte senso de pertencimento e valoração grupal. A vida de
então, embora tivesse uma série de dificuldades, alicerçava-se nesta
troca.
Ao nos referirmos à comunidade,
precisamos desmistificar alguns conceitos:
1. Não estamos falando de
uma instituição – Muitos acreditam que por se tornarem membros de um clube
ou de uma igreja, estão encontrando uma comunidade. Certamente podemos
encontrar senso comunitário em instituições, mas nem sempre elas são capazes de
gerar comunhão, ou vida em comum. Não é sem razão que muitas pessoas
frequentadoras de igrejas, ainda não se filiaram às mesmas. São crentes, mas
não pertencem a um grupo, criando uma forma de cristianismo adoecido.
No Brasil, segundo dados
estatísticos do IBGE (2008), 4% da população se intitula Evangélica,
não praticante, isto dá um número assombroso de 3.8 milhões de pessoas sem
vínculos com as denominações. Eu sempre pensei que ser evangélico implicava de
forma natural num compromisso comunitário, mas isto não é verdade para esta
geração atual. Sou pastor de uma igreja com mais de 1000 membros, e sempre
lutei para que os membros de nossa comunidade não fossem participantes apenas
domingueiros. Recentemente fiquei chocado numa estatística do nosso
Departamento Infantil com quase 300 crianças inscritas, que nossos membros não
são dominicais, mas quinzenais. A realidade, portanto, é pior do que imaginava;
2. Não estamos falando de
uma sociedade mística, de um grupo de fanáticos religiosos em transe num final
de semana. Grupos místicos tendem a ter forte senso comunitário, mas isto não
lhes garante vivência e aprendizado em comum. Estamos nos referindo a pessoas
entenderam a obra de Cristo para suas vidas, e que sentem necessidade de
entender o significado de discernir o corpo como afirmou Paulo: "Quem come
e bebe sem discernir o corpo, como e bebe juízo para
si". Disciplinamos pessoas e as afastamos da ceia e da comunhão a
pessoa que tem uma queda espiritual, mas Paulo está falando de algo mais grave.
É perigoso, espiritualmente, participar da ceia se fosse é incapaz de abraçar o
irmão que está assentado no banco à sua frente.
3. Comunidade não é um “sanatório
espiritual”, termo cunhado por Bonhoeffer. “Muitos culpam o grupo que pertencem
pelo fracasso pessoal... A pessoa que busca comunidade porque está fugindo de
si mesmo , está fazendo mal uso desta grande experiência”. Há muita doença
relacionada à comunidades enfermas e marcadas por patologias, tais como,
legalismo, proibições excessivas relacionadas à usos e costumes, autoritarismo
e koinonite.
4 . Comunidade não é uma
modalidade de esporte para expectadores – Muitas vezes este é o sentimento
que o pastor tem. Que ele é um cheer
leader, ou atleta performático, tentando manter a adrenalina
de das pessoas que se assentam nos bancos esperando um bom programa de teatro
ou uma bela apresentação musical ou um discurso eloquente. Barna afirma. Um
estilo de vida comunitária, baseada na Bíblia, "é uma maneira de vida, em
que a pessoa atua como participante direta. Sentem-se compelidos, pela força da
sua chamada e de sua vontade, e não por causa da mera obrigação ritualista, a
desempenhar um papel no trabalho da igreja”
CARACTERÍSTICAS MARCANTES
Ao falarmos de comunidade,
existem algumas características marcantes:
A. Senso de
Pertencimento – Ruptura com o isolamento e anonimato.
Isto revela que existe um povo ao
qual me reporto e ao qual estou ligado afetiva e institucionalmente em termos
de propósitos.
Certa mulher adoeceu e o médico a
proibiu de sair de casa, afirmando que ela precisava de repouso absoluto. Ela
virou de forma espontânea para o médico e disse:
"-Mas doutor, e a
igreja?"
E ele respondeu de forma
simpática: "-Eles nem sentirão a falta da senhora",
e ela replicou: "-Não eles
que sentirão falta de mim. Eu é que sentirei falta da igreja".
Outra senhora foi questionada por
membros de sua família por viver em torno da vida da igreja e das suas programações
e, para escândalo deles, ajudar financeiramente. E ela respondeu: “Não tenho
nenhuma dificuldade em repartir daquilo que tenho com minha igreja e levar meus
dízimos. Quando estou sozinha, eles me visitam; quando estou desencorajada,
eles me encorajam e oram comigo; quando não posso ir à igreja, alguém passa de
carro e me apanha em casa”.
Ora, quando este senso de
pertencimento marca a vida de uma pessoa, podemos criticá-la como quiser , mas
certamente ela encontra sentido de fazer parte, ser verdadeiramente
membro de um grupo que preenche emocional e espiritualmente sua vida.
B. Fonte de conforto e vida –
Apoio espiritual e humano
Uma das consequências de uma
comunidade saudável, é que ela se torna fonte de acolhimento e cuidado. Em
tempos difíceis, tal comunidade ampara, cuida e protege. Há um sentido de calor
humano, senso de apoio e acolhimento.
Uma igreja amável e acolhedora
está em contato com as necessidades daqueles que dela participam. Ela está
protegida espiritualmente, numa linguagem pentecostal ela tem "cobertura
espiritual", e ali ela se sente amada.
Uma das pessoas mais assíduas e
envolvidas na vida da igreja que pastoreio é a D. Nelse. Ela atualmente
encontra muita dificuldade de vir à igreja. temos um sistema de Kombi que traz
as pessoas incapacitadas à igreja, mas mesmo assim ela ainda encontra
dificuldade em estar conosco. Uma coisa, porém, é certa. Estar na igreja para
aquela mulher é uma das experiências mais renovadoras e confortantes de sua
alma. Ela não cessa de, carinhosamente, abraçar seus pastores e dizer que os
ama. com dificuldades para se locomover, se comunica com todos ao redor do
banco onde costuma se assentar. Ela encontrou comunidade, conforto e alegria na
sua igreja.
“Igrejas amáveis e acolhedoras
demonstram, de forma coerente, sua capacidade de identificar pessoas em seu
meio, que sejam capazes de ministrar a quem tenha necessidades especiais”
(Barna).
C. Senso de apoio e acolhimento – Espaço para proteção e
cuidado
Uma comunidade torna-se fonte de
sustentação para muitas vidas, em tempos de perdas e tragédias. Muitas pessoas
relatam que não saberiam como conseguiriam enfrentar o luto, ou o divórcio, a
doença, sem a presença de membros de sua comunidade. A presença física de
outros cristãos é uma fonte de incomparável alegria e força para outros
crentes.
Quando falamos de igreja, temos
ainda que considerar a natureza desta comunidade. “Cristianismo significa
comunidade através de Jesus Cristo e em Jesus Cristo. Nenhuma comunidade cristã
é menos que isto... cristãos precisam uns dos outros, por causa de Cristo” e a
Palavra de Deus nos fala da natureza da comunidade que seria criada.
Uma comunidade em torno da cruz
O Profeta Isaías ao descrever o
sacrifício de Cristo afirma que o Servo sofredor, veria “o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficaria satisfeito"
(Is 53.11).
O que Jesus antevia?
Um povo redimido por seu sangue,
lutando o bom combate da fé e proclamando as virtudes de sua obra expiatória. A
igreja de Cristo está fundamentada no sacrifício expiatório e substitutivo da
cruz. Ela se fortalece em torno da cruz. A Eucaristia é a atualização e
dramatização desta mensagem. "Isto é o meu corpo, bebei dele
todos".
Uma comunidade firmada no amor
Jesus afirmou que uma das
características dos seus discípulos seria o amor: “Nisto conhecerão todos que
sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 14.35).
O historiador romano Tácito, que
viveu nos dias de Paulo e Pedro, não era cristão, mas nos seus anais mostra a
crueldade de Nero contra o povo de Deus: "Cobertos com peles de bestas os
cristãos eram rasgados por cães e pereciam, ou eram pregados em cruzes e
consumidos por chamas para servirem como iluminação noturna nos jardins de
Nero". Este mesmo Tácito, ao ver o comportamento dos cristãos, fez uma
declaração que se tornou célebre: "Vede como se amam mutuamente e como
estão prontos a morrer um pelo outro! Eles não apenas amam os membros de sua
comunidade, mas amam indiscriminadamente os outros”.
Esta é a realidade da igreja de
Cristo.
Uma comunidade marcada pelo
amor.
iii. Uma comunidade
orgânica – A ênfase da Bíblia sobre a igreja não se refere a uma
organização, e sim a um organismo. Trata-se de um corpo, no qual, todos os
membros, pela justa cooperação de cada parte, edificam a si mesmos em amor (Ef
4.16).
A fé cristã desenvolve-se
comunitariamente. “Não é apenas a fé que produz a comunhão. A comunhão produz a
fé. Muita coisa se pode sozinha sem comunhão, menos ser cristão. A fé só pode
vingar na comunhão”.
Numa época onde há uma tendência
tão presente de querer viver o cristianismo de forma isolada da vivência
comunitária, precisamos lembrar que somos um corpo, e "todo corpo, bem
ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação
de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em
amor" (Ef 4.16).
INIMIGOS DA COMUNIDADE
Existem, porém, alguns inimigos
de uma comunidade. Vamos considerar alguns deles:
1. Hipersensibilidade
Viver em comunidade significa
relacionar-se com pessoas diferentes com hábitos, culturas e comportamentos
distintos. Pessoas excessivamente sensíveis se ferem facilmente e não conseguem
senão isolar-se e distanciar-se. Líderes hipersensíveis são um desastre para um
grupo. Choques e diferenças de opiniões e idéias são inevitáveis quando se vive
em comunidade.
Particularmente tenho muita
dificuldade em trabalhar com membros hipersensíveis porque tenho absoluta
compreensão de que, mais cedo ou mais tarde, eu vou errar. Além do mais,
aprendi que hipersensibilidade é um forte sinal de narcisismo e egoísmo.
Pessoas assim não sobrevivem em momentos que exigem resiliência, perseverança e
perdão.
2. Mudança constante de membros
Comunidades precisam de tempo
para se fortalecer, criar laços e estabelecer vínculos profundos. Quando as
pessoas estão em constante mudança, chegando alguns e saindo outros, torna-se
difícil aprofundar os relacionamentos.
Existe um antigo ditado que diz
que é impossível se tornar íntimo antes de comer um saco de sal juntos.
Estabilidade é uma palavra importante para comunidade.
Com o surgimento de membros cada
vez mais consumistas, com exigências cada vez mais sofisticadas, e que não
querem pagar preço de perdoar, negociar projetos, ou que se sentem magoadas na
primeira vez que acham que uma pessoa não se importou com elas, gera uma
comunidade de pessoas imaturas e transeuntes constantes. Leva-se tempo para
experimentar vida em comunidade, no verdadeiro sentido do termo.
3.
Excesso de atividade
A sociedade atual possui uma
agenda muito complicada e cheia de compromissos, com fortes demandas de
urgência que solicitam o nosso tempo. Este pode ser um fator que compromete o
desenvolvimento de um senso comunitário.
Para se fortalecer vínculos é
necessário caminhar junto, ter programações planejadas ou informais para
caminhar juntos. Quando as pessoas são muito ocupadas, torna-se impossível
cultivar relacionamentos neste nível. Líderes da igreja, em especial, precisam
participar das atividades da igreja e se envolver no dia a dia da comunidade. Um
dos grandes desafios que temos quanto a isto se refere à líderes leigos de
comunidades que estão ocupados demais para dar parte de seu tempo à sua
igreja.
Minha sugestão nestes casos, a
pessoas interessadas em maior envolvimento, é que haja uma reprogramação da
agenda, negociando determinados pontos que podem ser substituídos e criando
novas resoluções e propósitos. Isto não apenas é salutar em termos comunitários
mas para a saúde física e emocional. Mesmo Deus, que teoricamente não precisa
de sábado para descansar, o criou para nosso benefício. Ele é nosso modelo. O
sábado não pode ser secundário, entendendo o sábado como uma dimensão de
descanso, e este sábado, pode ser no domingo ou qualquer outro dia da semana.
Já pensou em criar um sábado no meio de sua semana?
4.
Superficialidade de
relacionamentos
Quando a convivência não é
aprofundada, o senso comunitário torna-se vago e disperso. Grandes cidades e
centros urbanos encontram maior dificuldade em aprofundar relacionamentos, e
alguns, até mesmo buscam esta distância se isolando na sua
individualidade.
Certo pastor mudou de domicílio e
depois de alguns anos reencontrou uma família que fizera parte de sua
comunidade. Ele então perguntou qual igreja estavam frequentando e a resposta o
surpreendeu pois estavam numa mega-church conhecida pela teologia da
prosperidade e caracterizada pelo anonimato. Eles se justificaram dizendo
que se sentiam bem porque entravam e saiam e ninguém perguntava seus
nomes, não tinham compromisso com a comunidade, e não eram cobrados para receber
visita ou participar de pequenos grupos.
Este é o típico modelo de igreja
que pode até satisfazer uma cultura da despersonalização, mas que não é a
proposta bíblica de comunidade.
5.
Elitismo
Outro aspecto muito comum em
igrejas que possuem certo nível social. Sem perceberem, podem se tornar esnobes
e se distanciarem dos outros por causa do nível social e financeiro.
Na Igreja de Corinto Paulo viu
este tipo de atitudes em irmãos que desconsideravam os pobres, e nas festas de
ágape, tomavam antecipadamente sua própria ceia enquanto outros ficavam
com fome (1 Co 11.21).
o Elitismo pode ser até mesmo
intelectual. Pessoas que se tornam exigentes quanto aos sermões, escola
dominical, mas que não se preparam, elas mesmas para ministrarem a palavra de
Deus com mansidão, unção e graça às outras pessoas. O elitismo pode ser
espiritual. O apóstolo João teve que lidar com um grupo dos
"pneumatikois" (espirituais), que se julgavam superiores aos irmãos.
Paulo percebeu isto também na Igreja de Corinto, quando escreveu sua carta ele
diz: "Acerca dos dons espirituais
não quero que sejais ignorantes" (1 Co 12.1). Exegeticamente,
porém, ele está falando de algo mais sério: "Acerca dos espirituais – (peri
de ton pneumatikopn)". O problema não eram os dons espirituais, que
consumiam tanto tempo e preocupação da igreja nascente, mas dos
"espirituais". As pessoas que mais me dão trabalho na igreja são os
" espirituais".
6. Timidez
O lado oposto do elitismo. A
pessoa geralmente demonstra timidez por causa da introversão ou porque se julga
inferior ou acuada. Muitos culpam a igreja de não prestar atenção neles, mas
eventualmente eles mesmos são responsáveis, porque se isolam e se distanciam,
não por esnobismo, mas por dificuldade de estar em grupo.
Eventualmente precisamos nos
esforçar para nos aproximar, dialogar, conhecer pessoas diferentes. Gosto de
dar um exemplo para pessoas assim: Imagine que você está na sua casa, e um
amigo seu vem visitá-lo trazendo outro amigo que você não conhecia. O que você faz?
mesmo sendo tímido (a), você se esforçará para ser simpático. Não é verdade?
Assim deve ser seu procedimento na igreja.
7. Individualismo
Um inimigo mortal da comunidade,
pois opta sempre em se manter à distância.
Um dos maiores problemas do homem
moderno é a solidão. Não é sem razão que Scott Peck afirme que “nossa
esperança, enquanto sociedade, reside em comunidade”.
Meu amigo Carlos Alberto
Rodrigues Alves, escreveu este belíssimo poema:
"Nasci
num velho casarão de muitas janelas.
Vistas
para o jardim, para o rio, para a torre da igreja...
Penso
que a vida também tem infindas janelas,
Impossível
usufruí-la com uma visão individualista.
Precisamos
com/partilhar visões para enxergar todo o cenário.
Sábio
é o que agrega várias verdades para pintar mil horizontes.
VIVENDO EM COMUNIDADE
Para encerrar esta reflexão,
gostaria de sugerir 4 caminhos práticos para desenvolver uma experiência
comunitária. Todos nós devemos e podemos andar por eles:
A. ENVOLVENDO-SE
Para se viver em comunidade é
necessário que nos disponhamos a participar e a conviver com este grupo. Se
você quer intensificar seus relacionamentos com as pessoas de sua igreja, é
necessário que se disponha a participar de suas atividades. Para isto, procure
estar nos eventos da igreja, não é possível participar de todos, mas existem
encontros que seriam profundamente significativos em termos de comunhão, se
participássemos deles.
Se você é jovem, adolescente ou
criança, procure descobrir a programação de sua igreja. Em geral as igrejas
estão promovendo atividades lúdicas, retiros ou estudos bíblicos. Envolva-se.
Insira-se.
Se você é casado, sempre existem
propostas de encontro de casais. Se o programa não está do seu agrado, procure
saber se você pode contribuir para melhorar a qualidade daquilo que está sendo
feito ao invés de apenas criticar o que os outros fizeram. Se tem filhos
pequenos, provavelmente eles terão suas atividades especificas e você pode se
voluntariar para ajudar de alguma forma, levando crianças a eventos, ajudando
no departamento infantil ou apenas em eventos especiais. Sempre há muita
necessidade de pessoas voluntárias para atividades da igreja.
Outra forma de se envolver é
participando de um pequeno grupo. Se você está numa comunidade com mais de 200
pessoas, é provável que você não consiga conhecer a todos e saber seus nomes,
mas poderá, pelo menos, fortalecer sua comunhão com um pequeno grupo, ao qual
você se reporta, que sabe seu nome, suas lutas, ora por você e com quem você
estuda a Bíblia.
B. SUSTENTANDO
Outra forma de viver em
comunidade é tornando-se suporte para os eventos e programações do seu grupo.
Eventualmente o sustento pode ser financeiro, com necessidade de contribuição
espontânea, outras vezes é de tempo ou mão de obra, que implica nos talentos
que você possui.
Aprenda a se dispor, se oferecer,
dizer que está presente.
Numa pesquisa recente feita
Instituto Gallup nos Estados constatou-se que quatro em cada dez americanos
estão envolvidos em pequenos grupos que se reúnem semanalmente, buscando saída
para o envolvimento com drogas, problemas familiares, solidão e isolamento.
Embora muitos estejam em busca de uma oportunidade para aprofundar sua
experiência cristã e crescer no conhecimento de Deus, a maioria, segundo
Gallup, busca satisfazer suas necessidades pessoais.
C.INVESTINDO
Todo envolvimento comunitário tem
custo. Se você deseja incrementar e gerar vida comunitária, vai ter que dispor
de sua casa, seus recursos, seu tempo e talento. Toda programação tem
planejamento, preparação e precisa de dinheiro. Você não faz um jantar ou um
lanche na igreja ou na sua casa, sem que alguém prepare as coisas. Se deseja
convidar alguém para sua casa, é necessário dispor de seu tempo e espaço. Se
vai visitar alguém enfermo ou idoso, precisa sair de sua zona de conforto. Se
vai telefonar para alguém, precisa se dispor a fazê-lo.
Não existe almoço grátis. Não
existe culto bíblico sem custo. Discipulado sem compromisso. Salvação sem cruz
e morte.
D. DEMONSTRANDO
Para se viver em comunidade, é
necessário que aprendamos a demonstrar graça, simpatia, misericórdia e
perdão.
Existe muita dor na nossa
sociedade atual, e precisamos demonstrar empatia e aprender a chorar com os que
choram e alegrar com os que se alegram. Não é fácil chorar com os que choram,
mas muitas vezes é ainda mais difícil alegrar-se com os que se alegram. Imagine
que você esteja estudando e se aplicando para um determinado concurso, e no
final, outra pessoa da sua comunidade é aprovada e você não. Você acha fácil
alegrar-se com esta pessoa?
Muitas vezes precisamos
demonstrar graça com pessoas que na nossa visão precisava era de umas boas
palmadas. Como demonstrar misericórdia? Suportar pessoas insuportáveis?
Consumidores ou
Participantes?
Algum tempo atrás, escrevi no boletim
da igreja que pastoreio, a seguinte pastoral: Um dos grandes problemas da
igreja de Cristo sempre foi o fato de que ela tem um grande número de
consumidores e um pequeno número de participantes.
Deixe-me definir o perfil de cada
um destes:
O Consumidor é um expectador que
se aproxima da igreja como quem vai ao estádio, torce pelo seu time,
eventualmente paga o bilhete de entrada, mas não faz parte do time, já que ele
não se envolve. Se o show é bom ele aplaude e recompensa os atores, mas se é
ruim, vaia e busca um espetáculo melhor. Ele apenas consome. A Igreja é como se
fosse um grande supermercado que corresponde ao seu perfil de cliente. Ele
avalia e analisa as mercadorias, mas não se entrega. Ele não sente que faz
parte daquele grupo.
O Participante não vê a igreja
como um programa, mas como uma comunidade da qual faz parte. Ele se sente
chamado para o envolvimento com o grupo já que faz parte dele. Ele se envolve,
disponibiliza seus recursos, seu tempo, talentos, energia e criatividade. A vitória
do grupo é a sua vitória. Ele é dos atores voluntários da comunidade. Ele não é
alguém que “paga” o salário dos “atores”, mas faz parte do time e se sente
responsabilizado por sua vitória.
Como você participa de sua
igreja?
Consumidor ou participante?
Obs.
Para ter a continuacao deste artigo:
https://revsamucaestudos.blogspot.com/2018/12/2-o-desafio-teologico.html
e
https://revsamucaestudos.blogspot.com/2018/12/3-o-desafio-hermeneutico.html
Para ter a continuacao deste artigo:
https://revsamucaestudos.blogspot.com/2018/12/2-o-desafio-teologico.html
e
https://revsamucaestudos.blogspot.com/2018/12/3-o-desafio-hermeneutico.html
Se você quiser ler outros artigos e sermoes, meu blog é www.revsamuca.blogspot.com.
acesse tambem meu site
samuelvieira.com
acesse tambem meu site
samuelvieira.com
Recentemente recebi o encorajador e-mail do Pr. Silvio.
pretendo, em breve publicar os demais artigos, que já estão prontos, mas que precisam ainda de revisão.
Sou pastor Silvio, IB Em Maua, SP.
Estou iniciando uma pesquisa sobre o tema, e achei gratificante e esclarecedor sua abordagem no tópico 1 do material disponibilizado no blog
Gostaria se possível que o amado disponibilizasse os demais tópicos, quais sejam:
- O Desafio Apologético –. Dando respostas honestas a perguntas honestas.
- O Desafio de fazer missões- Olhando o mundo como alvo do amor de Deus.
- O Desafio da Compaixão – Estendendo a mão aos que sofrem
- O Desafio Terapêutico – Curando as feridas de uma sociedade aflita.
Aproveito para parabeniza-lo pela forma simples e suscinta da abordagem.
Se possível, gostaria de fazer uma coletanica, caso o amado me autorize.
Grato,
Pr. Silvio
Igreja Batista
11- 95488-3764
Faltou postaros demais temas que foram apresentados na introdução.
ResponderExcluirPerfeito!
ResponderExcluirGostei muito da sua explicação sobre a Comunidade, parabéns.
ResponderExcluirMe ajudou demais numa pesquisa de implantação na igreja. Obrigado!!
ResponderExcluirAchei muito saudável e oportuno a colocação de seu artigo, por certo de fácil entendimento e muito útil para fazer estudos apartir de seus tópicos.
ResponderExcluirmuito bom estudo mesmo... propicio para os dias atuais
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