Introdução:
Um caso de Estudo.
Boston é a capital intelectual da América do
Norte. É uma cidade elegante, charmosa, culta, berço do puritanismo na América.
Plymouth, uma cidade próxima mantém até hoje, por razões culturais e
turísticas, réplica do Mayflower, o navio que trouxe os protestantes da Europa
para um país que estava começando a se formar sob a égide do calvinismo bíblico
no séc. XVII.
Boston possui belíssimas praias, que são uma
verdadeira atração no verão, e fantásticas pistas de esqui no inverno, com
famosas universidades e centros culturais. Existem 107 universidades numa
população de 4 milhões de habitantes, incluindo duas entre as “Top Five” do
mundo: Harvard e MIT. Grandes redes de hospitais e pesquisas de ponta tem sido
desenvolvidas nesta região, pessoas do mundo inteiro chegam ali para aprender
um pouco mais dos seus centros avançados de pesquisa. Grandes teses tem sido
produzidas a partir de pesquisas daqueles laboratórios e nos seus centros
acadêmicos.
Toda esta beleza e intelectualidade esconde
uma trágica realidade. Atualmente é uma das regiões mais secularizados da
América. Entre 1996-2003, morei nesta cidade, e minha filha era a única
evangélica de uma enorme classe na High School de Medford.
Boston é uma cidade pós cristã. Os belíssimos
templos escondem fachadas de uma realidade que disfarça o templo presente:
Estão vazios! Ao caminhar em bairros nobres como Back Bay e Beacon Hill, é
possível apreciar belíssimos templos, monumentais construções e atraentes
arquiteturas, dando uma impressão inicial de um povo de muita fé, mas a
realidade espiritual destas igrejas é trágica. Muitas vivem de rendas de
aluguéis de imóveis e doações de famílias ricas, que rendem dividendos
financeiros e reúnem-se, na sua maioria, com 15-20 idosos, semanalmente, no
domingo pela manhã.
Pastoreei a cidade de Cambridge. Vizinha de
Boston, separadas apenas pelo Charles River. Ali existem grandes e majestosos
templos em processo de morte e esvaziamento. Igrejas presbiterianas, metodistas,
batistas e episcopais apresentam o mesmo cenário: cruel realidade espiritual de
igrejas que perderam a relevância para a cultura atual. Historicamente, porém,
esta região do Nordeste Americano, foi o berço de avivamentos históricos:
George Whitefield, que apesar de ser inglês, estava fazendo campanhas
evangelísticas na região quando faleceu; Jonatham Edwards, cujo ministério se
deu inicialmente em Northhampton, CT, próxima a Boston e Charles Finney, foram
alguns destes poderosos homens de Deus que sacudiram a nação americana com o
poder do Evangelho. O epicentro de todos estes avivamentos se deu na região de
Boston.
Na famosa universidade Harvard, existe no
principal portão, uma placa pouco difundida que fala do propósito pelo qual esta
universidade foi criada pelo piedoso professor de Escola Dominical, John
Harvard. Ela declara que a universidade foi criada para preparar ministros do
Evangelho na Nova Inglaterra, quando os puritanos ali chegaram. Eles decidiram
comprar esta área, até então isolada do centro, que ficava do outro lado do
rio, para preparar obreiros com boa base teológica e sólida espiritualidade, porque
estavam preocupados com a segunda geração que estava surgindo e sabiam, que era
necessário ter pastores preparados para cuidar das igrejas que brotavam. O que
vemos hoje em Harvard? Um dos maiores centros de secularização do mundo.
Milhares de filhos de pessoas milionárias, e brilhantes estudantes com bolsas
de estudo de seus países, provindos de toda parte do mundo, chegam para receber
informações e ter acesso a novas pesquisas nos campos de educação.
O que aconteceu com a universidade teológica?
Com o seminário? Encontra-se ali até
hoje, mas em total decadência espiritual. Quando ainda pastoreava naquela
cidade, o chefe dos capelões era Peter Gomes, pastor homossexual assumido. Num
dos cursos que me atrevi a participar foi ministrado pelo famoso teólogo Harvey
Cox que estava ensinando o conceito do “Cristo-cósmico”, afirmando que Jesus
seria uma dentre as muitas expressões cristológicas nas diferentes culturas.
Maomé, Buda e outros líderes religiosos seriam expressões distintas deste
Cristo, para culturas diferentes. O
resultado disto é a negação da unicidade cristológica do Jesus de Nazaré, que
seria apenas um dos cristos para um determinado segmento da raça humana.
Nossa igreja adquiriu ali um templo próximo à
Central Square, que possui uma magnífica catedral batista, com capacidade para
1.200 pessoas, onde Martin Luther King Jr chegou a pregar. Quando ainda
pastoreava ali, sabíamos que ela tinha apenas 22 membros que pagavam a um velho
pastor para dar atos pastorais e ceia, e recebia por 16 horas de trabalho
semanal.
O que
aconteceu em Boston?
Estima-se que exista em Boston apenas 1% de “born-again”, uma expressão que revela a
quantidade de pessoas “nascidas de novo”. Não é de assustar. Esta região já
ouviu falar do Evangelho e conviveu com sua pregação sem poder, e este discurso
levou toda uma geral a se acostumar com a Bíblia, sem ser transformado por ela,
trazendo descrédito em relação ao Evangelho. O conteúdo da fé cristã parece não
mais interpelá-los. Três motivos parecem ter contribuído para que esta região
chegasse a esta condição espiritual?
(a) 0 esvaziamento da mensagem nos púlpitos
- A Igreja perdeu sua autoridade e seu eixo central. As discussões sociais
tomaram o lugar da meditação da Palavra. O diabo inverteu o propósito original
como sempre fez com toda a criação de Deus. Harvard, por exemplo, que deveria
ser o centro da formação intelectual e espiritual dos novos pastores e das
futuras igrejas, desviou o seu conteúdo. Preocupou-se com a qualidade do ensino,
mas perdeu a unção do ensino.
O templo da Trinity Church, um exemplo do
tempo de ouro da igreja naquela região, está fincada no coração de Boston, e é
considerada a nona mais bela arquitetura da América do Norte. Ao lado do templo
vemos uma estátua do aclamado pastor Phillip Brooks, nela o artista retrata Jesus tocando seus ombros (unção); ele com a mão
sobre a Bíblia aberta (fundamento), e a cruz detrás dele (conteúdo). Infelizmente
esta realidade não está presente nem naquele templo vazio, que aos poucos se
transforma em museu, nem numa igreja congregacional que fica ao lado deste
templo, e que faz questão de afirmar num de seus panfletos comunitários: “Orgulhosamente anunciamos que somos a 127a.
igreja na América a aceitar homossexuais como membros da comunidade”. Dos 7
seminários tidos como evangélicos na região, apenas um crê na autoridade e
inerrância das Escrituras.
(b) - Descuido com a
geração seguinte: Ao analisar a condição destas igrejas, temos a sensação
de que a “Velha história”, contada pela igreja histórica, e que se constituía
no fundamento das igrejas, parece não ter chegado ao coração dos filhos.As
gerações seguintes ao avivamento não tiveram o cuidado de sustentar o mesmo
ardor e comunicar o mesmo Deus que conheceram aos seus filhos, assim como
aconteceu com o povo de Israel nos dias
que se sucederam à morte de Josué (Js 22.24). As gerações seguintes, vendo o
descaso com a fé, e o descompromisso dos pais com o Evangelho, rejeitarem a
religiosidade fria dos pais e jogaram fora o conteúdo que estava associado àquela
religião vazia. As pessoas ainda se declaram, na sua maioria, evangélicas, mas
os cartomantes, videntes, astrólogos e místicos, com propagandas agressivas nos
meios de comunicação tem substituído os pastores.
(c) - Inadequação e
contextualização – A comunidade que pastoreei naquela região, comprou um
belíssimo templo, construído em 1870, uma catedral gótica, que ficou fechada,
ao lado da Central Square, por 25 anos, sem cultos, sem conversões, sem
pregação da Palavra, e que, aos poucos, foi se deteriorando. A negociação com
os membros daquela antiga igreja foi feito com um senhor, o mais novo e lúcido
do grupo, que tinha 82 anos. Por que aquela igreja se esvaziou e acabou se a
cidade estava em franco crescimento populacional?
A história desta
igreja mostra que os americanos cristãos (brancos), com famílias estáveis, vendo
que a configuração da cidade mudava com a chegada dos negros, hispanos e asiáticos,
preferiram se mudar para o subúrbio, ao invés de encontrar uma resposta para a
nova comunidade que se formava em torno da igreja. Grandes centros facilmente
se tornam lugares de lutas, pobreza, violência, e os membros da igreja,
buscando auto-preservação e proteção decidiram se mudar dali e desistiram de
trazer resposta à uma nova geração e a nova configuração do local. O resultado
foi caótico: A cidade ficou entregue às trevas. O centro pensante e as vísceras
da cidade ficaram sem sal e luz que pudesse livrá-los da decomposição moral e
espiritual.
A realidade Brasileira
Estudiosos afirmam que
uma igreja encerra seu ciclo e deixa de existir num período máximo de 60 anos,
se não houver novas conversões (crescimento por evangelização) e se os filhos não
permanecerem na igreja (crescimento biológico). Num Congresso de Revitalização
de Igrejas que ministrei em
São Paulo , o presidente do Sínodo de uma grande denominação
histórica afirmou que em 2009, 199 igrejas não tiveram um novo batismo, e que
em 2010, nesta mesma denominação, 212 igrejas não efetuaram sequer um batismo.
Estas estatísticas são estarrecedoras.
Com o passar dos anos,
igrejas outrora fortes tendem a se manter num plateau ou eventualmente
declinar. Padrões e tradições que pareciam tão especiais parecem perder o
sentido. Por esta razão, existem centenas de igrejas perdendo seu vigor, e no
desespero por se manter, ao invés de olhar de forma crítica e piedosa,
tornam-se mais reativas e fechadas, numa tentativa de auto defesa. Parece a
reação de um fanático. Alguém definiu o fanático como a pessoa que, vendo-se
perdida, resolve correr ainda mais. Infelizmente a maioria das igrejas em
declínio não quer, ou não sabe fazer os ajustes necessários para se mover da
estagnação para a revitalização. Fazer as mesmas coisas do mesmo modo, não
trará vitalidade, afinal, mais da mesma coisa nos leva para o mesmo lugar.
Por outro lado, temos
igrejas, eventualmente nas mesmas denominações, vivendo realidades inteiramente
diferentes. Por que uma igreja cresce e outra não? Por que uma tem vitalidade e
outra não? Quais são as razões de declínio e crescimento das igrejas?
Para responder estas
questões, enumeramos alguns fatores que levam uma igreja à debilidade
espiritual e ao declínio de uma igreja local:
I
Fatores Espirituais
Fatores espirituais
estão diretamente relacionados com a comunhão desta igreja com Cristo. Jesus
afirmou que ele era a videira e nós, os ramos. A vitalidade de uma igreja
depende diretamente da relação que esta comunidade tem com Cristo. Por se
tratar de fatores subjetivos, não mensuráveis, é complexo tentar avaliar o
“nível espiritual” de uma igreja. Mas o fato é que, igrejas saudáveis, podem
perder o vigor e entusiasmo. Jesus exortou a igreja de Éfeso a voltar ao
primeiro amor, isto mostra que na sua trajetória, em algum momento, ou num
processo de decadência, aquela igreja perdera a pujança e vida que
originalmente marcara sua existência. Estes fatores espirituais podem ser
analisados da seguinte forma:
- Debilidade
espiritual
–
O profeta Isaias faz uma ousada oração: “Ah, se rompesses os céus e descesses! Os montes tremeriam diante de
ti! Como quando o fogo acende os gravetos e faz a água ferver, desce, para
que os teus inimigos conheçam o teu nome e as nações tremam diante de
ti!Pois, quando fizeste coisas tremendas, coisas que não esperávamos,
desceste, e os montes tremeram diante de ti (Is
64.1-3).
Ao lermos esta oração, percebemos que havia no seu coração pastoral,
uma grande dor ao perceber a frieza no povo de Israel. Da mesma forma, muitas
igrejas, podem perder a alegria de uma vida piedosa, deixar de orar, perder a ousadia
espiritual e o espírito de sacrifício pelo Reino de Deus. Esta debilidade
espiritual acontece porque as bases da vida espiritual e da disciplina cristã
se perdem. “A vida da igreja depende
da condição espiritual do povo” (A.W.Boehm ).
Uma das fontes de
empoderamento do povo de Deus é a vida de oração. Indivíduos e igrejas podem
perder o vigor espiritual e deixar de orar. Tornam-se desatentos e descuidados
na sua caminhada. Archie Parish afirma: “Oração é essencial para equilibrar as
dimensões visíveis e invisíveis da vida e ministério. Sem oração, líderes e
seus seguidores tornam-se presas para o mundo, a carne e o diabo”[1]
- Oposição
Satânica – Um
dos grandes desafios da igreja é plantar novas comunidades em locais
estratégicos para que o evangelho finque suas raízes dentro daquela cidade
ou cultura. Por esta razão, um dos mais eficientes e eficazes métodos de
evangelização é a plantação de novas igrejas. Mas quem já esteve envolvido
no estabelecimento de uma nova comunidade, sabe quão grandes lutas a
igreja enfrenta para o seu estabelecimento. Satanás se opõe à igreja.
O apóstolo Paulo
afirma que “Pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torna conhecida dos
principados e potestades, nas regiões celestes” (Ef 3.10). Isto nos faz pensar
que, a igreja é uma agressão ao domínio das trevas. Quando uma igreja se
estabelece num local, ali haverá pregação do evangelho, conversão, louvores e
adoração, e o Espírito de Deus, que se move no meio do povo por meio daqueles
em cujos corações Ele habita realiza sua obra impactando aquela região e
trazendo vida para seus moradores. É assim que o livro de Atos descreve a
chegada da igreja em
Samaria. Espíritos malignos eram repreendidos, pessoas eram
curadas, e por conseguinte: “Houve grande
alegria naquela cidade” (At 8.8).
Não é, pois, de se
admirar, que a igreja sofra tantos ataques demoníacos.
Os puritanos
identificavam quatro fontes da patologia na igreja que enfraqueciam e tiravam sua
vitalidade. Eram eles: Fatores físicos, psicológicos, depravação humana e
atividade demoníaca. Entre os fatores físicos encontravam-se as enfermidades,
fadigas, má nutrição ou desequilíbrio químico ou hormonal, a idade da igreja
era também considerada um fator físico.
Richard Lovelace
afirma: “Os vários componentes da patologia espiritual são frequentemente misturados, e isto dificulta a nossa percepção
porque são difíceis de serem separados, e por esta razão, podemos simplesmente
permanecer agnósticos acerca da dimensão satânica tratar os conflitos de forma
apenas humana, mas agir desta forma vai contra o modelo que encontramos na
igreja apostólica. Numa tentativa para defender o irmão que praticara incesto
na igreja de Corinto, por causa da excessiva disciplina que lhe havia sido
aplicado, Paulo exorta os irmãos a perdoarem, para que “Satanás não tenha
vantagem sobre nós, porque não ignoramos os seus desígnios” (1 Co 2.11). Esta
ação maligna era provavelmente opressão e acusação dos outros crentes” [2]
- Pecados
comunitários ou da liderança – Pecados agridem a Deus, ferem pessoas e
enfraquecem o testemunho. A Bíblia afirma que todos somos pecadores e que
precisamos desesperadamente da graça de Deus. A atitude de independência,
orgulho, narcisismo e egocentrismo nos transforma em seres auto
enamorados. Infelizmente não é fácil julgar estes “pecados do espírito”.
Nunca vi um líder sendo disciplinado em uma igreja porque é
orgulhoso.
Embora todos pecados
sejam graves aos olhos de Deus, alguns pecados trazem escândalos e enfraquecem
a capacidade da igreja de falar ao mundo. Igrejas que possuem líderes em vida
de escândalo sofrem muito e perdem sua vitalidade. Afirma-se que, quando um
pastor cai em adultério ou se divorcia, as pessoas tendem a aumentar
consideravelmente a possibilidade de pecarem nestas mesmas áreas. Igrejas
perdem vitalidade espiritual pela infidelidade de seus líderes.
Algumas vezes os
pecados não são explícitos, mas ainda assim, a igreja vai se arrastando anos a
fio por causa de pecados ocultos. Pecado tira a autoridade espiritual da igreja
e abre brechas para que as trevas penetrem na comunidade, assim como o pecado
de Acã trouxe graves danos ao povo de Israel. Mesmo quando não há qualquer
suspeita e as coisas estejam bem escondidas. Satanás leva grande vantagem sobre
igrejas assim fragilizadas.
- Perda
da centralidade das Escrituras – Quando analisamos as causas da decadência
das igrejas no Nordeste dos Estados Unidos, vemos que os seminários locais
foram os primeiros a retirarem a Bíblia como fonte de autoridade e
deixaram de crer na sua infalibilidade e tê-la como regra de fé e prática.
O resultado tem sido um desastre. Ainda hoje, igrejas liberais não
sobrevivem por muito tempo, elas usam as estruturas construídas por
igrejas fiéis, destroem seus alicerces e sua fundação, consomem seus
patrimônios, mas não conseguem sobreviver porque tiram a Bíblia do centro
de sua mensagem.
O Salmista indaga: “Destruídos os fundamentos, que poderá fazer
o justo?” (Sl 11.3). Esta é uma pergunta extremamente importante para a
geração pós moderna, desconstrucionista, relativista, pluralista e
subjetivista. O que pode acontecer numa civilização e cultura se os fundamentos
da cidadania, moral e ética forem destruídos? O que pode acontecer numa
sociedade fundada sobre os valores cristãos quando ela resolve rejeitar aquilo que
era a base do pensamento social e ético? O que pode acontecer com uma igreja
quando a Palavra de Deus deixa de ser o centro, a autoridade e única regra de
fé e prática?
No Estado da Flórida (EUA), existe um fenômeno
conhecido como sinkhole, (buraco de
areia), que não é muito comum, mas que ocorre eventualmente. São crateras no
subsolo desconhecidas dos construtores, que não conseguem antecipar que ele
existe, e que, na medida em que a casa é construída, com a vinda das chuvas ou
outros eventos da natureza aliado ao peso da construção, fazem os terrenos cederem
e as casas são lentamente tragadas, inicialmente com algumas fissuras nas
paredes e depois com afundamentos inexplicáveis que comprometem toda estrutura.
Jesus fala da importância de termos bases
sustentáveis na parábola dos dois fundamentos. Um constrói sobre a rocha, outro
sobre a areia. O que constrói sobre a rocha é aquele que “ouve minhas palavras
e as pratica” (Mt 7.24). O que constrói sobre a areia é “todo aquele que ouve
estas minhas palavras e não as pratica” (Mt 7.26). O que Jesus revela é que, se
o fundamento for frágil, toda a estrutura se desfaz.
No Brasil vemos Igrejas crescendo velozmente,
sem o fundamento das Escrituras Sagradas, tais igrejas não subsistirão com o
passar dos anos, quando seus líderes carismáticos deseparecerem do cenário, e
cairão fragorosamente. Igrejas que perdem a referência da Palavra, não
subsistirão. Precisamos “lutar pela verdade numa era de antiverdade” (R. Albert
Mohler Jr)
II
Fatores sociais e culturais
“Crescendo ou falindo? A todo lugar que ia, ficava me
perguntando: “O que faz a diferença? Qual a chave da vitalidade das igrejas
prosperas?”Eu sei que em última análise a beleza e o poder da igreja vem
diretamente da mente de Deus e depende das bençãos de Deus. Mas, em um nível
mais humano, o que as igrejas vencedoras possuem em comum?[3]”
Fatores sociais e
culturais estão relacionados à forma da igreja ser e sua capacidade de
interagir com a cultura na qual ela se encontra. Muitas vezes igrejas não
crescem porque insistem em estratégias, métodos e modelos pouco aplicáveis. Um
dos lemas da Reforma era que a igreja reformada continuasse se reformando.
Muitas vezes, porém, os modelos adotados são inadequados para responder às
perguntas da nova geração. Abaixo consideraremos alguns destes fatores:
- Liderança
Desencorajada
– Quando consideramos a causa do declínio nas igrejas, não podemos
esquecer que “tudo se levanta e cai na liderança” (John Maxwell), por
isto, ao falarmos de revitalização de igreja, primeiramente precisamos
considerar a revitalização dos pastores e da liderança da igreja local.
Vamos começar falando
da liderança pastoral. Quando falamos em liderança pastoral pouco efetiva, podemos
classificar os pastores em 5 grupos. Acredito que o primeiro nível é o problema
menor, e o último, o mais grave.
Pastores Desmotivados
Pastores
Desencorajados
Pastores Desfocados
Pastores Displicentes
Pastores Deprimidos
- Pastores Desmotivados – São aqueles
que se encontram num quadro de apatia pessoal e pastoreiam com o uso da
lei da inércia, apenas cumprindo tabela e atendendo as programações
regulares da igreja, sem muita empolgação e paixão.
Podem ser
representados por um time de futebol que está no final do campeonato e não pode
ser campeão, não tem possibilidades de fazer parte do grupo da Libertadores,
nem da Sul Americana, mas também não corre risco de rebaixamento. Pastores
assim conduzem sua igreja sem muitos sonhos, preparam seus sermões sem empolgação
e não sonhando ou investem no crescimento de sua igreja. O primeiro axioma
do movimento de crescimento da igreja é que pastores e líderes devem desejar
crescimento. Pastores desmotivados não têm grandes pretensões salariais, de crescimento
de igreja e não acreditam que coisas novas e positivas possam acontecer nos
seus ministérios. Entraram numa zona de conforto, recebem seu salário em dia,
estão sem crise nos seus pastorados e fazem um trabalho de manutenção. O
problema deles é sério porque vivem sem motivação, e só existem duas formas de
fazer o ministério: Por paixão ou por apatia;
- Pastores
desencorajados – Num nível mais grave, mas ainda não numa situação de desespero,
encontramos este grupo.
Pastores assim, até
gostariam de estar participando de um projeto maior, mas as experiências e tentativas
anteriores fracassaram e o ambiente atual lhes parece não favorecer seu esforço
e empreendimento. Talvez tenham se ferido de processos anteriores, quando tentaram
fazer algo mais criativo e dinâmico e não tiveram apoio e por isto desanimaram.
Por sua natureza e temperamento, estes pastores seriam capazes de fazer algo
melhor, mas estão sem vontade de fazer. Eles sabem como fazer, mas encontram-se
desencorajados. Eles não estão felizes, e vivem numa situação de mediocridade.
Precisam de um novo fogo e de novos desafios.
- Pastores
Desfocados – Aqui
encontramos o maior grupo. São aqueles que não sabem o que fazer, e dão
tiro para todos os lados, porque lhes falta objetividade.
Este estilo de liderança
é chamado de laissez-faire (deixa
correr). Eventualmente são ativos, envolvidos nas atividades, gostam de servir,
mas não sabem fazer bem suas tarefas. Suas estratégias são difusas, apresentam
poucos resultados e não sabem em que direção devem levar sua vida, nem a de sua
comunidade. Perdem muito tempo em trivialidades, são desorganizados com suas
agendas, não visitam bem, não pregam bem, não aconselham bem, não administram
bem, mas são diáconos, gostam de servir. Perdem-se na internet, nas atividades
corriqueiras, e não tem foco nem para si mesmos, nem para sua comunidade. A
igreja não anda bem, as pessoas estão se afastando da igreja, porque eles estão
perdidos nas estratégias, objetivos e alvos. Perdem-se em muitas atividades,
mas não fazem aquilo que foram chamados realmente a fazer, e não tem clareza de
foco. Sofrem de uma miopia pastoral.
- Pastores
Displicentes
– Este quadro é um pouco mais dramático, porque são pastores existencialmente
preguiçosos. Fazem o mínimo e com má qualidade.
Muitos ficam no pastorado
integral que pode ser uma armadilha para pessoas desorganizadas e preguiçosas.
Dentro deste grupo existem os que não sabem administrar bem o tempo e são
regidos por culpa ou sentimento de inadequação; outros não gastam tempo fazendo
o melhor porque querem usar a lei do menor esforço. Não preparam bem seus
sermões, não organizam as atividades da igreja, não porque não saibam, mas
porque não querem fazer melhor. Uma boa programação demanda tempo, estudo,
planejamento – e este grupo não quer fazer isto. Abrir um novo ponto de
pregação, um grupo de estudo ou planejar uma nova estratégia pode demandar um
pouco mais de sua atenção e tempo e ele não quer preocupação. A Bíblia diz que
“não havendo bois, o celeiro fica limpo,
mas pelo mexer dos bois há abundância de cereal” (Pv 14.4). Pastores
preguiçosos não mexem os bois porque não querem ter o trabalho de limpar o
celeiro, mas não possuem colheitas abundantes porque fogem do trabalho.
- Pastores
Deprimidos – Este
me parece o quadro mais grave porque trata-se de um problema de saúde.
Muitos pastores estão
doentes, enfrentam depressão, tristezas, melancolias, opressões malignas – que
podem gerar apatia. Não uma apatia própria dos preguiçosos e displicentes, mas
decorrentes da enfermidade. Tais líderes precisam de cuidado, eventualmente de
psicólogos e psiquiatras. O problema é que pastores sabem que estar doente
inviabiliza a ação pastoral, e isto significa estar fora do mercado.
Eventualmente se mantém na direção da igreja, pregando sermões melancólicos e
desencorajadores, a igreja perde sua referência e o declínio é iminente. Observe
estes dados fornecidos por Anderson: “17% dos clérigos envolvidos no ministério
por mais de 20 anos, estão sofrendo de stress prolongado ou estão esgotados
(...) Em 1989, a
Convenção Batista do Sul pagou U$ 64.2 milhões em tratamento médico para
pastores. A causa número dois deste plano de saúde são as enfermidades
relacionadas ao stress[4]”
Liderança local
Até agora gastei muita
tinta na figura do pastor, mas precisamos falar da liderança da comunidade
local. Eventualmente pastores estão prontos para trabalhar, mas encontram uma
liderança mau humorada, inflexível, crítica e dura. São presbíteros dominadores
e arrogantes, que controlam com mão de ferro as igrejas locais e tratam os
pastores como seus empregados. Homens assim não querem pastores humildes, mas
pastores humilhados. Sentem-se ameaçados com mudanças e com o surgimento de novas
lideranças, eventualmente desencorajando aqueles que querem, trabalhar, e quando
o rendimento pastoral não é o que esperavam, a igreja faz uma “troca técnica”.
Eventualmente, porém, o que precisa ser mudado não é o pastor, mas os líderes
ou a visão da liderança. Vinhos novos em odres velhos é uma tragédia.
Algumas igrejas estão
perdendo a alegria, vigor e entusiasmo, exatamente por ter uma liderança
moralista e legalista, inflexível e desamorosa, que fere facilmente e não gosta
de ser contrariada.
- Inflexibilidade nos métodos - Missiólogos
insistem muito na questão da inculturação na proclamação das boas novas, mas
uma característica comum de igrejas em declínio é o fato de que elas
rejeitam discutir novos modelos e estratégias. “Sempre fizemos assim”.
Nestes casos, há uma tendência a sacralizar métodos.
Em se tratando de
igrejas históricas, este é o ponto que mais gera controvérsia. No entanto, igreja
é mais que atividade ou evento. Ed Stetzer chama a atenção para as “igrejas
institucionalizadas”, que vivem num estado onde apenas funcionam como
instituições, focando e estando compromissadas apenas com as formas de
programas do ministério. Tal igreja “Não está preocupada em saber porque foi
criada e nem o propósito para a qual existe. Numa igreja institucionalizada, o
bom torna-se inimigo do melhor, e atividade se opõe à produtividade”[5]
Quando os “métodos” deixam
de ser “meios” e tornam-se o fim em si mesmo, este é um sinal perigoso. A
palavra “método” vem do “odos” (caminho). Quando nos agarramos e sacralizamos
métodos, perdemos de vista o alvo. O objetivo da igreja é levar a mensagem da
salvação a todo mundo. Para isto ensina a Palavra de Deus de várias formas: No
púlpito da igreja, nas pastorais, nos estudos bíblicos, na Escola Dominicais e
pequenos grupos, meios de comunicação, etc. Suponhamos que a Escola Dominical
não seja mais um método eficiente e que surjam novas formas de ser mais
relevante e impactante quanto à comunicação eficiente da mensagem, que é o fim.
Será que mudaríamos o método ou o manteríamos?
Em igrejas que
valorizam mais os métodos que o fim, isto não apenas é inconcebível, e certamente
continuarão fazendo da mesma forma, mesmo quando o método antigo se mostrar
inadequado, porque o método é mais importante que o objetivo. Não seguir a
mesma metodologia significaria sacrilégio. O novo torna-se ameaça – o método é
o que interessa, não o fim.
Isto se aplica à
liturgia, aos ministérios, estilo de pastorado e Departamentos da igreja.
Confundimos métodos com alvos, meios com fins, eterno com o temporal, histórico
com o revelado e essência com acidente. No entanto, novas gerações exigirão
novos modelos e estratégias diferentes. Estamos vivendo uma geração virtual, e
devemos comunicar de forma relevante e efetiva a mensagem da salvação aos
nossos filhos e netos. A igreja vai precisar estudar novos métodos e
alternativas.
Moacir Bastos, no hino
oficial da Mocidade Presbiteriana afirma que “somos jovens num mundo velho, a
pregar novos ideais”. Esta geração nova precisa usar velhos métodos para pregar
novos ideais, ou deveríamos cantar: “Somos velhos num mundo novo, pregando
ideais antigos?”. Obviamente não devemos confundir métodos com conteúdo, e é
possível também fazermos tal confusão, jogando a água suja com o bebê que
estava na banheira.
Temos aqui dois
desafios:
(a)- Precisamos
descobrir métodos, aplicáveis à cultura e ambiente onde vivemos. Muitos, com
medo do novo, rejeitam idéias criativas e deixam de se adaptar ao novo
ambiente, e às exigências dos novos tempos, perdendo os filhos por causa de
usos e costumes.
(b)- Precisamos tomar
cuidado para não desprezar a tradição teológica, confundindo-a com tradição dos
métodos. Muitos que tentaram mudar a forma acabaram mudando o conteúdo. Por
causa da inabilidade para entender o contexto, não perceberam as mudanças
históricas, geográficas e culturais e perderam oportunidades e efetividade.
Barna afirma que
“Nossa aversão pelas mudanças, usualmente é algo emocional, não intelectual...
quando as pessoas resistem, não se dispondo a adotar uma visão quanto ao
futuro, desenvolvida unicamente por seres humanos, pouca esperança pode haver
de que serão reduzidas as ansiedades emocionais”[6]
- Dificuldade em renovar a liderança
– Um dos sinais de igrejas em decadência é a
dificuldade em despertar novos líderes. Em alguns casos, a liderança atual
ignora esta questão, mas hostiliza novos líderes potenciais.
Igrejas saudáveis
estão sempre descobrindo novos talentos, despertando novos líderes com seus
dons. Num tempo de grande mobilidade social e urbana, novos líderes têm a
capacidade de trazer novas idéias e gerar mudanças.
Recentemente percebi
isto em nossa igreja. Éramos 5 pastores no staff, mas me assustei ao perceber
que todos eles estavam entre 50-60 anos. Afirmei ao conselho que gostaria de
ter alguém com idéias novas e cabeça nova. Nosso conselho radicalizou e
contratamos um obreiro com apenas 23 anos. Sua presença tem sido encorajadora
para o ministério. Ele percebe coisas de forma bem diferente e eventualmente
provocativa, temos uma liderança sólida e madura mas sua visão pessoal tem
trazido novos ventos à liderança local.
O conselho de nossa
igreja local resolveu ainda, inspirado no modelo da Presbyterian Church in
America (PCA), ter um sabático para os presbíteros quando vencem o mandato. Esta
idéia pode soar agressiva para muitos, mas não no nosso caso. Nossas eleições são
feitas anualmente e há sempre um revezamento saudável e equilibrado. Esta
decisão nos tem obrigado a descobrir e investir em seleção, recrutamento e
treinamento de novos líderes. O resultado é que temos 3 presbíteros com mais
mais de 65 anos atualmente, e todos os outros 9 estão abaixo de 45 anos. Outros
4 líderes em potencial estão sendo preparados para assumir o presbiterato,
todos com idade entre 30-45 anos.
MacNair afirma que
“Igrejas vivas estão renovando a si mesmas, começando por seus líderes (...)
quando a renovação acontece, primeiramente das pessoas em direção aos seus
líderes, podemos esperar certas conseqüências. Na medida em que as mudanças
tocam os líderes da igreja, eles podem se achar incapazes de se identificar com
o crescimento e a maturidade da congregação, e eventualmente até resignar seus
ofícios. Alguns podem reagir resistindo ou opor-se à renovação que começa a
surgir, e quando isto acontece, a unidade do corpo pode enfrentar sérios
distúrbios (...) ”.[7] Posteriormente continua: “Contudo, quando os
líderes começam a participar da renovação, eles podem comunicar à congregação
os benefícios e poder das mudanças que estão sendo feitas (...) tendo eles
mesmos tal compromisso, podem conduzir a congregação em direção a estes alvos
(...) Uma vez que líderes e congregação estão comprometidos em alcançar objetivos
comuns para renovação e revitalização da igreja, as mudanças começam a
acontecer num compasso exeqüível para a igreja local”.[8]
- Moral baixa: Críticas de si mesmas - Este aspecto é de fácil comprovação:
Existem igrejas deprimidas e igrejas empolgadas. Algumas com boa
auto-estima e outras com auto-estima baixa. Algumas crêem nos seus
projetos, estão encorajadas com os desafios; outras pararam no tempo e
deixaram de sonhar.
Num ambiente de encorajamento e alegria, as pessoas estão dispostas a
servir, tem prazer em se envolver, engajar, dar o seu tempo e investir
recursos. Em comunidades assim, as pessoas sentem orgulho do projeto que
participam e estão constantemente convidando outros para participarem.
Em outras igrejas o ambiente é desanimador. Aprenderam a falar mal de si
mesmas, o ambiente é depressivo e os comentários são sempre depreciativos. As
pessoas não falam com entusiasmo do que fazem, mas continuam indo à igreja por
tradição, comodismo ou por falta de opção ou programa. As atividades da igreja
não atraem e os filhos e visitantes não sentem nenhuma vontade de participar
porque também percebem que aqueles que lideram os programas o fazem com pouca
criatividade e entusiasmo.
Pastoreei uma igreja assim. O trabalho da Sociedade Auxiliadora Feminina,
estava passando por uma crise de significado e sentido, a antiga liderança
estava tendo dificuldade de atrair pessoas novas, e as programações não
pareciam surtir o efeito necessário. A presidente pediu a palavra num domingo à
noite, e num tom melancólico fez apelo às irmãs, para que viessem participar
das reuniões. Em visível sofrimento, afirmou de forma deprimida, que as
mulheres deveriam se envolver porque o trabalho estava muito fraco e poucas pessoas
vinham às reuniões. O resultado foi um desastre.
Pessoas não gostam de participar de programas falidos. Existe um antigo
ditado britânico que afirma: “Nobody buys a ticket for Titanic” (Ninguém compra
passagem para o Titanic). Lembre-se, o Titanic era o navio mais luxuoso jamais
construído, descrito como um navio que nem mesmo Deus poderia destruir, e na
sua viagem inaugural, bateu num iceberg que abriu um enorme rombo no seu casco,
e mais de mil pessoas morreram nesta fatídica viagem. Por que ninguém compra
passagem para viajar no Titanic? Porque sabem que vai afundar, e ninguém quer
fazer uma viagem desta.
Quando pessoas procuram uma comunidade para congregar, elas não vão atrás
de igrejas com fama de retrógada, com programação ruim, ambiente hostil e pouco
receptiva. Elas procurarão comunidades vibrantes, contagiantes, alegres e
empolgadas. Se a própria igreja possui uma imagem depreciativa de si mesma,
quem vai se interessar em participar dela?
Igrejas que falam bem de si mesmas atraem outras pessoas. Elas gostam de
seus pastores, se empolgam com as programações do Departamento infantil, com a
liturgia, com o sermão. Esta felicidade contagiante atrai gente que busca uma
comunidade. Ninguém quer participar de uma igreja cujo pastor é deprimido, o grupo
está desanimado, os moços estão se afastando e os filhos detestam o programa da
Escola Dominical.
Portanto, encoraje sua igreja a falar bem de si mesma!
- Estilo novelesco – Todos conhecemos como os dramaturgos escrevem suas novelas. Seu
propósito é manter o público cativo. Um roteiro básico é escrito para a
idéia central, mas os enredos vão sofrendo variações e tendências, num
indo e vindo quase infindável de diálogos, disputas, competições e ajustes,
dependendo da audiência e aprovação do público. Muitas igrejas aprendem a
viver assim.
Este modelo de Igreja não consegue desvencilhar-se das intrigas e brigas
internas pelo poder, os conflitos históricos nunca são resolvidos, e a
comunidade aprende a viver naquela cultura interna de atitudes nada positivas.
Torna-se difícil romper este ciclo vicioso, e eventualmente as pessoas não
percebem a armadilha que entraram neste estilo de vida nada saudável. Quanto
menor a igreja, mas facilidade tem de viver este relacionamento patológico.
Quando isto acontece, a igreja adoece e gasta a maioria do seu tempo para
resolver conflitos. Perde a perspectiva do objetivo, e sua energia que poderia
ser investida em projetos criativos e salutares se esvai. Eventualmente, como
acontece no universo político, as oposições se dão não porque o programa
apresentado é ruim, mas simplesmente por ter sido apresentado por alguém que
faz parte do “outro grupo”.
W. Curry Mavis afirma: "Como pessoas, igrejas locais, às vezes são introvertidas,
seguindo o introvertido padrão da personalidade humana, estas igrejas são
consumidas pelo interesse pessoal e gastam sua energia em si mesmas. São
primariamente preocupadas com seus problemas particulares e por devotarem mais
de sua atenção para a introversão espiritual, o resultado torna-se uma negligência
da expressão espiritual em suas comunidades".[9]
Macchia afirma que
“Conflito é cancerígeno para os relacionamentos, se não forem resolvidos... Resolver
problemas não é uma complicada ciência para ensinar às pessoas de nossas
igrejas, mas é o diferencial necessário para que as famílias da igreja se
tornem mais saudáveis nos seus relacionamentos e serviços. Isto não pode ser
ignorado ou negligenciado[10]”.
- Visão
de Túnel – Num
admirável livro escrito por C. John Miller[11],
ele descreve as igrejas com visão de expansão e igrejas de manutenção.
Para ele, um dos problemas das igrejas que perdem o vigor é a construção de uma visão de túnel,
que limita os potenciais ministérios que a igreja poderia desenvolver.
Para Miller, “No fundo, isto é falta de fé,
baseada numa secularizada ignorância do poder do Espírito Santo – Sua
habilidade para nos dar os recursos e alcançar os alvos de Deus, que apenas os
meios sobrenaturais serão capazes de realizá-los (...) Esta falta de fé
revela-se na aceitação complacente do fracasso da igreja e na consideração que
estagnação numérica e declínio são inevitáveis”[12]
Esta “visão de túnel”, torna-se uma espécie de
viseira, usada em animais de carga, que não conseguem olhar ao redor e perceber
os movimentos e reações que acontecem do lado exterior da comunidade. Deus tem um padrão para
reprodução da sua igreja.
MacManus chama isto
de "The Genesis Design".[13]
A partir da percepção de que a igreja é um organismo, não uma organização, ele
tenta relacionar a igreja à natureza, e encontra cinco características para a
natureza viva sobreviver e se propagar:
Um
Ecossistema equilibrado
Adaptação ao ambiente
Reprodução Espontânea
Instinto de nutrição
Ciclo
de vida harmônico
No primeiro item ele afirma que, para a
sobrevivência da igreja, assim como para todos os organismos vivos, ela precisa
aprender a viver de forma harmoniosa com o seu “oikos”, o local no qual ela vai se estabelecer. Seres vivos não
sobrevivem a um ambiente hostil, se seu organismo não está equilibrado, e não
se adaptam ao ambiente. Igrejas com visão de túnel não conseguem perceber o
lado de fora. São auto-centradas. Sua visão introvertida torna-se a causa de
seu declínio.
Num estudo realizado por Roberto Linthicum
sobre igrejas eficazes, ele chegou à conclusão, que as igrejas que eram
efetivas, enxergavam-se “como existindo não para si mesmas, mas para o mundo
fora delas, e percebiam claramente que este era o seu propósito.
Consequentemente, havia um compromisso com o evangelismo, com as necessidades
da comunidade ou com a luta pela justiça social”[14]
- Cultura da igreja
local – Tenho
considerado que, crescimento de igreja, em muitos casos, trata-se de um
problema da “cultura” da igreja local. A forma como ela entende sua missão
e engajamento.
Toda igreja possui regras não escritas e sua
unicidade cultural. Se o pastor não conhece estes códigos e não é capaz de
fazer a leitura cultural da igreja, certamente tem boas possibilidades de
futuros conflitos e stress. Brett Selby afirma que a cultura de uma organização
é sua “personalidade corporativa”, uma mistura viva de valores, tradições,
normas, regulamentos e experiências que produzem um código nebuloso de
comportamento que são as “regras não escritas”[15].
Se uma igreja sempre ouviu da liderança que
igreja boa é pequena, que “prefere qualidade à quantidade”, que a comunidade
pequena é melhor e mais aconchegante, facilmente vai criando cultura de gueto,
de grupo superior, e assim por diante. Certa igreja teve um mesmo pastor por
quase trinta anos, e durante todo este tempo ele inculcou esta visão dos
membros de sua comunidade. Apesar de ser uma igreja com bons recursos
financeiros e grande potencial de crescimento, durante seu pastoreio a igreja
nunca se preocupou em crescimento de sua membresia e plantação de novas igrejas
e manteve a estrutura aconchegante e pequena para o seu reduzido número de
“seletos” membros.
No provocante artigo: Dez motivos pelos quais pastores conservadores costumam ter igrejas
minúsculas[16], Nicodemus afirma: “O que mais me assusta é que
tem pastores reformados que se orgulham de ter igrejas nanicas! "Muitos
são chamados e poucos escolhidos", recitam com satisfação. Orgulham-se de
serem do movimento do "esvaziamento bíblico", em vez do
"avivamento bíblico"! Dizem: "os verdadeiros crentes são poucos.
Prefiro uma igreja pequena de qualidade que uma enorme cheia de gente
interesseira e superficial". Bom, se eu tivesse que escolher entre as duas
coisas talvez preferisse a pequena mesmo. Mas, por que tem que ser uma escolha?
Não podemos ter igrejas reformadas cheias de gente que está ali pelos motivos
certos? Eu sei que a qualidade sempre diminui a quantidade, mas será que tanto
assim?”.
Este tipo de argumentação
aponta para uma teologia equivocada de missão e uma eclesiologia míope. O
problema é que errar na hermenêutica sempre significa errar na vocação de Deus
para a missão. Uma cultura de ensimesmamento e de orgulho espiritual, torna a
igreja isolada da comunidade e cria uma perigosa cultura de gueto.
- Perda da sua identidade e missão –
Erwin S. Duggan afirma que para se ministrar na
cultura do caos, a primeira tarefa da igreja no mundo é ser igreja. “As
tarefas da igreja são adorar, educar, equipar os santos, dar cuidado
pastoral e evangelizar. Se as igrejas permitem fracassar nessas tarefas, o
êxito em outras menos importantes nada vai significar. Por outro lado, se
conseguirem se manter fiéis nessas tarefas, nada há de detê-las, e sua
influência redentora sobre a cultura será enorme”[17]
Igreja pode perder seu foco teológico e sua
identidade. Este desvio tem enorme impacto numa comunidade cristã, porque tem a
ver com a natureza e essência. Além da perda da identidade, e quase sempre como
conseqüência desta esquizofrenia eclesiológica, pode perder também o foco na
sua missão, que tem a ver vocação e missão.
O Mandato evangelístico descrito na Grande
Comissão de Mt 28.18-20 possui duas dimensões:
(1)
Uma ordem para ir e
fazer discípulos de todas as nações - Uma
tarefa impossível do ponto de vista institucional e humano. Os recursos são
mínimos e os desafios são imensos. Tanto do ponto de vista cultural,
lingüístico, treinamento e finanças. Tarefa impossível para uma instituição e
associação humana.
(2)
Uma promessa de capacitação - O poder para
realizar a tarefa impossível. Jesus estava convencido de que sem a capacitação
do Espírito e sua presença gloriosa, jamais poderiam realizar esta missão. Por
isto afirmou que deveriam ficar em Jerusalém até que “do alto”, fosse
revestidos do poder (Lc 24.49), e que fossem empoderados por este Espírito para
serem testemunhas até os confins da terra (At 1.8)
A Miopia teológica pode nos levar a perder a
perspectiva da centralidade e efetividade do Evangelho. Facilmente nos
esquecemos que “A palavra, por si só frutifica”, que o “Evangelho é o poder de
Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), e que “aquele que semeia,
cumpre fazê-lo com esperança” (1 Co 9.10). É desanimador, estressante e
frustrante semear sem esperança de colheita. Precisamos fazer a obra com
esperança de colheita. Facilmente limitamos nossos projetos aos recursos
financeiros.
John E. Haggai, fundador do Instituto Haggai costuma
afirmar: "Sonhe coisas tão grandes para Deus, que se Ele não estiver
presente, o resultado será o fracasso". Este é o lema adotado pelos
plantadores de igrejas da PCA (Presbyterian Church in America). Precisamos
reconquistar a teologia da fé cristã, para que tenhamos novamente sonhos e
expectativas de grandes colheitas, afinal, o mestre exortou seus discípulos:
“Não dizeis vós que ainda há quatro meses até a ceifa? Eu, porém, vos digo:
Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (Jo 4.35).
A cultura de uma igreja local é uma espécie de
conjunto de valores que orientam a comunidade. Missão é aquilo que desejamos
fazer, valores são aquilo que determinam o “por que quero fazer isso?”. Valor é
o porquê atrás de “o que”. “Valores determinam prioridades, influenciam
decisões, compelem o ministério e se revelam em nossa missão”[18].
- Falta de Ousadia
ministerial
– Igrejas em declínio são tímidas, ensimesmadas e medrosas, encontrando
enorme dificuldade em estabelecer novos desafios e avançar. O medo
imobiliza, nos transforma em gueto e nos leva a construir uma mentalidade
de fortaleza, seja ela no campo metodológico, litúrgico ou teológico. Existe um ditado japonês que afirma que
“o medo de perder não deixa a gente ganhar”.
Precisamos reconquistar a ousadia apostólica,
entendendo o chamado e a ordem de Cristo para pregar o evangelho a todas as
etnias (Mt 28.18-20). Muitos se acham limitados demais em seus recursos para
iniciarem novos projetos. Precisamos considerar
que uma comunidade motivada e coesa tem o poder de realizar grandes projetos,
porque princípios direcionam valores, ou como se afirma no mundo empresarial,
“dinheiro segue visão”.
Lidório afirma que um dos grandes problemas na
criação de novas igrejas é o fato de que as igrejas perdem o seu “hábito Evangelizador”.
“Devemos entender que igrejas locais tendem a, naturalmente, diminuir. São
pessoas que falecem, mudam-se ou passam a participar de outras congregações
(...) com o novo fenômeno da flutuação de membros, o compromisso de longo prazo
com a igreja local foi substituído por uma tendência crescente de participação
relativa em diversas igrejas. Se a igreja local não segue evangelizando e
discipulando, dentro de um certo espaço de tempo ela poderá eventualmente
morrer[19]”
- Igrejas “hostis”
aos visitantes – Escolhi propositalmente o termo “hostil”, embora
raramente existam igrejas que podem ser assim consideradas. O que
encontramos de forma muito presente em nossas comunidades são comunidades
frias e indiferentes. Não seria esta uma forma de hostilidade?
Igrejas de manutenção tornam-se animosas (isto
é o contrário de amistosas). Existem igrejas abertas e receptivas, mas muitas,
sem perceber, tornam-se tão fechadas em torno de si mesmas que não consideram
as pessoas que as visitam ou o desafio de tornar conhecido o nome de Jesus em
sua cidade. Miller afirma que esta frieza das igrejas em relação aos de fora é
a grande tragédia da igreja americana[20].
A igreja que atualmente pastoreio, nunca teve
nos últimos 11 anos menos de 60 membros sendo recebidos anualmente, por
batismo, transferência, jurisdição à pedido e restauração. Se me perguntarem
qual é o programa evangelístico da comunidade, eu diria que não temos nada
específico, mas a dinâmica da igreja em alcançar pessoas e seu crescimento está
relacionado à capacidade da igreja em acolher as pessoas e integrá-las. Os
vários ministérios em nossa comunidade estão constantemente fazendo
acampamentos, reunindo semanalmente, promovendo atividades, e por isto estamos
recebendo adolescentes e pré adolescentes que são os primeiros evangélicos em
suas casas, famílias inteiras que se envolvem com o Departamento infantil e
cujos filhos apreciam de fato as atividades ali existentes.
Irejas em declínio não são igrejas amigáveis.
E honestamente falando, ainda acho que a minha igreja está longe ainda de ser
uma igreja realmente acolhedora. Se nossa comunidade fosse mais aberta, isto
potencializaria ainda mais o seu crescimento.
Barna indaga o que é uma igreja amável e
acolhedora. “É uma igreja que está em contato com as necessidades daqueles a
quem deseja servir. Assim como um bem planejado sistema de computação permite
que neófitos em tal ciência o usem de maneira eficiente, assim também as
igrejas amigáveis e acolhedoras capacitam multidões de pessoas a que venham
conhecer e a servir ao Deus vivo”[21].
Richards & Martin afirmam: “É impossível
imaginar uma comunidade cristã vital sem objetivar um povo cheio de amor que
expresse esse sentimento de maneira prática e significativa[22]”.
Perspectivas:
Do Declínio para o crescimento
Muitas igrejas estão tão desencorajadas que não
acreditam mais que o vigor, crescimento, atração aos perdidos e integração dos
visitantes poderá acontecer. Perderam a expectativa de que Deus que as
surpreenda, e se perguntam se voltarão a crescer. Eu estou absolutamente certo
de que princípios de crescimento de igreja, quando aplicados, e se aplicados,
sempre trarão nova vitalidade. Satanás tem todo interesse que as igrejas
continuem frias, irrelevantes e apáticas, mas a promessa de Jesus para sua
igreja vai numa direção completamente diferente. Jesus antevia sua igreja em
expansão e com ousadia: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt
16.18). Afinal, ele mesmo se comprometeu em edificá-la – não podemos esperar
outra coisa além de sua vitória.
O problema não é teológico, nem missiológico
(a igreja foi fundada por Cristo para expandir suas fronteiras e avançar sobre
o terreno inimigo), mas talvez prático e metodológico. Barna afirma: “O
crescimento não está alicerçado sobre uma auto-descoberta feita de uma vez por
todas... mas deve ser visto como algo revolucionário. As igrejas crescentes
estão dedicadas a descobrir e redescobrir as sutilezas de seu meio ambiente e
de reagir diante destas informações, dentro do contexto do ministério”[23].
Elementos
Propulsores da Vitalidade nas Igrejas Locais
Para concluir, gostaria de sugerir alguns
destes elementos, para que criemos uma nota de perspectiva e esperança, para igrejas
que se encontram no plateau ou declínio, e isto, estatisticamente se aplica a
80% das comunidades. Uma igreja pode facilmente perder sua vitalidade, assim
como uma pessoa, aparentemente saudável, eventualmente pode trazer determinados
dispositivos congênitos, genéticos e ambientais que desencadeiam uma grave e
até mesmo mortal enfermidade.
Quando isto acontece, ficamos perguntando: “O que
aconteceu?”.
Nestas horas, o tratamento é fundamental.
Creio que o Profeta Isaias percebia algumas coisas na vida do povo de Deus ao
clamar:
“Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na
tua presença,
como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as
águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as
nações tremessem da tua presença! Quando fizeste coisas terríveis, que
não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença”
(Is
64.1,2).
Este texto nos fala do anseio do profeta por
um sopro do Espírito que mudasse a situação em que se encontrava o povo de
Deus.
Historicamente a igreja sempre precisou de
revitalização. No início da Idade Média, (590-1073 a .D), Nichols assim
descreve a realidade da igreja: “Moral decadente, embriaguez e adultério eram
os menores vícios de um clero que tinha adoecido até a medula. Os sacerdotes
eram escandalosos”[24]
Na Idade Média, a igreja governava o mundo, assumindo completo domínio sobre os
homens e suas consciências, mas o Evangelho foi substituído por ritos
sacramentais que outorgavam a salvação de forma mágica, pelas vendas de
indulgências, relíquias e perdão de pecados feitos de forma vergonhosa, o clero
era corrupto e a imoralidade assolava a igreja. Foi necessário um despertamento
espiritual.
Precisamos do poder do Espírito, de um novo
revestimento, que possa nos tirar da ausência de entusiasmo pelas coisas de
Deus e acenda um fogo no nosso peito. Precisamos vivenciar isto que o Profeta
Isaías afirma neste texto: “Como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz
ferver as águas”. Não se trata de um poder
vindo de dentro de nós mesmos, mas de um poder do Alto. Não precisamos de
maquiagem espiritual, mas um batismo de fogo!
Jesus sabia da necessidade que
seus discípulos tinham deste poder. Por isto disse para aguardarem até que “do
Alto” fossem revestidos de poder (Lc 24.49), e lhes prometeu que desceria sobre
sua igreja uma qualidade de poder que lhes capacitaria o exercício do
testemunho efetivo nos seus dias (At 1.8). Este poder não era influência social
ou política, nem estrutura ou organização, mas revestimento do Espírito Santo.
O Profeta Isaias clama por este
despertamento, porque apenas a intervenção de Deus na história é capaz de
surpreender sua própria igreja – “Quando
fizeste coisas terríveis, que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à
tua presença” (Is 64.2). Isaías sabe que quando Deus age, coisas
inesperadas acontecem no meio do povo. Ele ora porque sabe que as manifestações
de Deus na história gerem temor no coração dos ímpios, por isto pede a Deus.
Precisamos de revitalização para que aqueles que estão endurecidos pelas
verdades do Evangelho venham a se render ao Evangelho, para que aqueles que se
encontram frios e sem vigor, sejam aquecidos interiormente com novas
perspectivas, sonhos e visões. Sem esta operação do Espírito, não há
convencimento, nem quebrantamento, nem conversão dos pecadores.
Quando deparamos com o caos, as
contradições e declínios espirituais em nossa vida e da comunidade para onde
correr? O que fazer? Em quem esperar? Precisamos do mover de Deus, porque sem isto
nossa vida é fraca, o testemunho é pálido, a pregação não causa impacto na vida
dos pecadores que não se arrependem e morrem em seus pecados. Nossa vida
espiritual torna-se pobre, nossas famílias são afetadas. Por isto o profeta
Isaias clama: “Oh! Se fendesses os céus e
descesses! Se os montes tremessem na tua presença”.
Diante disto, creio que quatro elementos são
fatores indispensáveis para a vitalidade da igreja:
1. Visitação
Especial de Deus. A verdade é que Deus pode nos surpreender novamente.
Igrejas passam por ciclos, mas quando a liderança percebe o risco e volta-se
para o Senhor, coisas maravilhosas começam a acontecer. São manifestações de
Deus no meio de seu povo: curas, sinais, prodígios, e restauração de vidas.
Este sopro de Deus energiza seu povo e desperta o coração dos acomodados,
trazendo uma nova alegria para a obra. Isto é, em última instância, e apenas o
que pode trazer revitalização para uma igreja em declínio. A conhecida
oração de
Lutero, antes de enfrentar o Imperador Carlos V e toda sua corte, na Dieta de
Worms, na noite de 17 de Abril de 1521, e assim começar a abalar o mundo foi a
seguinte: “Tu sozinho tens poder. A causa é tua, e não minha. Eu não apoio em
homem algum, os homens são inúteis; tudo o que é humano, falha. Tu me
escolheste para esta causa. Fica ao meu lado, em nome de teu Filho Jesus Cristo
que é o meu protetor, meu escudo, minha torre forte”.
Goerge & outros, afirma no livro “Como
quebrar as barreiras que impedem o crescimento”, que as igrejas que atualmente
mais crescem e demonstram maior vitalidade são aquelas que, antes de tudo,
estão experimentando contagiante entusiasmo espiritual, por causa do
derramamento do Espírito Santo[25].
2. Conversões
Impactantes – igrejas são revitalizadas, quando ocorrem transformações no
meio da comunidade. Quando famílias se convertem, quando jovens se voltam para
o Senhor. Não creio em revitalização de igreja sem este sinal maravilhoso da
restauração de vida. Novos convertidos trazem vigor, entusiasmo e alegria para
o meio da igreja. Se sua igreja não tem conversões maduras e impactantes, ore
para que Deus lhe dê vidas rendidas aos pés do altar de Cristo.
Nada é mais
transformador, encorajador, desafiador que conversões autênticas de vida. Certa
vez alguém me comentou frustrado, que “as pessoas não mudam”, e por isto era
desanimador pregar o evangelho e discipular. Tive um ímpeto de concordar com
esta pessoa, porque muitas vezes também tenho esta falsa percepção, mas
respondi que, a mensagem do Evangelho, é transformar vidas, e que Deus pode
mudar qualquer pessoa, em qualquer circunstância, por que ele tem poder e sua palavra
é viva. É exatamente sobre isto que estamos falando, afinal, “Crescimento de
igreja é tudo aquilo que está relacionado à tarefa de trazer homens e mulheres
que não tem relacionamento pessoal com Cristo para desfrutarem de sua comunhão
e se tornarem membros responsáveis de suas igrejas locais[26]”
3. Arrependimento
e quebrantamento da igreja – Pecados históricos, e conflitos antigos podem
ser desfeitos quando o Senhor começa a mover o povo ao perdão. Eventualmente,
uma reunião de oração, uma santa ceia, um sermão, pode desencadear uma mudança
substancial na vida de uma igreja que se perdeu no tempo e perdeu sua alegria
no ministério. Quando o Espírito de Deus traz restauração entre irmãos,
presbíteros, diáconos, restauração de casamento e de pessoas, isto pode
significar uma virada na história de uma igreja local. Ore para que o Espírito
de Deus traga arrependimento e conversão de corações de membros distantes e
feridos para uma visão única de Deus para sua igreja.
“um corpo saudável é
necessário para realizar trabalho eficiente. Tentar fazer evangelização
enquanto o corpo de Cristo está doente e indisposto, é pior do que não fazer
nada. Não é difícil manter um corpo de cristãos sadio e vital se os indivíduos
envolvidos (especialmente os líderes) procuram carregar os fardos uns dos
outros, confessar suas faltas mutuamente e instruir e admoestar-se
reciprocamente em amor, através da Palavra de Deus”[27]
4. O Despertar de
uma nova Liderança na Igreja Local -
John Maxwell afirma que “tudo se levanta e cai na liderança”. Podemos
perceber isto de forma clara nas Escrituras. Todas as vezes que Deus queria
fazer uma revolução e trazer mudanças significativas, levantava líderes.
Agostinho afirmava: “quando Deus se agita, o homem se levanta”. Muitas vezes a
restauração da igreja se dá pela renovação da liderança pastoral ou
eclesiástica. Deus precisa remover ou restaurar a visão e o coração de alguns
líderes trazendo assim uma nova consciência e um novo momento para uma
comunidade que sonha em experimentar revitalização.
[1] Parish, Archie – Invigorate
Your Church. Serve international, Atlanta
– 2001, pg 50.
[2] Lovelace, Richard F. –
Dynamics of Spiritual Life, pg 140.
[3] . Hybels, Bill – Liderança
corajosa, São Paulo ,
Ed. Vida, 2002, pg. 24
[4] . Anderson, Leith – Bethany House
Publishers, Minneapolis ,
1992, pg 76
[5] . Stetzer, Ed & Dodson,
Mike – Comeback churches. How 300 churches turned around and yours can too,
Nashville, Publishing Group, pg 19-20.
[6] Barna,
George – O Poder da visão. São Paulo, Abba Press, 1993, Pg 119
[7] MacNAIR, Donald J. – The Living Church .
A guide for Revitalization, Philadelphia ,
Great Commission Publication, pg 15,16
[8] MacNAIR, Donald J. Pg 16
[9] Mavis, W. Curry – Advancing the smaller church Grand rapids , Baker, 1957,
p 30.
[10] Macchia, Stephen A. –
Becoming a Healthy Church, Grand
Rapids , MI , Baker
Kooks, 1999 Pg. 106
[11] Miller, C. John –
Outgrowing the ingrowing church – Zondervan Publishing House, Grand Rapids , MI
1999
[12] Miller, 1999, pg. 29
[13] . McManus, Erwin R., The Genesis
Design: God's Pattern For Church Reprodutuction. Extraido do The Power
of seeing , summer '94, pg. 4
[14] .
Linthicum, Robert C. – Revitalizando a Igreja. São Paulo, Ed. Bom Pastor, 1996,
pg 47
[16] tempora-mores.blogspot.com/.../dez-motivos-pelos-quais-pastores.html
[17] Duggan,
Ervin S. – artigo “A Igreja Viva”- Reforma Hoje – uma convocação feita pelos
evangélicos confessionais. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 1999, pg. 49
[18] Manual
de Implantação de igrejas. Rio de Janeiro, Editora Luz às nações, Ltda., 1997,
pg 13
[19]
Lidório, Ronaldo – Plantando Igrejas. São Paulo, Casa de Cultura Cristã, 2007,
pg 69
[20] Miller,
199, pg 84
[21] Barna,
George – Igrejas amáveis e acolhedoras, São Paulo, Abba Press, 1995, pg 15
[22]
Richards, Lawrence O.; Martin, Gib – Teologia do Ministério Pessoal, São Paulo,
Ed. Vida Nova, 1984 Pg 147
[23] Barna,
George, 1995, pg 197
[24] Nichols, Robert H. História da Igreja Cristã, São
Paulo, Casa de Cultura Cristã, Pg 72.
[25] George Carl F.& Bird, Warren - How
to break growth barriers, Grand Rapids ,
MI Baker Kook House, 1993, pg 63.
[26] . Wagner, Peter- Strategies for Church
Growth. Ventura , CA , Regal Books, 1971, pg 114.
[27]
Stedman, Ray – Igreja, Corpo vivo de Cristo. São Paulo, Ed. Mundo cristão,
1974, Pg 113
estudo maravilhos gostaria que todos os l´deres entendsem que devemos ganhar almas e não perder
ResponderExcluirestudo maravilhos gostaria que todos os l´deres entendsem que devemos ganhar almas e não perder
ResponderExcluirEsta é agrande realidade, que Deus me inspire e me de oportunidade para fazer sua vontade. Obrigado por este estudo fantástico
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