segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ex 20.3 Não terás outros deuses

Introdução:
O primeiro mandamento não adverte contra o ateísmo, mas contra o politeísmo. Isto faz um enorme sentido: O grande problema do homem não é a descrença de Deus, mas a incapacidade de viver sem deuses.
“Podemos encontrar cidades sem paredes, sem literatura, reis, casas ou dinheiro, sem ginásios ou teatros, mas nunca veremos uma cidade sem templo e deuses. Não existe nenhuma nação tão bárbara ou raça tão bruta que não esteja imbuída da convicção de que há um Deus”. (Plutarco)

O problema não é o “a-teísmo”, mas o “poli-teísmo”.

Questão Essencial: “Por que não ter outros deuses se não existe outro Deus além do Deus único e verdadeiro? Por que proibir a adoração de outros deuses se estes não passam de imaginação ou projeção de temores e desejos do coração humano?”.

“Existe algo ou alguma coisa que temo, sirvo, confio e amo mais que a Deus?” Precisamos tomar consciência da natureza, poder e extensão da idolatria em nossa vida.

Os deuses que governam nossas vidas se apropriam de muitas máscaras e faces, recebem diferentes nomes, mas cada um deles exige, a seu modo, adoração, liturgia e cultos apropriados. Onde você coloca seu coração é exatamente onde se encontra o nicho de sua divindade. E isto atinge a todos: protestantes, católicos, espíritas, ateus, agnósticos. Todos nós construímos altares aos deuses que controlam nossa vida.

“Procure que somente Eu seja o teu Deus e não busque a nenhum outro. Os bens que te faltam, espera-os de mim (...) Não faça o teu coração depender de nada, nem confies em nada que não seja Eu mesmo, nenhum ídolo deste mundo: o dinheiro, a erudição, o poder, outros homens”
(Lutero).

Os primeiros mandamentos possuem uma conexão direta com a adoração que devemos dar a Deus:
 Não terás outros deuses diante de mim. Ex 20.3
 Não farás para ti imagem de escultura. Ex 20.4-5
 Não dirás o nome do Senhor teu Deus em vão Ex 20.6
 Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Ex 20.8

Qual o pecado mais comum em Israel? Idolatria (Ex 32.1-35). Por isto Lutero afirmava que se guardarmos o primeiro mandamento, guardamos todos os demais. A idolatria é a raiz da queda humana e da desobediência.
Por que a idolatria é tão fascinante? No coração humano, existe um fascínio para os ídolos, eles nos atraem. Através dos ídolos, tentamos fazer deuses à nossa imagem e semelhança, que possam ser manipulados por nós. Tentamos criar deuses que reflitam nossas fraquezas de caráter e que não nos faça nenhuma pergunta sobre nossa atitude moral, decisões éticas e espirituais.
O ídolo fascina porque nos faz crer que precisamos dele para nossa felicidade, para satisfazer nossa vida e preencher o vazio. Um ídolo surge quando desejamos alguma coisa além de Jesus. Quando tememos coisas mais que a Deus, quando adoramos a nós mesmos mais que a Cristo, quando colocamos a nossa confiança em alguma coisa além de Jesus.
A razão pela qual nós nos identificamos com ídolos é compreensível.
Quando nos separamos de Deus, experimentamos um sentimento de vazio, de necessidade, de deficiência e alienação e para preenchermos nossas necessidades, corremos para os ídolos. Assim, amamos, desejamos, confiamos, tememos, adoramos outras coisas além de Deus para nos dar alegria, paz, liberdade, identidade, controle, felicidade, segurança, realização, riqueza, prazer, significado, aceitação e respeito.
Algumas vezes nossos ídolos são claramente errados. Contudo, as coisas que desejamos freqüentemente são boas em si mesmas, como ter uma criança com um bom comportamento, reputação, respeito de outras pessoas, mas mesmo coisas boas freqüentemente passam a governar nossas vidas podendo se transformar em nossos ídolos. A obsessão por emagrecimento, beleza, conforto e bem estar, ou por estabilidade financeira, podem controlar nosso coração de uma tal forma que nos esquecemos que só precisamos mesmo de Deus.

Os ídolos se apresentam disfarçadamente e nos fazem pensar que não podemos viver sem eles. Existem por aí muitos substitutos de Deus. Alguns exigem sacrifícios tremendos e mesmo assim nós os atendemos; reclamam devoção, ofertas e nos dão a impressão de que não podemos viver sem eles. Por isto, o primeiro mandamento fala da exclusividade de Deus.
O problema da Idolatria é recorrente nas Escrituras Sagradas. Sempre existe a tentação de “outros deuses”, que exerce um grande fascínio sobre nós. Atualmente os ídolos são mais sofisticados conforme nos adverte Walsh. Os ídolos atuais são psicológicos, imateriais, espirituais. A Bíblia fala de vários tipos de ídolos:
1. Ídolos da casa - O VT usa várias vezes esta expressão. Pessoas que cultivavam determinados ídolos domesticados para protegê-los. Quais são os nossos ídolos familiares?
A Bíblia nos mostra Raquel roubando os ídolos da casa de seu pai, e levando-os consigo. Apesar de tudo que ouvira de Jacó, ela ainda encontra-se presa pelos ídolos de sua história familiar, que provocam discussões e acusações. Raquel engana seu pai e leva consigo seus ídolos familiares. Quais são os ídolos que nossos lares tem construído e cultivado. Lares vivem farsas históricas, mantendo uma neurótica relação de co-dependência, justificando-o em nome da boa reputação e do nome familiar.
2. Ídolos nacionais - Os povos antigos criavam seus deuses “políticos”. Baal, Astarote, Moloque, etc. Quais são os ídolos de nossa nação? Nossa sociedade? Poder? Prestígio? Dinheiro? Ou quem sabe: Ciência, tecnologia, economia? Precisamos entender tais ídolos de forma corporativa e confessá-los como uma nação.
3. Ídolos muitas vezes são coisas boas criadas por Deus, que são transformadas e pervertidas do seu sentido original - Ex. Ciência, Tecnologia, política;
4. Ídolos da religião – como facilmente as religiões constroem suas “vacas sagradas”, que vão desde o orgulho, até às tradições, paramentos, rituais. Juan Carlos Ortiz chama isto de “Evangelho dos Santos Evangélicos”.
Ídolos sempre falham. Não são dignos de confiança. Você não pode firmar os pés neles. “Tem olhos, mas não vêem…(Sl 115).” Tecnologia, Ciência, etc. Ídolos tomam o lugar de Deus como rei e desfaz em nós a imagem de Deus. Por esta razão, a idolatria é tão condenada nas Escrituras.

Deixe-me dar uma lista de exemplos de idolatrias sutis, voltando à pergunta que fizemos:
a. Medo – A quem ou o que tememos?
b. Confiança – Em que ou em quem colocamos nossa confiança?
c. Desejo – O que tem se tornado o objeto de meu desejo?
d. Amor – Quais são as coisas que mais amo, que tem assumido primazia, acima de Deus, em minha vida.

Lutero disse que normalmente quebramos os outros mandamentos por causa da quebra deste primeiro. É por acharmos que outros deuses podem nos dar prazer mais que o Deus verdadeiro é que nos submetemos a eles e o adoramos. Quem perde o temor, confiança e amor ao Deus verdadeiro, pratica toda espécie de sordidez.

“Um ídolo não é somente uma estátua, um fetiche, mas pode ter muitas formas e disfarces, porém uma coisa é comum aos ídolos: eles cegam
os homens e não deixam que vejam a verdade, tiram a liberdade e sacrificam vidas”.

Conclusão:É interessante notar que Deus afirma: “Não terás outros deuses diante de mim”. O Problema é bem mais serio que imaginamos: construímos deuses e ainda o levamos diante de Deus. Fico pensando no que isto pode significar.
Muitas das nossas orações são idolátricas. Pedimos a Deus que nos dê determinadas coisas que são verdadeiros deuses para nossas vidas, mas Deus pede que os quebremos.
 Oramos por um determinado namoro, quando Deus nos diz que não apenas nos quer dar, mas ainda que tal ídolo seja quebrado.
 Um negócio idolátrico: que tem destruído nossa vida, nos distanciado de Deus, nos levado a compromissos e pactos que exigem atitudes que agridem o coração de Deus. Oramos pelo sucesso deste empreendimento quando Deus está pedindo que a gente não tenha deuses diante dele, e não o apresentemos a Deus.
 Certo homem disse ao seu pastor que precisava de oração de poder. O pastor replicou: “Para que? Para justificar ainda mais sua atitude de manipulação e controle? Para tornar Deus seu aliado na arrogância?”
Deus pede ao seu povo que quebre seu ídolo.
Deus disse a Abraão: “Eu quero seu filho”. Deus estava lhe dizendo: “Eu lhe basto!”. Abraão entendeu isto e abriu mão do seu grande amor, para recebê-lo de forma mais plena.
Um membro de nossa igreja viu seu filho, de apenas dois meses de idade, ter um AVC hemorrágico. Em qualquer idade é uma doença pesada, mas em crianças desta idade, a possibilidade de vida é de apenas 10%, sendo que nestes há uma grande possibilidade de graves seqüelas. Indo para a sala de cirurgia, sua mãe lhe disse: “Deus não tem o direito de fazer isto com seu filho”. E ele respondeu: “Mãe! Ele é Deus! Ele tem o direito de fazer o que quiser com a vida de meu filho. Antes de ser meu, ele é de Deus!”. Felizmente esta criança sobreviveu, sem qualquer seqüela. Deus quis evidenciar nesta vida sua graça.

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