Uma Introdução à
questão do Mal
Scott Peck, psiquiatra cristão, faz uma
pergunta intrigante que incomoda o mundo científico: "O mal existe?" Esta
pergunta se reveste de um significado ainda maior ao percebermos que esta
questão não foi elaborada por um teólogo, mas procede de um homem da ciência,
que lida com a alma humana. Peck é um admirável escritor americano, com livros
que já venderam mais de 7 milhões de exemplares, como “A Trilha menos percorrida”, mas esta questão é formulada num livro
menos conhecido com o intrigante título de “O
Povo da mentira. A esperança para a cura do mal”.
A questão do mal, é para ele, antes de tudo,
esta questão é intelectual: "Existe
esta coisa chamada de mal espírito, o mal de forma pessoal?"[1]
Ele afirma que quando começou a fazer esta pergunta, de forma orgulhosa e
aberta, não admitia que sua resposta pudesse ser positiva, mas depois de acompanhar
dois pacientes no seu consultório, ele começou a considerar seriamente tal
possibilidade. Após ler muito material sobre assunto, a maioria simplista,
ingênua ou sensacional, encontrou também alguns poucos autores que pareciam
genuínos e que deveriam ser levados em consideração. Andando
com um grupo de pessoas cristãs que tratavam de pessoas com tais sintomas,
acompanhou dois casos de possessão satânica, e concluiu sua análise com a
seguinte afirmação: "Eu agora sabia
que Satanás é real. Eu o havia encontrado"[2].
Martin Buber, brilhante pensador judeu
escreveu um livro só para tratar da questão do mal, “Good and evil” no qual aborda as complexas dinâmicas de processos
destrutivos. Já na introdução faz intrigantes perguntas: “Por que o mal é tão
poderoso?” e ainda “Qual é a origem do mal?”. Na abordagem que faz, elabora
suas conceituações a partir da manifestação do mal no Antigo Testamento, caminhando
na mitologia do mundo antigo, e discutindo questão da árvore do conhecimento no
Éden, a figura de Caim e sua escolha, as imaginações e impulsos que brotavam
nas relações humanas, os elementos primais da alma, para concluir que “as
imagens de bem e mal que interpreto aqui, correspondem, como temos visto, a
certas apreensões antropológicas que ocorreram na caminhada histórica do ser
humano”[3]
Recentemente foi lançado no Brasil o livro “O Efeito Lúcifer”[4],
de Philip Zimbardo, que nos anos 80 dedicou boa parte de sua pesquisa como
psicólogo, na Universidade Stanford, para entender os motivos que levam as
pessoas a praticar o mal. Para entender melhor as complexas relações destas
questões, fez um experimento isolando e dividindo um grupo de estudantes, pelo
período de 30 dias, para viver num ambiente imaginário de uma prisão,
dividindo-os entre guardas e prisioneiros. Seu experimento teve que ser
interrompido, porque ele constatou os maus-tratos de uns e a submissão de
outros que extrapolaram os limites, dentro deste ambiente. Vendo a situação
saindo do controle, ele pôs um fim na pesquisa.
Para Zimbardo, o mal está no caráter e na
personalidade, tendo suas raízes na própria natureza humana, e que as pessoas
ao serem submetidas a forte pressão
dificilmente é capaz de se manter no espectro do bem. “O inesperado por
despertar no ser humano reações completamente contrárias a tudo aquilo em que
acredita, fazendo emergir uma face bastante cruel”[5].
No caso do holocausto judeu na II Guerra Mundial, ele afirma que o ingrediente
essencial dessa engrenagem foi a desumanização das vítimas, e quando isto
acontece, o mal se trivializa. Para ele, as penitenciárias jamais serão capazes
de reabilitar quem já praticou atos de crueldade, contituindo-se num grande
fracasso multibilionário, e que a melhor vacina contra a prática do mal é o
exercício permanente da autocrítica.
Numa palestra proferida na Harvard University
em 2001, o Dr Billy Graham, falou sobre os grandes mistérios que ainda perduram
na humanidade apesar de sua conquista tecnológica: são os problemas espirituais
que só podem ser resolvidos com respostas morais e espirituais, e destacou um
deles, O problema do Mal. Ele cita particularmente o século XX. Como
explicar que apesar do grande avanço da ciência e da tecnologia, duas grandes
guerras mundiais tenham eclodido num período moderno no curto espaço de 30
anos? Como entender o genocídio praticado em guerras tribais e imperialistas
ainda em nossos dias? Que resposta podemos dar para um mundo tão contraditório
e repleto de tragédias com terremotos e tsunamis? Como explicar o mal que tem
em seu poder a capacidade de mudar o rumo da história e dos sonhos da
humanidade e de nossas vidas particulares com um crime hediondo ou a morte
trágica de um ente querido ainda na sua juventude, vitima de uma doença
congênita ou adquirida?
A cosmologia da antiguidade era permeada por
uma concepção da presença do mal, e o diabo era visto como alguém concreto e
pessoal. O mundo antigo cria em demônios e coisas malignas. O grande
historiador alemão, Adolf Von Harnack, falando da compreensão do primeiro
século acerca deste assunto, afirma que “todo o mundo de então, e a atmosfera
em que viviam era cheia de demônios; não apenas ídolos, mas cada fase e forma
de vida era regida por eles. Eles se assentavam em tronos, se moviam entre as
lamparinas. A terra era literalmente um inferno”. [6]
Mas será que esta concepção também se aplica
ao mundo secularizado de hoje?
O mistério do Mal
"Deus,
soberanamente bom, não permitiria de modo algum a existência de qualquer mal em
suas obras, se não fosse poderoso e bom a tal ponto de poder fazer o bem a
partir do próprio mal".
Santo Agostinho
A questão do mal é um grande desafio filosófico para pensadores
cristãos ou ateus. Os ateus acham que a existência do mal nega a existência de
Deus. Para o cristão o problema do mal é posto de maneira complexa. Muitos
fazem perguntas para tentar embaraçar os cristãos. Por que existe o mal se há
um Deus? Por que Deus não faz nada para acabar com o mal? Se Deus é bom, porque
permite a existência do mal?
Homens de Deus reconhecem o problema do mal:
èPor que se concede luz
ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados?"
(Jó 3:23)
Davi è "Não têm conta
os males que me cercam" (Salmo 40:12).
Paulo è "Toda a criação
a um só tempo geme e suporta angústias até agora" (Romanos 8:22).
Para Lewis, “existem dois erros iguais e opostos quando se
discute a questão dos demônios. Um é a descrença na sua existência. O outro é
crer e sentir um interesse excessivo e patológico sobre eles. Os demônios de
deleitam em ambos os erros, tanto na visão materialista quanto na mágica”[7]
O
Surgimento do Mal
Apesar do mal ser uma realidade em nosso mundo, as
Escrituras deixam claro que Deus não criou o mundo no atual estado em que se
encontra. O mal veio como resultante da queda do homem. A Bíblia diz que Deus é
amor e Ele criou a raça humana para que O amasse. Ao permitir que o homem e a
mulher pudessem escolher entre o bem e o mal, o mal se tornou real. Ao
desobedecer a Deus, Adão e Eva não escolheram algo que Deus criou, mas por sua
livre escolha, eles trouxeram o mal para nosso mundo. Foi o egoísmo do homem
que trouxe o mal para o mundo. Mas isto também revela que o Mal já existia como
possibilidade no mundo.A Queda não inventou o mal, mas o evidenciou. Após a
queda, o mundo foi afetado no seu eixo central, e as coisas não estão como
deveriam estar. O Pecado trouxe problemas nos relacionamentos: Do homem com
Deus (separação, fuga, medo), consigo mesmo (desequilíbrio emocional, culpa,
angústia), com o próximo (acusação e manipulação) e a natureza (Maldição - até a natureza e os
animais às vezes são inimigos do homem). Surgem também as guerras e doenças. O
perfeição da criação foi desfeita pelo pecado. Embora a Bíblia não nos informe
porque Deus permitiu o mal, ela tão somente nos mostra como e porque o mal
entrou no mundo. Deus é infinitamente sábio e os seus propósitos estão além da
nossa compreensão.
A Bíblia nos ensina que o universo foi criado de forma perfeita
e harmoniosa, e que Deus considerou que tudo que havia feito era muito bom, mas
o pecado entrou no mundo por causa do orgulho, rebeldia e das escolhas morais
feitas pelo homem. A dor e o mal vieram como conseqüência, não faziam parte do
plano original de Deus. “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas
astúcias” (Ec 7.29).
O mal, a dor e a morte não faziam parte do
propósito original de Deus, mas são resultantes de conflitos morais e decisões
erradas do ser humano. Se formos honestos, veremos que muitos dos males que
sofremos resultam de nossa atitude tola nas escolhas que fazemos e nas
prioridades erradas que damos à nossa vida.
Jesus, contudo, não considerou o sofrimento de
uma forma normal. Muitas vezes se sentiu indignado e entristecido diante do
desprezo humano em relação à vida. Por duas vezes tentou tirar dos discípulos
uma cosmovisão equivocada e cultural que associava a dor a um pecado específico
(Lc 13.1-5; Jo 9.1-4). Ao ministrar sobre este assunto, deixou claro que, o
mal, nem sempre, é resultado de escolhas morais. Ele considerou o mal como algo
anormal, e por isto não aceitou resignadamente a brutalidade e violência da
vida. Chorou diante da morte, reagiu diante de atitudes de lideranças que
impunham sofrimento aos seus liderados, curou leprosos, cegos e coxos,
conspirando contra a angústia presente na vida humana.
A dor, o mal e a morte ainda continuam sendo
filosoficamente desafiadores, às vezes ficamos perplexos diante de notícias
estarrecedoras.
Não podemos justificar o problema do mal
afirmando que foi Deus quem decretou o pecado. Se Deus tivesse decretado todas
as coisas, Ele seria o autor do pecado e do mal e isto não está de acordo com o
que a Bíblia diz.
A Banalização do Mal
Um dos dilemas mais complexos que eventualmente
se insere numa cultura é a perda da referência ética que torna o mal trivial.
Alguns teóricos acreditam que isto se dá na medida em que o mal vai se tornando
institucionalizado, cultural e corporativo, desembocando num processo endêmico
na sociedade.
A filósofa Hannah Arendt levantou esta
problemática ao elaborar uma questão fundamental no campo do conhecimento
humano: “Como é que de repente todo mundo faz aquilo que considera errado?”.
Ela fez esta pergunta ao estudar o nazismo e tentar entender como uma
população inteira aderiu à loucura de Hitler.
Não apenas o povo simples aderiu ao sonho e a
utopia do III Reich, mas pessoas de bem, intelectuais e religiosos. Existe um
episódio que demonstra isto de forma clara: buscando encontrar apoio das
igrejas e de sua liderança, Hitler reuniu os clérigos mais importantes do país
numa convenção para 3000 sacerdotes. Em seu discurso teria afirmado o seguinte:
“vocês cuidem dos céus, e eu cuido da terra”, recebendo apoio de uma grande
maioria. Apenas uma parte, encabeçada por Dietrich Bonhoeffer e Henry
Niemüller, fez oposição ao projeto de Hitler e recusou a oferta do ditador
fundando o movimento conhecido como “Igreja Confessante”, cujo objetivo era despojar
Hitler do poder. Bonhoeffer foi executado na cadeia, uma semana antes da queda
do Nazismo, somando-se ao imenso número de mártires cristãos no Século XX.
Para Arendt, essa adesão foi provocada pelo
que chamou de “banalização do mal”.
Naturalmente, conceitos de bem e de mal mudam
de acordo com culturas, épocas, gerações, mas quando o mal se torna banal em
qualquer momento da história, ele impede que as pessoas julguem eticamente os
fatos e dificulta o discernimento entre o lícito e o ilícito. Neste caso ocorre
uma confusão de valores. O mal torna-se bem, e o bem mal, as trevas
transformam-se em luz e a luz em
trevas. A falta de parâmetros é uma das características deste
fenômeno de massa.
Desta forma, o mal deixa de ser circunstancial
e individual e torna-se um fenômeno sociológico. Todos passam a aceitá-lo, se não
de forma explícita, de forma silenciosa e sem questionamentos.
Creio que a corrupção e a violência do Brasil
tendem a caminhar nesta direção. Pregoeiros da justiça moral, gente que levanta
a bandeira da conduta ética de repente é pega envolvida em escândalos nada
triviais. O mal, banal, passa a ter raízes profundas. Aqueles que combatem
posturas de políticos desonestos reproduzem o modelo, sendo agentes passivos ou
ativos na primeira oportunidade que tiverem de ganhos ilícitos.
O oportunismo político tem cada vez mais
aceitação resignada da população, não só pelo político corrompido, mas pelo
empresário, corruptor e pelo funcionário coadjuvante, que admitem as regras do
jogo do suborno como se elas fossem o único meio de sobrevivência. Facilmente
nos deixamos corromper pelo oportunismo seduzidos pelo poder e pelo dinheiro. O
mal se banaliza e se torna institucionalizado.
É bom lembrar, porém, que o mal banalizado
enfraquece os valores morais de uma sociedade e relativiza a ética que constrói
os pilares sociais. Apesar do mal ter se tornado tão comum, devemos nos lembrar
que o mal continua sendo mal na sua essência, derivativo de lúcifer, e que na
sua natureza conspira contra o bem e aquilo que é divino.
As
características do Mal
Antes de estudarmos o mal e seus efeitos,
precisamos reconhecer algumas de suas características:
A. Mal, mais que um
conceito, é uma realidade – A Bíblia não se refere ao mal abstratamente, mas como
algo concreto, tangível, perceptível. Jesus, que também curou muitas pessoas
lunáticas, exorcizou muitos "endemoninhados". Se Jesus não soubesse a
diferença entre um possesso e uma pessoa que tem um problema mental, a Bíblia não
diferenciaria entre um e outro. Em Mt 4.24, nos é dito: "trouxeram-lhe,
então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos:
endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou". A referência
a lunáticos é interessante, porque
conquanto a Bíblia não tivesse como classificar as doenças mentais como hoje o
fazemos, demonstra que Jesus sabia diferenciar entre uma pessoa doente da alma,
do físico e aqueles que tinham problemas espirituais, ainda que a terminologia
psiquiátrica daqueles dias não fosse tão rebuscada quanto a do século XXI. Ela
usa o termo lunático, para referir-se
a pessoas que tinham problemas de esquizofrenia, psicoses, transtornos
bipolares, etc, porque esta era a forma de se classificar a doença mental
naqueles dias.
B. Mal, mais que uma
idéia é uma pessoa,
e como tal possui identidade, personalidade, vontade e projetos. Não é algo
vago. O mal é descrito como um ser pessoal chamado de diabo, satanás, lúcifer,
e possui toda uma nomenclatura que revela quem ele é. Por exemplo: a tradução
da palavra satanás, literalmente é adversário. A palavra diabo (grego diabolos),
literalmente significa “aquele que divide”. Lúcifer, etmologicamente é “anjo de luz”, pela
sua enorme habilidade de camuflar, de nos fazer pensar que o mal é bem, e o bem,
mal; que as sombras são luz, e a luz, sombras, que a verdade é mentira e a mentira
pode se transformar em verdade, de tornar o que é errado certo e questionando o
certo, dar-lhe uma idéia de que é errado.
A natureza do Mal
O mal é descrito
como "espírito imundo" (Mc 5.2). Isto define o caráter do mal e
mostra o que ele faz ao dominar e controlar os seres humanos ou uma situação
histórica. Ele deforma o caráter da pessoa, torna suas atitudes morais em
atitudes imundas. Uma pessoa possessa por uma entidade espiritual se animaliza
e começa a reproduzir suas atitudes grotescas, por mais sofisticada que seja,
passando a se chafurdar na imundície moral. Satanás é um ser de penumbras e
sombras e as pessoas que vivem debaixo de sua influência tornam-se malignas nas
suas atitudes.
Átila Brandão, hoje um pregador do Evangelho, ex-assessor
de Antonio Carlos Magalhães na Bahia, conta que no processo para se tornar pai
de santo, é necessário que a pessoa passe por vários rituais como beber sangue
de animais sacrificados, manter relações homossexuais e comer carne de
cadáveres em rituais de magia negra. Tudo isto demonstra o nível de degradação
moral e espiritual que satanás gera em seus seguidores: Ele é imundo, e torna
eticamente imundo aqueles que o seguem, assim como Deus é santo, e todos
aqueles que se deixam dominar pelo Espírito Santo, começam a reproduzir esta
Santidade que nos é comunicada pelo Espírito, já que santificação é também uma
obra do Espírito de Deus em nós. Em Mc
5.3 vemos que a degradação moral havia atingido profundamente a vida daquele
homem, que "vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia
prendê-lo" (vs.3) e mais adiante: "Andava sempre, de noite e
de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com
pedras" (vs 5). O espírito imundo torna imundo caráter daqueles que
por ele são dominados, seja no campo das idéias, seja no domínio corporal.
As formas de ação do
mal
Satanás usa muitas
estratégias para que nos aliemos a ele. Satanás está vivo e ativo no planeta
terra, e ele deseja nos desviar do caminho de Deus. Suas estratégias são
variadas e complexas, mas não ignoramos os seus desígnios (2 Co 2.11), porque a
Palavra de Deus nos fala de sua forma de ação. Vejamos algumas delas:
A. Satanás age por sugestão - Ele tenta nos convencer de que o que
ele diz faz sentido. Ele atrai com propostas interessantes, atraentes, a isto
chamamos de tentação. Tome, por exemplo, o episódio de Adão e Eva no Éden.
Satanás sugere que Deus não estava bem intencionado com eles, questiona o
conteúdo e a validade da mensagem que Deus dera a Eva, a faz pensar que no
universo não há juízo moral, que eles poderiam pecar e isto não traria nenhuma
conseqüência. Desta forma consegue levar Adão e Eva a romper com Deus. Neste
caso, a estratégia foi a persuasão, a sugestão. Muitas vezes também pensamos
que os princípios de Deus não valem a pena, que o bem nem sempre vence, que se
continuarmos sendo justos seremos massacrados pelo mal, que em determinadas
situações precisamos usar as armas do mal para derrotar o mal. Aqui, satanás
age usando os meios filosóficos, sistemas epistemológicas para ironizar os
absolutos de Deus.
B. Opressão – Trata-se de uma ação psicológica. O diabo
faz acusações, gera culpa, angústia, medos, ansiedades e ameaças nos nossos
corações, inclusive de pessoas cristãs. Parece que foi isto que aconteceu com Paulo
quando estavam fazendo missões na Ásia, já que satanás havia gerado uma
circunstância tão aflitiva para aqueles obreiros, acima das suas próprias
forcas, que eles chegaram a se desesperar da própria vida (2 Co 1.9).
Muitos cristãos já passaram por muitas
situações de opressão, tribulação, mentiras, injustas acusações por governos
dominados por forças demoníacas. Em nossos dias, assim como nos tempos
apostólicos, somos assolados pelas dúvidas teológicas (como no caso de João
Batista em Mt 11), pensamentos estranhos e doloridos tomam conta de nosso
coração, e muitas vezes sabemos que é o diabo querendo roubar nossa paz, outras
vezes não conseguimos identificar a obra maligna, e tratamos como crise
existencial, psicológica ou mental. Seja numa situação ou noutra, somos
oprimidos, atribulados e abatidos (2 Co 4.7-10).
C. Outra forma menos
discutida é demonização que
tem a ver com a cultura específica de um povo. Por exemplo: os
alemães, desde o massacre ocorrido na Segunda Guerra Mundial, tem sido considerado
o povo mais triste do Planeta. Outro exemplo clássico no Brasil é a massificação
da corrupção: Corrupção é um vírus demoníaco que penetrou nossa cultura e isto
tem gerado prejuízos imensos para a vida das pessoas, para o Reino de Deus,
porque desvios financeiros afetam a vida de pessoas pobres pois esse dinheiro
poderia ser usado para a promoção do bem estar social. O diabo tem roubado a
dignidade de milhões de pessoas neste país, por causa da “cafajestice” de
políticos inescrupulosos que já tem se tornado endêmica, sistêmica e pandêmica
em todos os escalões. Isto é um processo de demonização de uma cultura.
Linthicum afirma: “O protestantismo evangélico
tende a centrar sua teologia na obra de Deus para salvação do ser humano.
Particularmente em suas formas populares, menos refletidas, o evangelho é
historicamente proclamado em termos de salvação individual, o chamamento do
pecador a Cristo. Por causa desta ênfase na salvação individual, os evangélicos
tendem a abordar o mal como individual (...) O perigo de tal abordagem é que aqueles
que acentuam exclusivamente as dimensões individuais da salvação não podem
entender a abrangência total do mal e nem apreciar o trabalho total da salvação
em Cristo”.[8]
Mais adiante Linthicum afirma: “Os sistemas
mais importantes de uma cidade são as instituições econômica, política e
religiosa. Estes sistemas interagem e cooperam nos com os outros
constantemente, resultando daí em alianças numa trindade perversa (...) Os
sistemas podem ser igualmente demoníacos, apoiando o privilégio econômico de poucos
enquanto exploram os pobres e oprimidos, usando a ordem política para legitimar
tal exploração (...) Há, entretanto, uma força muito mais poderosa, que
pressiona os sistemas econômicos, político e religioso em busca de seu próprio
interesse e do mal. Este é o poder penetrante e escravizador ao qual a Bíblia
chama de “principados e potestades”.[9]
A cultura, neste caso, torna-se identificada
com processos malignos. Existe muita coisa estranha em nosso país e em outros
países que, infelizmente não conseguimos diagnosticar corretamente, mas que são
resultado de uma dominação quase que absoluta das trevas e só poderão ser
vencidos com a presença da igreja de Cristo e pela iluminação das mentes pelo
Espírito Santo.
D. Por último, age também
por possessão. Em
Mc 5, texto que lemos em parte, nos é descrito que "veio dos
sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso" (vs.2). Neste caso, a personalidade de uma pessoa é con-fundida
(este hífen é intencional) com a de um espírito maligno, e ela é totalmente
dominada. Por isto se diz nos terreiros de umbanda e candomblé que a pessoa é
mula de um demônio. A pessoa fica dominada por uma força maior do que ela e não
consegue reagir, apenas o poder de Deus pode trazer libertação à sua alma. O
texto ainda afirma: "tendo sido muitas vezes preso com grilhões e
cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E
ninguém podia subjugá-lo" (vs.4). Já que estava subjugado por outra
força, a do espírito maligno. Existem muitas pessoas presas pelo diabo, sem esperança,
pensando que deverão ficar presas pelo resto de suas vidas em processos de
sofrimento, mas a Bíblia afirma "Para isto se manifestou o Filho de
Deus: para destruir as obras do diabo" (1 Jo 3.8).
O Mal gera profunda
angústia para a psiquê humana. Dê uma lida mais detalhada em Marcos 5 para
perceber o
quadro angustiante da personalidade destrutiva daquela pessoa: "Andava
sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes,
ferindo-se com pedras" (vs 5). Este homem vivia num inferno interior.
Angustiado, acuado e amedrontado. Existe uma força que o destrói e ele não tem
condições de reagir.
Possessão descreve bem o fato de que satanás
age por usurpação (Cl 1.13), neste caso, o mal tira o homem do seu propósito
original que era glorificar a Deus e gozá-lo para sempre, e o faz viver
aquém daquilo que Deus planejou para sua vida. Tornando-se pobre, infeliz e
impotente diante da oposição que o diabo lhe faz.
O Poder do Mal
Para tentar
compreender melhor este assunto, estaremos analisando o texto de Mc 5.1-20, que
nos fala da libertação do endeminhado geraseno (ou gadareno).
Aqui observamos que as pessoas
tentaram dominar o mal acorrentando o possesso. O texto nos afirma que tudo
isto era inútil, porque não se vence o mal criando barreiras, cadeias e
correntes humanas. A forma de batalha para se combater o diabo é espiritual.
Por isto Jesus certa vez afirmou que certas castas não são vencidas senão pela
oração e Jejum (Mc 9.8). O mal não é subjugado por sistemas. As pessoas daquela
região tentaram controlar e dominar o mal, mas o texto afirma "E ninguém
podia subjugá-lo" (Mc 5.4). O diabo é contundente, um ser sem
misericórdia, acusador, e espiritualmente o forte. Ninguém deve tentar vencer o
mal por forças humanas, ou por força de vontade, ou por controle da mente, mas
o mal é vencido pelo sangue de Cristo, pelo poder do Espírito, pela oração. Por
isto, a pessoa mais simples da igreja, com a oração mais débil, mas de joelho
contrito e quebrantado tem o poder de exorcizar o mal e trazer a presença de
Cristo para o seu lar, para sua vida, para um determinado ambiente de trabalho,
porque "maior é aquele que está em vós, do que aquele que está no
mundo" (1 Jo 4.4).
Três
opções
Johnson[10]
afirma que podemos ter três opções diante da idéia do mal:
A primeira é afirmar
que tais eventos na verdade não ocorrem. Podemos interpretar os eventos
relacionamentos ao mal no Novo Testamento em termos de como as pessoas daqueles
dias viam a ação maligna, e desde que Jesus veio livrar as pessoas do medo, os
escritores cristãos relataram tais estórias esperando trazer algum tipo de
conforto às almas atribuladas.
A segunda opção é
afirmar que tais histórias de atividades demoníacas são uma forma de descrever
nosso mundo quebrado. Os fenômenos atribuídos aos demônios no primeiro século
poderiam ser explicados por causas naturais, estudando os fatores químicos,
neurológicos e psicológicos a eles relacionados. Jesus, tentando se relacionar
com as pessoas nas condições e culturas em que viviam, a si mesmo se acomodou
nesta leitura da realidade. Se as pessoas acreditavam que seus traumas e
desordens eram causados por espíritos demoníacos, então Jesus decidiu trabalhar
neste nível de crença, ao invés de tentar modificar a sua forma de pensar e sua
cosmovisão. Jesus simplesmente entrou nesta visão de mundo.
A terceira opção é
assumir que os relatos do Novo Testamento de fato aconteceram. Esta visão
afirma que apesar de não podermos descrever com precisão cientifica os fatos
acontecidos, realmente estes espíritos imundos e entidades existem. Assim como
Deus faz sua obra por meio de seus enviados, que são os anjos; Satanás se
utiliza de seres espirituais malignos para realizar sua obra. Neste caso, os
espíritos malignos realmente existem e podem de certa forma controlar pessoas e
sistemas do mundo, causando desordem e destruição, assim como afirma João:
“para isto se manifestou o Filho do Homem, para destruir as obras do diabo” (1
Jo 3.8).
Se a terceira opção
é a correta, e é exatamente nisto que cremos, surgem novas indagações:
“Os demônios ainda operam na era
atual possuindo o corpo de pessoas?”
“Como discernir manifestações de
histeria, psicoses e esquizofrenia de atuações malignas?”
“Como se dá este processo de
demonização? Que vínculos comprometem a realidade destas pessoas a tal ponto?”
C. S. Lewis afirma
que o diabo sempre envia erros ao mundo em pares – pares de opostos. E sempre
nos encoraja a gastar um bom tempo pensando em qual é o pior. Acerca dos
demônios, os opostos são: de um lado nos tornarmos tão obcecados pelo diabo que
passamos a enxergá-lo em cada arbusto, ou nas coisas mais comezinhas da vida.
Já vi pessoas expulsando o demônio de seu carro, porque o motor havia fundido;
de outro lado, ignorar sua presença e acreditar que o mal é apenas uma projeção
psicológica.
Johnson ainda afirma
que o cristianismo enxerga o mundo em quatro dimensões: “Quando tentamos
entender o que está acontecendo em nossas vidas, em nossas cidades ou no mundo,
temos que levar em conta a natureza humana, o universo físico, o Deus vivo, e
as coisas não vistas, criadas, “seres espirituais” e poderes – tudo em quatro
dimensões”[11].
As
Estratégias do Mal
O leque de atuação do diabo é bem amplo. Ele
usa estratégias diferentes para distintas situações. Por isto é que a Palavra
de Deus se refere ao “príncipe do reino
da Pérsia”(Dn 10.13) e “O Príncipe da
Grécia” (Dn 10.20), mencionando formas diferentes da atuação de entidades
malignas para determinadas condições políticas, culturais e históricas. Na
forma popular de um amigo meu de dizer quando morávamos no Rio de Janeiro: “O
demônio da Zona Sul não é o mesmo da Zona Norte”.
1.
Quanto ao possesso – Em Mc 5, Satanás tem uma estratégia em
relação a personalidade deste homem. Seu alvo era enlouquecê-lo, desequilibrar
suas emoções e o seu corpo, impedir que ele pudesse viver de forma plena e
abençoada. Seu corpo sofre ações violentas do mal. Dentro dele não existe uma
personalidade integrada, mas fragmentada, não existe um indivíduo, uma
unicidade na sua alma, mas uma legião. Demônios disputavam o espaço de
sua consciência com acusações, culpas, angústia e peso.
2.
Quanto à cultura – Existe aqui outro processo que precisa ser
considerado: Satanás se identificou e se amalgamou com tal cultura, fazia parte
de seu ambiente. As pessoas já não mais se chocavam com aquele quadro,
acostumaram-se a ele. Assim como as pessoas de Nínive, jovens e velhos (Gn
19.4), acostumaram-se com abusos sexuais; assim como o Brasil se acostumou com
a corrupção e não mais se assusta com ela. Assim como determinadas cidades
vivem debaixo do mal e aprendem a se relacionar com ele, como no caso de Éfeso,
que tinha uma profetisa endemoniada que dava lucros aos seus senhores, uma
cidade cujo povo praticava prostituição religiosa com as sacerdotisas em
verdadeiras orgias dentro do templo e achavam isto normal. A cultura de Gadara
já incorporara, no seu inconsciente coletivo, a relação patológica com aquela
pessoa destrutiva e imunda e aquilo não mais os incomodava. Acostumara-se com o
mal. Um dos alvos estratégicos de satanás é enfraquecer valores, arrebentar com
uma cultura local com ensinos de demônios e torná-los aceitáveis.
O que é ainda mais enfático e assustador neste
texto, é que por causa da convivência com o mal, aquele povo prefere o diabo
com eles que a presença de Jesus. Porque a presença de Jesus desestabiliza o
status quo, altera o modus vivendi da comunidade. Por isto, eles resolvem pedir
a Jesus que "se retirasse da terra deles" (Mc 5.17). Existem pessoas
que não querem se livrar do diabo, por causa das perdas que terão, inclusive
financeira, social, status,etc. Sabem que, se continuarem debaixo do domínio do
diabo serão destruídos, mas não conseguem dar um salto de fé e rejeitar o mal
com suas implicações, por causa do preço que têm a pagar. Os moradores daquele
lugar rejeitam a Cristo e ficam com o demônio, porque Jesus mexe nos chiqueiro
deles. Existem muitos que não querem que Deus mexa no chiqueiro de suas vidas,
desestabilize a podridão com a qual estão habituados a viver e caminham para a
morte por não romper com este estado de coisa.
3.
Quanto a Deus – Satanás também precisa usar de determinada
estratégia quanto a Deus. E o que ele faz aqui neste texto? Como ele se
aproxima de Jesus, o Filho do Deus vivo? "Quando, de longe, viu Jesus,
correu e o adorou" (Mc 5.6). Não é impressionante que satanás corra
para "adorar" a Jesus? Na verdade o texto afirma que isto se deu por
causa da confrontação que Jesus faz a este ato maligno: "Espírito
imundo, sai desse homem!" (Mc 5.8). Satanás não tem outra opção senão
se curvar diante de Deus porque seres espirituais se percebem. Neste nosso
mundo as realidades espirituais são intercomunicáveis, elas se revelam de forma
direta. Em At 19, o espírito maligno afirma diante de alguns judeus exorcitas:
"Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?" (At
19.15). Quando o diabo afirma conheço a Jesus, ele usa o termo
ginosko, conheço por interação, porque nas realidades espirituais nossas
historias se cruzam. Mas quando fala sei quem é Paulo, ele afirma que
tem conhecimento do procedimento, atos e comportamentos de Paulo.
Certa feita lidava com uma pessoa possessa, e
no meio do trabalho de exorcismo o demônio diz: "Rev Samuel, eu te
conheço". Confesso que me assustei um pouco com aquela afirmação, mas
depois afirmei: É óbvio que ele me conhece... sabe das minhas tentações e
fraquezas, meus limites e minha família. Se tivermos medo disto não vamos
conseguir viver...
O texto nos afirma que Satanás se curva diante
de Deus. Porque é assim que deve ser. O diabo nunca poderá ter outra atitude
diante da autoridade do Pai. Não existe maniqueísmo na Bíblia: duas forças
iguais com igual poder se digladiando. Satanás é sujeito ao Pai, e Deus deu
também poder e autoridade a nós seus filhos para confrontarmos as obras das
trevas: "Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e
escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará
dano" (Lc 10.19). Gosto deste texto, especialmente da afirmação absolutamente.
Os
temores do Mal
O que ameaça o diabo? O que ele teme? Mais uma
vez usaremos o texto de Marcos 5, que nos ensina algumas preciosas lições sobre este
assunto:
1.
O diabo treme diante da presença de Deus – Em Tiago 2.19
lemos: "crês tu que Deus é um só?
Fazes bem. Até o diabo crê e estremece". A glória de Deus é repulsiva
ao diabo, por isto é que a adoração, feita de coração, invocação e qualquer
culto a Deus quando oferecido de coração, é uma ameaça ao reino das trevas.
Deus é luz, e a luz lança fora as trevas, se opõe às trevas. Satanás abomina a
luz. Neste texto, satanás grita em alta voz: "que tenho eu contigo,
Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me
atormentes!" (Mc 5.7).
2.
O diabo treme quando é desestabilizado – "E rogou-lhe
encarecidamente que os não mandasse para fora do país" (Mc 5.10). Ele se
sente ameaçado quando as suas estruturas são tocadas. Muitas vezes o diabo está
aninhado, domesticado, e o Evangelho chega para destruir suas obras . Satanás é
bicho manso, renhido, tinhoso, que se agrada de continuar na penumbra,
incomodando sem ser incomodado. Agindo sem ser desmascarado. Nada pode ser mais
ameaçador para satanás que o lançar luz nas suas artimanhas e descobrir seus
métodos, porque isto desestabiliza sua forma de ser e agir. Confronta seus
planos.
3.
O diabo treme quando o povo de Deus ora – Nós pouco entendemos
do poder da oração. Apesar de ouvirmos tantas coisas sendo ditas a este
respeito, ainda ignoramos a eficácia da oração e somos ingênuos quanto a este
assunto. Por isto não oramos, não aprendemos o poder que é liberado para o povo
de Deus quando este ora. Nossas reuniões de oração estão entregue a míngua, a
liderança não tem o hábito de orar. Deixamos nossas vidas desprotegidas, a
igreja fica descoberta espiritualmente. Oração traz santificação espiritual,
agita os céus e faz estremecer o inferno.
4.
O diabo se apavora quando pessoas se convertem – Satanás treme também
quando vidas começam a ser trazidas do
império das trevas para o reino do filho do Seu amor. Quando pessoas que
estavam sendo guiadas pelo príncipe da potestade do ar, se entregam a Jesus, e
saem do seu domínio. Muitas pessoas se tornam religiosas, mas isto não é o
bastante, temos que nos converter. Entregar nossa vida de forma incondicional a
Deus, nos rendermos a Jesus. A entrega de nossa vida a Deus pode se tornar uma
grande luta espiritual, mas só existe uma forma de romper do domínio do diabo
em nossas vidas. Uma entrega incondicional e plena a Cristo. Reconhecer nossos
pecados, reconhecer nossa necessidade de Deus, entender o plano de Cristo
naquela cruz e voltarmos para Deus. O diabo se sente ameaçado quando um pecador
larga seus vícios, sua justiça própria e volta-se para Deus.
5.
Satanás enfraquece quando o Perdão é oferecido – Satanás é
profundamente confrontado com perdão. Ele é aquele que divide. Então, a
amargura, o ressentimento, o ódio, se tornam armas extremamente eficazes nas
suas mãos. Com tais armas ele mantém muitas vidas cativas, sem liberdade
interior. Perdão libera vida, traz reconciliação, restaura lares, unifica
igrejas. O diabo perde seu domínio quando reina a paz e o perdão. Satanás se
nutre da força que damos a ele, e perdoar é retirar sua força. "A quem
perdoais alguma coisa, também eu perdôo (...) para que satanás não alcance
vantagem sobre nós" (2 Co 2.10). Satanás obtém vitória sobre nossa
vida quando não perdoamos.
6.
Satanás é desmascarado pela Confrontação – É o que vemos Jesus
fazendo aqui. Ele confronta o mal, desmascara o mal, expõe sua estratégia
trazendo-a a público. Por que o diabo habitava ali por tanto tempo? Porque ele
não era percebido. Paulo afirmava que nós, como igreja e povo de Deus, "...não
lhe ignoramos os desígnios" (2 Co 2.11). Às vezes questiono se esta
tem sido a nossa experiência, de ter consciência de seus desígnios. Se não
temos, precisamos pedir a Deus, nosso Pai, para que nos dê dons de
discernimento, para aprender a discernir de forma madura, a estratégia do diabo
contra nossas vidas, nossos lares, nossa igreja e nossa sociedade. Não podemos
ter convivência pacifica com o diabo, mas precisamos aprender a confrontar ousadamente
as forças espirituais das trevas que conspiram contra nossa santidade e contra
o reino de Deus.
Como
Jesus lida com o Mal
– Este texto nos ensina como Jesus lidava com o
inimigo.
1.
A primeira ação de Jesus é de amor para com aquele homem
violentado e dominado pelo diabo. Jesus tem compaixão dele. Isto é evidenciado
por dois fatos aqui relatados. O primeiro deles é que Jesus vai se encontrar
com este homem. Aproxima-se de sua história de dor e angústia, de
aprisionamento e sofrimento. Segundo, porque nada que Jesus faz é desproposital.
Em Gadara, que ficava do outro lado do Mar da Galiléia, o único ato público foi
libertar esta vida, já que todos os moradores pediram para que Jesus saísse de
lá após terem prejuízos em seus negócios. Jesus faz toda esta viagem, só para
libertar uma vida. Jesus amou aquele homem, e veio para trazer libertação ao
seu coração. Temos que aprender a lidar com compaixão e sensibilidade para com
aqueles que são vitimados pelo diabo, e já não conseguem mais superar o domínio
acachapante que ele tem exercido sobre suas vidas.
2. Jesus confronta o mal
– ele
desmascara o diabo, mostra quem está por detrás daquele quadro caótico, desta
alma em sofrimento.
Este mesmo poder Jesus ofereceu e tem dado a sua igreja:
"Eis ai vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre
todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano" (Lc
10.19). Jesus é o “homem mais valente” da parábola que ele mesmo contou em Mc
3.20-30. Ele acorrentou o homem valente na cruz. Ele fez isto da forma mais
estranha: morrendo na cruz. “também ele, igualmente,
participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da
morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam
sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2.14-15). Através de sua morte,
ele venceu o mal. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, torna-se o
leão da tribo de Davi que tem as chaves da morte e do inferno.
3. Jesus restaura o
equilíbrio para o homem – Traz graça ao seu coração, o faz novo, equilibra suas
emoções. "Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a
legião, assentado, vestido, em perfeito juízo" (Mc 5.15). Aquele homem
desassossegado encontra tranqüilidade, aflito encontra paz, ferido encontra
cura, desnorteado encontra direção, com vínculos quebrados encontra relação.
Jesus ordena que volte para sua casa,
por que talvez outras pessoas da sua família estivessem precisando da mesma
graça e do mesmo poder que ele agora experimentava em sua vida. "Vai
para tua casa, para os teus, anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como
teve compaixão de ti" (Mc 5.19).
4. Jesus valoriza mais a
vida que os bens – O
texto nos revela o enorme contraste entre o capitalismo desumano daqueles
homens e a sensibilidade espiritual de Jesus. Quando tiveram prejuízo não
quiseram Jesus. A lição é a seguinte: Se for necessário passar por prejuízo
para que a vida floresça em você, não se assuste, Deus pode fazer isto e fará.
Mas o mais importante é perceber onde os valores do reino estão colocados.
Jesus dá valor ao ser humano, porque "O Filho do homem veio buscar e
salvar o perdido" (Lc 19.10).
Fuja de toda forma do
mal
O mal veste muitas faces e se apresenta de
formas variadas, por isto o apostolo Paulo nos exorta a fugir de toda aparência
do mal (1 Ts 5.22). Uma de suas formas mais sutis é o diabo travestido de
bondade (2 Co 11.13-15) ou espiritualidade para acobertar o coração maligno (1
Tm 6.3-6). O mal pode ter aparência de bem, com carinhas simpáticas para levar
homens ao inferno. Como cristãos devemos estar alertas e fugir de “toda forma
do mal”. Nem tudo que é mal tem forma de mal, nem tudo que é bom, “parece” ser
bom. Por isto, o cristão deve fugir de tudo aquilo que conspira contra o reino
de Deus, ainda que venha de forma dissimulada. O mal tem muitas formas, não se
identifique com nenhuma de suas caricaturas. “Fugi da aparência do mal”
(5.22). Mas, acima de tudo, devemos ter cuidado com o mal travestido de
bondade, pois quanto mais sutil, mais diabólico (5.2). É como espinho de peixe,
quanto menor, mais perigoso. Afinal, o
diabo veste Prada.
Quais
são as formas do mal?
1.
O Mal, em todas as suas formas, primitiva ou sofisticada,
sempre traz prejuízo físico e moral aos outros – Mal em inglês é evil,
que de trás para frente é live que significa viver. Scott
Peck afirma que o mal é anti-vida, é o oposto da vida. Onde ele se revelar a
vida perde sua intensidade e valor. Paulo afirma: “não te deixes vencer do
mal, mas vence o mal com o bem”. Quando tentamos vencer o mal com mal,
entramos na esfera do diabo, e as conseqüências podem ser muito graves. Ao usar
os princípios do mal, saímos da esfera do sobrenatural e nos tornamos abertos
ao demônio. Por isto a bíblia diz, por exemplo, que “a ira do homem não produz
a justiça divina”. Isto tem a ver com a vingança, quando queremos retribuir
alguém mal por mal. A ausência de perdão faz com que recusemos agir de forma
bondosa para ferir quem nos feriu, e nós sabemos muito bem os efeitos da ira,
ausência de perdão e vingança na vida dos seres humanos.
2.
O Mal, na sua forma mais perversa, torna Deus secundário
ou descartável em nossa vida. Quando as bases de
nossa ética não são mais os absolutos de Deus, ou quando operamos com base na
nossa carnalidade e nos impulsos pessoais, estamos desprezando os conselhos de
Deus e sua orientação. Os princípios de Deus, são para nortear nossa vida e nos
orientar, seu propósito é nos dar vida. Muitas vezes desprezamos a orientação
da Deus e fazemos as coisas à nossa maneira.
A Bíblia, porém, nos leva a pensar nos riscos
de fazermos as coisas usando nossas próprias armas. O salmista afirma: “Ora, destruídos
os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (Sl 11.3). Quando
retiramos de nossas vidas a orientação de Deus, o que passa a nortear nossa
caminhada? A característica do mal é a substituição de Deus e a centralização
do homem. O homem é egocêntrico e sofisticado na sua forma de malignidade, e
quando faz da sua forma sempre perde a referência de Deus e sofre um processo
de auto engano.
3.
A Palavra de Deus nos exorta a não apenas fugir do mal,
mas nos adverte para fugirmos da aparência do mal – Existe muita coisa que
não é má em si, mas aparenta ser mal. Alguns anos atrás um amigo me ensinou que
“o cristão não pode ser apenas bom, ele tem que parecer bom”. Quando nos
assentamos com lobos, aprendemos a uivar. Fuja do mal, mas fuja também de sua
aparência. Associações e alianças comprometedoras que podem nos identificar com
o mal são péssimas para o testemunho cristão.
O Futuro
do Mal
Embora o mal seja real em nosso mundo, ele não ficará para
sempre. Deus prometeu que haverá um novo mundo após a segunda vinda de Jesus.
Será um mundo sem choro, dor e morte. Tudo será feito novo (Apocalipse 21:5). O
paraíso que Adão e Eva perderam será recuperado. Enquanto isto não acontece, os
cristãos têm que lutar contra o mal, a imoralidade e a corrupção. O cristão não
se conforma com o mal e chama as coisas de certas quando são erradas. O cristão
também aborrece e odeia o pecado.
Apesar de não entendermos a complexidade destes
fatos, somos exortados a lutar contra toda forma de expressão, violência e
anti-vida com a qual nos defrontamos. “Precisamos
resgatar a capacidade de indignação e dor diante da miséria que assola a
América Latina” (Oscar Bulhole). Devemos lutar contra toda expressão
satânica ou humana do mal, da injustiça e da opressão, lembrando que “A
religião pura e sem mácula para com nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos
e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do
mundo” (Tg 1.27).
O mal não pode ser explicado em todas as suas dimensões,
mas isto não pode levar-nos a uma atitude cômoda em não combatê-lo com a
prática do bem. O mal e a dor podem não ser teologicamente explicados, mas
devem ser confrontados com o exercício do bem e da promoção do Reino de Deus.
Quando somos a vítima do mal, somos também desafiados a enfrentá-lo com
coragem, fé e esperança. “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o
bem” (Rm 12.31).
Como vencer o mal?
Muitas vezes o mal
nos assola de forma impetuosa e dolorida. Somos vitimados sem termos qualquer
possibilidade de reação. São famílias que perdem seus entes queridos porque uma
pessoa irresponsável estava encharcada de álcool dirigindo um carro. Outros
sofrem abusos morais, psicológicos e sociais, alguns são abusados sexualmente,
infamados, injuriados. Todos os dias, muitos são os impactados pelo mal em suas vidas. Como responder
a ataques malignos. Como devemos agir?
Em Rm 12.9-21 vemos um belíssimo tratado de
Paulo sobre a forma como devemos lidar com o mal. O texto inicia com a
afirmação: “Detestai o mal, apegando-vos
ao bem”(Rm 12.9), e termina
afirmando: “Não te deixes vencer do mal,
mas vence o mal com o bem”( Rm 12.21). Inicia e termina com a idéia do mal.
Isto demonstra que o mal encontra-se diante de nós, e que devemos saber como
lidar com ele. Quando alguém me faz o mal, como devo reagir? Quais devem ser minhas
reações às agressões sofridas? Que orientação posso encontrar na Palavra de
Deus sobre este assunto?
Este texto nos exorta a “vencer o mal”. Por
isto é importante analisar mais profundamente estas verdades. A vitória sobre o
mal é uma possibilidade genuína (Rm 12.21). A batalha na vida cristã é uma
oportunidade (e não apenas um desafio), para superarmos a obra do mal em nossas
vidas.
Muitos ficam se lamentando diante do mal: As
pessoas me fizeram isto, meu marido fez isto, meu amigo, meu chefe, meu companheiro
de trabalho, me filho, as circunstâncias, etc. Nós não temos dúvida que pessoas
fazem o mal contra nós, e de muitas formas. O mal está fortemente presente no
nosso dia a dia. Mas o fato de terem feito o mal contra nós não é razão para
nos sentirmos derrotados. Deus nos ordena vencer o mal com o bem. Ele nos responsabiliza em responder de forma
positiva aos ataques recebidos e afirma que é possível vencer o mal.
Que tipo de inimigo é este? Como afirmamos no
inicio, o mal na Bíblia não é algo genérico e abstrato, mas possui
personalidade, é personificado, se opõe a Deus e é direcionado contra nós, por
isso precisamos derrotá-lo. Ele quer atacar-nos, enfraquecer-nos e vencer-nos.
Quando o mal consegue isso é mais que uma tragédia pessoal. O nome do
Evangelho, da igreja e de Cristo é envergonhado. Precisamos vencer o mal por
causa da glória de Deus e do Evangelho.
Jay Adams afirma: “A essência do mal, então, está, não no fato de que ele tem poder para
lhe causar sofrimento (que é o seu efeito), nem no fato de que ele foi
provocado (O que o torna hediondo), mas no fato de que ele é contra Deus... é
mal contra um cristão porque ele é um cristão”. Este ataque envolve você e
exige uma resposta cristã baseada em
Deus. A luz sempre vence a treva. Trevas e sombras não podem
superar a luz. Quando surge o sol a noite desaparece. Nós somos luz!
Temos vencido o mal em nossa vida ou temos uma
vida de derrota? Nossa vida é uma batalha e o cristão é chamado para esta
guerra. A cruz não foi uma atitude passiva de Cristo. Ele veio destruir as
obras do diabo (Hb 2.14) e triunfou dos principados e potestades na cruz. Ele
deu sua vida, ela não foi tomada. A cruz foi ativa. O cristão não é hinduísta
(que prega a não violência), mas é o ser mais violento na face da terra. Ele
recebeu ordens de Deus para lutar e derrotar o mal. É um exército do bem,
mobilizado para vencer o mal.
Quais
são nossas armas?
Paulo diz que elas não são carnais, mas
poderosas em Deus (2 Co 10.4). Este exército deve usar armas apropriadas para vencer
o mal. Os métodos e as armas do mundo não trarão vitória. Quando eles fazem o
mal, nós fazemos o bem. Esta é a ordem do Senhor da batalha. Não existe outra
opção, devemos seguir sua orientação.
O método de Deus é importante. O único jeito
de vencer o mal é com o bem. Você não vai conseguir vencer o mal usando as
armas do mal.
O que normalmente fazemos quando sofremos
ofensas?
·
Veja
o que ele fez comigo...
·
Estou
fazendo apenas o que eles me fizeram...
São sentimentos que em geral expressam nossa
frustração. Não é de se admirar porque há tanta falta de poder hoje na igreja,
você não pode vencer o mal agindo com maldade.
A estratégia divina pressupõe que o mal não
tem o poder que o bem possui. Quando o cristão se encontra na batalha ele deve
usar as armas de Deus. Os métodos de Deus. Quando desobedecemos as ordens de
nosso general, o exército de Deus se enfraquece grandemente.
O mal é uma força formidável. Um exército bem
armado. Às vezes achamos que é impossível vencê-lo. Jesus nos treina para usar
determinadas armas, quando usamos as armas do mal somos derrotados. O mal é
poderoso, mas o bem ainda é maior. Só o bem poderá derrotar o mal. Trevas só
podem ser vencidas com a luz. É uma lástima quando homens de Deus resolvem usar
armas do diabo, porque acham que só as armas do diabo funcionam.
Quando o bem é usado de forma consistente,
fiel e vigorosa, o inimigo é derrotado. Você foi chamado para ser vitorioso.
Não lhe parece muito fácil, simplista e irrealista a proposta da Palavra de
Deus?
Como você tem lutado contra o mal? Você tem
usado as armas de Deus? Então esqueça seus medos e dúvidas. Use as armas
corretas e confie nas ordens de seu general. Pare de tentar lutar usando seus
métodos e sua estratégia, pare de tentar fazer por você mesmo. Você é um
soldado, obedece ordens, não um comandante, responsável por dar as armar e as
estratégias. Então, pare de ser insubmisso ao seu chefe, que é Jesus!
Conclusão:
Praset é uma frágil Thailandesa, com quem
minha esposa, Sara Maria, teve o privilégio de conviver durante os dias de
treinamento para Liderança cristã ministrado pelo Instituto Haggai em 2007. Ela
fazia parte da única família cristã da região onde morava. Certa noite,
enquanto oravam um grupo de pessoas resolveu invadir a sua casa arrombando as
portas e janelas e começaram a jogar todas as suas coisas na rua: móveis,
panelas, utensílios domésticos e roupas. Enquanto eles, de forma aparentemente
impassível, continuavam a orar e a chorar diante de Deus, ainda que temendo por
suas vidas.
Quando as pessoas foram embora, eles começaram
a recolher os cacos de suas coisas, sem dizer uma palavra. Dias depois, aquelas
pessoas começaram a se aproximar da família, tentando pedir desculpas e
entender a atitude deles. Aos poucos, o testemunho do Evangelho começou a
penetrar nos seus corações, e cerca de 100 pessoas vieram a aceitar Jesus como
seu salvador pessoal. Esta é uma história que ilustra bem como o bem tem
vencido o mal.
A cruz é o supremo exemplo de como usar o bem
para derrotar o mal. Todos os poderes do inferno lutavam contra Deus. Como
Jesus superou?
Transformou a vergonha da cruz (maldito), em
um lugar de glória e salvação. Deus gloriosamente triunfou sobre a cruz. A
morte parecia seu destino final, mas transformou-se no evento glorioso da
ressurreição, e fomos beneficiados com a vitória do bem sobre o mal, que se deu
na cruz.
Cristãos derrotam o mal, fazendo o bem. Esta é
a grande estratégia de Jesus!
Samuel Vieira
Anápolis, 20 de Julho 2008
Bibliografia:
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Phillisburg , New Jersey , Presbyterian and reformed
Publishing, Co 1977, pg 11
Anderson, Neil T - The bondage breaker, Eugene , Oregon , Harvest House Publishers, 1990.
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pg. 83
Lewis, C. S - The
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New American Library, 1988, pg xix.
Linthicum, Robert – Cidade de Deus, Cidade de
Satanás, Belo Horizonte, Missão Editora, 1995
Peck, M. Scott - People of the Lie, New York , Simon and
Schuster, 1983
Hammond,
Frank e Ida Mae
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Editorial Unilit, 1973
Sanford
John, A
– MAL: O lado sombrio da realidade,
São Paulo, Ed. Paulinas, 1981
Zimbardo, Philip – “O Efeito Lúcifer” São Paulo, Ed. Record,
2013
[2] Peck, op. Citado, Pg. 183.
[3] Buber, Martin – Good and
Evil. New York ,
The Scribner Library, 1953, pg 139
[4] Zimbardo, Philip – “O Efeito Lúcifer” São Paulo, Ed. Record, 2013
[5]
Entrevista na REvista Veja, ed. 2335, ano 46 – n. 34, de 21 de agosto de 2013.
[6] Harnack, Adolf Von – citado por
Robert H. Stein, in Mark, Baker exegetical commentary on the New Testament. Michigan , Grand
Rapids , Baker Academic, 2008, pg 33.
[7] Lewis, C. S. – The screwtape letters, New York , New American Library, 1988, pg
xix.
[8]
Linthicum, Robert – Cidade de Deus, Cidade de Satanás, Belo Horizonte, Missão
Editora, 1995, pg 51
[9] . idem, op. cit. pg 72
[10] Johnson, Darrel W – Who is Jesus?
Vaoncouver, Canadá – Regente
College Publishing, 2011,
pg. 83
[11] . Johnson, op cit. 2011, pg 85
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