quinta-feira, 16 de abril de 2015

Curso de Apologética - Lição 1- A importância da Apologética



Introdução:


O termo apologética vem do grego, e significa originalmente “defesa”. Paulo afirma que os pagãos, no último dia, serão julgados diante de Deus por serem "indesculpáveis" (Rm 1.20). O termo original é "unapologeticon", veja que na raiz da palavra, surge o termo "apologética", dando a ideia de que não terão como se defender. Durante muitos anos o cristianismo teve que lutar com as heresias. Doutrinas e pensamentos contrários à doutrina. Por isto Paulo fala da “boa doutrina”, “sã doutrina” e “doutrina pura”. Se falamos da “boa”, é porque existe a má, se existe a “sã”, existe a “má doutrina”. Se tem a “pura”, existe a adulterada, falsificada.

O apóstolo Paulo para cuidar de nós mesmos, e da doutrina (1 Tm 4.16).

É muito curiosa esta exortação. Não apenas devemos cuidar da vida: corpo, mente, emoções e alma, mas devemos cuidar também da doutrina que professamos.
Já encontrei muitas pessoas dentro da igreja que afirmam não gostar de doutrinas, porque elas trazem a ideia de dogmas, algo inflexível, inegociável. Se você pensa desta forma sugiro que você anote na sua Bíblia quantas vezes aparece a expressão doutrina, apenas nas cartas de Paulo a Timóteo e Tito. Paulo fala, por exemplo de “boa doutrina” (1 Tm 4.6) de “outras doutrinas”(1 Tm 1.3) e da “sã doutrina” (1 Tm 1.10). Vamos pensar um pouco sobre cada uma destas afirmações.

Temos que entender que existe “boa doutrina”, o que inexoravelmente nos leva a considerar que existe seu oposto, ou seja, “a má doutrina”.
Boa parte dos livros do Novo Testamento é apologética, por sua natureza. O propósito dos autores era de “defender a fé, uma vez dada aos santos” (Judas vs 3). Por que? Já nos dias apostólicos, “certos indivíduos se introduziram com dissimulação” na igreja (Judas vs. 4). Era muito comum surgirem pregadores afirmando coisas que eram contrárias à fé cristã, o conjunto de crenças aceito pelas igrejas Cristãs. Paulo cita nominalmente Himeneu e Fileto, pregadores desviados da verdade (2 Tm 2.17,18). O perigo da má doutrina é sempre constante. Muitos se apostaram da fé e passaram a obedecer a ensinos de demônios, cauterizando a consciência e que ensinavam coisas absurdas no meio das igrejas (1 Tm 4.1-3).
A grande luta dos reformadores do Século XVI foi contra as distorções da palavra de Deus. Era necessário retornar as escrituras e considerar atentamente o que Jesus e os apóstolos ensinaram à igreja. Eles desenvolveram o princípio da Sola Scriptura, isto é, apenas as Escrituras Sagradas poderiam ser o fundamento daquilo que deveriam crer e dar as normas de como deveriam viver. Nem tradição, nem novas revelações ou novos ensinamentos, poderiam substituir ou serem acrescentados à Palavra de Deus, Antigo e Novo Testamentos.

Não é muito diferente em nossos dias.

Recentemente uma irmã que se converteu nesta igreja resolveu voltar e se filiar novamente à nossa comunidade depois de vários anos afastada. Ela participou de várias igrejas e ouviu muitas opiniões de pastores e ouviu várias doutrinas e linhas teológicas. Ela me disse que nós não fazemos a mínima ideia das loucuras e desvarios que tem sido ensinado em muitas comunidades nestes dias. Ela estava certa!

A exortação paulina parece cada vez mais atual: Cuida da boa doutrina. Cuidado com a má doutrina.
A má doutrina pode destruir a simplicidade de sua fé e tornar a vida um inferno de acusação, medo e culpa. Paulo diz a Timóteo que, cuidando dele e da doutrina salvaria tanto a si mesmo como a outros. A má doutrina pode levar–nos ao inferno, ainda que dê a impressão de que ela está caminhando em direção ao céu.

Em segundo lugar, Paulo fala ainda da sã doutrina, o que nos leva a considerar que existe seu oposto, a doutrina doente. A doutrina bíblica é saudável, traz vida aos ouvintes e praticantes. A doutrina doente, neurotiza, sataniza e enlouquece seus seguidores. Não é por acaso que hospitais psiquiátricos estão repletos de pessoas seguidoras de religiões. Princípios distorcidos podem enlouquecer as pessoas.

Em terceiro lugar, Paulo fala de “outras doutrinas”(1 Tm 1.3). Ele deixou Timóteo em Éfeso para que admoestasse certas pessoas a não ensinarem “outra doutrina”, isto é, havia naquela igreja, pessoas que estavam ensinando o que Deus nunca havia dito.

Na carta aos Gálatas, que foi escrita cerca de 30 anos depois da morte de Cristo, Paulo afirma que as pessoas da igreja da Galácia, estavam pervertendo o evangelho, passando da graça de Cristo para “outro evangelho” (Gl 1.6-9). O problema crucial é que não existe outro evangelho. Nada pode substituir o evangelho, ser colocado no seu lugar ou adicionado a ele. O evangelho ou é puro ou não é evangelho. Paulo afirma que ainda que um anjo vindo do céu, pregasse outro evangelho, deveria ser considerado maldito (Gl 1.8). Ainda que um pregador eloquente, uma profetisa ou profeta místico fizesse afirmações contrárias, deveriam ser considerados como enviados pelo diabo e rejeitados.
Existe um “outro evangelho”, uma “outra doutrina”, sendo ensinado por aí, e não deveremos nunca aceitá-la. Rejeitar a verdadeira doutrina pode nos destruir espiritualmente, como afirma as Escrituras (1 Tm 4.16).

Deus nos fez seres pensantes. Eu nunca seria um bom cristão se intelectualmente a fé cristã não respondesse as minhas questões. Certa vez um jovem cineasta no Rio de Janeiro me disse que daria tudo para crer nas “bobagens” que eu cria. Respondi-lhe que jamais gostaria de crer em mentiras em nome de verdade, mesmo que parecesse a coisa mais atraente, porque, “toda verdade é verdade de Deus”(Os Guiness) e Jesus afirmou que “a verdade liberta”. Se adotamos a mentira como nosso parâmetro, certamente nos perderemos. Mentira é engano, falsidade.

O uso do termo Apologética na Bíblia
At 22.1 – “Pais e irmãos, ouvi agora a minha “defesa” (apologética)”.
At 25.16 – “...e possa defender-se (apologética) da acusação “.
1 Co 9.3- “A minha defesa (apologética) perante os que me interpelam é esta
Fp 1.7 – .”... seja na defesa (apologética) e confirmação do evangelho.
Fp 1.16 - .”... estou incumbido da defesa (apologética) do evangelho”.
2 Tm 4.16 – “Na minha primeira defesa (apologética) ninguém foi a meu favor.
1 Pe 3.15 – ...“dar razão da esperança que há em vós”.

Objetivos da Apologética
a. Fortalecer a própria fé
Schaeffer: “Obrigado por me dar mais motivos para adorar o meu Deus “

b. Fortalecer a fé dos irmãos – Cl 3.16
Schaeffer: “O cristianismo, quando levado às ultimas coerências, é sempre racional”.

c. Remover barreira intelectual dos descrentes – Não é suicídio intelectual
Schaeffer: “ Não é justo nem honesto dizer, creia somente”.

d. Apologética não substitui a oração, nem o Espírito Santo.

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