Embora existam muitos
argumentos e provas racionais da existência de Deus como os de Berkhof
enumerados na aula anterior, ou os conhecidos pontos de Thomas de Aquino , o
fato é que nenhuma pessoa se converte por causa de tais argumentos filosóficos.
Afinal, o próprio diabo “crê em Deus e treme” (Tg 2.19), mas é um ser sem
redenção, irrecuperável e não regenerado. Portanto, argumentos pró e contra não
nos conduzem ao temor do Senhor.
É bom considerar ainda,
que, apesar de termos argumentos a favor, temos também muitos outros pontos de
vista que argumentam contra a existência de Deus. Estes pontos também não levam,
necessariamente, alguém à apostasia. Podem, no máximo, corroborar com aqueles
que já estavam predispostos a não crer.
Eis alguns destes Argumentos
elaborados, tentando “provar” a inexistência de Deus.
11. O
argumento das revelações inconsistentes – Afirmam que “cada religião
defende ser objeto da revelação, no entanto, todas elas são opostas entre si”,
portanto, se Deus revelou, revelou a quem? Se existe apenas um Deus, ele
deveria ter dado a mesma compreensão para todos. Isto prova a falência dos
conceitos. Quem está certo: Hinduísmo, islamismo, cristianismo?
Biblicamente compreendemos
que, de fato, para se conhecer a Deus, é necessário uma revelação especial. Os
reformadores e biblistas, não aceitamos o conceito da teodicéia, de que o
homem, através de suas elucubrações filosóficas e epistemológicas seria capaz
de apreender a verdade divina ou todo conceito de divindade, presentes no Deus
supremo.
Três textos fundamentam
esta argumentação:
A.
Em Mt 16.47, Pedro afirma que “Cristo
era o Filho do Deus vivo”, e Jesus afirma que ele era um bem aventurado, porque
não fora “carne e sangue” quem lhe revelaram esta verdade, mas “o Pai celeste
que está nos céus”. Portanto, conhecimento da pessoa de Cristo e o correto
conceito acerca dele, só podem ser apreendidos por uma manifestação especial de
Deus na vida das pessoas;
B.
Em 2 Pe 1.19-21 lemos: “E temos, mui
firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma
luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva
apareça em vossos corações. Sabendo
primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular
interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
A profecia bíblica é
inspirada, “sopro de Deus”, e só pode ser apreendida por uma revelação pessoal,
intransferível e única, vinda do próprio Deus.
2.
O problema do mal – Se Deus é bom,
porque ele não corrige o problema da dor e da morte? Portanto, só existe uma saída:
“Ou Deus é bom e não é suficientemente poderoso, ou Deus é poderoso, mas não suficientemente
mal”.
Na lição anteriormente ministrada pelo Rev. Heber
Schaiblitz, já analisamos o problema do mal. Vimos a clara distinção entre mal
moral e mal natural. Deus permite e até mesmo executa o “mal natural”, para
seus propósitos e planos, jamais, porém, poderemos admitir que cometa um mal
moral, porque neste caso, Deus teria pecado ou cometido injustiça.
É neste sentido que entendemos o texto de Isaias 45.
7: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço
a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”.
3.
O argumento da descrença – Se Deus existe, daria condições
(sinais), para que todos cressem nele.
A verdade é que, sinais nunca convenceram ninguém e
nem sempre são capazes de levar pessoas a Deus. Nenhum povo presenciou tantos
sinais como quando saiam do Egito, no entanto, foi uma geração murmuradora e
descrente, apesar dos sinais.
Jesus censurou Cafarnaum, e a própria cidade de
Jerusalém, porque, apesar de todos os sinais e prodígios que fizeram nestas
cidades, as pessoas continuavam incrédulas.
No entanto, dois textos na Bíblia nos falam de como Deus
se interessa em se revelar:
A.
“Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua
bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes
sustento com fartura e enchendo de alegria os seus corações" (At 14.17).
B.
“Pois o que de Deus se pode conhecer é
manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois
desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e
sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio
das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram
como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis
e os seus corações insensatos se obscureceram” (Rm 1.19-21).
4.
O ônus da prova – Afirmam que é impossível defender a existência
de Deus, porque se ele existe, ele mesmo precisa provar que existe e como isto não
é possível, então Deus não existe, até que se prove o contrário.
A resposta dada por Deus é que
estes homens são “indesculpáveis” (Rm 1.19). No dia do juízo, a natureza revelou
de forma tao clara a existência de Deus que eles não terão capacidade de se
defender. O Salmo 19.1 afirma: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o
firmamento anuncia as obras de suas mãos”. A natureza toda, é um “Business card”
de Deus. Sua ordem e harmonia, sua coerência e proposito falam de um grande
Senhor do Universo e de uma mente criativa e inteligente por detrás de toda a
realidade existente.
5.
O argumento da incoerência – Afirma-se que Deus é onisciente, e
sabe de todas as coisas, no entanto existem várias coisas que Deus desconhece:
A.
Alguém maior do que ele mesmo
B.
Um homem que não seja pecador;
C.
Um homem que não precisa de salvação.
Se Deus sabe tudo (passado/presente e futuro), o livre
arbítrio não faz qualquer sentido.
A resposta é que, o fato de Deus saber não significa
que Deus tenha de fazer. Deus é livre até mesmo para incapacitar os homens à
fé. Fé é um dom de Deus (Ef 2.8-9), e todas as coisas que ele fez, e tal como
as fez, foi pelo “beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5), isto é, ele fez assim,
porque queria fazer assim. Soberania e liberdade é um atributo incomunicável da
divindade.
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