quinta-feira, 30 de abril de 2015

Curso de Apologética - Lição 5 - Argumentos pela “inexistência de Deus”



Embora existam muitos argumentos e provas racionais da existência de Deus como os de Berkhof enumerados na aula anterior, ou os conhecidos pontos de Thomas de Aquino , o fato é que nenhuma pessoa se converte por causa de tais argumentos filosóficos. Afinal, o próprio diabo “crê em Deus e treme” (Tg 2.19), mas é um ser sem redenção, irrecuperável e não regenerado. Portanto, argumentos pró e contra não nos conduzem ao temor do Senhor.

É bom considerar ainda, que, apesar de termos argumentos a favor, temos também muitos outros pontos de vista que argumentam contra a existência de Deus. Estes pontos também não levam, necessariamente, alguém à apostasia. Podem, no máximo, corroborar com aqueles que já estavam predispostos a não crer.

Eis alguns destes Argumentos elaborados, tentando “provar” a inexistência de Deus.

11. O argumento das revelações inconsistentes – Afirmam que “cada religião defende ser objeto da revelação, no entanto, todas elas são opostas entre si”, portanto, se Deus revelou, revelou a quem? Se existe apenas um Deus, ele deveria ter dado a mesma compreensão para todos. Isto prova a falência dos conceitos. Quem está certo: Hinduísmo, islamismo, cristianismo?
Biblicamente compreendemos que, de fato, para se conhecer a Deus, é necessário uma revelação especial. Os reformadores e biblistas, não aceitamos o conceito da teodicéia, de que o homem, através de suas elucubrações filosóficas e epistemológicas seria capaz de apreender a verdade divina ou todo conceito de divindade, presentes no Deus supremo.

Três textos fundamentam esta argumentação:
A.      Em Mt 16.47, Pedro afirma que “Cristo era o Filho do Deus vivo”, e Jesus afirma que ele era um bem aventurado, porque não fora “carne e sangue” quem lhe revelaram esta verdade, mas “o Pai celeste que está nos céus”. Portanto, conhecimento da pessoa de Cristo e o correto conceito acerca dele, só podem ser apreendidos por uma manifestação especial de Deus na vida das pessoas;
B.      Em 2 Pe 1.19-21 lemos: E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
A profecia bíblica é inspirada, “sopro de Deus”, e só pode ser apreendida por uma revelação pessoal, intransferível e única, vinda do próprio Deus.

2.       O problema do mal – Se Deus é bom, porque ele não corrige o problema da dor e da morte? Portanto, só existe uma saída: “Ou Deus é bom e não é suficientemente poderoso, ou Deus é poderoso, mas não suficientemente mal”.
Na lição anteriormente ministrada pelo Rev. Heber Schaiblitz, já analisamos o problema do mal. Vimos a clara distinção entre mal moral e mal natural. Deus permite e até mesmo executa o “mal natural”, para seus propósitos e planos, jamais, porém, poderemos admitir que cometa um mal moral, porque neste caso, Deus teria pecado ou cometido injustiça.
É neste sentido que entendemos o texto de Isaias 45. 7: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”.

3.       O argumento da descrença – Se Deus existe, daria condições (sinais), para que todos cressem nele.
A verdade é que, sinais nunca convenceram ninguém e nem sempre são capazes de levar pessoas a Deus. Nenhum povo presenciou tantos sinais como quando saiam do Egito, no entanto, foi uma geração murmuradora e descrente, apesar dos sinais.
Jesus censurou Cafarnaum, e a própria cidade de Jerusalém, porque, apesar de todos os sinais e prodígios que fizeram nestas cidades, as pessoas continuavam incrédulas.
No entanto, dois textos na Bíblia nos falam de como Deus se interessa em se revelar:
A.      Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e enchendo de alegria os seus corações" (At 14.17).
B.       “Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram” (Rm 1.19-21).
4.       O ônus da prova – Afirmam que é impossível defender a existência de Deus, porque se ele existe, ele mesmo precisa provar que existe e como isto não é possível, então Deus não existe, até que se prove o contrário.
A resposta dada por Deus é que estes homens são “indesculpáveis” (Rm 1.19). No dia do juízo, a natureza revelou de forma tao clara a existência de Deus que eles não terão capacidade de se defender. O Salmo 19.1 afirma: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos”. A natureza toda, é um “Business card” de Deus. Sua ordem e harmonia, sua coerência e proposito falam de um grande Senhor do Universo e de uma mente criativa e inteligente por detrás de toda a realidade existente.

5.       O argumento da incoerência – Afirma-se que Deus é onisciente, e sabe de todas as coisas, no entanto existem várias coisas que Deus desconhece:
A.      Alguém maior do que ele mesmo
B.       Um homem que não seja pecador;
C.      Um homem que não precisa de salvação.
Se Deus sabe tudo (passado/presente e futuro), o livre arbítrio não faz qualquer sentido.

A resposta é que, o fato de Deus saber não significa que Deus tenha de fazer. Deus é livre até mesmo para incapacitar os homens à fé. Fé é um dom de Deus (Ef 2.8-9), e todas as coisas que ele fez, e tal como as fez, foi pelo “beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5), isto é, ele fez assim, porque queria fazer assim. Soberania e liberdade é um atributo incomunicável da divindade. 

Curso de Apologética - Lição 3 - Provas racionais da existência de Deus

Louis Berkhof

No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existência de Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela influência de Wolff. Alguns deles já tinham sido sugeridos, em essência, por Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por estudiosos da filosofia da religião. Somente os mais comuns podem ser apresentados aqui.

1. O ARGUMENTO ONTOLÓGICO.

Este argumento foi apresentado em várias formas por Anselmo, Descartes, Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por Anselmo. Este argumenta que o homem tem a ideia de um ser absolutamente perfeito; que a existência é atributo de perfeição; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir. Mas é evidente que não podemos tirar uma conclusão quanto à existência real partindo de um pensamento abstrato. O fato de que temos uma ideia de Deus ainda não prova a Sua existência objetiva. Além disto, este argumento pressupõe tacitamente como já existente na mente humana o próprio conhecimento da existência de Deus que teria que derivar de uma demonstração lógica. Kant declarou, com ênfase, insustentável este argumento, mas Hegel o aclamou como um grande argumento em favor da existência de Deus. Alguns idealistas modernos sugeriram que ele poderia ser proposto de forma um tanto diferente, como a que Hocking chamou, “O registro da experiência”. Em virtude podemos dizer: “Tenho ideia de Deus: portanto, tenho experiência de Deus”.

2. O ARGUMENTO COSMOLÓGICO.

Este argumento tem aparecido em diversas formas. Em geral se apresenta como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada; sendo assim, o universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa indefinidamente grande. Contudo, o argumento não produz convicção, em geral. Hume questionou a própria lei de causa e efeito, e Kant assinalou que, se tudo que existe tem uma causa adequada, isto se aplica também a Deus, e, assim, somos suposição de que o cosmo teve uma cauda única, uma causa pessoal e absoluta, e, portanto, não prova a existência de Deus. Esta dificuldade levou a uma construção ligeiramente diversa do argumento como, por exemplo, a que B.P.Bowne fez. O universo material aparece como sistema interativo e, portanto, como uma unidade que consiste de várias partes. Daí, deve haver um Agente Integrante que veicule a interação das várias partes ou constitua a base dinâmica da existência delas.

3. O ARGUMENTO TELEOLÓGICO.

Este argumento também é causal e, na verdade, é apenas uma extensão do imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte o mundo revela inteligência, ordem, harmonia e propósito, e assim implica a existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este. Kant considera este argumento o melhor dos três que mencionamos, mas alega que ele não prova a existência de Deus, nem de um criador, mas somente a de um grande arquiteto que modelou o mundo. É superior ao argumento cosmológico no sentido de que explicita aquilo que não é firmado no anterior, a saber, que o mundo contém evidências de inteligência e propósito. Não se segue necessariamente que este ser é o Criador do mundo. “A prova teológica”. Diz Wright.1 “indica apenas a provável existência de uma mente que, ao menos em considerável medida, controla o processo do mundo, suficiente para explicar a quantidade de teleologia que nele transparece”. Hegel considerava este argumento válido, mas o tratava como um argumento subordinado. Os teólogos sociais dos nossos dias rejeitam-no, juntamente com todos os outros argumentos, como puro refugo, mas os neoteístas o aceitam.

4. O ARGUMENTO MORAL.

Como os outros argumentos, este também assumiu diferentes formas. Kant tomou seu ponto de partida no imperativo categórico, e deste deferiu a existência de alguém que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem. Em sua opinião, este argumento é muito superior a qualquer dos outros. É o argumento em que se apoia principalmente, em sua tentativa de provar a existência de Deus. Esta pode ser uma das razões pelas quais este argumento é mais geralmente reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a mesma formulação. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes observada entre a conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam na vida presente, e acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por sua vez, exige um árbitro justo. A teologia moderna também o usa amplamente, em especial na forma de que o reconhecimento que o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existência de um ser santo e justo, não torna obrigatória a crença em um Deus, em um Criador ou em um Ser de infinitas perfeições.

5. O ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO.

Em geral este argumento toma a seguinte forma: Entre todos os povos e tribos da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto que o fenômeno é universal, deve pertencer à própria natureza do homem. E se a natureza do homem naturalmente leva ao culto religioso, isto só pode achar sua explicação num ser superior que constituiu o homem um ser religioso. Todavia, em resposta a este argumento, pode-se dizer que este fenômeno universal pode ter-se originado num erro ou numa compreensão errônea de um dos primitivos progenitores da raça humana, e que o culto religioso referido aparece com mais vigor entre as raças primitivas e desaparece à medida que elas se tornam civilizadas.

6. CONCLUSÃO

Ao avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os crentes não precisam deles. Sua convicção a respeito da existência de Deus não depende deles, mas, sim, da confiante aceitação da auto-revelação de Deus na Escritura. Se muitos em nossos dias estão querendo firmar sua fé na existência de Deus nesses argumentos racionais, isto se deve em grande medida ao fato de que eles se negam a aceitar o testemunho da palavra de Deus. Além disso, ao usar estes argumentos na tentativa de convencer pessoas incrédulas, será bom ter em mente que de nenhum que nenhum deles se pode dizer que transmite convicção absoluta. Ninguém fez mais para desacreditá-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos filósofos e teólogos os têm descartado como completamente inúteis, mas hoje os referidos argumentos estão recuperando apoio e o seu número está crescendo. E o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicações satisfatórias da existência de Deus, parece indicar que eles não são inteiramente vazios de valor. Têm algum valor para os próprios crentes, mas devem ser denominados testimonia, e não argumentos. Eles são importantes como interpretações da revelação geral de Deus e como elementos que demonstram o caráter razoável da fé em um ser divino. Além disso. Podem prestar algum serviço na confrontação com os adversários. Embora não provem a existência de Deus além da possibilidade de dúvida e a ponto de obrigar o assentimento, podem ser elaborados de maneira que estabeleçam uma forte probabilidade e, por isso, poderão silenciar muitos incrédulos.

Fonte: Louis Berkhof - Teologia Sistemática Editora Cultura Cristã

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Curso de Apologética - Lição 4 - Deus: Autor do Mal?

Rev. Héber Schaiblich
Palestra ministrada no mes de Março. curso de Apologética 

QUEM ESTÁ NO CONTROLE?
         Deus, Diabo, Ser Humano

 QUEM É O AUTOR DO MAL?
QUAL O PROPÓSITO DO MAL?
QUEM ESTÁ NO CONTROLE?
        Visões:
          Ateísmo – Acaso vai governar
          Arminianismo – Presciência de Deus
          Teísmo aberto – Deus não conhece o futuro e não pode intervir
          Reformados - Deus soberanamente controla todas as coisas

          Há algo que Deus nunca pode vê.
          Na verdade, nunca viu e nunca verá.
          O que é?
        Dt 6.4 - Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
        Judas 1:25 - ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!

A Bíblia revela quem é o Deus que controla todas as coisas

        A sabedoria de Deus é a virtude (atributo) que lustra as outras virtudes (atributos)
        Charnock: “A sabedoria é a mais eminente de todas as virtudes; todas as outras perfeições de Deus sem esta, seria como um corpo sem olho, ou como a alma sem entendimento....
        a paciência de Deus seria uma covardia, Seu poder uma opressão, Sua justiça uma tirania, sem a sabedoria como a fonte e a santidade como uma regra. Nenhum atributo de Deus poderia brilhar com o devido lustro sem ela”

A Bíblia revela que DEUS está no Controle
        Sl 33.11- O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações.
        Is 14.26,27 - Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações.  Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?
        Is 46.9,10- Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade:  que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim;  que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade;
        At 4.27,28 – porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes  e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel,  para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram;

        A Vontade soberana de Deus é a Causa Última de tudo:
        A ¨causa última¨ é aquela que determina decretivamente (soberanamente) o acontecimento de um evento.
        Deus é a causa última de todas as coisas que acontecem no mundo, sejam elas boas ou más.
        Nada do que acontece está fora do plano da causa última
        Jó 42.2 ‘Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado’

        A Vontade soberana de Deus é a Causa Última de tudo:
        Na criação de todas as coisas: Ap 4.11
        Nas menores coisas da vida: Mt10.29.30;
        Na direção da vida: Tg 4.13-15;
        Na duração de nossa vida: Jó 14.5; Sl139.16; (1Rs 22.34);
        Na salvação e condenação: Rm 9. 11, 14,15; 2Tm 1.8,9
        Nas orações respondidas: 1Jo 5.14

        Fé Reformada reconhece que Deus soberanamente decretou todas as coisas:    

        Catecismo maior – resposta à pergunta 12: O que são os decretos de Deus?
        Os decretos de Deus são os atos sábios, livres e santos do conselho de sua vontade, pelos quais, desde toda a eternidade, Ele, para a sua própria glória, imutavelmente preordenou tudo o que acontece, especialmente com referência aos anjos e aos homens.

        Breve Catecismo de Westminster,
        como “o Seu eterno propósito, segundo o conselho da Sua vontade, pelo qual, para a Sua própria glória, Ele predestinou tudo o que acontece”.

        A BÍBLIA REVELA QUE DEUS ESTÁ NO CONTROLE DE TODAS AS COISAS

          Quem é o autor do mal?
          A BÍBLIA REVELA QUE EXITE UM DUPLO ASPECTO NA VONTADE SOBERANA DE DEUS
          Causa Positiva
        Deus é a causa positiva de todos os atos bons: Jo 15.5; Ef 2.8-10; 2Tm 1.9;  
        É Deus quem dá-nos o santo impulso para as coisas santas e nos capacita e nos energiza positivamente a fazer o que lhe agrada:  Sl 51.10; Fp 2.13;
      •          Causa Negativa
        Deus determina não impedir o homem de pecar;
        (At 14.16) - “o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos”;

        Definição -  causa negativa:
        Confissão de Fé de Westminster - III, 1:
        ¨Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho de sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quando acontece,
        porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a contingência das causas secundárias, antes estabelecidas

        Berkchof   
        o decreto faz Deus o Autor de seres morais livres, e eles próprios os autores do pecado.
        Deus decreta sustentar a livre agência deles, regular as circunstâncias da sua vida, e permitir que a livre agência seja exercida numa multidão de atos, dos quais alguns são pecaminosos.
        Por boas e santas razões, Ele dá certeza ao acontecimento desses atos, mas não decreta acionar efetivamente esses maus desejos ou más escolhas no homem.
        O decreto concernente ao pecado não é um decreto efetivo mas permissivo.

  Três Considerações:
        Deus não pode ser a causa positiva de um ato mal. Deus é a causa negativa do mal.
        O seres humanos não precisam de ajuda para fazer o que lhes é próprio em seu estado pecaminoso.
        Não podemos nos esquecer que a ação de Deus é pervasiva de modo que o pecador vem a praticar o mal por sua própria pecaminosidade, e a vontade de Deus venha a ser realizada de modo infalível.

        Exemplos Bíblicos:
          Gn 45.3-8...
        v.4: José foi vendido pelos irmãos;
        v.5,7,8: José foi enviado por Deus;
                               . At 2.23 – “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos”

        Quem matou Jesus?
»        as pessoas – religiosos, autoridades, povão.
        Por que Jesus foi crucificado? 
»        Porque Deus determinou – 1Pe 1.19,20

          Temos que distinguir entre o mal Moral (pecado) e o mal Natural (sofrimentos)
          Is 6.3 - Deus é Santo, jamais é autor do mal moral.

          A Bíblia revela quem são os autores do mal moral:
        1Tm 3.6 – Orgulho do Diabo
        Tg 1.13,14 – Cobiça dos seres humanos
        Implica em um Decreto Permissivo de Deus (Causa Negativa)
»        Deus é Soberano
»        O homem é responsável

          Quanto ao mal Natural, a causa última é Deus, entretanto, tanto Deus, Diabo e o próprio ser humano são agentes:
          Diabo – Jo 8.44; Ap 2.10;
          Homem – Gn 9.6; Êx 20.13;
          Deus – Dt 32.39
          Desde a entrada do pecado os seres humanos estão sob o juízo divino: Gn. 2.16,17; Rm 5.12
          Exemplos:
          Catástrofes: Gn 6.13,14,17,18; Gn 19.24; Nm 16.29.30;
          Doenças, pragas: Nm 11.33,34; At 5.1-5; Jo 5.14;

          Propósito de Deus no mal natural
          Nos crentes: (Salvos)
          disciplinar: Ap 3.19; Hb 12.4-7;
        Is 45.7  - Este texto não está afirmando que Deus é autor do mal moral, e sim que é o autor do mal Natural (sofrimento = juízo = sobre o seu povo).
          Santificar: Jó 42.5; Tg 1.3,4;
          Conduzir para a glória – Sl 116.15; At 7.59; Fp 1.21

          Propósito de Deus no mal natural
          nos ímpios:
         Produzir arrependimento para salvação: Lc 23.41; 
         Juízo: Jr 25.12; 2Pe 2.9;
Oração:
 “Santo e gracioso Deus e Pai, dá-nos sabedoria que te procure conhecer. Dá-nos juízo para compreender-te, zelo para procurar-te, paciência para esperar por ti. Dá um coração que medite em ti; dá uma vida que anuncie o teu nome, no poder do Espírito Santo de nosso Senhor Jesus Cristo” (Benedito de Núrsia) 480-457.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Curso de apologética - Aula 7 A Espiritualidade gnóstica



Este estudo é uma síntese, com algumas colocações pessoais, do No livro The Protestant Gnostic, de Philipe J. Lee (New York, Oxford University Press, 1987, Lee fala de seis aspectos que apontam para a tendência de uma espiritualidade moderna, mas que na verdade, tem suas raízes na heresia gnóstica do Século IV. São elas:

Alienação: Da gratidão para o desespero
 Por não perceberem o universo como expressão do próprio Deus que se revela na história, criação e destino humano não estão sobre o controle de uma divindade, mas segue uma intrincada interação de biologia, química, psicologia, sociologia e genéticas forças que operam sem uma inteligência superior ou mesmo razão. Por crerem que o universo existe por si mesmo e não é criado, perdeu-se o senso de admiração e gratidão. As pessoas, conservadores ou liberais, encontram cada vez mais dificuldade em crer no universo como uma benção de Deus.
Por conseguinte, não são capazes de expressar gratidão.
No Thanksgiving Day (Dia Nacional de Ações de graças), que é a data americana mais comemorada que qualquer outra, as pessoas assumem uma atitude de gratidão, mas não sabem ao certo a quem agradecer.
Schaeffer afirma que o maior sofrimento do ímpio é assentar-se à mesa, saber que ele é fruto da graça de alguém superior, mas não ser capaz de agradecer aquele que faz todas as coisas e liberalmente dá todas as coisas.

Gnosticismo Protestante: Da Revelação Para a Iluminação Privada
A segunda característica tem a ver com o fato de que se perdeu o senso de revelação, de um evento santo que se manifestou na história. Deus está lá (se é que ele existe), e não dialoga com seres humanos. Lee afirma que “a diferença entre o conhecimento ortodoxo e o gnóstico é a diferença entre a revelação aberta e a revelação secreta.
O cristianismo é conhecido por ser uma fé revelativa. O que sabemos de Deus é aquilo que ele quis revelar acerca de si mesmo. “As coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos, as encobertas pertencem a Deus”. (Dt 29.29). O cristianismo bíblico não é uma formulação teológica (teodiceia), fruto de especulação humano, mas possui uma fé revelada. “Tendo Deus, outrora falado, muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas; ultimamente nos tem falado por meio de seu Filho” (Hb 1.1).
Esta é uma tendência moderna que encontra grande aceitação numa cosmovisão marcada pela presença budista, que afirma que a verdade não está lá fora, mas dentro de cada um de nós.  O budismo concebe Deus como uma realidade interna. Existe um “pequeno Deus” em nós, e que precisamos encontrar a verdade que se encontra dentro. A verdade não é algo que se percebe fora do individuo, mas dentro dele.
A belíssima música de Almir Sater e Paulo Simões, “o vento e o tempo” fala disto:
Por mais que tente
Não entendo
Todo mundo enlouquecendo
Quem é que está com a razão
E tanta gente ainda lendo
Velho e novo testamento
Sem compreender a lição
Verdade é voz que vem de dentro
E mata a sede dos sedentos
O pior entre os meus sentimentos
De mim foi levado enfim pelo tempo




Escapismo Moderno: Da Luta Para a Fuga

Lee afirma: “Para os puritanos primitivos, e mesmo Jonathan Edwards, seguindo o Calvinismo clássico, o mundo político, de instituições humanas, era para eles um locus essencial da obra redentiva de Deus” (pg 124). A vida plena é percebida na história, e não na eternidade
A tendência moderna da espiritualidade gnóstica é pensar que o conforto, a auto realização, a prosperidade, são as marcas do discipulado. Para os cristãos, em geral, a luta, o confronto, o martírio, são as marcas essenciais dos seguidores de Cristo. Não é sem razão que a teologia da prosperidade tenha alcançado tanto sucesso.
No entanto, as narrativas evangélicas mostram que O ministério de Jesus não se dá num vácuo político, antes deve ser entendido no contexto que seu país atravessa, ferido e subjugado pelo poder esmagador de Roma. Seus interlocutores são conhecidos por nomes e funções, não são neutros ou incolores, são nacionalistas como Simão, o Zelote; entreguistas como Mateus, o publicano; são religiosos como os fariseus; comerciantes como os saduceus. As pessoas que cruzam seus caminhos são conhecidas por nomes e cargos: intérpretes da lei, escribas, prostitutas, centuriões. "Seu discurso tinha que levar em conta o conceito atribuído aos vocábulos, as expectativas messiânicas eram inegavelmente ligadas ao desejo de libertação política. Os textos dos Evangelhos não podem ser bem entendidos se não se levar em conta o seu tempo. Os textos não são a-históricos".[1]

Narcisismo: Da Comunidade Sagrada para o seu eu interior
Por ser uma teologia revelativa, o cristianismo bíblico não é uma religião auto orientada, ou orientada pelo self. No entanto, a comunidade pós moderna, e gnóstica, sente-se atraída pela magia e pelas revelações auto inspiradas. Ao invés de reconhecer a autoridade da Palavra de Deus, e a comunidade que recebe esta palavra, sente-se atraída pelas novas experiências do seu eu-interior.
O resultado imediato é a rejeição da comunidade. Não é difícil as pessoas crerem numa igreja universal, mas tem se tornado cada vez mais difícil o reconhecimento de uma igreja tangível, concreta e histórica. Calvino insistia que sem a igreja não há verdade. Quando o calvinismo defendeu a liberdade da consciência e do livre exame das Escrituras, não atribui tal prerrogativa a indivíduos, mas à comunidade. Admite-se o livre exame, não a livre interpretação. Infelizmente o homem moderno tem abandonado o princípio da igreja local e visível, e quer servir a Deus de acordo com as convicções e ditames do seu próprio coração.

Elitismo: De muitos para poucos
Os gnósticos criam que existia um grupo de pessoas espirituais, os iniciados, os “pneumatikois”, que recebiam as mensagens diretamente de Deus. Elaine Pagels afirma que, para se tornar verdadeiramente católica (universal), a igreja rejeitou toda forma de elitismo. Isto ensejou alguns membros deste grupo elitizado a se julgarem superiores espiritualmente, afinal, eles eram os receptores das mensagens dadas por Deus.

Sincretismo: Do Específico, Para o Nebuloso

Outra trágica consequência se deu na mistificação do conteúdo espiritual. Os antigos gnósticos não achavam exequível submeter-se à autoridade apostólica. Por que precisariam dos textos sagrados, mediatizados, se eles se eles teriam acesso direto. Eles não precisavam nem da igreja nem dos textos sagrados. Para eles, a natureza é sincrética, aceitando uma interminável quantidade de ideias e imagens. Desta forma, o conceito dogmático e estruturado pela igreja, tornava-se irrelevante. Nem mesmos os textos sagrados eram referência única e absoluta. Desenvolveram também um desprezo pelos sacramentos, que de certa forma limitava novas ideias e conceitos.





[1]. CAVALCANTE., Robinson - Op. cit. pg. 52

Curso de Apologética - Lição 2 - Provas racionais da autoridade da Bíblia



Introdução:

Encontramos muitas razões bíblicas, textos que nos autorizam a afirmar que a Bíblia é verdadeiramente a Palavra de Deus, e que é verossímel em todas as suas afirmações.

2 Tm 4.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus”...
Hb 4.12 – “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz”...
Sl 119.105 – “Lâmpada par os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos”.
Mt 22.20: “Errais, não conhecendo as escrituras nem o poder de Deus”.
2 Pe 1.19-21: "Nenhuma profecia provém de particular elucidação"

Mas se tentarmos argumentar com o descrente a partir da Palavra, ele afirmará que isto não é suficiente para ele, porque o fundamento é a própria Bíblia. Por isto, enumeramos algumas razoes clássicas que nos demonstram a autenticidade e autoridade das Escrituras.

1. Coerência entre as partes – Apesar de 40 escritores, com diferentes backgrounds e diferentes culturas, que levou cerca de 2000 anos para ser escrita, a Bíblia é absolutamente coerente em todas as suas afirmações, e não apresenta contradições entre as partes.
Apesar disto, a Bíblia tem principio – meio – fim. Um todo girando em torno de um Messias, e da expiação através do sangue. Um grande problema, o pecado; e uma grande solução, o sangue de Cristo.
A Bíblia não se contradiz, existe harmonia das partes). Se isto acontecesse, deixaria de ser Palavra de Deus, seria um livro qualquer. Apesar de ter sido escrita, neste longo espaço de tempo e por tantos escritores diferentes. Isto acontece porque seu autor é um só, embora haja muitos escritores. 

2. Cumprimento das profecias – Existem cerca de 600 profecias apenas sobre o Messias, proferidas no Antigo Testamento acerca de Cristo, que se cumpriram cabalmente. Entre elas, o local do nascimento do Messias, anunciado pelo profeta Miqueias, 600 anos antes (Mq 5.12), detalhes da morte de Cristo (Sl 22), e a natureza do seu sofrimento (Is 53). Tudo absolutamente registrado nos seus pormenores. Isto valida o texto sagrado.
Os profecias de Daniel acerca dos reinos futuros é tao profundamente declarada, que os comentaristas liberais falam de que tais textos foram escritos depois de acontecido, tamanho sua objetividade e especificidade. Jeremias predisse que Israel ficaria 70 anos no cativeiro babilônico, e exatamente assim se deu (Jr.25.11). Jesus afirmou que Jerusalém seria saqueada e arrasada, e que o templo seria destruído. 36 anos depois, suas palavras se cumprem cabalmente. As profecias são tão exatas que muitos não aceitam que Jesus tenha realmente pronunciado estas palavras, mas que trata-se de “vaticia ex eventu”. Isto é, os discípulos colocaram na boca de Jesus palavras que ele não disse, depois da ocorrência dos eventos.
.O nascimento de Jesus foi descrito em detalhes:
            -O lugar em que nasceria - Mq.5:2 (700 anos antes de nascer)
            -Que ele nasceria de uma virgem - Is.7:14 (700 anos antes )
            -Que ele viria sem nenhuma aparência  nobre. Is.53:2
.A morte de Jesus foi descrita com particularidades :
            -Afirma que suas mãos seriam traspassadas - Sl.22:16 (1000 antes) x Jo.20:27
            -Que suas vestes seriam repartidas por sorteio - Sl.22:16 x Lc.23:34
            -Que ele estaria cercado de gente perversa - Sl.22:16 x Mt.27:37-40
            -Que ele morreria pelos nossos pecados - Is.53:4,5 (600 anos antes).
Existem mais de 700 profecias cumpridas nas Escrituras. Algumas destas profecias estão apontando ainda para o fim dos tempos - Mt 25.1-51; 1 Ts 5.1-3; 2 Ts 2.1-12

3. Influência da Bíblia sobre as nações – A Bíblia marcou civilizações inteiras, e culturas especificas. Povos que seguiram a bíblia transformaram costumes, tradições e hábitos. Todo o continente europeu foi profundamente influenciado pela ética judaico-cristã. O sistema democrático, com sua representatividade foi extraído por Calvino e adotado em Genebra, a partir de sua leitura bíblica, e dali influenciou varias nações. Como seria a Europa hoje sem a influência da Palavra? Os romanos eram mais cruéis na sua abordagem de guerra que os escandalosos eventos modernos do Estado Islâmico e do Boko Haram.
Atualmente a Bíblia é o livro mais lido do mundo, com tradução em mais de 1000 línguas, sendo o livro mais impresso no mundo.

4. Seu estilo majestoso – A Bíblia gera reverencia, por causa de seu conteúdo e estilo de narrar os eventos, gerando temor e respeito. As pessoas não leem a Bíblia como se lê outros textos, ou como afirmou D. Pedro II: “Todos os livros eu leio, mas este livro me lê”. Ao ler a Biblia, somos confrontados com nossos pecados, consolados nas nossas dores mais profundas, perdoados das nossas faltas mais graves, e encontramos refrigério para nossas almas.

5. A eficácia de sua doutrina -  A Bíblia é eficaz quando colocada em prática em nossas vidas. Nunca nos arrependeremos de obedecê-la, ao contrário, sempre que a desprezarmos sofreremos consequências. Tome um texto das Escrituras e coloque-o na prática de sua vida, debaixo das condições estabelecidas, e  você verá se ela é capaz ou não de transformar sua vida.
Existem muitas pessoas experimentando o poder da palavra de Deus em suas vidas, e que sido transformadas pela sua poderosa ação. 
Se” e “quando” aplicado, a Bíblia sempre produz profundos resultados na vida das pessoas, como um remédio específico para determinada doença. A Bíblia já efetuou milagres na vida de milhares de pessoas, já libertou pessoas do obscurantismo, da mentira, já restaurou relacionamentos, provocou mudanças históricas em famílias, salvou lares.
Seu poder, ainda hoje é capaz de trazer graça para o coração que vive em trevas, alegria para pessoas entristecidas, esperança para os desanimados, mas o maior milagre e efeito que ela pode causar é na reconciliação do homem, pecador, com o Deus santo.

6. Sua historicidade – Centenas de estudiosos liberais, governos tirânicos, já envidaram esforços para demonstrar que a Bíblia é um livro supersticioso e nocivo, que seu conteúdo é mentiroso e falso, que a história que nele é narrada não tem validade diante das pesquisas mais recentes da história e da arqueologia, no entanto, cada vez mais, a ciência vem comprovando sua veracidade e autenticidade.
Bíblia e História – Durante anos, negou-se, por exemplo, a passagem do povo judeu pelo Egito, pois não havia nenhum registro da passagem deste povo por aquela terra, no entanto, textos mais recentes foram encontrados com registros demonstrando a passagem deles num determinado período da história;

Bíblia e Arqueologia -  Durante anos, questionaram a existência de Anás e Caifás, porque nenhum registro existia sobre tais personagens, ou mesmo de Pilatos. Pesquisas arqueológicas recentes mostram a veracidade e historicidade destes personagens. Em Cesaréia de Filipos, existe uma rocha com o nome deste governador da Judeia, descoberto em 1970 por pesquisas.
Schaeffer afirma: 
“O Cristianismo é uma religião de fatos”. A história cada vez mais aponta para a veracidade das Escrituras e sua historicidade.